O PEQUENO ENGRAXATE
De: Marcondys França
Personagens: Elenco:
Silvia
..................................................................Neide Lins
Paulão.........................................................Marcondys
França
Marimba..............................................................Ivan
Dellon
Gustavo........................................................Marcondys
França
Primeiro ato
Cenário: Barraco num morro carioca, Silvia entra
com uma trouxa de roupas na cabeça.
Silvia: -Marimba!... Marimba?!...Vem cá moleque.
Marimba:( Entra com uma pipa ) -Tá chamando
mãe?!
Silvia: -Tá surdo moleque? Mais que isso? Olha
que imundísse! Já pro banho.
Anda logo menino, se aveche, viu?
Marimba: -Por que?!
Silvia: -Você vai levar esta lavagem na casa da
dona conceição.
Marimba: -Ah, mãe! Tô cansado.
Silvia: -E eu Não?!
Marimba: -Cheguei qualse agora da Central.
Silvia: -Eu sei meu filho. Mas faz isso pra tua
mãe... Você sabe que não podemos contar com o traste do teu pai pra nada.
Filho, só posso contar com você!
Marimba: -Tá bom mãe! Tá bom, vai...
Silvia: -Eu seio filho, mamãe entende. Seio que
você leva uma vida muito sacrificada, queria que fosse diferente, que você
tivesse uma vida melhor, mas nossa realidade é bem diferente da que desejamos,
e é por isso que temos de lutar, por nossa sobrevivência e por uma vida melhor,
por um futuro mais decente pra você.
Marimba: -Se depender de mim... Eu posso até
sair mais cedo e voltar mais tarde...
Silvia: -Você já faz demais filho... Me corta o
coração vê você descer este morro com essa caixa nas costa... Me sinto triste
por não poder te dar uma vida melhor, uma casa bonita, confortável... comida
boa, roupas novas e bacanas, uma escola onde você pudesse ser importante, igual
aos filhos dessas gente rica de nariz empinado...
Marimba: -Deus me livre, isso é coisa de boiola!
Silvia: -Que nada! Diz que você não queria ter
assim um monte de brinquedos...
Marimba: -Um vídeo game!...
Silvia: -É... Eu gostaria de ter condições de te
dá tudo isso, mas não posso!
Marimba: -Mãe eu posso não Ter tudo isso que a
senhora falou, mas eu tenho você e ter você já é ter tudo!
Silvia: - Ah filho! ( abraça )
Marimba: -Prepara a roupa que eu levo.
Silvia: -Vá filho toma teu banho! ( Ele sai )
( Entra Paulão com uma garrafa de pinga )
Paulão: -Olhaqui miguinha, você fica aqui bem
quetinha viu?! Ô mais não faz barulho se não ela te vê e aí o bicho pega,
ouviu? Ó... eu volto já, fica aí! Não sai daí. Escuta, Cá entre nois dois, ela
morre de ciúme de você, é... Você rir?! É sério. Verdade, verdadeira... Eu
juro! Ciúmes de você, onde já se viu, é mole ou quer mais? Fica aí. ( entra ) -
Onde está minha neguinha ?!
Silvia: Te afasta de mim Paulão...
Paulão: -Ô neguinha o que é?! Eu, eu tô crente
que vou chegar em casa e te encontrar preparada par um cut-cut maneiro,... o
que encontro? Umas geladeira!
Silvia: -Antes tivesse naiscido uma geladeira,
quem sabe sofreria menos.
Paulão: -Num começa com a ladainha...
Silvia: -Pensei que ia morar no botequim do
gordo!
Paulão: -Ô meu São Jorge guerreiro, Lá vem...
Silvia: -Lá vem o quê? Enquanto você vem com
essa porcaria dessas micharias de biscaites e enche o rabo do gordo lá no
boteco dele, enchendo a cara de cachaça falta tudo aqui.
Paulão: -Paciência mulher, paciência!
Silvia: -Paciência tem limite e a minha está
chegando ao fim.
Paulão: O que você tá querendo dizer?
Silvia: -Que estou farta! É isso que quero
dizer.
Paulão: -Vai par zona é?
Silvia: -É quem sabe se no Bola Branca ou até
mesmo na praça quinze eu sou mais valorizada do aqui!
Paulão: -Vai, vai mas não volte nunca mais. Por
que se voltar eu te mato, ouviu? ( segura com violência )
Silvia: -Por que será que todo cu de cana é macho,
é valente, mas só em casa. Bando de covardes só batem em mulheres...
Paulão: -Por que as mulheres são atrevidas!
Enchem o saco, nossa paciência. Tô com fome, bota comida...
Silvia: -Tá com fome é?
Paulão: -Que pergunta mais idiota! Claro que tô.
Silvia: -Come o prato Paulão!
Paulão: -Num provoca mulhê , tô com a peste no
coro.
Silvia: -Tá é com cachaça no quengo...
Paulão: -Num tô legal!
Silvia: -Quem Não está nada legal sou eu...
Paulão: -Dias melhor vem aí mulhê, esquenta a
cabeça não. Amanha um novo dia!
Silvia: -Só se for pra você. Par mim vai ser
mais um dia como os outros. Vou acordar cedo lavar e passar roupas dos outros,
depois vou descer o morro pra fazer fachina nas casa das madames, enquanto meu
marido enche a cara...
Paulão: -Pode parar... ( Entra Marimba ) Já
disse dias melhor virão...
Silvia: -Ah, é?! Por que vai ganhar no bicho é?
Paulão: -Taí, uma boa idéia! Quem sabe?!
Silvia: -Se ao invés de beber jogasse, quem
sabe?!
Paulão: -Pode parar...
Marimba: -Mãe o que é a mistura?
Silvia: -A de sempre. Disco voador, zoião...
Marimba: -Ovo de novo?!
Silvia: -E dê graças á Deus, pelo menos temos
ovo, do jeito que as coisas estão indo se melhorá estraga... ( liga o radinho
fla x flu ) pra muitos ovo frito é banquete...
Paulão: -Cala boca moleque, não tá vendo que eu
tô ouvindo o rádio?!
Marimba: -Eu nem abrí a boca, num disse nada!
Paulão: -Nem é pra falar, tua voz me irrita.
Silvia: -É um cavalo mesmo, ignorante, estúpido,
trata o filho feito cachorro! ( resmunga) Pobre do meu filho, sai de madrugada
morro a baixo, com aquela caixa de engraxar nas costas, par arrumar uns
trocados, me ajudar, se hoje tem ovo e arroz, foi graças a ele viu...
Paulão: -Você acha que eu tenho culpa não é?
Acha que sou culpado pra essa merda de vida ( a segura com violência ).
Silvia: -Me solta... Você está me machucano
paulão!
Paulão: -É você acha que eu tenho culpa por essa
porcaria de vida.
Marimba: -Por favor não briguem...
Paulão: -Cala boca seu mariquinha!
Silvia: -Ele é mais homem que você, pelo menos
tem respossabilidade!
Paulão: -Sua vaca vadia...
Silvia: -Vem me bater, tu não é macho... ( pega
a frigideira ) me bate eu dou parte de você na polícia seu porco maldito....
Marimba: -Não pai...
Paulão: ( Tira o cinto ) vai dá parte de mim sua
vagabunda?!
Silvia: -Encosta em mim seu bebado infeliz...
Marimba: -Para mãe...
Paulão: -Sua piranha... ( torce o braço dela )
Marimba: -Solta minha mãe.
Paulão: -Seu filho da puta... ( Empurra o menino
e parte para bater nele )
Silvia: -No meu filho não...
Paulão: -Ah é assim?!
Marimba: -Solta minha mãe!
Paulão: -Sai daqui moleque.
Marimba: -Socorro! Socorro!
Silvia: -Me solta seu monstro, vagabundo, você
está me machucando!
Paulão : -( mobilizando ) Você que pediu!
Marimba: - (Parte para cima dele )
Nããããããão!!!!!
Paulão: -Sai da frente moleque! ( Empurra )
( Marimba caído ao chão ouve os gritos da mãe )
Segundo ato
( Central do Brasil )
Marimba: -Graxa aí moço?! Aí tio, graxa?! Toco
sambinha maneiro, com a flanela!
Gustavo: -Não filho, obrigado! ( Lendo jornal )
Marimba: -Aí tio, engraxa aí vai, só pra me
ajudar.
Gustavo: -Não filho obrigado!
Marimba: -Então escova aí vai. Só pra descolar
meu café.
Gustavo: -Será possível?! Estou tentando lê...
Será que nem ao menos podemos, ou temos o direito de ler nosso jornal em paz?
Você me dá licença ou preciso chamar á polícia?
Marimba: -Chamar a polícia? As pessoas nos trata
como: pivete, moleque, marginal... É como que se torcessem pra que chegamos a
este ponto. Estou aqui com essa caixa de engraxar tentando ganhar a vida honestamente
para ajudar minha mãe a sustentar a casa. E me vem o senhor me dizer que vai
chamar a polícia como se eu fosse um bandido?! Olha tio se um dia o senhor me
encontrar batendo carteira, fique sabendo que o senhor também contribuiu com
isto. Agora me diga que culpa tenho eu de ter nascido pobre, tenho culpa se
meus pais não são ricos? Olha tio, a única escola que eu conheço é a escola da
vida... Está que começa as quatro da matina e termina as dez da noite.
Gustavo: -Menino... Espere. Acho que mudei de idéia...
Meus sapatos estão meio empuerados...
Marimba: ( agacha )
Gustavo: -Capricha!
Marimba: -Sim senhor.
Gustavo: -O que seu pais fazem?
Marimba: -Por que quer saber?
Gustavo: -Você me parece transtornado...
Marimba: ( Guarda o material )
Gustavo: -Ei?! Que foi?
Marimba: -Pensa que sou bobo? Já saquei, o
senhor pensa que não tenho pais e quer me levar para FUNABEM.
Gustavo: Não. Acredite! Só quero conversar.
Marimba: -Preciso trabalhar...
Gustavo: -Eu quero ajudar...
Marimba: -Não pode me ajudar.
Gustavo: -Como sabe?
Marimba: -Por que me ajudaria?
Gustavo: -Por que fiz um julgamento precipitado,
quem sabe? Você disse que estava com fome.
Marimba: -Não menti.
Gustavo: -Me dá uma chance... Quem sabe posso
ajudá-lo?!
Marimba: -Preciso trabalhar, minha mãe precisa
de mim.
Gustavo: -E seu pai?
Marimba: -Não tenho.
Gustavo: -E sua mãe, o que faz?
Marimba: -Lava roupas pra fora e faz diárias em
casa de família.
Gustavo: -Me desculpe por minha incompreensão.
As vezes a vida nos impede de enchergar a realidade que está bem na frente do
nosso nariz, nos fazendo assim agir de maneira grotesca e egoísta. Mas você me
parece um bom menino. Um garoto de fibra e de muita coragem. Admiro esta
qualidade nas pessoas. Como se chama?
Marimba: -Marimba, quero dizer Paulo, só que
todos me conhecem como Marimba!
Gustavo: -Marimba( Rir ) é um apelidio curioso.
Marimba: -Os moleques me colocaram esse apelídio
por que eu gostava de soltar pipa e cruzar marimba...
Gustavo: -Interessante. Você gostaria de deixar
de engraxar sapatos?
Marimba: -Não posso, minha mãe precisa de mim.
Gustavo: -Se você estudasse...
Marimba: -Passaríamos fome. Ainda mais com o
bebado...
Gustavo: -Bebado...
Marimba: -... do meu pai que só faz maltratar
agente...
Gustavo: -Poderia ajudar...
Marimba: -Não vejo como.
Gustavo: -Sou advogado...
Marimba: -E daí?
Gustavo: -Também tenho um supermercado e poderia
dar emprego a sua mãe e quem sabe seu pai...
Marimba: -Não, ele só estragaria tudo.
Gustavo: -As vezes as pessoas só precisam de uma
chance. Quem sabe esse não é o caso do seu pai?
Marimba: -Não sei, não.
Gustavo: -Você me apresenta a seus pais e
veremos o que podemos fazer. Certo?
Marimba: - (pensativo) Certo!
Gustavo: -Estou lhe dando uma chance, agora só
depende de você...
Marimba: -Não vou lhe decepcionar.
Gustavo: -Amigos? (estende a mão)
Marimba: -Amigos! (aperta firme)
F I M
O VAQUEIRO QUE NÃO SABIA MENTIR
Adaptação: Marcondys França
TEOTÔNIO (Fazendeiro)
DONATO (Compadre de Teotônio)
VADO (Vaqueiro de Confiança de Teotônio)
NALVINHA (Filha de Donato)
BARROSO (Um Boi)
CENA I
(Barroso atravessa o pelo palco como se
estivesse desfilando em uma exposição)
CENA II
DONATO: - Então... Num tô dizeno homi!
TEOTÔNIO: - Pois digo que o cumprade tá
enganado.
DONATO: - Nesta vida cumpadre, tenho dois
orgulhos...
TEOTÔNIO: - E é?
DONATO: - É.
TEOTÔNIO: - E que orgulhos são esses cumprade?
DONATO: - O primeiro: É barroso.
TEOTÔNIO: - Seu boi.
DONATO: - Dá gosto de se vê! O maior, o mais
forte, o mais bonito...
TEOTÔNIO: - O mais valioso de toda redondeza.
DONATO: - Meu segundo orgulho é a sorte que
tenho de ter Vado trabalhando aqui em minha fazenda.
TEOTÔNIO: - O vaquieiro.
DONATO: - Por esse cumpadre sou capaz de botar a
mão no fogo. Uma só não, as duas!
TEOTÔNIO: - Homi num diga uma coisa dessa não!
DONATO: - Digo e repito. Esse cabra da peste só
menti pra mim no dia de São Nunca!
TEOTÔNIO: - Todo mundo mente! Um dia esse
vaqueiro ainda te passa a perna.
DONATO: - Conversa! Confio tanto em Vado que
deixo Barroso sobre seus cuidados.
(Entra Nalvinha)
NALVINHA: - Café?
TEOTÔNIO: - Obrigado minha filha.
DONATO: - Obrigado! (Nalvinha serve o Café e
sai) Então cumpradre quero fazer uma aposta.
TEOTÔNIO: - Uma aposta?
DONATO: - Isso mesmo. Aposto um saco de dinheiro
que faço esse talzinho mentir.
TEOTÔNIO: - Cumpadre... Vai perder aposta.
DONATO: - Duvido.
TEOTÔNIO: - Apostado.
DONATO: - Novinha?
TEOTÔNIO: - Inhô...
DONATO: - Poi ta aqui quem vai me ajudar nessa
empreitada.
TEOTÔNIO: - Quer sabê? Nunca foi tão fácil ganhá
uma aposta.
DONATO: - É o que veremos cumpadre. Veremos...
TEOTÔNIO: - Agora tenho que ir... A labuta me
espera. (Saem os dois)
NALVINHA: - Oxê! (Sai)
CENA III
(Entra Barroso sendo domado por Vado)
CENA IV
NALVINHA: - Num meu pai... Isso eu não faço.
DONATO: - Num to mandano? Então... Vai fazê e
pronto.
NALVINHA: - Num vou... Num tá certo.
DONATO: - Tô prdeno a paciência com ocê. Oxê!
Deixa de ser mal criada e obedece teu pai.
NALVINHA: - Num quero...
DONATO: - Enquanto tiver debaixo do meu teto e
comendo da minha comida, faz o que eu mando.
NALVINHA: - Por favor meu pai... Num me obrigue
a fazer isso não. Num ta certo, num ta.
DONATO: - (Tira o cinto) Vou te mostrar o que é
certo...
NALVINHA: - Não meu pai...
DONATO: - Venha cá.
NALVINHA: - Não pai...
DONATO: - Vai aprender a obedecer.
NALVINHA: - Tá bom. Tá bom! Eu faço. Faço!
DONATO: - Assim que se fala. Agora vamo que vou
te dizê o que deve ser feito. Quero vê se esse cabra num menti. (Saem)
CENA V
(Entra o Boi Barroso passeando pelo palco, em
seguida Vado que acaricia o boi)
CENA VI
VADO: -Eia! Mai que é isso que ta diante deu? É
uma santa? Se num é, é tão formosa que inté parece a vige Maria.
NALVINHA: - Vaqueiro, preciso falá com ocê.
VADO: - Mai o que uma moça tão jeitosa quê falá
com eu?
NALVINHA: - É que tenho muita afeição por ocê.
VADO: - Oxê! Mai ocê nem me conhece dereito.
NALVINHA: - É que ocê nunca percebeu. Mai sempre
fiquei te espiano. Nem que fosse de longe.
VADO: - Diacho! Como é que nunca pecebí?
NALVINHA: - Gosto muito de ocê Vado.
VADO: - Ocê, gosta deu?
NALVINHA: - Mais da conta! Então ocê também gota
deu.
VADO: - E apoi...
NALVINHA: - Gosta ou num gosta?
VADO: - Gosto.
NALVINHA: - Então quero uma prova.
VADO: - Por você faço qualquer coisa.
NALVINHA: - Qualquer coisa.
VADO: - É. Qualquer coisa.
NALVINHA: - Pois bem... Então mate o boi
Barroso.
VADO: - Que ta me pedino? É brincadeira?
NALVINHA: - Me ama, não me ama?
VADO: - O boi Barroso é o xodó do patrão. Vale
ouro.
NALVINHA: - Essa é maior prova de amor que ocê
pode me dar. Matar o boi Barroso. (Saem)
CENA VIII
(Entra Barroso em seguida Vado que meio confuso
puxa a peixeira e apunhala o boi que cai morto. Arrependido Vado chora)
CENA VIIII
TEOTÔNIO: - Cumpadre Donato... Que devo a honra?
DONATO: - Vim buscar o saco de dinheiro.
TEOTÔNIO: - Como é que é?
DONATO: - Vim cobrar a minha parte na aposta.
TEOTÔNIO: - A troco de que?
DONATO: - Oxê! Pois chame o talzinho do
vaqueiro... O vado que o cumpadre diz ser de total confiança.
TEOTÔNIO: - Vado? Vado... (Vado entra de cabeça
baixa com o chapem na mão)
VADO: - Sinhô?
DONATO: - Diga ateu patrão a presepada que ocê
aprontou. Vamo diga o fim que levou o tão valioso boi Barroso.
VADO: - Eu tava no meu canto/Quando surgiu a
filha do Coroné feito uma aparição/
Fez um pedido que rasgou meu coração/Em troca de
seu amor me pediu pra matar o tão/formoso boi barroso/Eu disse que não podia,
mas se não fizesse/O seu amor não me daria/como sabia que meu amor era pra
valer/O que podia fazer?/Sei que o que fiz foi um crime/É que eu tava
apaixonado/Foi loucura, errei, eu sei/E por isso devo ser castigado.
TEOTÔNIO: - Barroso! Meu boi precioso.
DONATO: - O danado não mentiu! (Entra Nalvinha
chorando arrependida)
NALVINHA: -Vado... Me perdoa. Eu fiz o que fiz
por que fui obrigada pelo meu pai.
VADO: - Então era tudo mentira?
NALVINHA: - Não. Eu gosto de ocê de verdade.
TEOTÔNIO: - Então ta tudo claro. Cumpadre ocê
trapaceou. E por isso perdeu a aposta.
VADO: - E eu coroné?
TEOTÔNIO: - Ocê fica com o dinheiro da aposta.
NALVINHA: - E ocê me perdoa Vado. O que mais
desejo é teu amor.
VADO: - Ocê quer casá com eu?
NALVINHA: - Num tem nada que eu queira mais.
TEOTÔNIO: - Cumpadre Donato... Tô muito
envergonhado de ocê. Vado provou ser um homi de briu, tem valo. Num
mentiu.
DONATO: - Vou pagá a aposta. Sou um homi de
palavra.
VADO: - Coroné Donato, quero pedir a mão de sua
filha Nalvinha em casamento.
DONATO: - Se essa é a vontade dos dois... Faço
gosto!
TEOTÔNIO: - Então... Viva os noivos!
(Comemoram)
F I M
O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL
De: Marcondys França
Personagens: Elenco:
Karina..........................................................CÍCERA
MARINS
Augusto..................................................MARCONDYS
FRANÇA
Claudia.........................................................IVETHY
DIANNE
Carlos...........................................................LUCIANO
JOSÉ
Alice...............................................................LEILA
NUNES
Ana............................................................ERIKA
MADRUGA
Rodolfo.................................................HELENILTON
VIGÁRIO
Dr.Júlio....................................................ANTÔNIO
PEREIRA
(No Consultório Médico)
AUGUSTO: - Doutor Júlio, por favor não me
esconda nada eu preciso saber...
JÚLIO: - Calma Augusto.
AUGUSTO: - Calma?! Como posso Ter calma? É minha
vida!
JÚLIO: - Desespero não adiantará de nada. Só
complicará ainda mais as coisas...
AUGUSTO: - O que tenho Doutor Júlio?
JÚLIO: - Seja forte, meu amigo. Você tem um
tumor alojado em seu celebro.
AUGUSTO: - É maligno?
JÚLIO: - Infelizmente sim.
AUGUSTO: - Oh, Meu Deus!
JÚLIO: - Faremos tudo que for possível! Vamos
começar com quimioterapia.
AUGUSTO: - Quando?
JÚLIO: - Imediatamente.
AUGUSTO: - Não. Depois do natal.
JÚLIO: - Não podemos arriscar.
AUGUSTO: - Não vou estragar o natal da minha
família.
JÚLIO: - Augusto...
AUGUSTO: - Boa Noite doutor Júlio.
JÚLIO: - Augusto... (Augusto sai) Teimoso!
(Apaga-se as luzes. Cena em sua casa sentado
pensativo)
RODOLFO: - Boa noite?! Tudo bem com o senhor
doutor Augusto?
AUGUSTO: - Sim, Rodolfo... está tudo bem.
RODOLFO: - O senhor está meio abatido...
AUGUSTO: - É cansaço. Tenho trabalhado muito! Vá
dormir já está tarde.
RODOLFO: - O senhor não precisará de mim?
AUGUSTO: - Não se preocupe.
RODOLFO: - Então conlicença, boa noite!
(Augusto toma um drinque abaixa luz)
KARINA: - Minha nossa como estou atrasada!
RODOLFO: - Vai sai dona Karina?
KARINA: - Sim Rodolfo, vou as compras. Por acaso
sabe a que horas Augusto saiu?
RODOLFO: - Logo cedo senhora.
KARINA: - Eu, ein!? Que foi, madrugou é?! Quando
as crianças acordarem diga que fui ao shoping. Este ano quero uma festa muito
luxuosa. Quero que nossa natal seja o mais comentado desta cidade!
RODOLFO: - Se depender de seu entusiasmo...
Quero saber se posso armar e por os enfeites na árvore de natal...
KARINA: - Não, não Rodolfo. Quero fazer isto
pessoalmente. Não vou perder a oportunidade, de colocar todos enfeites
escolhidos a dedo! Enfeites esses que me custaram os olhos da cara! Do jeito
que você é desastrado bem capaz de quebrar meus bebelôs.
RODOLFO: - Senhora!
KARINA: - Está me olhando aí espantado por que?
Já ao trabalho, vamos!
RODOLFO: - Sim senhora.
KARINA: - Vou encher a árvore de presentes. Ah,
como é bom ter dinheiro. Dinheiro é tudo!
RODOLFO: - Eu gosto muito do natal é uma época
linda, é o dia de comemorar o nascimento do menino Jesus!
KARINA: - E... Vamos parando com está estória
idiota! Deus, Jesus, saci pererê é uma invenção de quem não tem o que fazer.
Isto tudo não passa de um mito dos mais baratos.
RODOLFO: - (perplexo) Dona Karina!...
KARINA: - Chega Rodolfo. Não se fala nisso.
Alice ligou?
RODOLFO: - Sim senhora. Ela está lhe esperando
no apartamento dela! (Karina sai o telefone toca)
RODOLFO: - Alô! Residência da família Alcantara.
Olá, como vai dona Alice?! Não... acabou de sair... sim dei o seu recado. Não
há de que! Outro! Até logo.
(entra claudia)
CLAUDIA: - Rodolfo! Quem era?
RODOLFO: - Era sua tia, Alice.
CLAUDIA: - Minha mãe, onde está?
RODOLFO: - Foi ao shoping.
CLAUDIA: - Bem que ela poderia ter me avisado.
(entra Claudio)
CARLOS: - Rodolfo, sabe onde está a chave do
carro?
RODOLFO: - Sim senhor vou buscar.
CLAUDIA: - Carlos me dá uma carona?!
CARLOS: - Claro! Mas tem que me prometer que vai
ficar calada.
CLAUDIA: - Eu prometo! Vou buscar a mochila.
RODOLFO: - Aqui está as chaves. Dirija com
cuidado!
CARLOS: - Esquenta não, tá comigo tá com Deus!
(sai)
CLAUDIA: - Ué?! Cadê Carlos?
RODOLFO: - Acabou de sair.
CLAUDIO: - Ah! Não isso não é justo! Miserável.
Carlos, Carlos... (sai)
RODOLFO: - Haja ouvido
(entra Alice e Karina)
ALICE: - Ah, não eu juro que não acredito...
KARINA: - Pois é querida, já fiz a lista no
mínimo mil convidados.
ALICE: - Que exagero! Mil convidados Karina?
KARINA: - Quero uma super festa! Olha aqui,
preste bastante atenção... eu tenho fazendas, gados, alguns imóveis e
principalmente dinheiro. Então por que não usufruir de tudo isso? Eu posso meu
bem! Quem pode faz, bem feito.
ALICE: - Eu sei, mas acho...
KARINA: - Não quer me vê zangada com você, não é
querida?
ALICE: - Claro que não! Quem sou eu para mudar a
cabeça dessa cunhada tão...
KARINA: - Fina, fina meu bem!
ALICE: - Que livro é aquele no sofá?
KARINA: - Não faço a mínima idéia!
ALICE: - É uma bíblia!
KARINA: -Bíblia?! Só pode ser daquele
estrambelhado do Rodolfo. Não se faz mordomo como antigamente! Só tolos
acreditam em contos.
ALICE: - Isso não é um conto. É verdade.
KARINA: - Pare. Pare com isso... não acredito
que você vai me fazer um sermão.
ALICE: - Seria inútil. Teimosa como você é,
seria perda de tempo. Agora me deixe ir. Vou buscar mamãe no aeroporto.
KARINA: - Dê um beijo nela por mim.
ALICE: - Até logo!
KARINA: - Até. (Alice sai entra Claudia)
CLAUDIA: - Até que fim lhe encontrei mamãe.
KARINA: - (com atenção nos presentes) O que foi,
é dinheiro?
CLAUDIA: - Não, é sobre a festa.
KARINA: - O que tem a festa minha filha?
CLAUDIA: - Será que a senhora poderia ao menos
olhar para mim...
KARINA: - Claro filha o que foi?
CLAUDIA: - Será que eu poderia trazer meu
namorado para a ceia...
KARINA: - Claro filha, o Fabrício é um bom
rapaz, também sendo filho de quem é... Deputado Fagundes Vieira!
CLAUDIA: - Não é o Fabrício mamãe, a senhora
sabe que não suporto aquele esnobado.
KARINA: - Gente de seu nível!
CLAUDIA: - Não é garantia de felicidade.
KARINA: - Não seja tola.
CLAUDIA: - Não é tolice gostar das pessoas como
elas são.
KARINA: - Amor não enche barriga!
CLAUDIA: - Mais dá sentido a vida!
KARINA: - Já vi muitas histórias que a fome entra
pela porta e o amor foge pela janela.
CLAUDIA: - A senhora já amou algum dia?
KARINA: - Eu amo a vida minha filha, a vida que
levo!
CLAUDIA: - Somos diferente, prefiro arriscar.
KARINA: - Com aquele João Ninguém? Não seja
ridícula minha filha. Aquele rapaz não tem nada a oferecer.
CLAUDIA: - Tem amor...
KARINA: - Não diga!
CLAUDIA: - Posso trabalhar.
KARINA: - Você, não me faça rir. Não o traga.
Isto é um a aviso. Lugar de mendigos é embaixo da ponte e aqui não ponte.
CLAUDIA: - A senhora acha que dinheiro, status,
aparência é tudo? Pois não quero ser como a senhora, fria e dura, que só pensa
em sí própria. Egoísta, é isso que a senhora é.
KARINA: - Ora sua fedelha, me respeite. (Claudia
sai) É nisso que dá querer o bem dos filhos. Não pense que vai estraga minha
ceia, por que não vai.
KARINA: - Rodolfo, Rodolfo... onde você estava?
RODOLFO: - Eu dona Karina...
KARINA: - Incompetente! Chispa!
RODOLFO: - Sim senhora...
KARINA: - Fora, fora! Ôh, lerdesa! (entra
Claudio)
CLAUDIO: - Boa noite mamãe!?
KARINA: - Boa noite, filha!
CLAUDIO: - Papai?
KARINA: - Não chegou ainda. Espero que não
demore, tenho coisas importantíssima para tratar com ele! (toca campânhia)
Rodolfo! Rodolfo...
RODOLFO: - Sim senhora?
KARINA: - Você está surdo?
RODOLFO: - Não senhora.
KARINA: - O que está esperando? Atenda à porta!
RODOLFO: - Com licença!
KARINA: - Ah, demência!
CARLOS: - Mãe, você não acha que foi dura de
mais com Rodolfo?
KARINA: - Não. Se deixar, os criados tornam-se
nossos chefes! Conheço gente dessa laia. E não se meta em minhas ordens. Já pro
quarto!
CARLOS: - Odeio quando você me trata assim, como
criança.
KARINA: - Tire as fraldas, vire homem, e depois
ousa em me repreender! (Carlos sai)
AUGUSTO: - (triste) Boa noite querida?!
KARINA: - Preciso muito falar com você...
AUGUSTO: - Agora não...
KARINA: - Agora não? Essa é boa! Augusto, não
agüento mais... sabe que está acontecendo?... Não, você não sabe... não dar a
mínima.
AUGUSTO: - Chega Karina! (breve silêncio) Vá
direto ao assunto.
KARINA: - Nossa filha está de chamego com um
marginalzinho qualquer, um pé raspado, um zé niguém! E você não diz nada, não
faz nada!
AUGUSTO: - O rapaz é uma boa pessoa!
KARINA: - Boa pessoa? Não me faça rir! O bom
rapaz não tem nem onde cair morto.
AUGUSTO: - Qual é sua preocupação?
KARINA: - O futuro de nossa filha! Futuro esse
que nos custou caro.
AUGUSTO: - O rapaz estuda, trabalha. O que mais
você quer?
KARINA: - Faz um supletivo noturno numa
escolinha pública, trabalha numa loja de sapatos de Quinta! Agora me responda:
que futuro poderá dar a nossa filha esse pobre coitado!?
AUGUSTO: - Além de amor, carinho, felicidade,
quem sabe a mesma coisa ou até mais que eu tenho lhe dado!
KARINA: - Isso! Sonhe, mais sonhe mesmo. Deixa
aquela estranbelhada ouvi isso, ai você vai vê o que dar sonhar. Quero vê
quando tempo dura um sonho de barriga vazia.
AUGUSTO: - Olha Karina... deixa par lá. Você não
entende!
KARINA: - Seu ingrato. Assim que me trata? Estou
pensando na felicidade de nossa filha!
AUGUSTO: - Boa noite!
KARINA: - Augusto. Augusto. Ingrato! Se pensa
que vou deixar minha filha, jogar nossa nome na lama está enganado. (sai.
Apagam-se as luzes)
(Augusto triste)
AUGUSTO: - Quem está aí?
RODOLFO: - Sou eu senhor
AUGUSTO: - Acordado a esta hora?
RODOLFO: - Sim senhor, gosto de ler ante de
dormir.
AUGUSTO: - Que livro é este?
RODOLFO: - É uma bíblia.
AUGUSTO: - Você acredita?
RODOLFO: - Sim senhor. E o senhor, acredita?
AUGUSTO: - Muitas vezes quero acreditar.
RODOLFO: - Não sei nem como falar sobre esse
tema com o senhor doutor Augusto.
AUGUSTO: - Rodolfo, o que você faria se soubesse
que, iria morrer?
RODOLFO: - Eu faria como Marta.
AUGUSTO: - Marta? O que fez?
RODOLFO: - Foi aos pés de nosso senhor Jesus
Cristo e disse-lhe: “Senhor se tu estivesse aqui isto não teria acontecido.”
AUGUSTO: - E o que aconteceu?
RODOLFO: - Lázaro, irmão de Marta, a três dias
morto. Mas Jesus o fez ressuscitar. Em muitas passagens a bíblia cita cura
através da fé.
AUGUSTO: - Fé! Esse Deus parece muito poderoso.
RODOLFO: - Parece não. Ele é poderoso.
Desculpe-me a minha petulância mas, o senhor está com algum problema?
AUGUSTO: - Como se faz contato com esse Deus?
RODOLFO: - Humildemente, ajoelhe, feche os
olhos, e conte-lhe toda sua dor... se abra com ele, que não lhe desamparará.
AUGUSTO: - Boa noite.
RODOLFO: - Boa noite doutor Augusto! Que Deus
lhe abençoe. (sai)
AUGUSTO: - Boa... Será que dar certo. Deus...
muitos falam de você, Falam várias coisas como: cura, milagres,... eu nunca dei
ouvidos... mas pelo que vejo, eu sei, não tenho outra alternativa a não ser
está recorrer a ti, minha fé é pequena, mas,... minhas esperanças são grandes.
Não quero morrer! Meu dinheiro, minha posição, ou mesmo meu amor a minha
família não pode me salvar... mas ouvi dizer que você pode. Falta pouco para o
natal, e é isto que lhe peço. (entra Karina)
KARINA: - Que loucura é essa, deu par falar
sozinho é? Velhice eu sei que não é, então só pode ser loucura mesmo. (rir)
(Augusto passa mal)
AUGUSTO: - Augusto você está louco?! Augusto
para com isso, que brincadeira é está? Augusto... Augusto.... Rodolfo?! Rodolfo
socorro. (entra Claudia)
CLAUDIA: - O que foi?!
KARINA: - Seu pai...
CLAUDIA: - Pai?!
RODOLFO: - Meu Deus o que é isso?
CARLOS: - Pai?
RODOLFO: - Vou ligar para doutor Júlio.
CLAUDIA: - Isso mesmo...
KARINA: - Meu marido... Os negócios! Aí eu nem
quero pensar?!
CARLOS: - Ora mãe, isso é hora de pensar em
negócios!?
KARINA: - Já lhe falei para não se meter quando
eu estiver falando. Alguém tem que pensar nos negócios de seu pai, imagina
se...
CLAUDIA: - Mãe!
KARINA: - Temos que ser fortes...
CARLOS: - Chega!
RODOLFO: - O doutor já está a caminho.
(Augusto melhora)
KARINA: - Augusto!
CARLOS: - Pai!
CLAUDIA: - Ôh pai! Que susto.
KARINA: - Saiam todos.
CLAUDIA: - Mãe!
KARINA: - Saiam... (saem) Que é, que me matar do
coração é? Você que se atreva a morrer... sem antes deixar um testamento.
RODOLFO: - Dona Karina...
KARINA: - Já lhe disse que não quero ser
interrompida!
RODOLFO: - Mas senhora...
KARINA: - Então chispa!
RODOLFO: - É que doutor Júlio...
KARINA: - Doutor Júlio?
RODOLFO: - Sim senhora.
KARINA: - Mande-o entrar! É muita lerdeza!
JÚLIO: - Boa noite!?
KARINA: - Boa noite, doutor!
JÚLIO: - Então o que houve?
KARINA: - Não sei bem, mas pareceu-me um
desmaio.
JÚLIO: - Deixe-me ver.
KARINA: - Fique a vontade se precisar de
qualquer coisa é só avisar. (com ternura) Querido tudo vai dar certo!
JÚLIO: - Augusto você não está facilitando meu
trabalho. Lhe pedi para não se expor...
AUGUSTO: - Estou bem!
JÚLIO: - Não, não está! Tinha que começar a
quimioterapia.
AUGUSTO: - Eu não vou morrer. Não vou!
JÚLIO: - Ninguém disse isso.
AUGUSTO: - Como vou contar isso a minha mulher,
meus filhos, minha mãe? Como? Como!?
JÚLIO: - Eu posso contar-lhes!
AUGUSTO: - Não. Eu contarei!
JÚLIO: - Pelo que vejo, já está melhor. Augusto
se quer mesmo viver precisa seguir as prescrições. Ajude- nos nessa batalha.
AUGUSTO: - Farei o que for preciso.
JÚLIO: - Ótimo!
KARINA: - Então doutor?
JÚLIO: - Tudo sobre controle.
KARINA: - E o que meu marido tem?
JÚLIO: - Não se preocupe, está tudo sobre controle.
Boa noite!
KARINA: - Se eu fosse você trocaria de médico,
esse daí não é nada profissional, não vou bem com ele, nossos santos não se
batem!
AUGUSTO: - No dia que você for bem com alguém, é
o fim do mundo!
KARINA: - Isola! Fim do mundo, morte, nem
pensar! Falando nisso, é bom você preparar o testamento...
AUGUSTO: - Você quer que eu morra?
KARINA: - Claro que não! Se digo isto é para o
bem da nossa família. A morte não manda aviso!
AUGUSTO: - E se você morrer primeiro!
KARINA: - Tenho saúde de ferro!
AUGUSTO: - Vamos deixar de conversa fiada... me
ajude.
KARINA: - Não estou dizendo! (saem)
CLAUDIA: - Está difícil de aturar minha mãe.
CARLOS: - Cada dia mais insuportável!
RODOLFO: - É o jeito dela. As vezes acredito que
dona Karina já sofreu muito antes de casar-se com seu pai. (campanhia)
Claudia: - E daí o que temos haver com isso?
CARLOS: - Não deveria ser o contrário? Se sofreu
na infância ou na adolescência, deveria até ser mais dócil!
CLAUDIA: - Vovó!
CARLOS: - E aí vó?!
ANA: - Olá, meus queridos!
CLAUDIA: - Oi tia Alice?!
ALICE: - Oi crianças!
RODOLFO: - Crianças onde?
ANA: - Rodolfo! (abraça)
RODOLFO: - Dona Ana, Quanta saudades!
ANA: - Obrigado querido!
ALICE: - Tudo bem Rodolfo?
RODOLFO: - Melhor agora!
ALICE: - E Karina?
ANA: - Augusto?
RODOLFO: - Vou avisá-los que as senhoras já
chegaram.
ANA: - Que carinhas tristes são estas!? Não
quero vê tristezas, esse mês é um mês muito especial, é natal! Alegria meus
anjos!
CLAUDIA: - Como posse ter alegria se não posso
namorar quem amo?
ANA: - Se está havendo proibição é porque existe
alguma coisa de errado.
ALICE: - Acho que já sei qual a razão! De quem
partiu a proibição?
CLAUDIA: - Minha mãe. Quem mais poderia ser!
ALICE: - Eu sabia!
ANA: - e seu pai?
CARLOS: - Meu pai? (rir)
ANA: - Eu trouxe uns prestinhos para vocês...
CARLOS: - Oba!
ALICE: - Nem pense nisso baby!
ANA: - Abrir só na noite de natal!
CARLOS: - Tá bom, vou tentar segurar a onda! Vou
nessa!
CLAUDIA: - Me dá uma carona?
CARLOS: - Anda logo!
CLAUDIA: - Tchau!
ANA: - Vão com Deus!
(entra Karina)
KARINA: - Querida Ana!
ANA: - Oi Karina!
KARINA: - Alicinha...
ALICE: - Tudo bem?
KARINA: - Ótimo! E agora melhor ainda. Pensei
que a senhora só vinhesse na vespera de natal!
ALICE: - Mamãe resolveu vir antes!
KARINA: - Que bom, fico feliz!
ALICE: - Bem, eu tenho que ir.
KARINA: - Mas já! Mau chegou. Pensei que fosse
ficar mais... É que preciso dar uma saídinha, e pensei que pudesse fazer
compânia a sua mãe.
ANA: - Não se preocupem comigo. Karina antes que
saia será que posso dar uma palavra com você?
KARINA: - Claro querida!
ANA: - Claudia esteve...
KARINA: - Minha querida sogra, não se deixe
levar... a única coisa que quero é a felicidade da minha filha...
ANA: - Mas Karina...
KARINA: - Faço o melhor que posso pela educação
de meus filhos e como a senhora sabe não é nada fácil! (sai, Ana senta-se)
ALICE: - Mãe! Rodolfo...
RODOLFO: - Sim senhora?! O que houve?
ALICE: - Traga um copo com água. Que foi?
ANA: - Não sei... - Um mal pressentimento!
ALICE: - Não fale assim mãe! Não lhe faz bem.
ANA: - É como se alguma coisa estivesse para
acontecer...
ALICE: - Ô mãe!
ANA: - Natal me deixa assim, nostálgica. Seu pai
morreu numa véspera de natal!
ALICE: - Não mais vamos falar nisso! Agora
descanse.
RODOLFO: - Aqui a água.
ALICE: - Obrigada! Beba mãe... isso... me ajude
Rodolfo, vamos levá-la ao quarto.
ANA: - Augusto?
ALICE: - Ele irá ao quarto mãe.
(entra Carlos e Claudia)
ALICE: - Pelo que vejo estão lendo.
CARLOS: - Acertou! Suspense.
CLAUDIA: - Como estou carente, leio romance.
ALICE: - Meus queridos... esqueçam os livros um
pouco, que agora vou lhes contar uma bela história...
CLAUDIA: - E sobre o que seria esta história?
CARLOS: - Lobisomem?!
ALICE: - Não. A verdadeira história do natal!
CARLOS: - Ah, não! Tô fora!
CLAUDIA: - Trenó encantado, papai Noel que desce
pela chaminé, tudo isso já sei!
ALICE: - Calma gente! Eu quero contar a
verdadeira história do natal. Não essa de papai Noel, trenó encantado, ou coisa
assim! É muito mais triste e bonita que vocês já ouviram. Vamos aproveitar enquanto
a mãe de vocês não chega.
CARLOS: - ô tia!
CLAUDIA: - Escute, depois julgue!
ALICE: - É. É isso, sua irmã tem razão.
CARLOS: - Tá bom, vai!
ALICE: - A quase dois mil anos atrás, alias
muito antes, profetas anunciavam um salvador, salvador este que salvaria seu
povo de tanta angústia e aflições. Numa cidade da Galiléia chamada Nazaré,
havia uma moça simples chamada Maria, ela era virgem, porém casada.
CARLOS: - Como assim?
CLAUDIA: - Não entendi.
ALICE: - É que naquela época se casavam e depois
de um tempo é que iam morar juntos...
CARLOS: - Coisa mais sem graça!
ALICE: - Costumes... Então Deus enviou um anjo,
Gabriel, anunciar a Maria que ela seria mãe...
CLAUDIA: - Virgem? Grávida?
CARLOS: - Conversa!
ALICE: - É difícil de acreditar, mas Deus escreve
certo por linhas tortas. E assim como vocês muitos duvidariam da integridade da
moça. Mas o anjo veio para anunciar que ela carregaria o salvador em seu
ventre...
CLAUDIA: - E ela?
ALICE: - Ficou assustada! Mas isto era um
privilégio.
CARLOS: - Mau afamada? É privilégio?
CLAUDIA: - E o marido?
ALICE: - José, ficou desconfiado...
CARLOS: - Até eu.
ALICE: - Chegou a pensar que sua amada esposa
tinha, como dizem vocês, pulado a cerca. Mas foi ai que o mais incrível
aconteceu, Deus enviou um anjo para explicar a José o que acontecia. Entendendo
partiu com sua mulher para Belém, lá pediram pousada e ninguém os dava.
CLAUDIA: - Mas se eles traziam o salvador, por
que não os davam?
ALICE: - Só os cristãos acreditavam no salvador.
Maria já sentindo dor encontraram pousada numa estribaria e lá nasceu o pobre
menino. Então brilhou uma estrela no céu, e três reis magos sabendo da notícia
seguiram o brilho da estrela até o menino. Chegando lá o presentearam com ouro,
incenso e mirra.
CARLOS: - E está é a verdadeira história do
natal?
ALICE: - Natal significa amor, paz, perdão,
esperança e principalmente adoração ao menino Jesus! Vocês acreditam em Deus?
CLAUDIA: - Eu acredito, mas minha mãe nem pode
sonhar!
CARLOS: - E vovó não acredita?
ALICE: - Acreditar ela acredita. Só está um
pouco magoada com a vida. Não superou a morte de papai.
RODOLFO: - O almoço está pronto.
ALICE: - Vamos crian... ou melhor adolescentes!
SEGUNDO ATO
(Todos na sala menos Augusto)
CARLOS: - Vó veja que lindo!
ANA: - É... é mesmo lindo.
KARINA: - Alice querida me passe essa bola...
CLAUDIA: - Vou lá fora!
KARINA: - Filha quero que todos participem, o
mais emocionante além dos presentes é claro! É toda família reunida. E a
montagem da árvore é um momento muito importante!
CLAUDIA: - Grande emoção!
ANA: - Claudia querida, por favor...
RODOLFO: - Dona Karina...
CARLOS: - Viu meu skait?
RODOLFO: - Está em baixo de sua cama senhor.
CARLOS: - Valeu! (sai)
KARINA: - Carlos...
RODOLFO: - Doutor Augusto ligou avisando que não
chegará a tempo do jantar.
ANA: - Por que Rodolfo?
RODOLFO: - Desculpe-me, mas ele não disse. Só
pediu para a senhora dona Karina espera por ele aqui na sala.
KARINA: - Recado dado, volte ao seu serviços
quero tudo brilhando!
ALICE: - Como está os preparativos?
KARINA: - Tudo sobre contole!
ANA: - Claudia minha querida me faz um favor
pega meu óculos, está em minha bolsa.
ALICE: - Bem, vou nessa! Até!
KARINA: - Até logo!
ANA: - Karina?!
KARINA: - Se for...
ANA: - Dê uma chance, ela está tão triste...
KARINA: - Antes sofrer agora do que depois...
ANA: - Isso é ...
KARINA: - Não vou entregar minha filha a um
qualquer.
ANA: - Karina...
KARINA: - Basta. Chega de lero-lero, sou mãe...
ANA: - Também sou mãe...
KARINA: - Desculpe-me sem querer lhe ofender,
mas da educação da minha filha cuido eu.
ANA: - É... Já vi que cometi um erro ao
tentar...
KARINA: - Não tente, não vou mudar de idéia!
ANA: - Com lisença! (música, entra Augusto)
KARINA: - Augusto.
AUGUSTO: - Que bom você está aqui. (abraça
Karina)
KARINA: - Que foi Augusto?
AUGUSTO: - Oh, minha querida você não sabe o
quanto é difícil...
KARINA: - De que você está falando? Sua mãe
hoje...
AUGUSTO: - Esquece mamãe... Quero falar de mim.
Karina meu amor, quero que seja forte...
KARINA: - Augusto você está me assustando.
AUGUSTO: - Você me ama?
KARINA: - Ora essa, mas que pergunta mas sem
lógica!
AUGUSTO: - Me responde.
KARINA: - Claro que sim.
AUGUSTO: - Eu... estou muito triste.
KARINA: - Que conversa é essa? Que brincadeira
mais sem graça! Boa noite!
AUGUSTO: - Espera. (segura com firmeza)
KARINA: - Me solta, você está me machucando!
AUGUSTO: - Vou morrer.
KARINAS: - Todos vamos morrer um dia!
AUGUSTO: - Não tenho muito tempo!
KARINA: - O que?! (música) Que brincadeira é
esta?
AUGUSTO: - Não é brincadeira.
KARINA: - Não acredito.
AUGUSTO: - Leia.
KARINA: - O que é isso? Não, não Augusto, não...
AUGUSTO: - Calma querida...
KARINA: - Temos dinheiro!
AUGUSTO: - Todo mecanismo disponível pela
medicina está sendo usado!
KARINA: - Vamos para exterior...
AUGUSTO: - Não tem cura.
KARINA: - Pra tudo há um jeito.
AUGUSTO: - Só Deus...
KARINA: - Você não?! Vai se apegar a um
fanatismo, a um mito?
AUGUSTO: - Não é um mito. Hoje no consultório um
homem com o mesmo problema que eu refez os exames e estava curado.
KARINA: - Acredita mesmo nisso?
AUGUSTO: - Não sei.
KARINA: - Não, isto não está acontecendo. Não é
uma realidade, é um pesadelo. E agora o que vou fazer, e a festa?
AUGUSTO: - Desmarque.
KARINA: - Não posso.
AUGUSTO: - Por favor!
KARINA: - Está certo! E as crianças?
AUGUSTO: - Contarei amanhã.
KARINA: - Na véspera do natal.
AUGUSTO: - Sinto muito!
KARINA: - Augusto. Eu estou com você, vamos
lutar juntos.
AUGUSTO: - Obrigado! (abraça)
KARINA: - Vamos subir, é melhor descansar.
AUGUSTO: - Vou ficar mais um pouco. (ela sai)
Senhor, não sei o que dizer, mas eu imploro tua ajuda. Só tu podes me ajudar. E
quero confiar nesse teu poder. Me ajuda, me ajuda por favor!
(noite de natal)
CLAUDIA: - Rodolfo me ajude a colocar esta
estrela aqui. Faz de conta que é a estrela guia que iluminou os reis magos até
o menino Jesus.
RODOLFO: - Quem lhe ensinou isto?
CLAUDIA: - Tia Alice.
RODOLFO: - Dona Alice?! Graças a Deus, estavam
precisando.
CARLOS: - Tô indo! Avisa a minha mãe que só
volto na hora do jantar.
RODOLFO: - Acho bom não atrasar.
CARLOS: - Fui! (sai)
ANA: - Rodolfo, o que há com a Karina?
RODOLFO: - Não sei.
ANA: - Está no quarto chorando.
CLAUDIA: - Minha mãe, chorando?
ANA: - É. Estranho, não é típico de sua mãe...
RODOLFO: - Preciso providenciar algumas coisas.
CLAUDIA: - Vó o que será?
ANA: - Não faço a mínima idéia! (entra Alice)
ALICE: - Bom dia?!
ANA: - Bom dia filha!
CLAUDUIA: - Oi tia!
ALICE: - Estou aqui com meus dedinhos que não
agüento!
CLAUDIA: - Onde andou enfiando o dedo tia?
ANA: - Menina respeito!
ALICE: - Vocês não sabem?
CLAUDIA: - De que?
ALICE: - Sua mãe adiou a festa...
ANA: - Como é?
ALICE: - Desde ontem que estou ligando par todos
avisando sobre o adiamento da festa.
CLAUDIA: - Adiamento? Mas ela não falava em
outra coisa...
ANA: - Isso explica.
ALICE: - Não entendi.
CLAUDIA: - Minha avó ouviu minha mãe chorando.
ALICE: - Chorando?
ANA: - E não é de mentira.
ALICE: - Existe algo estranho, adiou a festa
mais não me disse por que.
CLAUDIA: - muito estranho!
KARINA: - Bom dia?!
ANA: - Bom dia!
ALICE: - Bom dia.
CLAUDIA: - Mãe, por que a senhora adiou a festa?
KARINA: - Sem comentários.
ANA: - Desde que cheguei ainda não vi meu filho.
Esperei por ele em meu quarto e não apareceu. O que está acontecendo?
KARINA: - Por favor, agora não.
ANA: - Licença!
ALICE: - Karina...
KARINA: - Preciso dar uma saída. Hoje Alice
haverá um jantar pra toda família, peço que não falte.
ALICE: - Claro!
RODOLFO: - Dona Karina está muito estranha.
ALICE: - É verdade.
RODOLFO: - Doutor Augusto pretende manter todos
em casa hoje.
ALICE: - Você está sabendo de algo Rodolfo?
RODOLFO: - Não senhora.
(toca o telefone)
RODOLFO: - Alô?! Residência da família
alcantara. Sim. Um momento... Dona Alice, é para dona Claudia.
ALICE: - Pra Claudia? Quem é?
RODOLFO: - É o rapaz... o moço com quem dona
Claudia está namorando.
ALICE: - Chame-a.
RODOLFO: - É que dona Karina...
ALICE: - Ela não precisa saber.
RODOLFO: - Sim senhora. Por gentileza aguarde só
um pouco vou chamá-la.
CLAUDIA; - (eufórica) Até que em fim! Oi amor,
que bom, fico feliz! Sei... Ótimo. Também te amo. Beijos! Tcháu!
ALICE: - E aí?
CLAUDIA: - Sou a pessoa mais feliz do mundo!
ALICE: - Que bom.
KARINA: - Cheguei...
CLAUDIA: - Disfarça...
KARINA: - Teu irmão?
CLAUDIA: - Não faço idéia!
KARINA: - Rodolfo?
RODOLFO: - Senhora?!
KARINA: - Por acaso sabe por onde anda Carlos?
RODOLFO: - Saiu senhora.
KARINA: - Mas será possível! Chame dona Ana.
ROLFO: - Sim senhora!
CLAUDIA: - O que papai quer falar conosco?
KARINA: - O assunto é sério.
ALICE: - Sobre o que seria?
KARINA: - Augusto quer falar pessoalmente!
CLAUDIA: - Pela sua cara, é problema financeiro.
KARINA: - Guarde suas brincadeiras para um
momento mais propício!
(entra Augusto)
ALICE: - Augusto!
KARINA: - Rodolfo?
RODOLFO: - Sim senhora?
KARINA: - Dona Ana?
RODOLFO: - Dona Ana...
ANA: - Estou aqui! Filho... (abraça)
AUGUSTO: - Mamãe!
ANA: - O que está acontecendo meu filho?
AUGUSTO: - Logo a senhora ficará sabendo.
KARINA: - E o Carlos, Rodolfo?
RODOLFO: - Bipei...
CARLOS: - Nossa! Reunião de família?
KARINA: - Sente filho, seu pai quer Ter uma
conversa.
RODOLFO: - Com licença.
AUGUSTO: - Fique Rodolfo.
AUGUTO: - Sei que não será fácil mas, peço que
todos primeiro me escutem, e, que não me interrompam, porque não será fácil
continuar o que tenho para dizer...
ANA: - Assim você deixa aflita meu filho.
ALICE: - Continue meu irmão...
AUGUSTO: - Desde muito jovem eu sempre sonhei
por uma vida confortável, poder proporcionar a minha família um padrão de vida
sem privações, lutei muito por esse sonho... conquistei, tudo isto que temos.
Mas vejo que nossos bens, sejam eles, nossas casas, a fazenda, os carros, as
jóias da Karina, tudo isso de nada vale, perto do que está acontecendo.
KARINA: - Augusto...
AUGUSTO: - Eu preciso falar... Dividir com todos
vocês, que tanto amo...
ANA: - Augusto o que está acontecendo?
ALICE: - Mãe calma, ele vai falar. Meu irmão
seja o que for, nós somos uma família, e estamos todos juntos nessa.
AUGUSTO: - A única ajuda que vocês podem me dar
é o carinho, o afeto, a compreensão de vocês.
ANA: - E os terá; sempre...
AUGUSTO: - É natal, e, eu só espero por um
milagre. Se eu merecer vou recebê-lo.
CLAUDIA: - De que presente o senhor está falando
pai?
AUGUSTO: - A vida!
ANA: - Oh, meu Deus!
ALICE: - Augusto? Diz que é mentira? Do que você
está falando?
CLAUDIA: - O senhor está falando de morte?
CLAUDIO: - Peraí, o que está acontecendo aqui?
AUGUSTO: - Câncer...
ANA: - Não! De novo não...
ALICE: - Calma mãe. (se abraçam)
KARINA: - Augusto meu querido, sou capaz de dar
minha vida por você, meu amor. Estamos todos juntos nessa! Embora não pareça,
preferia perde tudo, tudo! Só pra lhe ter ao meu lado.
AUGUSTO: - Não tenho dúvidas.
KARINA: - Rodolfo... Prepare um banho bem
gostoso para meu marido.
RODOLFO: - Sim senhora. (fecha à cortina)
(Todos estão na mesa)
AUGUSTO: - Que tal abrimos os presentes?
ANA: - Mais ainda não são meia noite!
AUGUSTO: - Cada minuto é muito importante para
mim!
ALICE: - Oh, meu irmão não fale assim.
KARINA: - Claro que podemos abrir os presentes
agora. (todos vão para sala)
AUGUSTO: - Que tal esse?
KARINA: - O nome está ao lado. Carlos!
AUGUSTO: - Carlos... Aceite este presente, junto
com ele os meus votos de felicidade. (abraça)
KARINA: - Esse é de dona Ana.
AUGUSTO: - Minha mãe, desculpe-me por estragar o
seu natal.
ANA: - Filho, não fale assim, mas uma vez o
destino está sendo injusto comigo. Primeiro me tirou seu pai, mas você não vou
suportar! (abraça)
KARINA: - Esse é da Claudia...
AUGUSTO: - Filha, saiba que te amo...
CLAUDIA: - Também te amo pai, feliz natal?!
AUGUSTO: - Feliz!
KARINA: - A pedido de seu pai, decidi dá uma
chance ao rapaz.
CLAUDIA: - Jura?! Obrigada!
KARINA: - Esse é da Alice...
AUGUSTO: - Minha irmãzinha, feliz natal!
ALICE: - Feliz natal, meu irmão!
KARINA: - Esse é seu meu querido, é simples...
AUGUSTO: - Você me deu o maior presente. A sua
companhia durante todos esses anos. Esse é seu.
KARINA: - É lindo! Adorei, meu querido. Te amo!
AUGUSTO: - Faltou um presente. Esse é seu
Rodolfo.
RODOLFO: - Obrigado senhor. Mas...
AUGUSTO: - É uma pequena lembrança que eu e toda
minha família lhe dar como prova de carinho.
RODOLFO: - Muito grato senhor!
AUGUSTO: - Feliz natal!
RODOLFO: - Feliz natal!
(Augusto passa mal)
CLAUDIA: - Pai?!
CARLOS: - Pai...
ANA: - Meu filho fale comigo!
ALICE: - Augusto...
KARINA: - Rodolfo telefone para doutor Júlio.
Augusto por favor, não me deixe agora.
RODOLFO: - Ele não está.
ALICE: - Chame outro então!
ANA: - E agora meu Deus?
KARINA: - Não! Isto não pode está acontecendo.
RODOLFO: - Senhora...
KARINA: - E agora Rodolfo o que devo fazer?
RODILFO: - Só nos resta orar.
ALICE: - Não custa nada!
RODOLFO: - Vamos fazer uma corrente de fé.
ALICE: - Deus tu és poderoso, ajude meu irmão.
CLAUDIA: - Por favor Deus, não nos abandone...
CARLOS: - É, é isso, nos ajude...
ANA: - Perdoe minha amargura, não deixe que meu
filho pague pela minha falta de fé.
KARINA: - Talvez eu nem saiba o significado
disto, mas eu te peço, ajude meu marido.
RODOLFO: - Senhor aqui está uma família
desesperada, a espera de um milagre, sei que tu podes, és justo e grandiosa,
Deus de misericórdia. Em tuas mãos entrego esta família, confiando na obra que
farás na vida de cada membro que aqui está. (Augusto volta a si)
ANA: - Obrigada meu Deus!
RODOLFO: - Eu sabia! Oh Glória!
CLAUDIA: - Pai?!
ALICE: - Meu irmão...
KARINA: - Milagre! Milagre.
RODOLFO: - Sente-se, doutor Júlio está a
caminho. Vamos agradecer, todos de mãos dadas. Senhor, nesta noite estamos
todos unidos para agradece-lo por este milagre, e a oportunidade de mostrar a
todos que Jesus é o verdadeiro sentido do natal.
F i m
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