TUDO POSSO
PERSONAGENS:
HELENA
ENOQUE (Pai de Helena)
RUTE (Mãe de Helena)
SIMEÃO (Irmão de Helena)
FELIPE (Filho de Simeão)
MARIA (Mulher de Simeão)
NICOLAU (Apaixonado por Helena)
SARA (Mãe de Nicolau)
REBECA (Prima de Nicolau)
HERMES (Amigo de Nicolau)
DIOCLECIANO (Imperador)
ESTER (Mãe de Diocleciano)
HEITOR (Irmão de Diocleciano)
MIDIÃ (Mulher de Heitor)
SALOMÉ (Cortesã)
DEMOSTENES (Conselheiro)
SOLDADOS
CURANDEIRA
PRIMEIRO
ATO
CENA I
(Hermes e
Nicolau estão caçando)
HERMES: - O que a contigo meu grande amigo? Suspiras a todo o
momento!
NICOLAU: - Se há homem mais feliz na face da terra... Então,
meu amigo... Este homem é se encontra diante de ti.
HERMES: -
Pelo que percebo está jovem donzela conquistou de vez vosso coração.
NICOLAU: - Helena! Não há nome mais doce. Não há! Desde a
primeira vez que há vi... Disse a mim mesmo, jamais amarei outra mulher neste
mundo, se não a doce e bela Helena.
HERMES: -
Cuidado com que dizes meu caro amigo. O mundo é imenso! E muitas outras,
jovens, bonitas donzelas há a espera de um varão.
NICOLAU: - Se Helena estiver ao meu lado não me interessa a
imensidão deste mundo. Só seu amor me basta!
HERMES: - És muito jovem! Tens muito que viver. Como saber se
este amor é verdadeiro se nunca provaste do amor antes?
NICOLAU: -
Pra que perder tempo se já encontrei a mulher que quero ter até meus últimos
dias?
HERMES: - Então a coisa é mais séria que podia imaginar!
NICOLAU: - Hoje irei ter com ela. Pretendo pedi-la em
casamento! Se assim seu pai consentir.
HERMES: - Não achas que estás exagerando meu caro amigo?
NICOLAU: - Exagero é continuar longe do amor de Helena!
HERMES: - Como pode isso? Trocaram apenas algumas palavras!
NICOLAU: - Mas o suficiente para saber que a amo.
HERMES: - Acho muito prematura essa tua certeza.
NICOLAU: - Há tempo que admirava! Sempre tão bela! Seguia em
direção ao campo com uma cesta. Há muito a observava. Sempre no mesmo horário.
Lavava comida e água para seu pai. Até aquele bendito dia, dia este, que criei
coragem e me aproximei.
HERMES: - Seguia a jovem donzela?
NICOLAU: - Não. Apenas admirava como se admira a Vênus!
HERMES: - Enlouqueceste de vez! É... Parece que se prepara um
temporal!
NICOLAU: - É melhor juntarmos nossas coisas... E parti.
HERMES: - Vamos logo antes que derretas este pobre coração!
(Saem)
CENA II
(Helena
entra tentando disfarçar a alegria)
MARIA: -
Conheço bem esse rostinho!
HELENA: - Não compreendo!
MARIA: - Queres me enganar menina? Logo a mim? Helena...
Também já passei por isso.
HELENA: - Me confundes.
MARIA: - Helena minha querida! Somos amigas! Comigo não
precisas ter segredos.
HELENA: - Não tenho segredos.
MARIA: - O que tua boca não diz... Seus olhos confessam!
HELENA: - Não entendo que queres dizer!
MARIA: - Serei mais clara. Estás apaixonada!
HELENA: - De onde tiraste tal coisa?
MARIA: - Dos teus olhos. Teu comportamento. Andas toda cheia
de ás! Helena, meu anjo! Sei bem como são essas coisas. Esqueces que também já
tive tua idade? Sinto falta, confesso. Mas posso lhe garantir... Encontrei o
homem da minha vida! Simão, teu irmão a cada dia me surpreende, como homem e
ser humano. Pra uma mulher o amor é fundamental!
HELENA: -
Não acredito numa vida sem amor.
MARIA: - Ainda tens muito a aprender. Mas posso lhe
garantir. A vida com amor é muito melhor! Por amor uma mulher é capaz de suportar
até mesmo o mais cruel dos castigos. Quem é este varão a que lhe tiras
suspiros?
HELENA: - De que varão falas?
MARIA: - Então há mais de um!
HELENA: - Não. Claro que não! Nos conhecemos pouco.
MARIA: - E tem nome este felizardo que laçou vosso coração?
HELENA: - Nicolau.
MARIA: - Então, se chama Nicolau!
HELENA: - Por enquanto ainda sei pouco sobre ele. Nos falamos
poucas vezes, poucas palavras... Mas o amor que sinto...
MARIA: -
Cuidado menina! O amor pode ser traiçoeiro.
HELENA: - Saberei me cuidar.
MARIA: - Sabes o quanto tua família a ama. Não suportariam
uma decepção!
HELENA: - Sei. Jamais faria algo que os magoassem!
MARIA: - Muito bem. Acredito em ti! És conhecedora de nossas
leis e sabes o quanto é severa. Agora vais... Esqueces que tens que ajudar
vossa mãe a preparar a ceia do senhor teu pai?
HELENA: - Por Deus! Acabei não vendo o tempo passar! Até
breve Maria! (Sai)
MARIA: - Até. (T)
É menina! A flecha do amor atingiu vosso coração
CENA III
(No
palácio. Quarto de Diocleciano. Salomé sai do leito dele seminua. Vestisse)
SALOMÉ: -
Bom dia meu senhor?!
DIOCLECIANO: - Que horas são?
SALOMÉ: - É cedo!
DIOCLECIANO: - Precisas ir.
SALOMÉ: - Pensei que me convidaria para o desjejum!
DIOCLECIANO: - Hoje não. Tenho providências a tomar! É melhor que
vá.
SALOMÉ: - Sendo assim... Só mês resta obedecer! (Tenta beijá-lo. Sem sucesso)
DIOCLECIANO: - (Pega
algumas moedas) Tome.
SALOMÉ: - Que isso?
DIOCLECIANO: - Não reconheces mais moedas de ouro?
SALOMÉ: - Sabes que não deito com você por dinheiro.
DIOCLECIANO: - Seu tempo é valioso. Bem sabes disso! És uma
cortesã. E são moedas como esta que ostenta tua vida de luxo. Precisas garantir
sua velhice.
SALOMÉ: - (Magoada)
Muito generoso de sua parte!
DIOCLECIANO: - Sou generoso com quem cumpre com suas obrigações!
SALOMÉ: - Creio que sim! Poderei voltar à noite?
DIOCLECIANO: - Se precisar de seus serviços lhe enviarei um
mensageiro.
SALOMÉ: - Não gosto quando me tratas assim!
DIOCLECIANO: - Peço que me perdoe. Estou preocupado. Tenho
assuntos de imediato a resolver.
SALOMÉ: - Sabes que ninguém o entende melhor que eu. Podes
contar comigo para o que precisar. Tens em mim uma fiel aliada, seja pro que
for!
DIOCLECIANO: - Acredito em tua lealdade. Peço-te, que agora vá.
SALOMÉ: - Sim irei. Esperarei com ansiedade ao vosso chamado.
DIOCLECIANO: - Vá pela saída secreta.
SALOMÉ: - Como quiseres! (Tenta beijá-lo na boca, ele vira o rosto. Ela beija-o na face) Até
breve!
DIOCLECIANO: - Até. (Salomé
sai. Entra Ester)
ESTER: - Meu senhor?!
DIOCLECIANO: - Ora, ora! Se não é a senhora minha mãe?
ESTER: - Dormiste mais do que o costume!
DIOCLECIANO: - É... Perdi a noção de tempo!
ESTER: - Não é bom para sua imagem o convívio com está
mulher.
DIOCLECIANO: - Sei o que é bom ou não para meu convívio. E posso
lhe garantir minha senhora... Ainda não encontrei uma melhor que Salomé para os
prazeres carnal. Faz loucuras!
ESTER: - Poupe-me dos comentários desagradáveis! Com tantas
mulheres aos seus pés, preferes esta cortesã em tua cama. Mulher que já passou
pelo de tantos outros!
DIOCLECIANO: - Enquanto for bom... Por que não? Faz o que eu
quero. Pago-lhe. E tudo fica bem. Há coisa melhor? Mas não acredito que veio só
para falar de Salomé...
ESTER: - O
conselho se reunirá daqui á uma hora.
DIOCLECIANO: - Bando de abrutes! Estão loucos pra me destruírem!
ESTER: - Ouça-os.
DIOCLECIANO: - Não tenho feito outra coisa se não ouvi-los. Querem
sempre mais!
ESTER: - És um líder. E todos esperam sempre mais de ti.
DIOCLECIANO: - E Demóstenes?
ESTER: - Lhe aguarda no salão central.
DIOCLECIANO: - Então deixe-me ir.
ESTER: - Que os deuses lhe acompanhem.
DIOCLECIANO: - (Pega espada)
Acredito na força da minha espada! (Sai)
CENA IV
MIDIÃ: - Este é o momento!
HEITOR: - De que falas mulher?
MIDIÃ: - O conselho se reuni hoje e convocou a presença de
Diocleciano vosso irmão.
HEITOR: - E daí?
MIDIÃ: - Precisas arranjar um jeito de conspirar contra teu
irmão.
HEITOR: - De que forma?
MIDIÃ: - Queres o trono, não queres?
HEITOR: - Claro. Sou sucessor caso aconteça algo com
Diocleciano.
MIDIÃ: - Só há um jeito de derrubar o imperador do poder...
HEITOR: - Qual?
MIDIÃ: - Aumentando a impopularidade do mesmo! O povo está
insatisfeito. Agora só baste jogar mais lenha na fogueira! Se o povo pedir pela
abdicação dele ao trono o conselho o derrubará.
HEITOR: - Mas como posso fazer isso?
MIDIÃ: - Através do conselho!
HEITOR: - Não faço parte do conselho.
MIDIÃ: - Compre-os. Prometa
cargos. A corrupção é uma praga que se alastra pelo poder público! E todos
querem se dar bem. É só chegar na pessoa certa.
HEITOR: - Comprar um membro
do conselho?
MIDIÃ: - Ou mais!
HEITOR: - E como arranjarei tantas moedas de ouro para pagar
aos que se aliarem a mim? O preço deve ser alto.
MIDIÃ: - Primeiro é preciso
que se aproxime da pessoa certa. O resto é mais fácil. Não vamos pensar neste
momento em moedas de ouro. Apenas em alianças!
HEITOR: - Como encontrar a
pessoa certa para estas alianças?
MIDIÃ: - Ora meu querido! É
fácil! Isso pode deixar comigo.
HEITOR: - E como fará isso?
MIDIÃ: - No tempo certo
saberá.
HEITOR: - Não estás pensando
em Salomé?!
MIDIÃ: - Também. Aquela
meretriz pode nos ser muito útil! Afinal, tem contato com muitos dos membros.
Contatos até mesmo, diremos, íntimos demais.
HEITOR: - Não sei se Salomé é
confiável!
MIDIÃ: - É apaixonada por
Diocleciano. Porém ele a trata feito um animal sarnento... Há meu querido! Nada
como o ciúme. O ciúme é um veneno eficaz e perigoso.
HEITOR: - Que estás a
planejar?
MIDIÃ: - Sossegue vosso
coração meu senhor! Teremos todos aqui... Nas palmas das nossas mãos! Apenas
confie em mim.
HEITOR: - Sabes que isso pode
custar nossas cabeças.
MIDIÃ: - É um risco! Não há vitórias sem luta. E não há luta
sem sangue. E antes de morrer vou realizar meu grande desejo. Vê-lo no trono.
No lugar que mereces... Heitor, o grande e bondoso imperador!
HEITOR: - Não sei o que seria de mim se não fosse você.
MIDIÃ: - A felicidade do meu senhor, também a minha! (Saem)
CENA V
(Casa de Nicolau)
SARA: - Aonde vais assim
tão entusiasmado?
NICOLAU: - De encontro com
minha felicidade!
SARA: - Ora esta meu
rapaz... Que estás aprontando?
NICOLAU: - Acalma-te teu coração senhora minha mãe. Posso lhe
garantir que não estou aprontando nada demais. Apenas estou feliz!
SARA: - Feliz? Posso saber
o motivo desta felicidade?
NICOLAU: - Conheci uma
pequena!
SARA: - E esta enfeitiçou
vosso coração.
NICOLAU: - Enfeitiçado não
minha mãe... Meu coração se encontra apaixonado! E dependendo da conversa que
terei hoje com a pequena, muita coisa vai mudar em minha vida.
SARA: - Não deverias ir com
tanta sede ao pote. Meu filho peço-te, sejas cauteloso! Não ultrapasse a
velocidade natural das coisas.
NICOLAU: - Podes deixar senhora minha mãe! Sei que seus
conselhos são sábios. Logo que eu converse com a tal moça vos contarei maiores
detalhes. Agora deixe-me ir ou atrasarei.
SARA: - Que o senhor Deus o
acompanhe meu filho.
NICOLAU: - Sua benção?!
SARA: - Deus o abençoe! (Ele sai. Entra Rebeca)
REBECA: - Nicolau já saiu?
SARA: - Sim.
REBECA: - Que pena! Desejava
tanto falar com ele.
SARA: - E o que há de tão
urgente a falar com vosso primo?
REBECA: - Faz semanas que
prometeu-me levar a um passeio...
SARA: - Se quiseres poderei
levá-la.
REBECA: - Sei que
estas muito atarefada com seu afazeres. Não quero lhe incomodar!
SARA: - Não será incomodo
algum! A menos que não se sintas bem de ter como companhia uma velha...
REBECA: - Claro que não.
Imagina! Só não pretendo causar incomodo. Como Nicolau havia se habilitado...
SARA: - Rebeca minha
querida, sente-se. (Rebeca senta) Não te zangues comigo pelo que vou lhe falar.
REBECA: - Claro que não!
Afinal és minha tia. Minha única parenta.
SARA: - Por isso a tenho como se fosse minha filha.
REBECA: - E isso muito me
alegra!
SARA: - Não fica bem uma
jovem moça andando sozinha na companhia de um rapaz, mesmo que ele seja seu
primo de sangue. Tens que ter em mente que já estás na idade de casar...
REBECA: - Tens toda razão!
Não vi por esse lado. Mas que bom senhora minha tia que me abriste os olhos.
SARA: - Sabia que iria
compreender!
REBECA: - És para mim como
mãe. Sei que queres meu bem. E de uma mãe só podemos esperar bons
conselhos!
SARA: - Que bom minha
querida! Agora vá se aprontar... Te levarei ao tal esperado passeio.
REBECA: - Claro! Será um
prazer! (Sai)
SARA: - Jovens! Não
percebem as ciladas da vida.
CENA VI
(Helena e Nicolau se encontram no bosque)
NICOLAU: - Uma rosa para uma
flor!
HELENA: - Obrigada!
NICOLAU: - Se pudesse lhe
daria o mundo!
HELENA: - Não precisaria.
Esta rosa por si já é mais valiosa.
NICOLAU: - Tenho medo.
HELENA: - Medo?
NICOLAU: - Sim medo! Medo que
não aceite minha corte.
HELENA: - Por que não aceitaria? Espera aí... Estás...?
NICOLAU: - Sim. Desejo cortejá-la. Mas, tenho medo que não
aceite.
HELENA: - E por que achas que não aceitaria?
NICOLAU: - Sou apenas um
simples camponês. E tu, mereces muito mais.
HELENA: - Então estamos em empate. Confesso que também tive
medo. Quem sou eu? A não ser uma simples camponesa.
NICOLAU: - A mais linda de
todas as criaturas existentes na face da terra! És de tamanha perfeição. Deus
caprichou quanto a moldou.
HELENA: - Me encabula.
NICOLAU: - Não é minha
intenção. Confesso que mal preguei os olhos por toda noite esperando por este
momento.
HELENA: - Sinto muito. Não
queria lhe causar pesadelos!
NICOLAU: - Não foram pesadelos! E sim lindos sonhos. Sonhos de
amor!
HELENA: - Me deixas encabulada!
NICOLAU: - Tua beleza ilumina meus dias e minhas noites!
HELENA: - És mui gentil!
NICOLAU: - Não é gentileza!
Estou apaixonada por você. Não se assuste! Ainda me resta um pouco de
autocontrole.
HELENA: - Confio no senhor.
NICOLAU: - Que bom! Helena,
pretendo pedir a permissão de seus pais para fazê-la a corte. Isto é, se assim
desejar.
HELENA: - Confesso que fui pega de surpresa!
NICOLAU: - Não queres?
HELENA: - Sim... Quero.
NICOLAU: - Então aceita?
HELENA: - Aceito. (Ele a beija) É melhor ir... Minha mãe
me espera.
NICOLAU: - Claro. (A
beija)
HELENA: - Realmente preciso
ir agora!
NICOLAU: - Quando posso ir a
tua casa pedir o consentimento dos seus pais?
HELENA: - Falarei com meus pais e...
NICOLAU: - Então nos veremos
amanhã?
HELENA: - Tudo bem! Amanhã.
Amanhã no mesmo horário.
NICOLAU: -(A beija) Te esperarei ansioso!
HELENA: - Então até...
NICOLAU: - Até! (Ela sai. Ele sai em seguida cantarolando)
CENA VII
(Diocleciano a caminho do conselho. Seguido do conselheiro, pajens e soldados.
Helena cruza o palco, em direção oposta á comitiva)
DIOCLECIANO: - Parem! (Conselheiro)
Quem é aquela jovem que cruza os campos?
DEMOSTENES: - Nunca a vi meu senhor.
DIOCLECIANO: - É tão formosa a
pequena! Lembra Vênus prateada em seu esplendor! Senhor Conselheiro...
DEMOSTENES: - Sim meu senhor?
DIOCLECIANO: - Procure saber quem
é essa bela jovem.
DEMOSTENES: - Queres que a
interrogue?
DIOCLECIANO: - Não. Não devemos
assustá-la. Seja cauteloso. Informa-se primeiro. Saiba o Maximo possível sobre
a bela moça. Quero saber tudo sobre ela! Nome, endereço, família, tudo! Agora é
melhor ír-mos. Temos uma corja para enfrentar.
DEMOSTENES: - Como desejar meu
senhor. (Para a comitiva) Adiante! (Fica um pouco atrás um soldado e Simeão)
SOLDADO: - Aquela jovem não é
Helena vossa irmã?
SIMEÃO: - Sim. É Helena.
SOLDADO: - Parece que nosso
senhor se engraçou de vossa bela irmã!
SIMEÃO: - Com tantas mulheres
a sua escolha! Logo se esquecerá.
SOLDADO: - Acho difícil! Sabemos como é nosso imperador... Faz
qualquer coisa para satisfazer seu ego. Para ele não importa o quanto suas
decisões vão trazer sofrimentos as outras pessoas. Meu caro amigo Simeão que os
deuses queiram que eu esteja enganado. Mas este infame vai tornar a vida da
jovem Helena em um verdadeiro pesadelo!
SIMEÃO: - Isto não. Nem que
eu tenha que morrer! Mas a honra da minha irmã será preservada.
SOLDADO: - Não se iluda meu
caro amigo! Não podes medir forças com o impiedoso Diocleciano. Esqueces que
tem um exercito em suas mãos? Se for preciso passará por cima de todos que se
opuserem a sua vontade. Sabes disso! Não te lembras da bela e jovem Líbia? Fez
questão de desgraçar a vida da pobre moça e depois que se cansou obrigo-a a se
entregar aos homens de seu exercito até não mais suportar e morre.
SIMEÃO: - Mato-o com minhas próprias mãos! Basta encostar, em
um só fio de cabelo da minha irmã.
SOLDADO: - Calma meu bravo
cavaleiro! É preciso cautela. Não podes lutar contra todo exercito, bem sabes
disso.
SIMEÃO: - Então devo assistir
a tudo de braços cruzados?
SOLDADO: - É ai que esta questão. Ainda não aconteceu. Por
sorte sabes o plano do inimigo. Por isso há tempo para agir. Evitar o pior.
Retire tua irmã da cidade o quanto ante e a desgraça será evitada.
SIMEÃO: - Fugir? Sair como uma fugitiva sem cometer nenhum
crime!
SOLDADO: - Não diria fugir. Mas, sair estrategicamente! Meu
bom amigo, se assim não o fizer a vida de Helena estará em perigo. Não percebes
homem? É melhor prevenir! Diocleciano não vai sossegar enquanto não puser as
mãos em Helena. Está não será a primeira jovem que ele desgraça a vida nem tão
pouco a última! Sabes disso! Pense bem. Agora vamos antes que deem falta de
nós!
CENA VIII
(No palácio. Ester e Heitor)
ESTER: - Pensei que irias acompanhar teu irmão a reunião do
conselho.
HEITOR: - Meu todo poderoso, soberano irmão, dispensou minha
companhia.
ESTER: - Talvez seja melhor
assim!
HEITOR: - Sempre pensas no
que é melhor pra ele.
ESTER: - Não sejas injusto
Heitor! Desejo o melhor para ambos. Bem sabes que a coisa anda complicada para
teu irmão.
HEITOR: - Sempre a
protegê-lo!
ESTER: - Da mesma forma que
o protejo! São meus filhos. É meu dever protegê-los!
HEITOR: - Se nossos inimigos invadissem o palácio hoje e
capturasse seus dois filhos e lhe dessem a opção de salvar apenas um... Qual
salvaria?
ESTER: - É ridícula esta pergunta!
HEITOR: - Sabes que
não.
ESTER: - Diocleciano é nosso
imperador. Independente de qualquer grau de parentesco a vida do imperador deve
ser preservada mesmo que seja com nosso próprio sangue. Conheces a regra! Depois
são meus filhos e não se pede a uma mãe para escolher. Sendo assim preferiria
morrer ao escolher pela vida de um dos dois.
HEITOR: - Já fez sua escolha.
Ama-o! Seu amor por ele é maior que por mim. Sempre foi assim. Desde criança
tive que conviver com este fato.
ESTER: - Isto é não é
verdade.
HEITOR: - Sinto que guardas
um grande segredo. Mas lhe garanto minha senhora, não há segredo que não seja
revelado.
ESTER: - Não sejas infantil!
HEITOR: - O passado sempre
deixa um rastro! E é atrás desse rasto que vou atrás. (Sai)
ESTER: - Pelos deuses! Ele
desconfia...
CENA IX
(Hermes vai à casa de Nicolau e encontra Rebeca)
HEMES: - Bons dias?
REBECA: - Bons dias senhor!
HEMES: - Como vai senhorita?
REBECA: - Bem. Em que posso
ajudá-lo?
HEMES: - Perdão! Deixe que
me apresente. Sou Hermes, amigo de Nicolau. Ele está?
REBECA: - Não senhor. Meu
primo Nicolau ainda não voltou.
HEMES: - Posso esperá-lo?
Isto é, se não for incomodo.
REBECA: - Não que seja
incomodo. É que não convém! Minha tia não se encontra em casa...
HEMES: - Claro! Compreendo.
Tens razão! Afinal, nada mais sou para a senhorita que um estranho. Retorno em
um momento mais oportuno.
REBECA: - Tudo bem.
HEMES: - Antes de partir
posso ter a honra de saber vosso nome?
REBECA: - Rebeca.
HEMES: - Rebeca. É um imenso
prazer! Seu nome é tão belo quanto à senhorita.
REBECA: - Obrigada!
HEMES: - Não agradeça. O
elogio vem do coração. Até mais vê.
REBECA: - Até. (Entra Sara)
SARA: - Hermes!
HEMES: - Minha senhora!
SARA: - Posso ajudá-lo?
HEMES: - Creio que não.
Apenas...
REBECA: - Senhor Hermes
procura por meu primo Nicolau.
SARA: - Nicolau se encontra
no campo.
HEMES: - Então se
permitem... Vou encontrá-lo.
SARA: - Senhor Hermes...
Faça-me um favor, diga a Nicolau para não atrasar para ceia.
HEMES: - Levarei seu recado
com imenso prazer minha senhora.
SARA: - Se desejar podes
vir nos acompanhar para ceia.
HEMES: - Não quero
incomodar!
SARA: - Incomodo
algum!
HEMES: - Sendo assim...
Aceito o convite. Então até mais tarde. (Sai)
SARA: - Até. (Para
Rebeca) Hermes é um bom rapaz.
REBECA: - Percebe-se!
SARA: - Sem contar que é um
belo varão!
REBECA: - Realmente não dar
pra deixar de notar.
SARA: - Minha cara estas na
idade de casar.
REBECA: - Dote tenho.
Falta-me o noivo.
SARA: - Hermes te olhou de
uma forma especial.
REBECA: - Ora minha tia! Me
olhou como se olha para um moça. Também não quero casar-me por pressa da idade.
Desejo casar-me por amor!
SARA: - Minha querida. Não se iluda... O amor vem com o
tempo.
REBECA: - Por mais que ouça, não consigo crer nisso. Acho que
devemos nos entregar a um homem por amor.
SARA: - Amor é importante.
Mas posso lhe garantir minha querida que num casamento há muito mais que amor.
És jovem e ainda tens muito para aprender. No momento peço-lhe que apenas
observe melhor o jovem Hermes. O resto deixemos por conta do tempo! Agora vamos
começa a preparar a ceia ou os varões chegarão e nós não teremos dado conta de
nossas obrigações.
REBECA: - Claro. Como quiser!
(Saem)
CENA X
Helena entra em casa.
Está tensa. (Rute percebe).
RUTE: - Filha?! Que ouve?
HELENA: - Não foi nada! Não
há com que se preocupar minha mãe.
RUTE: - Como não? Estas
pálida!
HELENA: - É o calor!
RUTE: - Este calor persiste
por meses a fio e nunca há vi assim. E eu não lhe conheço menina!
HELENA: - O imperador.
RUTE: - Que tem o
imperador?
HELENA: - Estava de passagem
pelo campo...
RUTE: - O campo é caminho
para vários lugares.
HELENA: - Precisava vê como
me olhou...
RUTE: - Que me dizes?
HELENA: - Fixou seus olhos em
mim de tal maneira que parecia me sufocar. Tive medo!
RUTE: - Calma minha querida!
Talvez seja só impressão. Já passou! Graças a Deus passou! Agora estás aqui,
não estás? Então? Acalma-te! Precisas de um banho. Verás, logo está impressão
ruim passará.
HELENA: - Tens razão. Vou me
banhar. (Sai)
RUTE: - Que esse demônio
quer com minha filha! (Entra Enoque)
ENOQUE: - Conversando sozinha
mulher?
RUTE: - Meu senhor!
Chegaste.
ENOQUE: - Que tens? Pareces
preocupada.
RUTE: - Nada. Não é nada!
Apenas estou pensando alto.
ENOQUE: - Que estás a
esconder? Bem a conheço.
RUTE: - Nossa filha.
ENOQUE: - Que tem nossa
filha?
RUTE: - Chegou assustada.
Pobrezinha!
ENOQUE: - E o que a assustou?
RUTE: - O demônio do
imperador!
ENOQUE: - Diocleciano?
RUTE: - O próprio. Chegou
pálida. Disse-me que Diocleciano a olhou de tal forma que a mesma sentiu-se
sufocada.
ENOQUE: - Demônio! Que não se
atreva a chegar perto da minha filha!
RUTE: - Calma homem!
ENOQUE: - Sabemos qual o fim
das moças que caem nas garras desse diabo.
RUTE: - Deus que dê o livramento a nossa filha!
ENOQUE: - Temos que fazer
algo! Não podemos ficar aqui sem nada fazer. É preciso evitar que o pior
aconteça.
RUTE: - Peço-te Enoque...
Por hoje não toque mais nesse assunto. Helena está muito assustada. Vamos procurar
ceiar em paz. Vamos esquecer esse maldito por algum tempo. Amanhã veremos o que
fazer.
ENOQUE: - Tens toda razão
Rute.
RUTE: - Então vamos pra
mesa. A ceia já está pronta. Vou chamar Helena. (Saem)
CENA XI
(Simeão chega em casa)
SIMEÃO: - Maldito!
MARIA: - Que inquietação é
está meu senhor?
SIMEÃO: - Desgraçado!
Amaldiçoada seja toda sua geração!
MARIA: - Que tens?
SIMEÃO: - Se pensa que ira
estragar a vida da minha irmã engana-se... Mato-te primeiro!
MARIA: - De que estas a
falar? (Entra Felipe)
FELIPE: - Do que estão todos
comentando.
MARIA: - E o que estão todos
comentando?
FELIPE: - Minha tia Helena!
MARIA: - Helena?
FELIPE: - É. Caiu nas graças
do imperador!
MARIA: - Estão me
assustando! Que história é esta?
SIMEÃO: - O demônio do
imperador se engraçou por Helena!
MARIA: - Deus! Isso não pode
acontecer. Pobre Helena! Sabemos qual o fim das moças que caem nas garras desse
monstro.
SIMEÃO: - Helena é minha irmã
e jamais permitirei que isso aconteça.
MARIA: - Que pretendes
fazer?
FELIPE: - A única saída para
que Helena não caia nas garras deste mostro é a morte dele.
MARIA: - Não diga bobagem
Felipe. Não podemos desafiar toda força de segurança que o protege. È suicídio.
Não podemos com o exercito do imperador! Simeão, sabes disso...
SIMEÃO: - Tanto sei que
também conheço as falhas de seu exercito...
MARIA: - É perigoso!
SIMEÃO: - Não existe guerra
sem perigos!
MARIA: - Se falhar serás
condenado por conspiração.
FELIPE: - É a honra de minha
tia Helena que está em jogo!
MARIA: - Sei disso. Mais
quanto a vosso pai? Poderá morrer ao tentar salvar a honra da irmã. Tem que
haver outra maneira de safar Helena deste crápula.
SIMEÃO: - Farei o que deve
ser feito!
FELIPE: - Tens meu apoio meu
pai.
MARIA: - Meu Deus!
SIMEÃO: - Tenho que sair...
MARIA: - Aonde vais? (Sai)
Deus!
FELIPE: - Acalma-te senhora
minha mãe! (Abraça) Confie nele. Meu pai sabe o que faz.
MARIA: - Assim espero.
CENA XII
(Salomé vai ao encontro de Diocleciano no palácio. É vista por Ester)
ESTER: - Que fazes aqui? Não percebes que não és bem vinda?
SALOMÉ: - Sua opinião pouco me importa! Não vim por você. Que
me trás aqui é teu filho o imperador!
ESTER: - Sem vergonha! Logo enjoa de ti. Assim como as
outras!
SALOMÉ: - O que nos
diferencia é que eu sou autentica. Não me envergonho das coisas que fiz e que faço.
Algumas mulheres depois de certa idade repudiam certos atos por elas cometidos.
Não tenho um passado para me condenar... Sou hoje o que sempre fui.
ESTER: - Que estas a dizer?
SALOMÉ: - Somos mulheres.
Vividas pó sinal! E comigo não precisas fazer cerimônias. Afinal, quem sou eu
para julgar? Ainda mais quando se trata da digníssima mãe do meu imperador.
ESTER: - Terei o prazer de
lhe enviar a fogueira.
SALOMÉ: - Todos morremos um
dia! E se a vida percorrer o sentido lógico... Primeiro vão-se os mais velhos.
É a lei natural!
ESTER: - Isto é, quando não
há interferências.
SALOMÉ: - É uma ameaça?
ESTER: - Apenas um aviso. Não me desafie. Poderá se
arrepender!
SALOMÉ: - Não me metes medo! Já enfrentei cobras muito, mas
venenosa que você.
ESTER: - Minha querida, não
seja ingênua. Mulheres como você somem a todo tempo! E sabe o que é mais
triste? Ninguém sente falta. (Entra
Diocleciano e Demóstenes)
DIOCLECIANO: - Malditos!
ESTER: - Que houve meu filho?
DIOCLECIANO: - A vontade que tenho
é de exterminar todo o conselho. Desgraçados! Traidores!
SALOMÉ: - Meu senhor...
DIOCLECIANO: - Que fazes aqui?
SALOMÉ: - Pensei...
DIOCLECIANO: - Pensou errado! Não é paga para pensar. Não lhe
disse que te chamaria quando precisasse de teus serviços? Agora vai-te.
Deixe-nos!
SALOMÉ: - Com vossa permissão! (Sai)
DIOCLECIANO: - (Para Ester) A senhora também. (Ester sai)
DEMOSTENES: - E agora meu senhor?
DIOCLECIANO: - Tenho que encontrar
uma estratagema para contornar esta situação.
DEMOSTENES: - Não é prudente
enfrentar o conselho neste momento...
DIOCLECIANO: - Se pensam que
poderão me pressionar sem retaliações... Enganam-se!
DEMOSTENES: - Poderão excitar o
povo contra ti meu senhor.
DIOCLECIANO: - Quem é o imperador?
Quem tem o poder? Quem governa esse império?
DEMOSTENES: - O senhor.
DIOCLECIANO: - Então?! Não vou
deixar que estes velhos hipócritas me intimidem. Se ceder agora, irão querer
impor sempre mais!
DEMOSTENES: - E o que tens em
mente?
DIOCLECIANO: - Vou ordenar uma
limpeza no conselho. Vou me livra de todos que se opõem as minhas ordens! E
depois nomear representantes de minha inteira confiança.
DEMOSTENES: - Isso poderia causar
uma revolta geral! O povo se viraria contra ti.
DIOCLECIANO: - Pouco me importa a
opinião do povo. Os que se levantarem contra minhas decisões irão para forca.
Sou o imperador e decido o que é melhor para este império!
DEMOSTENES: - Uma atitude
represaria poderá comprometer sua imagem.
DIOCLECIANO: - Mas manterá a
ordem!
DEMOSTENES: - Lhe julgarão
tirano.
DIOCLECIANO: - Tirania ou não
minha decisão já está tomada.
DEMOSTENES: - Espero que estejas certo disso.
DIOCLECIANO: - Não há dúvida. Sem
tirania não há ordem! O povo é e sempre foi manipulável! Acusaremos o conselho
de corrupção. Lhe garanto que esse povo acreditarão. O próprio povo vai pedir a
cabeça dos corruptos.
DEMOSTENES: - Como pretende
provar que o conselho foi corrompido?
DIOCLECIANO: - É muito fácil...
Basta aumentar impostos alegando que o Estado está em situação de risco...
DEMOSTENES: - O povo já paga
autos impostos...
DIOCLECIANO: - Por isso
acreditarão. Faremos acreditar que por desfalque no conselho o povo está
pagando autos preços...
DEMOSTENES: - É... Vendo por esse
lado é um bom plano.
DIOCLECIANO: - É perfeito!
DEMOSTENES: - Ainda assim acho
arriscado.
DIOCLECIANO: - Não existem
vitórias sem riscos!
DEMOSTENES: - De certo que não.
DIOCLECIANO: - Reúna os
soldados... Vamos dar início ao plano.
DEMOSTENES: - Como
quiseres!
DIOCLECIANO: - Quanto aquele
assunto...
DEMOSTENES: - Sobre a jovem?
DIOCLECIANO: - Quero saber tudo
sobre a bela jovem o quanto antes.
DEMOSTENES: - Podes deixar!
Cuidarei pessoalmente deste assunto.
DIOCLECIANO: - Ótimo! Por favor,
meu caro conselheiro. Deixe-me só...
DEMOSTENES: - Com sua licença meu
senhor. (Sai)
DIOCLECIANO: - Quem será está bela
jovem que mesmo de longe conseguiu conquistar meu coração? Não me resta dúvidas
que a quero em meus braços. Espero ansiosamente afagar seus cabelos, beijar
seus lábios rosados e acariciar seu pele clara e macia. Há minha bela jovem!
Iras desfrutar de tudo que há de melhor neste mundo. Serás minha. Só minha. Tua
vida pertencerá a teu imperador.
CENA XIII
(Helena vai ao encontro de Nicolau na floresta)
NICOLAU: - Que tenho diante de
mim? Será a luz do sol ou apenas um breve momento de delírio? Minha bela e doce
Helena!
HELENA: - Nicolau!
NICOLAU: - Meus olhos se
alegram com sua presença. Já meu coração batem descompassada mente como se
compusessem uma nova música que eternize esse grande e único momento. Sinto-me
tolo. Não falo coisa com coisa... As palavras me fogem. Nada que eu diga ou
faça chegam à altura de tua beleza.
HELENA: - És muito gentil!
Suas palavras posso lhe garantir são muito amáveis. Não existe nada melhor do
que o que vem de dentro do coração. Posso lhe garantir que nunca ouvi palavras
tão doces quanto as que saem de tua boca.
NICOLAU: - És perfeita. Até
parece uma pintura criada por um grande e talentoso pintor! Nunca vi em toda
minha existência figura mais bela.
HELENA: - Me deixas acanhada!
NICOLAU: - Perdão! Não é minha
intenção. Apenas meu desejo é expressar meus sentimentos. Sentimentos esses que
veem do coração.
HELENA: - Um belo coração por sinal!
NICOLAU: - Me sinto
presenteado por Deus com tua presença aqui neste momento. Torço para que o
tempo pare e que este momento seja eterno. ES tão formosa... (Carecia seu rosto) Tua pele... Lembra a
maciez da mais pura ceda já fabricada em todo universo... Seus olhos são como
dois faróis que ilumina a escuridão do mar sem fim orientando marujos como eu a
chegar num porto de forma segura. (Encosta
em seu rosto) Seu perfume é como balsamo que agrada os mais exigentes
olfato. (Beija-a. Ela se assusta)
Perdão! Não pretendia assustá-la.
HELENA: - Não nos convém! Mau
nos conhecemos.
NICOLAU: - Tens toda razão!
Fui estúpido. Estúpido! Perdoe-me por minha fraqueza. Não quero que tenhas uma
imagem ruim de mim.
HELENA: - É melhor ir
agora...
NICOLAU: - Não! Não assim...
Mais uma vez peço-te perdão. Não acontecerá de novo. Prometo! Amo-te! A quero
como minha esposa até os últimos dias da minha vida. Por favor, aceite-me como
seu futuro esposo... (T) Não dizes nada? Eu sei... Perdão! Perdão... Deves me
achar um louco. E sou. Louco por ti! Não tenho pensado em mais nada a não ser
em amá-la! Sentes o mesmo por mim?
HELENA: - Não... Que dizer
sim. Também sinto que o amo. Mas precisamos agir de forma correta...
NICOLAU: - Como quiseres!
HELENA: - Antes precisamos
comunicar a meus pais que estamos apaixonados e que tens boas intenções.
NICOLAU: - Claro!
HELENA: - Não convém ficar
mantendo esses tipos de encontros as escondidas uma vez que ambos somos livres
e podemos assumir diante de todos nosso amor.
NICOLAU: - Se quiseres vou
agora mesmo e declaro a sua família, a toda sociedade o amor que sinto... E que
pretendo a torná-la minha esposa. Se quiseres grito bem alto para que todos
ouçam... Amo Helena!
HELENA: - Louco!
NICOLAU: - Sim louco. Louco de
amor! Só os loucos são felizes! Em suas loucuras não tem medo de expressar seus
sentimentos sem medo do julgo alheio. Minha bela e doce Helena, hoje mesmo
quando a lua despontar irei a vossa casa e lhe pedirei em matrimonio a teus
pais.
HELENA: - Será para mim uma
honra. Agora preciso ir. É tarde!
NICOLAU: -(Beija)
Está noite!
HELENA: - Esta noite! Agora
preciso ir...
NICOLAU: - Deixe-me
acompanhá-la.
HELENA: - Não é preciso. Até
a noite! (Sai. Deixa cair o manto)
NICOLAU: - Até. (Pega o manto e cheira) Minha doce e bela
Helena! (Sai)
CENA XIV
(Demóstenes encontra Helena no caminho)
DEMOSTANES: - Aonde vais bela donzela com tanta pressa?
HELENA: - Perdão, não me
convém falar com estranhos!
DEMOSTANES: - Calma minha bela
jovem! Sou feio sei disso. Beleza não é minha maior virtude... Mas posso lhe
garantir que sou tão inofensivo quanto um cordeiro.
HELENA: - Perdão senhor! Mas
realmente preciso ir. É tarde e logo vai escurecer.
DEMOSTANES: - Deixe que me
apresente. Não quero causá-la uma má imagem! Sou Demóstenes, conselheiro de
vosso imperado Diocleciano.
HELENA: - (Faz reverencia) Perdoe-me senhor!
DEMOSTANES: - Deveria ter me
apresentado antes. Não tive a intenção de assustá-la!
HELENA: - Realmente preciso ir...
DEMOSTANES: - Antes de ir me
responda... Qual a sua graça?
HELENA: - Helena.
DEMOSTANES: - É um belo nome! Tão
belo quanto à dona.
HELENA: - Obrigada senhor!
DEMOSTANES: - Helena! A que
família pertences?
HELENA: - Sou apenas filha de
um humilde camponês meu senhor.
DEMOSTANES: - Humilde... Mas de
uma boa educação! Teus pais devem se sentirem honrados com a filha que tem.
HELENA: - Espero que sim.
DEMOSTANES: - Quem é vosso pai?
HELENA: - Chama-se
Enoque.
DEMOSTANES: - Enoque.
Interessante! E aquele jovem com que estavas a pouco?
HELENA: - (Pensa um pouco) Meu noivo senhor.
DEMOSTANES: - Noivo. Sei...
HELENA: - Com sua
permissão...
DEMOSTANES: - A tens.
Deverias ter cuidado. Não é bom... Uma jovem tão bonita passear sozinha por
este lado.
HELENA: - Sim senhor!
Seguirei vosso conselho. (Sai)
DEMOSTANES: - É mesmo bela a
pequena! Tenho dó de ti pequena e tão delicada rosa! Não sabes o que lhe
aguarda nas mãos de um bruto e cruel brutamontes. (Sai)
CENA XV
(Helena entra assustada em casa)
RUTE: - Onde estavas
Helena? Já estava preocupada!
HELENA: - Fui ao campo.
RUTE: - Demoraste. Estamos
atrasadas para ceia. Temos muito que fazer.
HELENA: - Perdão minha mãe.
RUTE: - Que tens menina?
HELENA: - No caminho encontrei
o conselheiro do imperador...
RUTE: - Um encontro casual?
HELENA: - A princípio pensei
que fosse! Mas quando começou a me interrogar...
RUTE: - Interrogar?
HELENA: - Sim senhora. Quis
saber meu nome... A que família pertenço... É como se estivesse me sondando...
RUTE: - Minha querida! Não
há de ser nada. Pode ser apenas uma coincidência!
HELENA: - Não minha mãe! Não
me pareceu uma coincidência!
RUTE: - Minha filha
acalma-te!
HELENA: - Como posso me
acalmar? Temo só em pensar!
RUTE: - Calma filha! Pode
ser que estejas exagerando. Estas com medo e o medo nos faz enxergar coisas
onde não há.
HELENA: - E se for a mando do
imperador? Sabes o que acontece... Qual o triste destino das escolhidas do
imperador!
RUTE: - Deus está conosco.
Não permitirá que tamanha maldade se abata sobre nossa família! Agora enxugue
estas lágrimas que não combinam com vossa beleza! Meu anjo, não deixaremos nada
de mau lhe acontecer. Confie em nós!
HELENA: - Eu confio. Mas sei
que não podemos lutar contra as maldades desse monstro!
RUTE: - Nosso Deus pode.
Confie! Agora vá lavar esse rostinho... (Helena
sai) Que Deus tenha misericórdia de nós! (Sai)
CENA XVI
(Demóstenes chega ao palácio. Simeão está presente)
DEMOSTANES: - Meu senhor!
DIOCLECIANO: - Aproxime-se senhor
conselheiro. Espero que me traga boas novas!
DEMOSTANES: - Sim meu senhor! (Olha para Simeão)
DIOCLECIANO: - Pode continuar... O
capitão é homem de confiança. Estava passando as últimas ordens! Já estamos bem
adiantados sobre aquele nosso plano contra meus opositores. Mas, enfim, qual a
boa nova?
DEMOSTANES: - Descobri sobre a
tal jovem.
DIOCLECIANO: - Há! Isto é bom! E
que descobriste meu caro conselheiro?
DEMOSTANES: - Seu nome é Helena.
DIOCLECIANO: - Helena! Então a
causadora de minha insônia chama-se Helena! E o que mais descobristes sobre a
bela jovem?
DEMOSTANES: - É filha de um
humilde camponês. Sendo assim não encontrarás nenhuma resistência.
DIOCLECIANO: - Concordo! Que
camponês iria se opor contra seu imperador?
DEMOSTANES: - Há um, porém...
DIOCLECIANO: - Qual?
DEMOSTANES: - Está enamorada.
DIOCLECIANO: - Isso passa. A única
coisa que pode prevalecer é minha vontade.
DEMOSTANES: - A jovem está preste
a ser desposada por um jovem varão.
DIOCLECIANO: - Não se eu impedir!
Nenhum outro homem poderá se colocar a minha frente. Helena será minha. Só
minha. E quem se levantar contra minha vontade será exterminado.
DEMOSTANES: - Não sei muito sobre
o tal jovem varão...
DIOCLECIANO: - Então trate de
traçar um perfil sobre meu inimigo. Depois decido o que fazer com desgraçado.
Agora vá.
DEMOSTANES: - Com sua permissão?
DIOCLECIANO: - A tens. (Demóstenes sai)
DEMOSTANES: - (Pega um pergaminho) Aqui estão minhas
ordens, capitão. Faça chegar a toda província. E deixe-os cientes que aqueles
que desobedecer a meu decreto serão punidos conforme a lei.
SIMEÃO: - Com sua permissão?
DIOCLECIANO: - A tens!
(Simeão sai) Então te chamas Helena?! Minha doce e nova conquista! Helena!
(Entra Ester)
ESTER: - Meu senhor?
DIOCLECIANO: - Sim...
ESTER: - Está pronto seu
banho. (Saem)
CENA XVII
(Nicolau chega em casa esta feliz. É recebido por Rebeca)
REBECA: - Andas distraído... Rindo a toa pelos cantos!
Pareces enamorado.
NICOLAU: - Não nego. A flecha
do cupido me acertou o coração! E eu minha querida prima sou o homem mais feliz
do mundo!
REBECA: - Ainda a pouco
dizias conhecer tal sentimentos...
NICOLAU: - Mas agora
tudo mudou! Encontrei a mulher que fará dos meus dias os mais felizes!
REBECA: - Ouvindo-o falar
assim parece ser sério.
NICOLAU: - Tão sério que hoje
mesmo vou oficializar minhas intenções para com a bela e doce Helena. Pedirei a
sua família permissão para desposar a bela Helena.
REBECA: - Não achas cedo
demais?
NICOLAU: - Nunca é cedo ou
tarde demais para os que amam! O momento é esse e não quero desperdiçá-lo.
Helena será minha esposa e eu a amarei até os fins dos meus últimos dias!
REBECA: - Fico feliz por
você. Helena é uma moça de sorte! Então só me resta desejá-lo boa sorte.
NICOLAU: - (A beija na testa e sai) Obrigado minha
prima! És para mim como uma verdadeira irmã. (Ela deixa escorrer uma lágrima.
Entra Hermes)
HERMES: - Se não é a bela
Rebeca!
REBECA: - Senhor Hermes!
HERMES: - Apenas me chamem de
Hermes... Que foi? Estas a chorar!
REBECA: - Não é nada não
senhor...
HERMES: - Como nada. Ninguém
chora sem motivos!
REBECA: - Apenas saudades!
HERMES: - E de quem sentes
tanta falta?
REBECA: - De quem não posso
ter. Perdão! Meus pais. Infelizmente partiram muito cedo me deixando
órfã.
HERMES: - Sinto muito! Deve
ser muito triste.
REBECA: - A tristeza só não
me é maior, por ter os braços maternais de minha tia.
HERMES: - Isso consola.
REBECA: - Se procuras
Nicolau... Acabou de sair.
HERMES: - Sei disso!
REBECA: - Então o que
desejas?
HERMES: - Me perdoe se vou
lhe parecer abusado, mas gostaria de convidá-la passeio.
REBECA: - Não posso lhe
prometer que aceitarei mesmo por que não o conheço bem a ponto de saber suas
intenções.
HERMES: - Posso lhe garantir
que minhas intenções são as melhores possíveis!
REBECA: - Senhor Hermes... Não fica bem ficarmos aqui a sós
sem a presença da minha tia.
HERMES: - Compreendo! Mas
peço que penses no que lhe disse.
REBECA: - Prometo
pensar...
HERMES: - Tenho em ti as
melhores das intenções.
REBECA: - Acredito senhor
Hermes!
HERMES: - Amei-te desde a
primeira vez que a vi.
REBECA: - Dei-me um tempo
para pensar...
HERMES: - O tempo que for
preciso!
REBECA: - Prometo pensar.
HERMES: - Ótimo! Então até mais.
REBECA: - Até!
HERMES: - Com sua permissão?!
(Beija-a a mão e sai)
REBECA: - A tens. (Rebeca segura a mão por algum tempo e sai)
CENA XVIII
(Simeão vai até a casa de Helena)
ENOQUE: -
Meu filho! Chegaste em boa hora.
SIMEÃO: - Ora esta! Que temos aqui?
RUTE: - Um jovem varão virá
hoje pedir permissão para desposar tua irmã Helena.
SIMEÃO: - É verdade Helena?
HELENA: - Sim meu
irmão. Hoje serei a jovem mais feliz desta província.
SIMEÃO: - Amas este varão?
HELENA: - Sim meu irmão. Mas
que tudo nesta vida!
ENOQUE: - Comemoremos o amor
de tua irmã! Isto é, se passar por nossa aprovação.
SIMEÃO: - Claro meu pai! Mas antes de qualquer comemoração
preciso ter um momento a sós com o senhor.
RUTE: - Venha filha.
Deixamos os senhores a sós.
HELENA: - Claro minha mãe! Prazer em vê-lo meu irmão. (O beija e sai com a mãe)
ENOQUE: - Que tempestade é
essa que se forma em teu semblante?
SIMEÃO: - Nossa família corre
perigo meu pai.
ENOQUE: - Que queres dizer
meu filho?
SIMEÃO: - Diocleciano quer
Helena para si e não irá descansar enquanto não tê-la.
ENOQUE: - Desgraçado!
Maldito! Só se for por cima do meu cadáver!
SIMEÃO: - Está disposto a
tudo para obter seus objetivos.
ENOQUE: - E agora o que
faremos?
SIMEÃO: - Temos que encontrar
um meio seguro de tirar Helena da cidade...
ENOQUE: - Sair como se fosse
uma fugitiva?
SIMEÃO: - Acredite meu pai...
Sá assim Helena estará segura.
ENOQUE: - O casamento! Se
este rapaz que tua irmã diz que ama desposá-la... Talvez faça com que o maldito
desista...
SIMEÃO: - É uma questão de
ego! Se for preciso mata o jovem marido e se possa de Helena só pra dar
continuidade com sua terrível obsessão! Acredite meu pai... Conheço bem as
artimanhas deste crápula. A vontade que tenho é de estrangular aquele traste
com minhas próprias mãos.
ENOQUE: - Calma meu filho!
Não te esqueças que tens família. Esfria a cabeça. De cabeça fria pensarás
melhor! Agora vamos comemorar a felicidade de tua irmã. Por enquanto Vamos agir
naturalmente como se nada tivesse acontecendo. Não vamos assustá-la.
SIMEÃO: - Adoraria ficar...
Mas tenho que ir. Maria me espera e também tenho que providenciar que o novo
decreto do imperador seja cumprido.
ENOQUE: - Então vá meu filho.
Mas lembre-se, aja sempre com cabeça fria. Seja estratégico!
SIMEÃO: - Lembrarei de vosso
conselho! Com sua permissão?!
ENOQUE: - A tens! (Simeão sai)
HELENA: - E meu irmão? Já se
foi?
ENOQUE: - Tem obrigações.
RUTE: - Esta tudo bem?
SIMEÃO: - Nada que
precises se preocupar. Apenas o dever o chama! (Palmas)
HELENA: - É ele!
SIMEÃO: - Eu abro.
NICOLAU: - Boas noites?
ENOQUE: - Boas!
NICOLAU: - Sou Nicolau.
ENOQUE: - Com alegria o
recebo meu jovem! Entrem! Sou Enoque pai de Helena.
NICOLAU: - Muito me honra
conhecer o pai da minha amada Helena.
ENOQUE: - Esta é minha
senhora. Rute.
NICOLAU: - Encantado. (Beija a mão de Helena) Helena!
HELENA: - Sejam bem vindos!
NICOLAU: - Agradeço a
hospitalidade. Esta a senhora minha mãe, Sara.
RUTE: - Como vai?
SARA: - Bem obrigada! É uma
honra para eu presenciar um momento tão feliz para nossos filhos. Permitam-me
senhor e senhora, represento aqui meu falecido senhor que faria hoje as honras
em nome de meu honrado filho Nicolau... Peço em nome do meu filho vossa
permissão para que o mesmo despose vossa filha Helena.
ENOQUE: - Helena... Que
dizes? É de teu agrado a corte deste varão?
HELENA: - Amo-o... Senhor meu
pai, muito me honra o pedido. Não poderia haver alegria maior! (Entra Simeão, Maria e Felipe)
RUTE: - A festa esta
completa! Vejam só quem acaba de chegar!
SIMEÃO: - Não poderia perder
um momento tão especial na vida da minha irmã!
HELENA: - Que bom que veio! Maria... Felipe... (Abraça)
SIMEÃO: - Este é o jovem que
pretende fazer minha irmã feliz?
ENOQUE: - Este é Nicolau e
esta a senhora sua mãe Ester.
SIMEÃO: - Bem vindos família!
NICOLAU: - Muito me honra
fazer parte desta família!
ENOQUE: - O jovem Nicolau
representado pela senhora sua mãe acaba de fazer oficialmente o pedido de
casamento...
RUTE: - Me alegro pela união de nossas famílias! Um brinde
ao futuro casal.
MARIA: - Que felicidade minha querida! (Abraça Maria)
FELIPE: - Não acham que estão
indo rápido demais?
SIMEÃO: - Para os que amam o
tempo parece lento demais!
RUTE: - Então vamos
comemorar! Hoje é um dia especial. Deus nos agraciou com uma grande benção. Vou
buscar os instrumentos... Vamos comemorar! Vamos dançar!
NICOLAU: - Isso mesmo minha
digna esposa!
MARIA: - Então vamos
comemorar!
(Rute entra com os instrumentos e distribuem. Uns tocam, outros dançam)
Fim do I
Ato
SEGUNDO
ATO
CENA I
(Festa das bodas
Helena e Nicolau)
SIMEÃO: - Viva os noivos!
TODOS: - Viva!
SIMEÃO: - Vida longa aos
noivos! (Dançam. Entra Demóstenes e dois soldados)
DEMOSTENES: - Chego em uma hora imprópria?
SIMEÃO: - Digamos que
inconveniente.
ENOQUE: - O que o trás aqui
meu senhor?
DEMOSTENES: - Sinto muito por ser
mensageiro de más notícias...
SIMEÃO: - Que estas querendo dizer?
DEMOSTENES: - Não esperava
encontrá-lo aqui capitão.
SIMEÃO: - É preciso se
aprender a conviver com os inesperados!
SARA: - Estamos em festa
meu senhor. Diga logo a que veio.
DEMOSTENES: - Senhor Enoque?
ENOQUE: - Sou eu.
DEMOSTENES: - Estas
devendo uma grande quantia em impostos. (Entrega
um papel)
SIMEÃO: - Deixe-me ver senhor
meu pai. (Lê) É um absurdo! Isto é impossível! Nem que viva cem anos conseguirá
saldar esta dívida.
DEMOSTENES: - Sonegação é crime.
É muito grave por sinal. Bem sabes disso capitão!
ENOQUE: - Crime é o que o
imperador esta cometendo contra seu povo. Enlouqueceu de vez!
DEMOSTENES: - Posso entender isso
como conspiração. Bem sabes que posso dar-lhe voz de prisão!
SIMEÃO: - Não se atreva!
RUTE: - Calma meus
senhores! Podemos resolver isto de uma maneira mais civilizada.
SARA: - É isto mesmo! Por que não sentam e conversam?!
DEMOSTENES: - Não tenho tempo a
perder! Como é senhor? Vai pagar sua dívida com império?
ENOQUE: - Não disponho desta
quantia...
RUTE: - Meu senhor...
DEMOSTENES: - Não é conversa para
senhoras.
HELENA: - Senhor...
DEMOSTENES: - Cala-te. Senhor
capitão... Prenda este homem em nome do imperador.
SIMEÃO: - Não.
DEMOSTENES: - Desacatas a ordem
de teu imperado? Soldados... Prenda este homem!
SIMEÃO: - (Põem-se a frente) Não toquem neste
homem!
HELENA: - Papai!
RUTE: - Deixo-o em paz!
SARA: - Calma Rute.
REBECA: - Tia o que faremos?
HERMES: - Por enquanto nada!
Sossegue seu coração minha bela Rebeca.
SIMEÃO: - Se tocarem num só
fio de cabelo do meu pai juro que corto o pescoço.
DEMOSTENES: - Muito corajoso de
vossa parte capitão. Soldados prenda estes homens!
HELENA: - Por misericórdia
senhor... Peço-te, solte-os. Pagaremos a dívida assim que for possível.
DEMOSTENES: - Leve-os. (Os soldados os tiram) Seria capaz de
salvá-los?
HELENA: - Peço clemência!
DEMOSTENES: - As acusações que
tenho contra o senhor seu pai são graves. Sonegação de impostos, desacato e
injúria contra nosso imperador. Já teu irmão por se tratar de um membro da
força do exercito do império poderá ir a forca.
HELENA: - Isto não! Por Deus!
RUTE: - Tenha compaixão!
DEMOSTENES: - O capitão bem
conhece as condições de nossas masmorras e sabe que só os muitos fortes
conseguem sobreviver as condições precárias... E já a condenação é certa.
Segundo nosso imperador, os males devem ser cortados pela raiz! Até que a
condenação seja aplicada tenho a certeza que teu irmão sobreviverá já teu
pai...
HELENA: - Não!
DEMOSTENES: - És mesmo capaz de
salvar a vida de teu pai e de teu irmão?
NICOLAU: - Não Helena. Está fazendo um jogo sórdido...
DEMOSTENES: - Cala-te! (Chuta-o)
MARIA: - Meu Deus! Chega!
SARA: - Filho!
REBECA: - Nicolau!
HERMES: - Cala-te meu caro
amigo.
NICOLAU: - Maldito!
HERMES: - Não sejas tolo.
SARA: - Acalma-te meu
filho.
HELENA: - Leve-me como
escrava. Em troca os liberte.
DEMOSTENES: - Como saberei que
serás obediente a nosso imperador?
HELENA: - O servirei com toda dedicação que uma escrava deve
ter a seu senhor.
DEMOSTENES: - Sendo assim...
Levarei sua proposta a nosso imperador. Vamos soldados! (Saem)
NICOLAU: - É loucura Helena!
Não percebes o erro que estás a cometer?
HELENA: - Preciso fazer alguma coisa para salvá-los. Não
posso deixá-los pagar um preço que é meu.
NICOLAU: - Que queres dizer?
HELENA: - foram presos por minha
causa. É a mim que querem...
NICOLAU: - Que delírio é este? Não falas coisa com coisa!
HELENA: - Nicolau... Sinto muito meu amor. Mas esta
perseguição só terminará quando eu ceder a sua vontade.
NICOLAU: - Vontade de quem?
HELENA: - Do desgraçado. Do
cruel imperador...
NICOLAU: - Não posso deixar
que faças isso.
HELENA: - Se não fizer... Tu
serás o próximo! E ver as pessoas que amo pagarem um preço por minha covardia
me matará muito mais depressa.
RUTE: - Maldição! A desgraça se hospedou em minha casa.
SARA: - Calma!
RUTE: - Como posso ter
calma?
SARA: - Confie em Deus! Ele
proverá.
RUTE: - Meu marido e meu
filho estão presos! Nas mãos daquele criminoso.
HELENA: - Prometo minha mãe
que se depender de mim meu pai e meu irmão sairão da prisão o mais rápido
possível!
RUTE: - Filha, não podes
fazer isto.
HELENA: - Se não fizer...
Sabes que pode acontecer.
RUTE: - Não...
HELENA: - Não é justo que
sofram pra me proteger.
NICOLAU: - Meu amor...
HELENA: - Se me ama...
Compreenda.
NICOLAU: - Sabemos que poderá
lhe acontecer.
HELENA: - Acontecerá de
qualquer jeito! Apenas posso evitar que o estrago seja maior. Nicolau amo-te!
Mas não posso deixar que eles sofram... Não me perdoaria jamais!
NICOLAU: - E eu?
SARA: - Helena tem razão.
Tente compreendê-la meu filho!
REBECA: - Estas sendo
egoísta! Estas pensando só em ti. E quanto aos sentimentos do meu primo? Teu
marido.
HELENA: - Não me julgues! Não
tens uma decisão tão difícil a tomar. Não vês que ajo sobre pressão e não tenho
alternativas?
REBECA: - E por isso magoa os
sentimentos do homem que o ama?
SARA: - Chega Rebeca.
Estamos todos nervosos. Tensos! Filho acho que Helena precisa ficar um pouco
só...
MARIA: - Nicolau tente
compreender as razões de Helena.
NICOLAU: - Sinceramente, não consigo compreender! Mas vou
deixá-la só. És minha mulher e agora esta luta também é minha. Helena, não
estás sozinha!
FELIPE: - Temos que fazer
alguma coisa! Não podemos ficar aqui de braços cruzados.
RUTE: - No momento só nos
resta esperar.
SARA: - Filho... Vamos para
casa. Vamos deixar Helena descansar. Amanhã voltaremos.
NICOLAU: - Helena preferes que
eu fique?
HELENA: - Preciso ficar
sozinha neste momento.
NICOLAU: - Estarei sempre ao
seu lado.
HELENA: - Sei disso. Teu amor
me conforta.
NICOLAU: - Te amo! E sempre te
amarei!
HELENA: - Também te amo. (Se beijam)
NICOLAU: - Minha senhora...
RUTE: - Vão com Deus!
SARA: - Fiquem com Deus!
HELENA: - Se precisarem de
alguma coisa...
HELENA: - Lhe agradeço
Hermes! (Saem) Ai de mim! Desgraçada de mim. No dia mais feliz da minha vida
tenho que sofrer tal baque! Por que Deus se virou contra mim? Por quê? Que mal
fiz a Deus pra merecer tal castigo? Por que tenho que passar por esta provação?
RUTE: - Não diga isso filha! É só uma provação. Logo terás
vitórias! Deus é conosco.
MARIA: - É... Deus não
desampara nunca os que nele confiam. Acredite e verás.
FELIPE: - Só a força da espada poderá resolver esta situação.
MARIA: - Não digas tolices! Jamais penses assim. Queres mais
desgraças! Não sejas incrédulo. Se o mal existe também há o bem para combater.
Amanhã vou pessoalmente falar com aquele monstro. Pedirei em nome dos serviços
prestados por Simeão clemência.
HELENA: - Achas mesmo que
será ouvida?
MARIA: - Preciso tentar!
RUTE: - Precisamos
descansar. Venha filha...
MARIA: - Tens razão.
Descansem. Fiquem em paz! Vamos filho...
RUTE: - Não fiquem. Precisamos um do outro. Vamos tentar
descansar. (Saem)
CENA II
(No Palácio. Ester vai ao encontro de Diocleciano)
ESTER: - Que pensas que estás fazendo! Estas louco?!
DIOCLECIANO: - Como se atreves a
falar assim comigo? Sou teu imperador!
ESTER: - Antes de imperador
lembra-te que és meu filho!
DIOCLECIANO: - O fato
de ser minha mãe, não te livras das punições segundo as leis.
ESTER: - Estas louco...
DIOCLECIANO: - Não faça-me rir!
ESTER: - Não percebes o
quanto estas sendo insensato?
DIOCLECIANO: - Quem pensa que és
para falar de insensatez? Logo tu? Pensas que me engana como enganaste a meu
pai?
ESTER: - Que dizes?
DIOCLECIANO: - Não te faças de
desentendida.
ESTER: - Vives iludido meu
filho. Ages de forma impulsiva. Pareces fora de si.
DIOCLECIANO: - Não me recordo de
ter lhe nomeado minha conselheira.
ESTER: - Mandaste exterminar todos os membros do conselho...
Tornaste teu império em um mar de sangue.
DIOCLECIANO: - Fiz o que era
melhor para meu império.
ESTER: - Teu povo está contra você. Suas decisões tem
motivado a insatisfação de todos.
DIOCLECIANO: - Não me importa a
opinião do povo. Agi de forma conveniente a mim.
ESTER: - Prejudicas a todos
para satisfazer teu ego?
DIOCLECIANO: - Não me
venhas com lições de moral. (Mídia se
deixa ver escondida ouvindo a conversa)
ESTER: - Desejo teu bem.
Almejo que sejas um bom imperador para seu povo.
DIOCLECIANO: - Não preciso de seus conselhos para governar.
ESTER: - Estás se dirigindo
ao abismo. Não percebes?
DIOCLECIANO: - São tantas coisas que percebo e finjo não perceber!
ESTER: - É preciso aprender tomar melhores decisões. Cedo ou
tarde coletivamente pagaremos um preço elevado por esses crimes.
DIOCLECIANO: - Estas a jogar pragas?
ESTER: - Filho... Na maior
parte das vezes são as outras pessoas que percebem com maior facilidade o
quanto estamos enganados e iludidos.
DIOCLECIANO: - E por isso esconde-se da verdade? Claro! Esta é a
forma mais segura ou pelo menos confortável para que se possa continuar como se
nada tivesse acontecido.
ESTER: - Por quem me julgas?
DIOCLECIANO: - Pelo o que és.
ESTER: - Sou apenas uma mãe
preocupada com o rumo que seu filho vai dar a sua própria vida.
DIOCLECIANO: - Não sejas falsa!
Bem sabemos que graças a este filho escondes seu passado negro.
ESTER: - (Esbofeteia)
DIOCLECIANO: - És uma meretriz.
Por sua traição meu pai perdeu a vida.
ESTER: - Mentira!
DIOCLECIANO: - Teu amante foi o
assassino do meu pai.
ESTER: - Não...
DIOCLECIANO: - Seu sigilo acabou.
Não terás mais minha proteção. Vou castigá-la como mereces. Achas que enganou a
todos? Muitos sabem que o bastardo do teu filho a quem trago como irmão não
passa do fruto da sua vida de desventuras.
ESTER: - Te perdoo meu
filho. Não sabes o que dizes!
DIOCLECIANO: - Soldado!
SOLDADO: - Meu senhor!
(Diocleciano
puxa a espada e atinge a mãe)
DIOCLECIANO: - Morre desgraçada! Vá para o inferno encontrar teu
amante.
ESTER: - (Agonizando)
Amaldiçoado sejas! (Ester falece. Entra Demóstenes)
DEMOSTANES: - Meu senhor! Que se sucedeu aqui? (Retira a espada
da mão de Diocleciano) Soldado?! (Soldado
se aproxima. Demóstenes defere um golpe no soldado) Diremos que este
soldado tentou lhe assassinar e que sua amada mãe em sua defesa se atirou a
frente da espada sendo golpeada em seu lugar. E que tu mataste o tratante para
lavar a honra do sangue de tua mãe derramado. Serás visto como herói.
DIOCLECIANO: - Providencie a retirada desses corpos daqui.
DEMOSTANES: - Sim meu senhor! Vou providenciar. Agora, aconselho
banha-se. Remova o sangue de vossas mãos. (Diocleciano
sai) Que triste fim minha senhora!
CENA III
REBRCA: - Senhora minha
tia...
SARA: - O que há menina?
REBECA: - Ainda não sabes?
SARA: - Saber do que?
REBECA: - Não se fala em
outra coisa por todo lugar...
SARA: - Do que? Aconteceu
mais alguma desgraça que eu desconheça?
REBECA: - Já vi que não sabes.
SARA: - Então diga!
REBECA: - Não se fala em
outra coisa a não ser da morte...
SARA: - Morte? Não me
diga...
REBECA: - Acalma-te o
coração. Não é de quem estás a pensar.
SARA: - Ah! Não sabes o quanto me alivias a alma com essa
afirmação.
REBECA: - A mãe do imperador foi cruelmente assassinada...
SARA: - A mãe?
REBECA: - Sim minha senhora!
A mãe.
SARA: - E como isso
aconteceu?
REBECA: - Dizem que para
salvar a vida do filho a pobre mulher se por a frente recebendo um golpe
mortal...
SARA: - Meu Deus! Que morte
cruel. Maldito! Sua existência só trás desgraças. A própria mãe assassinada no
lugar do desgraçado!
REBECA: - Fez o que qualquer mãe em um ato de desespera faria
para salvar a vida de um filho. Bom ou ruim o tratante é filho.
SARA: - E o assassino? Se
safou?
REBECA: - Para vingar a morte
da mãe, depois de um duelo travado, o imperador o tirou a vida.
SARA: - Quem era este tal
homem?
REBECA: - Um dos soldados do
império.
SARA: - Desde que
Diocleciano subiu ao poder o império ser tornou um mar de sangue! Quando isto
vai chegar ao fim?
REBECA: - Sabes a resposta.
(T) E Nicolau meu primo, como esta?
SARA: - Inconformado. Já
não sei o que fazer!
REBECA: - Posso falar com
ele?
SARA: - Não sei se
adiantará. Já não tem animo pra mais nada!
REBECA: - Precisamos ajudá-lo. Permite-me?
SARA: - Claro. (Saem para lados opostos)
NICOLAU: - Quanta tristeza
habita meu coração! Este coração que pouco-a-pouco sangra como lágrimas
inconsoláveis! Antes só conhecia sonhos de felicidades e amor... Que dor é
essa? Será que tenho que ficar na plateia como um mero expectador assistindo a
mulher da minha vida ser entregue de bandeja a um viu assassino? Deus! Me
responda... Por que não me levaste antes? Como podes dar a um homem tamanho
baque? Implantaste em meu peito o mais sublime amor, e num piscar de olhos
usurpaste de mim a única razão para viver. Que mal o fiz para merecer tamanho
castigo? Não sou digno de ter ao meu lado a mulher que amo? Por que me
castigas? Por quê? Se tens que tirá-la de mim, por que então não cravas em meu
peito um punhal e arranca logo este tão sofrido coração?!
REBECA: - Esta é a forma que
encontra-te para enfrentar o problema?
NICOLAU: - Que queres que eu faça?
REBECA: - Lute. Não é se
lamentando... Culpando Deus que vais resolver seus problemas. Reaja homem!
Sejas forte. Não te acovardes. Não é se passando por vítima que conseguirá
ajudar Helena. Enquanto estas aqui se lamentado a mulher que dizes amar está
lá, enfrentando sozinha. O seu terrível e cruel destino.
NICOLAU: - Helena! Ela mesmo
decidiu se entregar ao imperador. Em momento algum pensou em mim. No sofrimento
que causaria...
REBECA: - Chega! Estas sendo egoísta! Egoísta e infantil.
Helena não fez por vontade própria. As circunstâncias obrigou-lhe a tomar uma
decisão que fosse menos cruel para as pessoas que ama. Helena se abdicou da
própria felicidade para salvar a vida de seu pai e irmão. E se pensares bem,
até a sua. Não teve como fugir do seu destino.
NICOLAU: - Tudo não passa de uma trama maldosa daquele
infeliz!
REBECA: - No lugar de Helena o que esperaria de você?
NICOLAU: - Que eu... Lutasse. Salvasse-a...
REBECA: - Então por que não
deixas de lado todas essas lamentações e vais à luta. Trancado aqui nada
poderás fazer a não ser lamentar-se. É preciso criar uma estratagema para
salvar Helena. Meu primo, Simeão e Enoque precisarão de sua ajuda para tirar
Helena das mãos de Diocleciano. É preciso que estejas forte para somar forças,
fraco só irá subtrair. Se agirem juntos, irão multiplicar forças e a
possibilidade de êxodo será maior.
NICOLAU: - Tens razão. Minha
prima Rebeca, obrigado! Obrigado por abri meus olhos. Vou a casa da mãe de
Helena... Tenho que me informar como estão as coisas...
REBECA: - Isso meu primo...
NICOLAU: - Lhe sou grato. (A beija na testa e sai. Entra Sara)
SARA: - Onde foi Nicolau com tanta pressa?
REBECA: - Não te preocupes
minha tia. Foi fazer o que tem que ser feito! (Saem abraçadas)
CENA IV
(No Palácio)
DIOCLECIANO: - Maldita! Por que me
atormentas? Tiveste o fim que merecias... Que fiz eu? Lavei a honra da família.
Vinguei a morte de meu pai que por tanto tempo o enganaste. Minhas mãos! Estão
sujas. É sangue. Sangue! Sangue sujo. Pare... Deixe de me atormentar! Cala-te.
Cala-te! Te ordeno... Que queres? Me enlouquecer? É isso? É? É. Volte pro
inferno. Pro inferno! É lá o teu lugar. Desgraçada! Me deixe em paz! Vá
embora... Saia daqui. Maldita! Minhas mãos! Estão sujas. Estão sujas de sangue
minhas mãos! Sujas! Meu próprio sangue...
DEMOSTANES: - Meu senhor...
DIOCLECIANO: - Minhas mãos! Estão
sujas...
DEMOSTANES: - É só impressão meu
senhor.
DIOCLECIANO: - Faça-a calar. Por
que me perturba? Este cheiro... Sinto cheiro de sangue por todo lado.
DEMOSTANES: - Calma meu senhor.
Estas impressionado com a morte de vossa mãe. Beba. Logo passará.
Acredite!
DIOCLECIANO: - Preciso lavar
minhas mãos. Este sangue empreguinho em minhas mãos...
DEMOSTANES: - Pedirei a um criado
para trazer uma bacia com água para que possas lavar suas mãos meu senhor. Mas
antes tenho boas novas...
DIOCLECIANO: - Boas novas?
DEMOSTANES: - Sim. A jovem Helena
esta aqui e deseja falar-te.
DIOCLECIANO: - Helena! A bela Helena? Traga-a minha presença.
DEMOSTANES: - Claro meu senhor.
DIOCLECIANO: - Mas antes preciso
lavar as mãos...
DEMOSTANES: - Pedirei a um criado que lhe traga... Com sua
permissão! (Sai. Entra um criado com uma
bacia. Diocleciano lava as mãos)
CENA V
HEITOR: - Triste fim da minha
mãe! Quisera eu não sentir sua morte. Mas sinto! Mesmo sabendo que amava
Diocleciano meu irmão mais que a mim. Que destino cruel! Morreu para salvar a
vida dele.
MIDIÃ: - Se lhe disser que a história que tens como oficial
é uma farsa?
HEITOR: - Não entendo... O que é uma farsa?
MIDIÃ: - Toda história contada
sobre a morte de Ester.
HEITOR: - Minha mãe foi
assassinada.
MIDIÃ: - De fato tua mãe foi
assassinada. Mas não da forma que chegou ao conhecimento de todos. Diocleciano
não é um herói. É um covarde!
HEITOR: - Que sabes tu que eu ainda não saiba?
MIDIÃ: - O acusado é
inocente. Morreu para encobri o verdadeiro assassino.
HEITOR: - Que dizes? Que o verdadeiro assassino ainda vive!
Quem é o desgraçado?
MIDIÃ: - Será que preciso dizer?!
HEITOR: - Não... Não! Não
pode ser. Diocleciano?
MIDIÃ: - O próprio.
HEITOR: - Não... Não posso
crer! Matar a própria mãe!
MIDIÃ: - E tu senhor meu
marido, serás o próximo.
HEITOR: - Estas criando
fantasias...
MIDIÃ: - Não. Eu vi.
Presenciei tudo.
HEITOR: - Ficas-te louca
mulher?
MIDIÃ: - Com pretexto de
lavar a honra da família ele apunhalou a espada no peito de sua mãe...
HEITOR: - Meu irmão! Meu
próprio irmão! Assassino de nossa mãe! Mas, por qual motivo?
MIDIÃ: - Não podes herdar o
trono. Não és filho do velho Narciso.
HEITOR: - Não...
MIDIÃ: - Acredite. És fruto
de uma aventura entre tua mãe e o maior inimigo do velho narciso. Inimigo este
que tirou a vida do pai de Diocleciano.
HEITOR: - Então não sou irmão de Diocleciano por parte de
pai. Não tenho sangue nobre...
MIDIÃ: - Nem direito à
sucessão do poder...
HEITOR: - Ele sabe. E agora?
MIDIÃ: - Temos que sair
daqui o mais breve possível. De preferência ainda esta noite. Deixar para
amanhã poderá ser tarde demais. Tua vida está em risco. Diocleciano exigirá tua
cabeça. Precisamos sair daqui agora. Temos que criar um plano para acabar de
vez com teu irmão. Mas aqui estaremos em perigo!
HEITOR: - Tens razão!
Sairemos ainda hoje. E voltaremos quando estivemos prontos para eliminar de vez
Diocleciano.
MIDIÃ: - Saiba decisão meu senhor.
HEITOR: - Partiremos ao
escurecer. Mas prometo-te minha senhora o poder será nosso. (Saem)
CENA VI
(Salomé entra em cena)
DEMOSTANES: - Aonde pensas que
vai?
SALOMÉ: - Onde sempre fui. Ao
encontro do meu senhor!
DEMOSTANES: - Economize seu
tempo...
SALOMÉ: - Quem vai me
impedir? Você?
DEMOSTANES: - Pode ter certeza.
SALOMÉ: - Como se atreves?
DEMOSTANES: - Tenho ordens
expressas para lhe impedir a entrada.
SALOMÉ: - Ordens? Estás louco!
DEMOSTANES: - Sim ordens. Do
próprio imperador. A partir de hoje estás proibida de frequentar o palácio.
SALOMÉ: - Mentira!
DEMOSTANES: - Não me faça chamar
os guardas para colocá-la para fora.
SALOMÉ: - Quem pensa que és? Saia já da minha frente.
DEMOSTANES: - Salomé não me obrigue a fazer o que não quero. És
caso passado na vida de Diocleciano.
SALOMÉ: - É mentira.
DEMOSTANES: - Se insistir...
Serei obrigado a mandá-la prender.
SALOMÉ: - Sobre qual acusação?
DEMOSTANES: - Acusações é que não
lhe falta. Posso lhe acusar de invasão. Ou quem sabe de prostituição!
SALOMÉ: - Que brincadeira é
esta?
DEMOSTANES: - Contenta-te com que
já conseguiste. Pra uma meretriz chegaste longe demais.
SALOMÉ: - Se Diocleciano
pensa que vai me descartar assim... Feito uma coisa qualquer, esta enganado! Me
pagará.
DEMOSTANES: - É uma ameaça?
SALOMÉ: - Esquece.
DEMOSTANES: - Conspirar contra o
imperador é crime.
SALOMÉ: - É melhor eu ir...
DEMOSTANES: - Saiba decisão. (Ela sai. Entra Diocleciano)
DIOCLECIANO: - Onde está a jovem
Helena?
DEMOSTANES: - Vou buscá-la. A
propósito meu senhor, como estás?
DIOCLECIANO: - Bem melhor. Muito
bem Demóstenes.
DEMOSTANES: - Com sua permissão?
DIOCLECIANO: - A tens! (Demóstenes sai e entra em seguida com
Helena)
DEMOSTANES: - Meu senhor... Helena!
HELENA: - Meu senhor...
DIOCLECIANO: - Bela Helena! A que
devo a honra?
DEMOSTANES: - Com sua permissão
meu senhor? (Sai)
DIOCLECIANO: - A tens.
HELENA: - Peço vossa
permissão para falar-te.
DIOCLECIANO: - Prossiga.
HELENA: - Vim pedi-lhe
clemência.
DIOCLECIANO: - Por quem vem pedir
clemência?
HELENA: - Em nome do meu pai e do meu irmão...
DIOCLECIANO: - Não compreendo.
HELENA: - Se encontram presos
em vosso calabouço.
DIOCLECIANO: - Vosso pai e vosso irmão presos? Sobre qual
acusação?
HELENA: - Acusam meu pai de sonegação de impostos e meu irmão
por conspiração.
DIOCLECIANO: - São graves as acusações! Sabe o que pode acontecer
se forem condenados.
HELENA: - Temo só em pensar!
DIOCLECIANO: - É minha bela jovem!
Creio que não deva ser fácil pra ti passar por isso.
HELENA: - são inocentes de
todas as acusações.
DIOCLECIANO: - Isso é o que todos
alegam.
HELENA: - Meu senhor... Não
temos condições de pagar estes valores tão alto em impostos. E o único crime
que meu irmão cometeu foi tentar proteger meu pai da truculência do seu
exercito. Perdoe-os meu senhor.
DIOCLECIANO: - Que receberei em
troca?
HELENA: - Sirvo-lhe como
escrava.
DIOCLECIANO: - Por que faria isto?
HELENA: - Sei que meu pai foi
preso por minha causa.
DIOCLECIANO: - Que a faz pensar
assim?
HELENA: - Não é preciso muita
inteligência para entender o que está acontecendo. Peço-te. Solte-os. Me
entrego ao sacrifício.
DIOCLECIANO: - És muito corajosa.
HELENA: - Não me senhor.
Apenas sou justa. Eles não devem pagar o preço por minha causa!
DIOCLECIANO: - Admiro sua coragem.
HELENA: - Então seja justo.
DIOCLECIANO: - Minha bela
Helena... Só há uma condição para que teu pai e teu irmão sejam libertos...
HELENA: - Qual?
DIOCLECIANO: - Que sejas minha.
HELENA: - Foi que pensei.
Aceito. Solte-os.
DIOCLECIANO: - Verás que não será
nenhum sacrifício! Te desejei desde o primeiro momento que há vi. Ao meu lado
helena terás tudo. Te darei o mundo se quiseres.
HELENA: - Apenas desejo a
liberdade do meu pai e do meu irmão.
DIOCLECIANO: - Sua vontade será
atendida. Demostanes?
DEMOSTANES: - Sim meu senhor?
DIOCLECIANO: - Traga a minha
presença os prisioneiros.
DEMOSTANES: - Sim meu senhor. (Sai)
DIOCLECIANO: - Pensei que minha
decisão generosa a fizesse feliz. Afinal seu primeiro desejo foi realizado.
HELENA: - Só deus sabe o
quanto me custará.
DIOCLECIANO: - Conforma-te minha bela Helena! Com o tempo iras
aceitas teu destino. (Entra Demóstenes,
soldados e os prisioneiros)
ENOQUE: - Helena minha filha!
HELENA: - Senhor meu pai! (Abraça) Que bom que estás bem meu
irmão.
SIMEÃO: - Helena!
DIOCLECIANO: - A pedido da jovem
Helena vos perdoo de todas as acusações.
ENOQUE: -
Muito grato senhor!
SIMEÃO: - Vamos minha irmã!
HELENA: - Não posso ir.
ENOQUE: - Que estás a dizer
minha filha?
SIMEÃO: - Que loucura é essa?
HELENA: - Não é loucura senhor
meu irmão. Fiz um trato.
SIMEÃO: -
Trato! Que trato?
HELENA: - Empenhei minha
palavra ao senhor imperador e devo cumpri-la.
SIMEÃO:
- Não faz sentido! Não podemos deixá-la.
ENOQUE: - Não podes fazer isto conosco.
HELENA: - Meu pai... Meu
irmão... Sossegue vossos corações. Estarei bem.
SIMEÃO: - Não...
ENOQUE: - O que está
acontecendo aqui? Que maldito acordo é este que tens que ficar aqui longe dos
seus?
HELENA: - Por favor...
Peço-vos não torne as coisas mais difíceis.
SIMEÃO: - Helena...
HELENA: - (Abraça) Senhor meu pai não entendes o
que se passa? Tudo tem seu preço. Este é o meu.
SIMEÃO: - Helena...
HELENA: - Não sejas
imprudente meu irmão. Fiz o que tinha que ser feito. Haja com a razão. Não te
esqueças és um capitão vá e leve o senhor nosso pai. Sei que conseguirá uma
estratégia para me resgatar.
SIMEÃO: - E quanto a você?
HELENA: - Não te preocupes.
Estarei bem. Por hora salva-se e salve nosso pai.
SIMEÃO: - Tens razão. Estás
sendo mais sensata que eu. Voltarei! Vamos meu pai. Vamos...
ENOQUE: - Não sem minha
filha! Não podemos deixá-la. (Para
Diocleciano) Senhor... Peço-vos, condene-me, mas deixe-os ir.
HELENA: - Escute senhor meu pai... É a mim que ele quer. Se
não forem agora todos seremos punidos. Sabes que é capaz. Não devemos
sacrificar a vida de todos os nossos por mim. Por favor, ouça-me. Peço-te. Vá
com meu irmão.
ENOQUE: - Minha filha...
HELENA: - Por favor!
SIMEÃO: - Vamos pai. (Saem)
DIOCLECIANO: - És uma jovem
extraordinária.
HELENA: - Apenas fiz o que
tinha a fazer.
DIOCLECIANO: - Não és prisioneira.
HELENA: - Escrava.
DIOCLECIANO: - Poderás se tornar
uma imperatriz se desejares.
HELENA: - Apenas escrava.
DIOCLECIANO: - Não sou o monstro
que dizem.
HELENA: - Nem és tão virtuoso
quanto imaginas.
DIOCLECIANO: - Poderei lhe
castigar por tamanha insolência. Vou levar em consideração que estás nervosa.
Demóstenes?!
DEMOSTANES: - Sim meu senhor?
DIOCLECIANO: - Leve-a e ordene as
nossas criadas a vesti-la de acordo a seu imperador.
DEMOSTANES: - Sim meu senhor. Com
sua permissão?
DIOCLECIANO: - A tens!
DEMOSTANES: - Vamos Helena.
DIOCLECIANO: - A espero para ceia
Helena.
DEMOSTANES: - Por favor... (saem)
CENA VII
(Simeão e Enoque chegam em casa. Um mensageiro trás uma carta para
Heitor)
SARA: - Meu senhor! (Abraça)
ENOQUE: - Calma! Estamos bem.
SARA: - E você meu filho,
como estás?
SIMEÃO: - Bem.
MARIA: - Bom tê-los de
volta.
FELIPE: - E Helena minha tia,
onde está?
ENOQUE: - Não pode vir.
SARA: - Não entendo. Como
não pode vir?
ENOQUE: - Calma minha senhora
mãe.
SARA: - Como posso me
acalmar? Minha filha nas mãos daquele carrasco.
SIMEÃO: - Vamos resgatá-la.
Confie.
MARIA: - Sara confie em
Simeão. Fora daquele lugar fica mais fácil projetar um plano para salvá-la.
SARA: -
Precisa encontrar uma forma de resgatá-la ou não sei o que será de Helena.
Pobre Helena!
SIMEÃO: - Acalma teu coração minha senhora mãe. Cuide do
senhor meu pai. Esta precisando muito da senhora.
SARA: - Venha meu senhor. Precisas de um bom
banho.
SIMEÃO: - Vá senhor meu pai. Descanse um pouco.
Depois volto e conversaremos. (Sai Enoque e sara)
FELIPE: - E agora senhor meu pai, que faremos?
SIMEÃO: - Ainda não sei meu filho. Preciso
pensar.
MARIA: - Descanse um pouco meu senhor.
Descansado conseguirá pensar em um bom plano para resgatar Helena. (É colocado
um pergaminho)
FELIPE: - Veja! É uma mensagem.
SIMEÃO: - Deixe-me ver.
MARIA: - Que diz?
SIMEÃO: - Mensagem de Heitor!
FELIPE: - O irmão de Diocleciano?
SIMEÃO: - O próprio. Deseja um encontro.
FELIPE: - Pode ser uma armadilha.
SIMEÃO: - Não creio.
MARIA: - É perigoso.
SIMEÃO: - Irei preparado. Pode ser que seja
importante para salvar Helena. Todos sabem que Heitor deseja o poder. Nós
queremos Helena.
MARIA: - Uma aliança?
SIMEÃO: - só saberei indo até lá.
MARIA: - Não sei se é prudente.
SIMEÃO: - Este é o risco que tenho que correr.
MARIA: - Cuidado Simeão.
SIMEÃO: - Serei prudente. Felipe...
FELIPE: - Sim senhor meu pai?
SIMEÃO: - Prometa-me que custe o que custar iras
proteger vossa mãe.
FELIPE: - Sim senhor meu pai. Prometo! Dou-te
minha palavra.
SIMEÃO: - é assim que se fala. Serás um bravo
guerreiro.
MARIA: - Simeão...
SIMEÃO: - Terminará tudo bem. Confie em mim.
MARIA: - Cuidado! (Simeão sai)
CENA VIII
(No Palácio)
DIOCLECIANO: - Estás linda! Tua beleza é
impressionante. Realçou ainda mais com estas vestes.
HELENA: - Em meu peito há um coração em ruína,
dilacerado por sua presunção.
DIOCLECIANO: - Como entender as mulheres! Se as
tratamos mal reclamam... Se as tratamos bem sentem-se desconfiadas. És uma
deusa Helena! Por que tanta amargura?
HELENA: - Não é fácil para uma mulher se vê
forçado ao exílio de sua família de seus desejos...
DIOCLECIANO: - Não a impeço de ter com os teus.
Posso realizar todos seus desejos. Até mesmo os mais impossíveis de seus
caprichos!
HELENA: - Apenas deixe-me ir.
DIOCLECIANO: - Temos um trato.
HELENA: - Não percebes que o que queres não
posso dar-lhe?
DIOCLECIANO: - Sabes que posso tê-la nem que
seja a força! ES minha escrava.
HELENA: - Poderás ter meu corpo, más nunca meu
amor.
DIOCLECIANO: - Como se atreves a falar assim com
teu imperador? (Esbofeteia) Insolente! Dispa-se.
HELENA: - Nunca. Jamais me entregarei a ti.
Monstro! Só se for morta. (Diocleciano rasga as vestes)
HELENA: - Deixe-me! Solte-me! (Entra Salomé)
SALOMÉ: - Pelo visto cheguei num momento
inoportuno!
DIOCLECIANO: - Que fazes aqui?
SALOMÉ: - Preciso falar-te.
DIOCLECIANO: - Como conseguiu passar pelos
guardas?
SALOMÉ: - Conheço cada canto deste palácio. Cada
entrada secreta. Esqueces que há anos freqüento teus aposentos?
DIOCLECIANO: - Não tenho tempo para ti agora.
SALOMÉ: - Encontraste outro brinquedo! Achas
mesmo que podes te livrar de mim como se eu fosse um coisa qualquer? Um nada?
DIOCLECIANO: - És um nada. Sabes disso.
SALOMÉ: - Amo-te! Sou capaz de qualquer coisa
por ti. Sabes disso! Não podes impedir minha vinda ao palácio. Meu amor sou
capaz de dar minha vida por ti. Não me importarei que tenhas esta outra ou
quantas quiser em tua cama desde que não me exclua de tua vida.
DIOCLECIANO: - Teu tempo terminou. Meu interesse
por ti já se esgotou.
SALOMÉ: - Me dói ouvi estas palavras que saem de
tua boca. É como lâmina cortante. Devora meu coração. Peço-te meu senhor...
Permita-me uma última noite em teu leito. Uma despedida. Só isto lhe peço.
DIOCLECIANO: - Vou lhe conceder um último
desejo.
SALOMÉ: - Não imagina o quanto alegras meu
coração!
DIOCLECIANO: - Amanhã.
SALOMÉ: - És muito generoso meu senhor. Com
vossa permissão?
DIOCLECIANO: - A tens. (Salomé sai) Quanto a ti
Helena... Pensaras melhor como tratar teu imperador. O sofrimento lhe fará
refletir melhor sobre suas atitudes. Conselheiro?
DEMOSTANES: - Sim meu senhor?
DIOCLECIANO: - Leve-a para o calabouço. Três
dias sem água e comida a fará se comporta como uma verdadeira senhora.
HELENA: - Por que não me tiras a vida de vez?
Acabe logo com meu sofrimento!
DIOCLECIANO: - Quero-te viva. Bem quente...
Quentinha sobre meu corpo. (Helena o cospe na face)
DIOCLECIANO: - Leve-a.
DEMOSTANES: - Soldados! (Entra dois soldados e a
leva)
DIOCLECIANO: - Ponha dois homens de guarda na
casa da Salomé. Aquela vadia está me preparando alguma emboscada.
DEMOSTANES: - Como sabes meu senhor?
DIOCLECIANO: - Como já era de se espera esteve
aqui. E uma mulher rejeitada é capaz de tudo.
DIOCLECIANO: - Como passou por nossos soldados?
DEMOSTANES: - A desgraçada conhece cada passagem
deste palácio, mesmo as mais secretas. Agora vá.
DEMOSTANES: - Com sua permissão...
DIOCLECIANO: - A tens... (Ele sai) Não deixe-me
em paz! Pare de me perturbar. Vá para o inferno sua desgraçada! Não... Não, não
és minha mãe. És uma traidora! Por que me perturbas? Por quê? Me deixe em paz!
(Sai de cena)
CENA IX
(Simeão se encontra com Heitor e Mídia)
HEITOR: - Por favor... Entre Capitão.
MIDIÃ: - Desarma-se. Estamos em paz senhor
capitão.
HEITOR: - Não somos vossos inimigos. Temos um
inimigo em comum.
SIMEÃO: - Por que me chamaram aqui?
HEITOR: - És capitão... Conheces todas as
estratégias de defesa de nosso maior inimigo. Então, pensei: “Por que não nos
aliarmos!” Temos interesses em comum.
SIMEÃO: - E por qual motivo me aliaria a vocês?
MIDIÃ: - Helena, tua irmão. Não é um bom motivo?
HEITOR: - Sabemos que queres libertar Helena das
garras de Diocleciano.
SIMEÃO: - E Vocês o que querem?
MIDIÃ: - A cabeça de Diocleciano.
HEITOR: - O poder.
MIDIÃ: - Com a morte de Diocleciano, Heitor é o
sucessor.
HEITOR: - É um trato justo! Tens tua irmã de
volta à família, eu o trono. Sem contar que posso torná-lo em meu braço direito,
o homem de minha inteira confiança. Meu conselheiro!
SIMEÃO: - Não almejo tal posição.
MIDIÃ: - Então concentre-se em apenas salvar a
vida da jovem e bela Helena, enquanto ainda há tempo.
HEITOR: - E para tal feito, precisamos unir
forças. Será a junção do útil e agradável!
SIMEÃO: - Não é tão simples quanto imaginam.
Precisamos de homens para que possamos invadir o palácio.
HEITOR: - Ai que engana-se. Só precisamos
atingir o alvo. Uma invasão é o que a defesa de Diocleciano espera.
MIDIÃ: - Nosso alvo é o imperador se atingimos
sem despertar suspeitas teremos êxodo.
HEITOR: - Sua morte me tornará o novo imperador.
SIMEÃO: - Tens meu apoio.
HEITOR: - Sabia decisão capitão.
SIMEÃO: - Mas eu decido como faremos. Traçarei
um plano. Esta noite criarei um esquema de ataque. Amanhã quando o sol raiar
nos encontraremos para estudar toda nossa estratégia e na calada da noite
invadiremos o palácio. Soltaremos Helena e terei o prazer de tirar a vida
daquele crápula com minha próprias mãos.
HEITOR: - Confio em sua experiência capitão.
Então até amanha.
SIMEÃO: - Aqui estarei. (Sai)
MIDIÃ: - O dia da tua glória está próximo meu
senhor!
HEITOR: - È! Diocleciano, meu irmão. Teus dias
de império estão contados!
CENA X
(Nicolau e Sara vão a casa de Rute. Enoque está
enfermo)
RUTE: - Meu senhor... Beba. Vamos... Coopere.
Não vês que estas fraco. Meu Deus! A febre não passa. Já está sem sentido.
Reaja meu senhor. Reaja! Por favor...
SARA: - Rute?
RUTE: - Entrem... Por favor... Sejam bem vindos!
NICOLAU: - Como ele está?
RUTE: - Nada bem. Temo em pensar...
SARA: - Calma querida. Tenha fé.
RUTE: - A febre não recua. Tenho medo no que
possa acontecer. Já não diz coisa com coisa...
SARA: - Nada há de acontecer.
RUTE: - Os delírios são constantes. Se a febre
não abaixar... Deus! Não quero nem imaginar.
SARA: - Então procure não imaginar o pior. Vamos
contar com um milagre. Sabemos que existe. Descanse um pouco. Eu cuido de vosso
senhor. (Entra Maria e Felipe)
MARIA: - Minha senhora?!
RUTE: - Que foi minha filha? Onde está Simeão?
FELIPE: - Amanha será um grande dia! Decisivo na
vida de todos nós.
NICOLAU: - Que dizes rapaz?
FELIPE: - Amanha meu pai irá resgatar minha tia
Helena.
NICOLAU: - Amanha? Então preciso ajudar.
MARIA: - Ajuda mais quem muito não atrapalha. És
jovem Nicolau e não conheces nada de estratégia de guerra. E no mais precisamos
mais de você aqui do que lá. Sua inexperiência poderá por tudo a perder.
NICOLAU: - Não posso ficar aqui de braços
cruzados enquanto Helena está em apuros.
SARA: - Simeão sabe o que faz. Jamais faria algo
que colocasse a vida de Helena em perigo. Agora por favor, meu filho, pegue uma
bacia de água. Temos que combater a febre de Enoque. Maria levante um pouco a
cabeça dele. Você Rute vá descansar um pouco. Pode deixar que agente toma conta
dele. Vá. Está em boas mãos. (Rute sai) Felipe pegue outro pano limpo.
(Apagam-se as luzes)
CENA XI
(Salomé vai a procura de uma Velha feiticeira)
FEITICEIRA: - Que fazes aqui?
SALOMÉ: - Ouvi falar de fossa fama...
FEITICEIRA: - Muito se fala. Pouco se sabe.
SALOMÉ: - Me garantiram que és a melhor.
FEITICEIRA: - Depende que desejas.
SALOMÉ: - Quero uma que me prepares uma porção.
FEITICEIRA: - Porção?
SALOMÉ: - É.
FEITICEIRA: - Sabes que isso pode lhe custar a
vida!
SALOMÉ: - Não temo a morte.
FEITICEIRA: - Feitiçaria neste império é
considerado crime.
SALOMÉ: - Não há crime sem provas. Serei
prudente.
FEITICEIRA: - Que tipo de porção desejas?
SALOMÉ: - Que mate em segundos!
FEITICEIRA: - Esse tipo de porção é muito
difícil...
SALOMÉ: - Mais não impossível! Sei que conhece
as ervas certas.
FEITICEIRA: - Isso vai lhe custar algumas moedas
de ouro.
SALOMÉ: - Diga-me quanto e terás. Eu pago.
FEITICEIRA: - Interessante!
SALOMÉ: - Quanto queres para preparar a porção?
FEITICEIRA: - Trinta moedas de ouro.
SALOMÉ: - Trinta moedas de ouro?
FEITICEIRA: - Se vou por minha vida em risco o
preço tem que valer apena.
SALOMÉ: - Eu pago. Mas não tente me enganar.
FEITICEIRA: - Ora menina! Tenho uma reputação a
zelar. Não é por acaso que lhe deram boas referencias.
SALOMÉ: - Quinze agora e quinze depois que
conferir o efeito da porção.
FEITICEIRA: - Se não confia. Não tem negócio.
Agora vá. Não tenho tempo a perder!
SALOMÉ: - Tudo bem. Eu pago.
FEITICEIRA: - Deveria saber que cobro alto por
meus serviços. Afinal, garanto a eficácia!
SALOMÉ: - Aqui está. (Passa um saco com moedas)
FEITICEIRA: - Esta é a porção. Uma gota desse
líquido tem a capacidade de derrubar até um cavalo.
SALOMÉ: - Quantas gotas para que morra?
FEITICEIRA: - Acima de uma é morte na certa.
SALOMÉ: - Ótimo!
FEITICEIRA: - Espere.
SALOMÉ: - Sim?
FEITICEIRA: - Uma vez feita não tem volta.
SALOMÉ: - Sei disso. E a senhora, não me
conhece. Nunca me viu.
FEITICEIRA: - Nunca há vi antes.
SALOMÉ: - Ótimo. (Salomé sai)
CENA XII
(Diocleciano vai ao calabouço)
DIOCLECIANO: - Como estás minha pequena
pombinha? Não falas? Quanta hostilidade! Espero que tenhas refletido mais um
pouco sobre minha oferta.
HELENA: - Não tenho nada a refletir! Acabe logo
com meu sofrimento.
DIOCLECIANO: - Oh, minha bela Helena! Só tu
podes acabar com esse sofrimento. Por que se martirizar tanto se podes ter uma
vida de rainha?
HELENA: - Nunca tive pretensão de me tornar uma
rainha...
DIOCLECIANO: - Entregue-se a mim e terás tudo
que quiseres...
HELENA: - No dia que isso acontecer, prefiro a
morte!
DIOCLECIANO: - Não sabes que posso tê-la quando
quiser?
HELENA: - Terás apenas meu corpo, nunca meu
amor. És desprezível demais para que alguém decente venha amá-lo.
DIOCLECIANO: - Pois fique sabendo que tua
família pode pagar muito cara por sua insolência.
HELENA: - Deixo-os em paz!
DIOCLECIANO: - Inclusive o jovem varão com que
casaste.
HELENA: - Desgraçado!
DIOCLECIANO: - É justo que tantos sofram por sua
desobediência?
HELENA: - Covarde! Te escondes atrás do poder
que o cerca. Mas não passa de um covarde.
DIOCLECIANO: - Estás nervosa. E o nervosismo faz
com que digamos coisas sem pensar. E por essa razão não vou me zangar com você
e serei benevolente.
HELENA: - Não sabes o significado da palavra
benevolência! Se soubesses jamais a pronunciaria.
DIOCLECIANO: - Pense em vosso pai e vossa mãe...
Estão tão frágeis devido a idade que se avança, não é mesmo? Agora imagine,
acorrentados com uma marreta na mão quebrando e carregando pedras junto com
outros escravos. Quanto tempo será que eles resistirão?
HELENA: - Não se aproxime dos meus pais.
DIOCLECIANO: - Por que não? Não queres cooperar.
HELENA: - Suplico-te!
DIOCLECIANO: - Acabaste de dizer que não sou
benevolente.
HELENA: - Por favor. Piedade!
DIOCLECIANO: - Sabes que quero. Então faça e
poupe-os do sofrimento. Bem, darei a você mais um dia para refletir sobre nossa
conversa e quando eu voltar... Há! Quanto ao jovem Nicolau, se tua resposta não
for positiva além do sofrimento de toda sua família, ele irá para forca e em
tua presença. Soldado! (Entra um soldado) Tranque-a. (Saem)
HELENA: - Meu Deus! Dia forças e sabedoria para
suportar esta provação. Não me abandones agora Deus. Seja meu refugio e
fortaleza neste momento de angústia!
CENA XIII
(Casa de Enoque)
RUTE: - Meu senhor! Deus! Por quê? Por que nos
castiga assim?
SARA: - Acalma-te Rute!
RUTE: - Não tenho feito outra coisa a não ser
ter calma! Minha filha nas mãos daquele demônio. Agora meu senhor morto. Morto!
FELIPE: - Precisamos comunicar a morte dele ao
meu pai.
MARIA: - Não
RUTE: - Simeão precisa saber sobre a morte do
pai.
MARIA: - Não agora. Isso poderá desviar a
atenção dele e por todo plano de resgate a perder. Entendem o que digo?
SARA: - Maria tem razão. Já temos aqui uma
grande perda. Não podemos colocar tudo a perder.
FELIPE: - E no mais, meu pai nada poderá fazer.
Meu avó está morto. E nada que fizer agora trará sua vida de volta. Resgatar
Helena será uma forma de tranqüilizar o espírito dele.
NICOLAU: - Podemos cuidar de tudo.
SARA: - Tens razão.
NICOLAU: - Vou a procura de Hermes e juntos
vamos providenciar tudo.
SARA: - Vá meu filho. Que a paz esteja contigo!
RUTE: - Meu senhor! Deus! Por quê? Por que nos
castiga assim?
NICOLAU: - Me acompanha Felipe?
RUTE: - Meu senhor! Deus! Por quê? Por que nos
castiga assim?
MARIA: - Vá meu filho. Vá com Nicolau. (Saem)
NICOLAU: - (Apaixonado por Helena)
SARA: - Vamos preparar o corpo...
RUTE: - Meu senhor! Enoque. Meu companheiro...
Meu grande amor! (Apagam-se as luzes)
CENA XIV
(Salomé vai ao palácio e se encontra com
Diocleciano)
DIOCLECIANO: - Então vieste!
SALOMÉ: - Não sabes o quanto almejava este
encontro.
DIOCLECIANO: - Posso imaginar!
SALOMÉ: - Diocleciano és meu grande e único
amor!
DIOCLECIANO: - Está será tua última noite em meu
leito. Por isso tens direito a um único desejo.
SALOMÉ: - Sabes que desejo.
DIOCLECIANO: - Ser minha mulher? Impossível!
SALOMÉ: - Então não me resta alternativa a não
ser: brindarmos esta noite!
DIOCLECIANO: - Nada como um bom vinho.
SALOMÉ: - Excelente.
DIOCLECIANO: - Então por que não me serve?
SALOMÉ: - Como quiseres! (Mistura a porção)
Pronto!
DIOCLECIANO: - Primeiro... Dance pra teu
imperador. (Salomé dança) Continuas magnífica. Um brinde! Um brinde!
SALOMÉ: - Vida longa ao imperador! (Salomé toma)
Não vais beber teu vinho?
DIOCLECIANO: - (Pega a taça) Demóstenes?! (Entra
Demóstenes e dois soldados segurando a Velha feiticeira)
SALOMÉ: - Que está acontecendo aqui? Que
significa isso?
DIOCLECIANO: - Não sabes?
FEITICEIRA: - Foi esta mulher.
SALOMÉ: - Que? Mentes. Nunca há vi antes.
FEITICEIRA: - Está mulher.
SALOMÉ: - Cala-te bruxa!
DIOCLECIANO: - Bebe. (Dá a taça envenenada para
Salomé)
SALOMÉ: - Não...
DIOCLECIANO: - Bebe ou te mato com minha própria
espada.
SALOMÉ: - Te amo. E se cometi esta loucura...
Foi por amor. Diocleciano acredite!
DIOCLECIANO: - Se me amas de verdade, então
prove. Bebe. (Salomé bebe e aos poucos agoniza)
DIOCLECIANO: - Miserável!
DEMOSTENES: - Que faço com está velha bruxa?
DIOCLECIANO: - Enforque-a em praça pública.
DEMOSTENES: - (Aos soldados) Leva-a e a execute.
(Soldados saem levando a Velha)
DIOCLECIANO: - Recolha este lixo!
DEMOSTENES: - Pobre Salomé. Que triste fim. (A
carrega. Apagam-se as luzes)
DIOCLECIANO: - Que queres? Não já lhe ordenei
que me deixe em paz? Por que não vais de uma vez pro inferno maldita? Lá é teu
lugar demônio. Pretendes me enlouquecer... Queres me ver louco. Mais não vais
conseguir! Eu sou o imperador. Eu tenho o poder. Estou vivo. E tu? Estás morta.
Minhas mãos? Estão sujas de sangue. Sangue! Cheira morte. De onde vem todo esse
sangue que invade todo meu império?! Este palácio cheira a cadáver. Este vento
frio? De onde vem? Tudo é gélido. Pra onde que olhe vejo sangue e cadáver.
Cala-te! Chega. Não quero mais ouvi-la! Deixe-me em paz!
CENA XV
(Nicolau entra em sua casa e encontra Hermes
beijando Rebeca)
NICOLAU: - Hermes?
HERMES-A cama meu bom amigo. Posso explicar!
NICOLAU: - O que está acontecendo aqui?
REBECA: - Meu primo, o senhor Hermes deseja
despousa-me.
NICOLAU: - É verdade meu amigo?
HERMES-Desde o primeiro momento que vi Rebeca
meu coração disparou. E desde então nada mais pude pensar a não ser em seu belo
rosto.
NICOLAU: - É de teu gosto Rebeca?
REBECA: - Sim meu primo. Faço muito gosto!
HERMES-Se você meu amigo e a senhora tua mãe nos
abençoar serei o homem mais feliz!
NICOLAU: - Também faço muito gosto meu amigo.
Tenho certeza que terão o consentimento da senhora minha mãe.
REBECA: - Que foi? Estás abatido.
FELIPE: - Perdemos o senhor meu avô.
REBECA: - Morto!
FELIPE: - Nos deixou a pouco.
NICOLAU: - Preciso de tua ajuda meu fiel amigo.
HERMES-Claro!
NICOLAU: - Temos que providenciar o sepultamento
do Senhor Enoque.
HERMES-Então vamos.
NICOLAU: - Rebeca... Felipe vai lhe acompanhar
até a casa da senhora Rute.
REBECA: - Vou pegar meu manto. (Sai)
NICOLAU: - Parabéns meu amigo. Espero que a faça
muito feliz! Rebeca é uma jovem abençoada.
HERMES: - Amo-a! Farei o possível para fazê-la
feliz.
NICOLAU: - Sei que sim. (Entra Rebeca)
REBECA: - Quando quiserem.
NICOLAU: - Felipe. Agora tens a missão de
levá-la com segurança.
FELIPE: - Deixe comigo.
NICOLAU: - Então vamos! (Saem)
CENA XVI
(No Palácio)
DIOCLECIANO: - Demóstenes? Demóstenes... (Simeão
entra com sua espada em punho)
DIOCLECIANO: - Que dignifica isso capitão?
SIMEÃO: - Agora é só eu e você, covarde. Terei a
honra de decepar-lhe a cabeça com minha própria espada.
DIOCLECIANO: - Não saíras vivo daqui traidor.
SIMEÃO: - Se minha morte for por ter lhe enviado
pessoalmente ao inferno, minha morte será válida.
DIOCLECIANO: - Quanta ingenuidade para um tão
renomado capitão!
SIMEÃO: - Perdeste a guerra meu imperador.
Afinal tudo mostra a fragilidade de seu exercito. Afinal, estou aqui. Não
estou? E vim por um único motivo. Arrancar-lhe a vida.
DIOCLECIANO: - Demóstenes? (Entra Heitor
segurando Demóstenes rendido com uma espada ao pescoço)
HEITOR: - Surpreso meu querido irmão? Ou será
meio irmão!
DIOCLECIANO: - Que mais poderia se esperar de um
fruto gerado por uma vadia. Uma serpente! Não passa de um bastardinho.
HEITOR: - Perdeste. Hoje é a tua decadência. Teu
império chegou ao fim meu irmão e tua vida também.
SIMEÃO: - Ele é meu. Terei o prazer de acabar
pessoalmente com esse demônio. Dei-me a honra...
HEITOR: - Claro. Fique a vontade. É todo seu
capitão.
SIMEÃO: - Ótimo. Mas não farei como ele. Não sou
covarde. Jamais mataria um homem desarmado. Mesmo que se trate de um canalha
feito este.
HEITOR: - Não podemos vacilar.
SIMEÃO: - Confie em mim. Sei que estou fazendo.
(Pega uma espada em seu cinto) Lutaremos de igual pra igual. Um duelo. Lutaremos
até que um de nós morra. (Lutam. Simeão é atingido. Reagi. Vence)
HEITOR: - Morto! Morto. Agora o império é meu!
Meu! Sou o novo imperador!
DEMOSTENES: - Clemência senhor, clemência!
HEITOR: - És fiel?
DEMOSTENES: - Sim meu senhor.
HEITOR: - Então deves fidelidade a teu imperador
morto. (Corta-lhe o pescoço)
SIMEÃO: - Vamos... Temos que achar Helena!
(Entra Mídia e Helena)
HELENA: - Meu irmão! (Abraça)
SIMEÃO: - Acabou! Acabou! Esta tudo acabado
Helena.
MIDIÃ: - Meu senhor! Conseguimos.
HEITOR: - Conseguimos! Serás a nova imperatriz.
SIMEÃO: - Vamos Helena...
HEITOR: - Pense em minha proposta capitão.
Desejo tê-lo em meu exercito. Se preferir lhe darei um cargo de honra.
SIMEÃO: - Lhe agradeço Heitor. Prometo pensar.
HELENA: - Leve-me para casa Simeão.
SIMEÃO: - Claro! Vamos.
HELENA: - Espere. (A Mídia) Lhe sou muito grata
senhora.
MIDIÃ: - Seja feliz Helena. (Simeão e Helena
Saem)
HEITOR: - (Pega a coroa) A um novo tempo!
(Apagam-se as luzes)
CENA XVII
(Uma penumbra toma conta do palco. Ouve apenas o
som de tambor compassadamente. Todos os personagens estão de preto, cruzam o
palco sendo apenas iluminados por tochas. Segue o cortejo funeral de Enoque)
CENA XVII
(Há música. Alguns dançam animadamente e
festejam)
NICOLAU: - Meus senhores e minhas senhoras com
todo respeito peço-lhes um minuto de vossas atenções. Em primeiro lugar peço
que brindamos as núpcias de meu amigo Hermes e minha prima Rebeca. (Brindam)
Fazem cinco meses desde que o novo imperador tomou posse do poder. Sei que
ainda não temos muito a comemorar quanto as expectativas que tínhamos em
Heitor. Mas não podemos perder a esperança de dias melhores. Sinto o início da
prosperidade para nossa família. Meu cunhado Simeão é o mais novo responsável
pelo exercito de Crepólis e com sabedoria vem conduzindo toda força de defesa,
isto sem se falar no grande poder que exerce junto ao nosso novo imperador.
Breve, teremos um novo conselho e um novo senado todos eleitos pelo povo.
Elevamos nossas preces ao bom Deus para que ilumine os eleitos por seu povo e
nos traga bonança e fartura. Agora quero anunciar a todos... Anunciar não.
Dividir com vocês minha família, minha alegria. Meu coração regozija de tanta
felicidade. É que Helena, minha bela mulher, me conceberá um filho. (Todos
comemoram)
RUTE: - Bendito seja!
SARA: - Abençoada seja esta criança que trará a
todos nós a alegria de dar continuidade a nossa geração.
MARIA: - Novos tempos nos anuncia este bendito
fruto!
NICOLAU: - E para homenagear meu sogro que com
muito pesar partiu. Empenho aqui diante de todos minha palavra. Se for um varão
se chamará Enoque!
FELIPE: - Aproveitando a felicidade de todos
peço ao senhor meu pai a permissão para me alistar no exercito imperial.
SIMEÃO: - Já está na idade de se alistar. E se
esta é tua vontade, não me oponho. Espero que estejas preparado para o rigoroso
treinamento.
FELIPE: - O senhor meu pai sempre foi meu
espelho. Meu orgulho! E farei o máximo para não o envergonhá-lo.
MARIA: - Serás tão bravo quanto teu pai.
RUTE: - Teu avô ficaria orgulhoso de ti.
HELENA: - Então vamos comemorar! Vida longa!
TODOS: - Vida longa!
F I M
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