quarta-feira, 17 de maio de 2023

PECADO

 PERSONAGENS:

JOEL

EZEQUIEL: (PAI DE JOEL)

RUTE: (MÃE DE JOEL)

SUNAMITA: (IRMÃ DE JOEL)

MIDIÃ: (NOIVA DE JOEL)

SAULO: (PAI DE MIDIÃ)

HELENA: (MÃE DE MIDIÃ)

ISAC: (IRMÃO DE MIDIÃ)

DAVI: (AMIGO DE JOEL)

SARA: (MÃE DE DAVI)
PASTOR

PRIMEIRO ATO

CENA I

(APÓS O CULTO AS DUAS FAMÍLIAS SE REUNEM PARA ACERTAR DETALHES DO CASAMENTO DE JOEL E MIDIÃ)

EZEQUIEL:- É uma imensa satisfação vê nossas famílias unidas, não só pela fé, como também pelos laços sagrados do matrimonio.

 

SAULO: - Muito feliz no Senhor, que tem a cada dia confirmado essa união.

 

RUTE: - Midiã é uma jóia rara, ungida, educada segundo a palavra de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

HELENA: - Tenho muita sorte... Quão bondoso é o nosso Deus, por me presentear com uma filha tão exemplar.

 

SAULO: - Mas vosso filho também não fica atrás. É um jovem dedicado, temente a Deus, criado conforme a palavra... Um homem de fé!

 

TODOS: - Amém!

EZEQUIEL: - Creio que Deus já deu vários sinais de confirmação que enfim, esta união seja concretizada.

 

SAULO: - Verdade... Irmão Ezequiel... também estou de comum acordo, que nossos filhos, sejam unidos pelos laços do matrimonio.

 

HELENA: - Creio que nossos filhos também estão de comum acordo.

 

RUTE: - Quanto a isto não resta nenhuma dúvida. Vê-se nos olhos de nossos filhos o quanto se amam...

 

EZEQUIEL: - Então só nos resta consultar nosso pastor para averiguar qual sua opinião, com relação a esta união, e não havendo nenhum impe cílio, marcamos a data.

 

RUTE: - Será uma grande benção para nossas famílias. Estando tosos de acordo, então só nos resta comemorar... Fiz modesta parte um delicioso bolo de laranja.

 

HELENA: - Isso é muito bom irmã! Estou pra conhecer alguém com uma mão tão abençoada para fazer um bolo tão gostoso quanto a senhora.

 

RUTE: - Muita gentileza sua. Por favor... Venham, vamos para a cozinha.

CENA II

MIDIÃ: - Falam de nós...

 

JOEL: - É... decidem nossos destinos

 

MIDIÃ: - O incomoda?

 

JOEL: - Não que me incomode... Mas, creio que deveríamos, nós mesmo ser os donos de nossos destinos.

 

MIDIÃ: - O Senhor é dono de nossos destinos. Nada acontece, que não seja por vontade dele.

 

JOEL: - Não acha cômodo demais jogar tantas responsabilidades nas mãos do Senhor?

 

MIDIÃ: - Ele sabe o que é melhor para nós.

 

JOEL: - Crê mesmo nisso?

 

MIDIÃ: - Não queres casar?

 

JOEL: - Não se trata disso. Me incomoda o fato dos outros decidirem por nós...

 

MIDIÃ:- São nossos pais... Desejam nossa felicidade.

 

JOEL: - E se estiverem errados?

 

 

MIDIÃ:- Tens dúvidas?

 

JOEL: - Você não?

 

MIDIÃ:- Não. Sempre te amei. Não me amas?

 

JOEL:- Não se trata disso. Claro que a amo! Só gostaria que respeitassem nosso tempo.

 

MIDIÃ:- Não se sentes preparado para tal compromisso?

 

JOEL:- É uma decisão muito importante...

 

MIDIÃ:- Sempre esperei no Senhor... e tenho a máxima convicção que ás o homem que desejo para está comigo pelo resto de minha vida.

 

JOEL:- Não fiques triste, não te aflijas... É só uma insegurança minha. És abençoada, uma jovem incrível, jamais faria qualquer coisa para magoá-la. Tens razão, nossos pais sabem o que é melhor para nós. E se querem nosso enlace...

 

MIDIÃ: - E você, o que quer?

 

JOEL:- Se é a vontade de Deus... Que seja assim.

 

MIDIÃ:- Jura? Não sabes o quanto me deixas feliz!

JOEL:- Abençoado sou eu, que tenho de ti, o teu amor. (Segura sua mão e a beija na face. Saem)

 

CENA III

(NUMA SALA CHEIA DE CAIXAS)

DAVI:- Estou quebrado!

 

SARA:- Misericórdia! Me dói desde as pontas dos dedos dos pés até o último fio de cabelo.

 

DAVI:- Breve estará tudo arrumado. Também, não precisa fazer tudo de uma só vez.

 

SARA:- Mas o quanto adiantarmos, melhor.

 

DAVI:- Achei está cidade um tanto pacata.

 

SARA:- Graças a Deus! Tudo que precisava. Nada como recomeçar a vida num lugar bem tranquilo.

 

DAVI:- Ainda sofre muito, não é?

 

SARA:- Deus me dará o conforto que necessito para superar esse mau momento. Só em ter conseguido essa transferência já foi uma grande vitória.

 

DAVI:- Ás vezes, tenho ódio, pelo o que ele te fez...

 

SARA:- Não dê espaço a este sentimento meu filho. Jesus nos ensinou a amar e perdoar.

 

DAVI:- Seria capaz de perdoá-lo depois de tudo que lhe fez?

SARA: - Oro todas as noites, peço ao Senhor, que quebrante meu coração, para que a mágoa não me sufoque, me tornando amarga e indiferente a vida. E que enfim, um dia, eu possa perdoá-lo por tudo que me fez sofrer. Não quero que odeie, é seu pai. Apesar, da dor que nos causou, sei que o ama.

 

DAVI: - Se me amasse... não teria me abandonado.

 

SARA:- São coisas que fazem parte da vida, acontecem... Filho, não estávamos bem, nossa relação já estava abalada. Era questão de tempo. E nós rapaz temos que nos habituar a esta nova situação.

 

DAVI:- Difícil...

 

SARA:- Temos saúde e podemos recomeçar.

 

DAVI:- a senhora é uma mulher extraordinária.

 

SARA:- E você um filho incrível! Agora temos que agilizar afinal hoje temos que nos apresentar na nossa nova congregação.

 

DAVI: - Tem razão. (saem abraçados)

 

CENA IV

ISAC: - Não tirou o olho do novo irmão...

 

SUNAMITA: - Impressão sua.

ISAC: - Que foi? Gostou?

 

SUNAMITA: - E se gostei, que tem com isso?

 

ISAC: - Me preocupa.

 

SUNAMITA: - Com que?

 

ISAC: - Com você.

SUNAMITA: - Não deveria. Sei me cuidar.

 

ISAC: - Fica dando mole pra um forasteiro...

 

SUNAMITA: - Olha aqui Isac... me respeite!

 

ISAC: - Te respeito. Só me preocupo.

 

SUNAMITA: - Já disse que sei me cuidar. Agora preciso ir...

 

ISAC: - Sunamita?

 

SUNAMITA: - Que?

 

ISAC: - Nada.

 

SUNAMITA: - A paz... Isac!

 

ISAC: - A paz. (Ele sai)

 

CENA V

DAVI: - Irmão...

 

JOEL: - A paz irmão!

 

DAVI: - A Paz.

 

JOEL: - Espero que o irmão tenha gostado do culto.

 

DAVI: - Realmente o culto foi uma benção.

 

JOEL: - Nossa cidade é pequena, mas as pessoas aqui tem um grande coração.

 

DAVI: - Creio que sim. Na verdade já me sinto acolhido.

 

JOEL: - Pretende entrar para o grupo de jovens?

DAVI: - Claro. Será muito produtivo para minha vida espiritual.

 

JOEL: - Saímos sempre a campo para evangelizar...

 

DAVI: - Isso é ótimo! Ganhar almas para Jesus.

 

JOEL: - Há... Sou Joel.

 

DAVI: - E eu Davi.

 

JOEL: - Davi... Venceu o gigante! Bem, eu moro naquela casa... aparece lá... todas as terças nos reunimos para fazer estudo bíblico.

 

DAVI: - Ok! Apareço sim.

 

JOEL: - Então... te aguardo Davi.

 

DAVI: - Obrigado pelo convite Joel.

 

JOEL: - Vai ser uma honra...

 

DAVI: - Fico feliz.

 

JOEL: - A paz!

 

DAVI: - A paz. (Joel sai)

 

SARA: - Filho...

 

DAVI: - Oi mãe.

 

SARA: - Novas amizades?

 

DAVI: - Acho que sim.

 

SARA: - É meu filho... Pelo que percebi, as pessoas aqui são bem conservadoras.

 

CENA VI

HELENA: - Que achou da irmã Sara?

 

RUTE: - Não quero julgar não, mas, achei a irmã um tanto moderna.

 

HELENA: - Estava observando isto... Achei suas roupas inadequadas para frequentar a casa de Deus.

 

RUTE: - Vulgar. Chamativa demais.

 

HELENA: - Que deus me perdoe... Mas não me parece boa pedra.

 

PASTOR: - Irmãs?

 

RUTE: - A paz do Senhor pastor Elias.

 

HELENA: - A paz pastor!

 

PASTOR: - Que a paz do nosso Senhor Jesus cristo esteja conosco.

 

AS DUAS: - Amém!

 

PASTOR: - Vim aqui pessoalmente pedir um grande favor...

 

RUTE: - Claro! Se estiver ao nosso alcance.

 

PASTOR: - Como a senhoras sabem, temos uma nova irmã em nossa congregação...

 

HELENA: - Claro! Uma simpatia de mulher.

 

RUTE: - Irmão... e seu esposo? Quando virá?

PASTOR: - Pois é... Nossa irmã... está passando por um momento complicado...

 

HELENA: - Não diga!

 

RUTE: - Coitadinha! Mas o que há irmão?

 

PASTOR: - É um assunto bem delicado...

 

HELENA: - Como assim delicado?

 

RUTE: - Explique melhor irmão.

 

HELENA: - É quem sabe, podemos ajudar.

 

PASTOR: - Nossa irmã esta passando por uma separação. Caso bem delicado.

 

HELENA: - Divorcio?

 

PASTOR: - Não, não...

 

RUTE: - Mas o senhor disse que está...

 

PASTOR: - Foi abandonada pelo marido.

 

HELENA: - Meu Deus!

 

RUTE: - Misericórdia! Coitada!

PASTOR: - Como a irmã é dirigente do grupo de senhoras... pensei que pudesse oferecer uma pequena recepção junto as outras irmãs, como uma forma de bem vinda, um acolhimento.

 

HELENA: - Entendo. Claro!

 

RUTE: - Acho válido.

 

PASTOR: - E também integrá-la no grupo de senhoras.

HELENA: - Cantar conosco no grupo de louvores?

 

PASTOR: - Sim...

 

RUTE: - Mas isso não causará um certo desconforto? Afinal, esta separada.

 

PASTOR: - Creio que não. Pois a irmã Sara não se divorciou, foi abandonada pelo marido. Quem sabe que com as orações, o seu marido retorne para assumir a família.

 

HELENA: - Sim, claro. Podemos fazer um circulo de orações. E uma pequena e aconchegante recepção...

 

PASTOR: - Ótimo! Então vou deixar em suas mãos...

 

HELENA: - Fique tranquilo pastor... Faremos o máximo para que a irmã Sara se sinta bem acolhida.

 

PASTOR: - Amém! Sabia que poderia contar com as irmãs.

 

HELENA: - Amém!

 

PASTOR: - Fiquem na paz! (Sai)

 

AS DUAS: - Amém.

 

RUTE: - Onde já se viu? Uma separada no grupo de louvores...

 

HELENA: - Me admira o pastor!

 

RUTE: - É o fim dos tempos!

 

HELENA: - Mas não podemos negar um pedido do nosso pastor.

 

RUTE: - Verdade...

HELENA: - Também, será bom para conhecer melhor essa... senhora.

 

RUTE: - Concordo. Bem irmã, agora preciso ir, já é tarde. A paz do Senhor minha irmã!

 

HELENA: - A paz!. (Sai) Só que faltava!

 

SARA: - Vamos meu filho... Precisamos descansar.

 

DAVI: - Verdade. Amanhã temos muita coisa a fazer.

 

CENA VI

PASTOR: - Irmão Ezequiel, irmão Saulo...

 

EZEQUIEL: - A paz do Senhor pastor!

 

SAULO: - A Paz!

 

PASTOR: - Amém! Em que posso ajuda-los?

 

EZEQUIEL: - Irmão viemos aqui para ter uma conversa com o senhor.

 

PASTOR: - Por favor entrem.

 

EZEQUIEL: - Pastor... como já é do conhecimento do irmão... nossos filhos estão enamorados já algum tempo...

 

SAULO: - Então pensamos que já o momento de realizar a união de nossos filhos.

 

PASTOR: - E os jovens estão de acordo com essa decisão?

 

EZEQUIEL: - Sim, claro.

 

SAULO: - Minha filha ama demais o jovem Joel e eu sou favorável a essa união.

PASTOR: - Acho isso maravilhoso! É uma benção. Se ambas famílias são a favor... fico feliz em realizar esse matrimonio. Porém, antes de marcar a data, prefiro conversar com o jovem casal.

 

EZEQUIEL: - O irmão tem alguma dúvida.

 

PASTOR: - Não. É só um procedimento.

 

SAULO: - Ficamos muito felizes que o irmão celebre a cerimonia de casamento de nossos filhos.

 

PASTOR: - Quão bom é nosso Deus! Que me dará a alegria de unir esses dois jovens a quem tenho tanta estima. Irmãos, peça que os jovens passem na igreja amanhã para falar comigo.

 

EZEQUIEL: - Louvado seja nosso Senhor!

 

SAULO: - Amem!

 

PASTOR: - Amem! Vão em paz. (Saem)

 

CENA VIII

ISAC: - Vi como olhava pro irmão Davi...

SUNAMITA: - Como olho pra todos!

 

ISAC: - Está caidinha por ele.

 

SUNAMITA: - Misericórdia... E se tiver, qual o problema?

 

ISAC: - O problema é que você não o conhece...

 

SUNAMITA: - Não seja por isso! Posso passar a conhece-lo. No mais irmão, devia se concentrar em suas orações, nos estudo da palavra, ao invés de ficar me vigiando.

 

ISAC: - A irmã sabe o quanto a estimo.

SUNAMITA: - Também o estimo... mas como irmão em cristo. E não vai passar disso...

 

ISAC: - Vou orar ao Senhor...

 

SUNAMITA: - Orar é sempre bom. Fortalece a alma e ocupa a mente vazia!

 

ISAC: - Ele irá quebrantar esse seu coração.

 

SUNAMITA: - Economize seus joelhos! Agora acho melhor o irmão ir...

 

ISAC: - Sunamita...

 

SUNAMITA: - Se não vai... vou eu. A paz! (Sai)

 

ISAC: - Veremos se ficará com esse talzinho... (Sai)

 

CENA IX

DAVI: - Obrigado por ter vindo ao nosso estudo bíblico.

 

JOEL: - Eu que agradeço o convite. O estudo foi uma benção, aprendi muito.

DAVI: - Que bom! Fico feliz que nosso encontro tenha contribuído para seu crescimento espiritual.

 

JOEL: - Foi mesmo uma benção. O irmão é conhecedor da palavra. Aprendi muito sobre a intensidade do amor de Deus...

 

DAVI: - Não é fácil para nós, simples mortais, amar e perdoar, conforme nos ensina a palavra.

 

JOEL: - Mesmo porque amar sempre está associado ao castigo.

 

DAVI: - Fomos condicionados ao julgo. O tempo todo julgamos é quase inconsciente.

JOEL: - Será que por isso somos infelizes a maior parte do tempo?

 

DAVI: - Somos felizes em Cristo!

 

JOEL: - E na vida? Como fica?

 

DAVI: - Vivemos para o Senhor.

 

JOEL: - Tem razão... Vivemos para o Senhor!

 

DAVI: - Temos muito que aprender com a palavra...

 

JOEL: - Bom, mais uma vez, obrigado.

 

DAVI: - Penso em fazer uma vigília...

 

JOEL: - Vigília?

 

DAVI: - Sim. Sinto que preciso buscar mais o poder... então pensei em uma noite de cânticos,  jejum e orações.

 

JOEL: - Sim...

 

DAVI: - Nesses dias de atribulações, com tantos perigos nos sondando... Sabe como é... sem puder o crente cai. E é de madrugada o melhor horário para nós, crentes, buscar puder.

 

JOEL: - O irmão está me convidando?

 

DAVI: - Claro! Se o irmão estiver interesse...

 

JOEL: - Sim. Tenho...

 

DAVI: - Então vá em paz irmão.

 

JOEL: - Amém!

 

DAVI: - Amém! (Apertam as mãos, há um desconforto. Saem)

 

CENA IX

HELENA: - Que bom que chegaram... Já estava preocupada.

 

MIDIÃ: - A paz mãe.

 

HELENA: - A paz!

 

ISAC: - A Paz.

 

HELENA: - Que cara é essa?

 

MIDIÃ: - Isac implicou com o irmão Joel...

 

HELENA: - Mas por que?

 

MIDIÃ: - Ora mãe! Que ingenuidade... Por que seria? Por causa de Sunamita.

 

HELENA: - Não! Misericórdia! Sempre achei Sunamita atirada. Irmã Sara que não cuide pra vê.

 

ISAC: - Tem algo de muito estranho no comportamento desse irmão Joel.

 

HELENA: - O que?

 

MIDIÃ: - Ciúmes mãe! Está caidinho pela jovem Sunamita.

 

HELENA: - Se esta interessado em Sunamita... Ore meu filho.

 

ISAC: - Vê se não enche! (Sai)

 

HELENA: - Misericórdia! Isso é jeito de falar com sua irmã?

 

MIDIÃ: - Deixa mãe! O problema é que Sunamita está interessada no irmão Joel! Por isso ele está assim... todo nervosinho.

 

HELENA: - E você minha filha, não provoque seu irmão.

 

MIDIÃ: - E a senhora? Me parece triste.

 

HELENA: - Nada não filha... Preocupações! Seu casamento se aproximando...

 

MIDIÃ: - Já falaram com o Pastor?

 

HELENA: - Sim. Seu pai conversou com ele. O Pastor que conversar com você e seu noivo.

 

MIDIÃ: - Que benção! Louvado seja! Quão maravilhoso é meu Deus! Há mãe, não vejo a hora de me tornar esposa de Davi.

 

HELENA: - Vai com calma mocinha! Casamento é um passo muito importante!

 

MIDIÃ: - Sempre amei Davi. Desde de menina, sempre!

 

HELENA: - Vou vê seu irmão. E a senhorita juízo. Ore!

 

MIDIÃ: - Ah Davi! Enfim... Marido e mulher! (Sai)

 

CENA X

SARA: - Obrigado irmão pastor! Muito gentil de sua parte...

 

PASTOR: - Fico feliz em poder ajuda-la.

 

SARA: - Vou levar um século para organizar toda essa bagunça.

 

PASTOR: - Aos poucos conseguirá por tudo em ordem. Bem preciso ir...

SARA: - Nem pensar! O irmão não sairá antes de experimentar meu cafezinho.

 

PASTOR: - Irmã, não precisa se incomodar.

 

SARA: - Quer isso?! Incomodo algum. Me sentirei ofendida o irmão não aceitar.

 

PASTOR: - Já que a irmã insiste...

 

SARA: - Espero que goste.

 

PASTOR: - Hum! Perfeito. Delicioso.

 

SARA: - Que bom que está ao gosto do irmão.

 

PASTOR: - Irmã... e vosso marido? Deu alguma notícia?

 

SARA: - Aquele traste? Não. Também não me interessa.

 

PASTOR: - Há muitas mágoas em seu coração. A irmã já pensou em perdoá-lo?

 

SARA: - Perdoá-lo?

 

PASTOR: - Jesus disse em seus ensinamentos... que devemos perdoar...

 

SARA: - Já sei. Setenta vezes sete. Não estou ainda nesse patamar. Quero que aquele traste queime nas profundezas do inferno.

 

PASTOR: - Deus a perdoe. Diz isso no calor do momento. E é compreensivo essa sua reação. Afinal é tudo muito recente. Mas peço que ore irmã, peça a Deus sabedoria para lidar com essa situação, mesmo porque a irmã vai precisar resolver assuntos burocráticos.

SARA: - Infelizmente. O pastor conhece algum advogado que possa me indicar?

 

PASTOR: - Conheço. Pensa em divorcio?

 

SARA: - Não só penso. Pedirei. Quero me separar legalmente.

 

PASTOR: - Irmã é uma decisão muito importante.

 

SARA: - Sei disso.

 

PASTOR: - Não o ama mais?

 

SARA: - Amor... Não.

 

PASTOR: - Está certa disso?

 

SARA: - Tão certa quanto minha fé..

 

PASTOR: - Sendo assim... falarei com meu amigo, o advogado.

 

SARA: - Só não me disponho de grandes recursos.

 

PASTOR: - Não se preocupe com isso.

 

SARA: - Pastor... E sua esposa? Não há conheci.

 

PASTOR: - O Senhor a chamou há alguns anos...

 

SARA: - Sinto muito.

 

PASTOR: - Sofri. Mas me conforta saber que partiu servindo ao Senhor.

 

SARA: - Entendo.

 

PASTOR: - A prosa está boa, mas... realmente preciso ir... o dever me espera. Tenho um sermão para preparar.

SARA: - Vou acompanha-lo até a porta. Pra que volte mais vezes!

 

PASTOR: - Obrigado. A irmã irá ao culto hoje?

 

SARA: - Sim... Vou.

 

PASTOR: - Então lhe aguardo na congregação. A paz!

 

SARA: - A paz! E obrigado pela força. (Ele sai. Ela fica pensativa) A paz!

 

CENA XI

(Em vigília no monte)

JOEL: - A paz!

 

DAVI: - A Paz!

 

JOEL: - Fico feliz que tenha vindo.

 

DAVI: - E o pessoal?

 

JOEL: - Pois é irmão... Acho que não veem.

 

DAVI: - Que pena!

 

JOEL: - Amas a palavra diz: “onde estiver dois ou mais reunidos em meu nome, lá estarei”. Aqui estamos nós.

 

DAVI: - Verdade! E onde vamos?

 

JOEL: - Lá no alto. Tem uma gruta. Sempre nos reunimos lá para orar... É um lugar muito tranquilo.

 

DAVI: - É bem alto.

 

JOEL: - Nas tem uma visão privilegiada de todo vale. A sensação é que teremos é de estar bem próximos de Deus. Vamos?

 

DAVI: - Claro. Vamos!

 

JOEL: - Por aqui... (Saem)

 

CENA XII

HELENA: - Boa noite irmão Pastor?!

 

PASTOR: - Boa. A Paz, irmã Helena.

 

HELENA: - Me perdoe o incomodo...

 

PASTOR: - Incomodo algum. Entre, sente-se. A irmã me parece tensa.

 

HELENA: - Obrigada!

 

PASTOR: - Em que lhe posso ajuda-la?

 

HELENA: - (levanta-se) Perdão! É que... não é nada... estava de passagem e...

 

PASTOR: - Irmã... Não precisa sentisse envergonhada. Sou seu pastor. Se veio até aqui, é por que Deus tocou em seu coração. Não sei o motivo que lhe motivou a vir. Mas aqui estou como seu pastor e amigo. Sinto que a irmã está angustiada.

 

HELENA: - Ah, pastor!

 

PASTOR: - Eis-me aqui!

 

HELENA: - Me sinto tão envergonhada.

 

PASTOR: - Que lhe aflige?

HELENA: - Não deveria estar aqui... Mas minha angustia é tão grande... Não sabia com quem falar... então pensei...

 

PASTOR: - Deus lhe guiou até aqui. Se Deus lhe trouxe a mim, quem sabe não possa lhe ajudar, nem que seja com uma palavra amiga.

 

HELENA: - Sabe irmão Pastor, não é confortável falar sobre isso.

 

PASTOR: - Imagino que não. Mas fique tranquila minha irmã, o que for dito aqui, daqui não sairá.

 

HELENA: - Que bom! Meu marido... (Silêncio)... Já não me procura mais. Sabe Pastor, temo só de pensar... Mas acho que está envolvido com outra pessoa.

 

PASTOR: - Não creio. O irmão é um homem temeroso ao Senhor e sabe que adultério é pecado, pois conhece a palavra.

 

HELENA: - A carne é fraca!

 

PASTOR: - Irmão Saulo é um homem de fé. Tem cargo na igreja, é um diácono, não manteria dentro da casa do Senhor em tamanho pecado.

 

HELENA: - Então que justifica sua ausência como esposo?

 

PASTOR: - Pode está passando por algum problema emocionais ou financeiros que irmã desconheça.

 

HELENA: - Não... Eu saberia.

 

PASTOR: - Sabe irmã... Vou lhe confessar um segredo nosso... Nós homens, quando passamos por alguma situação conflituosa, temos dificuldades de... se relacionar... intimamente. Entende?

HELENA: - Faz muito tempo Pastor. Bastante tempo que já não me procura. E no meu intimo, algo me diz, que alguma coisa está muito errada.

 

PASTOR: - Bem irmã... Posso conversar com Saulo.

 

HELENA: - Não sei. Se souber que vim aqui e falei de nossa intimidade... Vai pensar que estou me queixando.

 

PASTOR: - Não se preocupe irmã. Não saberá que veio conversar comigo. Saberei abordar o assunto sem levantar suspeitas.

 

HELENA: - Ah irmão! Não sabe o quanto lhe serei grata. Amo meu marido, e desejo que tudo volte a ser como antes.

 

PASTOR: - Será irmã. Confie em Deus. Ore. Nada melhor que a oração. Deus é nosso socorro nas horas mais difíceis.

 

HELENA: - Verdade. Farei jejum e orações. A paz irmão!

 

PASTOR: - A paz. (Ela sai, ele fica pensativo)

 

CENA XII

SUNAMITA: - Gostaria muito de ter ido a vigília.

 

MIDIÃ: - Não fica bem para nós, moças, sozinhas na companhia de rapazes, ainda mais sem nossos pais.

 

SUNAMITA: - Que bobagem! Daqui há uns meses você se casa com meu irmão.

 

MIDIÃ: - O povo fala!

 

SUNAMITA: - O povo vê maldade onde não existe.

 

MIDIÃ: - É impressão minha ou está gostando de Davi?

SUNAMITA: - Não. Não é impressão. Davi é um jovem interessante! Bonito, educado e está no caminho do senhor.

 

MIDIÃ: - E é principalmente livre.

 

SUNAMITA: - Exato! Que varão!

 

MIDIÃ: - Acha que tem chance?

 

SUNAMITA: - Só depende dele. Por que eu estou a fim.

 

MIDIÃ: - Que jeito de falar.

 

SUNAMITA: - Maninha... não quero ficar pra titia! Se eu dê mole, vem outra e cata. Misericórdia. Esse não me escapa

 

MIDIÃ: - Falando assim, parece que esta desesperada.

 

SUNAMITA: - Temos poucas opções aqui.

 

MIDIÃ: - Isac é completamente apaixonado por você.

 

SUNAMITA: - Isac não conta. O tenho como alguém da família. Bem que você podia me dar uma forcinha com o irmão Davi.

 

MIDIÃ: - Não sei como.

 

SUNAMITA: - Falando com Joel. Pelo que percebi, Joel está bem próximo do irmão Davi.

 

MIDIÃ: - Por que você mesmo não fala?

 

SUNAMITA: - Você acha? Joel jamais iria me ajudar. Mas você falando com jeitinho... Quem sabe?!

 

MIDIÃ: - Não acha que vais parecer bem oferecida.

 

SUNAMITA: - Desde que aceite, ótimo! Bem melhor que ficar solteirona.

 

MIDIÃ: - Já disse... só fica solteirona se quiser. Meu irmão...

 

SUNAMITA: - Vamos mudar de prosa? Esse assunto me aborrece. E você, como se sente as véspera do casório?

 

MIDIÃ: - Essa semana vamos conversar com o Pastor. Estou ansiosa. Não vejo a hora de marcarmos logo esta data.

 

SUNAMITA: - Nossa que pressa!

 

MIDIÃ: - Esperei a vida toda por esse momento. Sempre amei teu irmão, sabe disso.

 

SUNAMITA: - Como sei.

 

MIDIÃ: - Nosso amor é abençoado por Deus!

 

SUNAMITA: - E eu fico feliz por você ser a minha cunhadinha!

 

MIDIÃ: - Agora vamos... é tarde! (Saem)

 

CENA XIII

(Na gruta ajoelhados um de frete para o outro)

JOEL: - E disse o Senhor: Eu sou o caminho, a verdade e a vida... (Fixam os olhos um no outro. Calam. Estendem a mão) Oremos... Senhor meu Deus, peço-te... (Não resistem: beijam-se)

 

JOEL: - (Assustado) Por que fez isso?

 

DAVI: - Não sei...

 

JOEL: - É repugnante! (Se levanta)

DAVI: - Me perdoe! Aconteceu...

 

JOEL: - Meu Deus! Pecamos.

 

DAVI: - Quiseste tanto quanto eu...

 

JOEL: - Estas sendo usado pelo inimigo pra me tentar.

 

DAVI: - Não... nada disso... Não sejas tolo.

 

JOEL: - Tem consciência do que ocorreu aqui? Tem?

 

DAVI: - Claro! Apenas duas pessoas que se desejam...

 

JOEL: - Cala-te. Pecamos na presença de Deus.

 

DAVI: - Não fizemos nada demais... Foi só um beijo.

 

JOEL: - Não entende? A bíblia diz: “Com varão te não deitarás, como se fosse mulher; abominação é”. (Lv 18.22)

 

DAVI: - Não exagere! Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas.

 

JOEL: - Não blasfeme!

 

DAVI: - A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes linguísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século passado. E se for da vontade de Deus que a gente se ame?

 

JOEL: - Você... está sendo usado pelo inimigo pra provar minha fé...

DAVI: - Não. Estou apaixonado por você. (Abraça-o e beija-o outra vez. Joel deixa a bíblia cair no chão. Após o beijo, corre desesperado. Apagam-se as luzes)

 

FIM DO PRIMEIRO ATO

 

SEGUNDOO ATO

CENA I

(Joel entra agitado e passa pelos pais feito um foguete)

EZEQUIEL: - Que tens? Parece inquieta.

 

RUTE: - Sinto uma agonia. Algo está me sufocando.

 

EZEQUIEL: - Então ore.

 

RUTE: - Não tenho feito outra coisa.

 

EZEQUIEL: - Vai passar.

 

RUTE: - Espero que sim. Estou preocupada com Joel.

 

EZEQUIEL: - Joel está bem. Esta na presença de Deus.

 

RUTE: - Tens razão. Deve ser bobagem da minha cabeça. Coisa de mãe.

 

EZEQUIEL: - Vá se deitar.

(Entra Joel chorando)

RUTE: - Filho...

 

EZEQUIEL: - Deixa... Eu vou lá.

 

RUTE: - Está bem. Vou preparar um chá.

 

EZEQUIEL: - (Caminha até o filho) Filho?

 

JOEL: - Meu pai?!

 

EZEQUIEL: - Que houve?

 

JOEL: - Nada pai, nada.

 

EZEQUIEL: - Como não? Está chorando. Chorando!

 

JOEL: - Estou bem.

 

EZEQUIEL: - Quem pensa que quer enganar?

 

JOEL: - Só estou triste. Triste! Só isso.

 

EZEQUIEL: - Triste. E o que te fez ficar triste?

 

JOEL: - Preocupado pai. Preocupado!

 

EZEQUIEL: - E que preocupação é essa filho?

 

JOEL: - Esse casamento pai...

 

EZEQUIEL: - Há! Entendo... Sabe filho, isso tudo, essa insegurança, essa incerteza, é natural...

 

JOEL: - Não sei se é o momento, se é isso mesmo que quero.

 

EZEQUIEL: - Senta aqui filho. Sabe, quando decidi casar com tua mãe, também tive duvidas. Confesso... quanto mais próximo chegava do casamento, mais em pânico eu ficava.

 

JOEL: - É pai. É só uma pequena tensão.

 

EZEQUIEL: - Você ama Midiã?

 

JOEL: - Sim... amo.

 

EZEQUIEL: - Que bom.

 

JOEL: - O senhor pode me deixar um pouco sozinho?

EZEQUIEL: - Claro! Mas se precisar... é só chamar! Fique em paz!

 

JOEL: - Ficarei. (O pai sai) E agora? Meu Deus! Deus? Que farei? Me guia Senhor... Não me deixes cair em tentação. Livrai-me Senhor dos laços malignos, desse cerco do inimigo... Me perdoe Senhor, eu pequei! (Chora)

 

CENA II

SARA: - Já em casa filho? (Beija-o) Como foi? Que foi filho?

 

DAVI: - Nada.

 

SARA: - Que cara é essa? Está pálido.

 

DAVI: - É sono.

 

SARA: - Sei que não... Não quer falar, né? Ah, meu filho! Sabe que temos um pacto de confiança. Sou sua mãe, amiga, pode confiar em mim...

 

DAVI: - Não me sinto a vontade pra falar sobre isso...

 

SARA: - Tudo bem filho. Seja o que for que está lhe deixando assim... Sabe que pode contar comigo. Vou deixa-lo só. Mas se precisar... Estou ao lado.

 

DAVI: - Obrigado mãe.

 

SARA: - Boa noite filho. (Beija-o e sai)

 

DAVI: - Burro, burro, burro... burro! Estraguei tudo. Tudo! Droga!

 

CENA III

MIDIÃ: - A paz do Senhor Pastor!

 

PASTOR: - A paz! Entre minha jovem.

 

MIDIÃ: - Vim conversar com o senhor...

 

PASTOR: - E fico muito feliz. Sente-se.

 

MIDIÃ: - Obrigada!

 

PASTOR: - Sabe por que pedi que viesse aqui?

 

MIDIÃ: - Já imagino. E o irmão Pastor não sabe o quanto ansiava por esse momento.

PASTOR: - Imagino! É sobre seu casamento com o jovem Joel.

 

MIDIÃ: - Sim...

 

PASTOR: - Vejo que a irmã esta muito empolgada com esse casamento.

 

MIDIÃ: - Deus sabe o quanto espero por esse momento.

 

PASTOR: - Deve amar muito o jovem Joel.

 

MIDIÃ: - Muito Pastor.

 

PASTOR: - É bom ter essa certeza. Mas a irmã sabe que um casamento trás muitas responsabilidades.

 

MIDIÃ: - Sei Pastor.

 

PASTOR: - Vendo seu entusiasmo me sinto convicto que realizar esta cerimonia de casamento será um passo certo...

 

MIDIÃ: - Sinto que Joel é o homem que Deus preparou para mim. Sempre o amei...

 

PASTOR: - Que bom. Agora só resta conversar com o jovem Joel pra saber que pensa sobre tudo isso.

MIDIÃ: - Claro Pastor.

 

PASTOR: - Então, já pode ir...

 

MIDIÃ: - Obrigada Pastor.

 

PASTOR: - Não esqueça. Ore!

 

MIDIÃ: - A paz!

 

PASTOR: - A paz, minha doce jovem...

 

MIDIÃ: - Amém!

 

PASTOR: - Amém. (Ela sai)

 

CENA IV

ISAC: - A paz do Senhor Sunamita!

 

SUNAMITA: - A Paz.

 

ISAC: - Posso falar contigo?

 

SUNAMITA: - Já está falando, não está?

 

ISAC: - Mas é que é um assunto sério.

 

SUNAMITA: - Isac, numa boa... Não quero me irritar contigo.

 

ISAC: - Por que me trata tão mal?

 

SUNAMITA: - Por que é inconveniente. Por isso!

 

ISAC: - Precisa me tratar tão mal?

 

SUNAMITA: - Olha Isac, numa boa... Se vai falar sobre namoro, já sabe minha resposta. Nunca vou namorar com você, nunca. Fui clara? Misericórdia! Me deixa em paz. (Sai)

ISAC: - Isso é o que veremos! (Sai)

 

CENA V

RUTE: - Bom dia irmã Sara?!

 

SARA: - Bom dia! A paz!

 

RUTE: - Bom irmã... Vim até aqui para lhe fazer um convite.

 

SARA: - Um convite?

 

RUTE: - Exato.

 

SARA: - Então diga irmã.

 

RUTE: - Eu e a irmã Helena vamos dar um jantar especial, como boas vindas a você e seu filho.

 

SARA: - Me sinto lisonjeada!

 

RUTE: - Será uma coisa simples, mas feita de coração.

 

SARA: - Nem sei como agradecer.

 

RUTE: - Agradeça comparecendo hoje a noite em minha casa. As sete.

 

SARA: - Claro. Será uma grande honra.

 

RUTE: - Então até a noite. A paz irmã. (Sai)

 

SARA: - A paz! Uma recepção de boas vindas? Ual! (Sai)

 

CENA VI

JOEL: - Irmão Pastor?!

 

PASTOR: - Oi! Entra Joel.

 

JOEL: - A paz do Senhor!

 

PASTOR: - A paz! Entre, sente... Já o esperava. O irmão me parece tenso.

 

JOEL: - Sinto-me perdido... confesso!

 

PASTOR: - Meu jovem, Deus está contigo! Não temas.

 

JOEL: - Me sinto inseguro.

 

PASTOR: - E porque se sentes assim?

 

JOEL: - De uns dias pra cá... estou tomado por dúvidas.

 

PASTOR: - Sobre?

 

JOEL: - Sobre mim...

 

PASTOR: - Explique-se.

 

JOEL: - Meus sonhos, minhas vontades, meus desejos...

 

PASTOR: - Somos humanos, temos nossas fraquezas... Mas nem por isso podemos por em dúvida a nossa fé, nossas convicções, a nossa salvação. A bíblia é clara, vigiai e orai. És um homem de fé Joel... Disto não tenho dúvida, mas sinto que estás tão aflito. Tem haver com o casamento?

 

JOEL: - Sim pastor. De certo odo sim.

 

PASTOR: - Meu jovem... Se abra comigo. Quem sabe eu possa lhe ajudar.

 

JOEL: - Não sei...

 

PASTOR: - Não amas Midiã?

JOEL: - Amo. Mas não me sinto preparado. Não sei se só amar é o suficiente para subir ao altar e jurar lealdade até o fim de nossas vidas.

 

PASTOR: - Entendo. Meu Deus! Sabes o quanto Midiã irá sofrer se este casamento for adiado.

 

JOEL: - Sei sim senhor Pastor. Mas quero ter certeza de que estou dando o passo certo. Mesmo por que sei o quanto isso significa para ela.

 

PASTOR: - Entendo.

 

JOEL: - Só que se eu não subir ao altar com Midiã... Tenho medo.

 

PASTOR: - Medo?

 

JOEL: - Irá frustrar não só a ela mas também as nossas famílias.

 

PASTOR: - Não pretendes terminar o noivado, pretendes?

 

JOEL: - Não...

 

PASTOR: - Então podemos marcar uma data simbólica de preferencia para alguns meses à frente para você pensar mais sobre o assunto.

 

JOEL: - Não sabes o quanto ficarei grato!

 

PASTOR: - Irmão estou aqui para cuidar desse rebanho. E também uns dias a mais não irá matar ninguém. Escute irmão Joel, volte para casa, pense, ore e peça a Deus para iluminar sua mente. Gostar da moça, sei que gosta, se não é amor, pode vim com o tempo, com a convivência. O amor, principalmente no matrimonio é uma construção que vem com a convivência do dia a dia. As vezes as pessoas confundem o amor com essas paixões avassaladoras. O perigo meu caro, é que paixão passa, amor não.

 

JOEL: - Obrigado Pastor.

 

PASTOR: - Vá em paz Joel. E se precisar, quando quiser conversar estarei aqui.

 

CENA VII

SUNAMITA: - Trago boas novas...

 

MIDIÃ: - Não vai dizer que... Não?! Falou com Davi?

 

SUNAMITA: - Imagina! Quem me dera! Ah,, que varão!

 

MIDIÃ: - Então porque essa empolgação?

 

SUNAMITA: - Advinha quem procurou o pastor hoje?

 

MIDIÃ: - Não?! Meu Deus! Olha? Estou até tremendo...

 

SUNAMITA: - Meu irmão foi conversar.

 

MIDIÃ: - Que benção!

 

SUNAMITA: - Logo teremos casório.

 

DAVI: - A paz?!

 

SUNAMITA: - A paz irmão Davi!

 

MIDIÃ: - A paz do Senhor Jesus irmão Davi.

 

DAVI: - Perdão... Mas ouvi falar de casamento.

 

SUNAMITA: - Midiã e meu irmão... vão marcar a data.

 

DAVI: - Há é?! Parabéns! Fico feliz por vocês.

MIDIÃ: - Obrigada! Bem, eu tenho algumas coisas pra fazer... Então depois a gente se fala. A paz1

 

SUNAMITA: - A paz cunhada! Ela está muito feliz.

 

DAVI: - Imagino.

 

SUNAMITA: - E você?

 

DAVI: - Que tem eu?

 

SUNAMITA: - Não namora?

 

DAVI: - No momento não.

 

SUNAMITA: - Deve ter deixado um monte de moças apaixonadas...

 

DAVI: - Que nada.

 

SUNAMITA: - Ainda é humilde!

 

DAVI: - Bem... Eu preciso ir.

 

SUNAMITA: - Há, mas já?

 

DAVI: - Sim. Realmente preciso ir.

 

SUNAMITA: - Aparece lá em casa. Joel vai gostar, e eu também.

 

DAVI: - Claro! A paz.

 

SUNAMITA: - A paz!

 

CENA VIII

RUTE: - Não acha que a irmã Sara está demorando um pouco.

 

HELENA: - Que nada! Esta no horário.

 

RUTE: - Caprichou, hein?:

 

HELENA: - Tudo pelo Pastor.

 

EZEQUIEL: -

 

MIDIÃ: - E Joel?

 

SUNAMITA: - No quarto. Vou chama-lo...

 

PASTOR: - Como está nosso jovem irmão?

 

EZEQUIEL: - Bem irmão... E como foi a conversa?

 

PASTOR: - Proveitosa.

 

EZEQUIEL: - Achei meu filho tenso com toda essa história.

 

PASTOR: - E que não ficaria? Meu caro irmão... casamento é coisa série.

 

SAULO: - Tão sério que devemos logo arcar essa data.

 

MIDIÃ: - Não acha estranho?

 

HELENA: - O que?

 

MIDIÃ: - Joel mãe. Já devia está aqui. Faz tempo que chegamos e nem veio falar comigo.

 

HELENA: - Calma filha! Se não assusto o rapaz.

 

RUTE: - Venham comigo... Quero mostrar algo especial que preparei.

 

HELENA: - Algo especial? Essa irmã está mesmo com moral.

MIDIÃ: - Mãe! Misericórdia... (Saem)

 

EZEQUIEL: - Irmão Pastor venha...

 

SAULO: - Irmão Ezequiel e suas engenhoca... É melhor ir com ele, ou vai achar que não damos importância a seus experimentos. (Sai)

 

SUNAMITA: - Joel?

 

JOEL: - Que foi?

 

SUNAMITA: - Que está rolando?

 

JOEL: - Deixa papai ouvi você falando assim...

 

SUNAMITA: - Você não irá contar.

 

JOEL: - Devia.

 

SUNAMITA: - Estão perguntando por você.

 

JOEL: - Inventa uma desculpa.

 

SUNAMITA: - Me pedindo pra me mentir?

 

JOEL: - Não é difícil pra você.

 

SUNAMITA: - Que imagem tem de mim! Olha Joel sei que algo muito ruim está acontecendo...

 

JOEL: - Vidência é pecado! Vindo de você só pode ser charlatanismo...

 

SUNAMITA: - Misericórdia... Que horror!

 

JOEL: - Vou orar por você.

 

SUNAMITA: - Falando sério... Tua noiva te espera.

 

JOEL: - Não quero descer.

 

SUNAMITA: - Por que meu irmão? Estou preocupada. Apesar desse meu jeitinho transloucada... percebo as coisas.

 

JOEL: - E o que percebe?

 

SUNAMITA: - Que está sendo desonesto.

 

JOEL: - Que quer dizer?

 

SUNAMITA: - Se vai continuar com essa farsa pra agradar a todos... Ao menos faça um esforço para parecer natural. Olha, se não descer por vontade própria, Midiã vem te escoltar. Te espero lá em baixo. (Sai)

 

JOEL: - Dai-me forças Senhor! (Sai)

(Na sala)

HELENA: - Nossa! Você caprichou... Deu até uma invejinha!

 

MIDIÃ: - Mãe?!

 

HELENA: - Invejinha branca.

 

RUTE: - Esquenta não irmã Helena... Farei um almoço especial só pra você.

 

MIDIÃ: - E Joel?

 

SUNAMITA: - Já desce.

 

SAULO: - Nossos convidados...

 

RUTE: - Irmã Rute?!

 

HELENA: - Chegaram.

SAULO: - Joel? (chama)

 

RUTE: - Entrem fiquem a vontade!

 

SARA: - A paz!

 

PASTOR: - A paz meus irmãos... Sejam bem vindos! Que bom que chegaram... Estávamos ansiosos, loucos para provar das delícias que a irmã nos preparou. (Todos riem)

 

JOEL: - A paz do Senhor irmãos?!

 

TODOS: - A paz!

 

MIDIÃ: - Joel?

 

JOEL: - Como vai Midiã?

 

MIDIÃ: - Melhor agora.

 

RUTE: - Helena, vamos mostrar a casa para irmã Sara...

 

HELENA: - Claro.

 

EZEQUIEL: - Sejam breves... Estamos famintos.

 

SAULO: - Nisso concorda.

 

SUNAMITA: - Que bom que veio. Fico feliz irmão Davi.

 

DAVI: - Obrigado!

 

SUNAMITA: - Sinta-se em casa. Fique a vontade!

 

DAVI: - Como vai irmã Midiã?

 

MIDIÃ: - Ótima! Na paz.

 

DAVI: - Posso conversar com você irmão Joel?

 

SUNAMITA: - Midiã vem comigo...

 

MIDIÃ: - Com licença.

 

DAVI: - Precisamos conversar...

 

JOEL: - Não temos o que conversar...

 

DAVI: - Como não? Então não significou nada pra você?

 

JOEL: - Enlouqueceu?

 

DAVI: - Seja adulto e enfrente a realidade de frente.

 

JOEL: - Meu Deus! Venha comigo... (Saem)

 

MIDIÃ: - Que está acontecendo?

 

SUNAMITA: - Não faço ideia...

 

EZEQUIEL: - Meninas... Cozinha.

 

SUNAMITA: - Vamos Midiã...

 

EZEQUIEL: - E Joel?

 

MIDIÃ: - Subiu com irmão Davi. Vou chama-los...

 

SUNAMITA: - Eu chamo.

 

MIDIÃ: - Para! Já sou de casa.

 

EZEQUIEL: - Vamos Sunamita. (Saem)

 

CENA IX

JOEL: - O que está tentando fazer? Destruir minha vida?

DAVI: - Diz que pra você não foi importante... (Midiã escondida ouve)

 

JOEL: - Não sei do que está falando...

 

DAVI: - Quer que eu grite pra que todos ouçam?

 

JOEL: - Enlouqueceu?

 

DAVI: - Não consigo parar de pensar um só segundo...

 

JOEL: - És um pecaminoso. Estás sendo usado pelo inimigo...

 

DAVI: - O demônio não tem culpa pelo desejo que sentimos um pelo outro.

 

JOEL: - Cala-te. És um pervertido!

 

DAVI: - Você gostou... Correspondeu aquele beijo.

 

JOEL: O pecado do homossexualismo, de acordo com a Bíblia, é o estágio final da queda moral e espiritual de uma sociedade que rejeita a revelação de Deus. Eram maus os varões de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.

 

DAVI: - Pecado? É pecado amar? É pecado, sentir-se feliz ao lado de alguém que amamos? Pecado é essa mentira que stás criando em torno dessa farsa...

 

JOEL: - Farsa? Que farsa?

 

DAVI: - Esse casamento com Midiã. Não percebe que se seguir adiante, só a fará sofrer?

 

JOEL: - Amo Midiã...

 

DAVI: - A quem quer enganar? És um conhecedor das escrituras e sabes que não há quem engane a Deus.

JOEL: - Foste enviado pelo inimigo para testar a minha fé.

 

DAVI: - Não. Fui enviado por Deus para evitar que cometa o maior erro da tua vida.

 

JOEL: - O homossexualismo é um vício, a Sagrada Escritura não hesita em incluir os homossexuais entre os que não herdarão o Reino de Deus.

 

DAVI: - Deus julga os seus pela pureza dos seus corações. E o que sinto por você é puro, é amor...

 

JOEL: - Isso é uma abominação.

 

DAVI: - Se a homossexualidade fosse prática tão condenável, como justificar a indiscutível relação homossexual existente entre David e Jônatas?! Eis a declaração do salmista para seu bem-amado: "Tua amizade me era mais maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras deliciosamente querido!" (II Samuel, 1:26).

 

JOEL: - Não distorça a palavra...

 

DAVI: - Joel...

 

JOEL: - Não chegue perto...

 

MIDIÃ: - Joel!

 

JOEL: - Midiã? A quanto tempo estava ai?

 

DAVI: - Ouvi nossa conversa?

 

MIDIÃ: - Estão nos esperando... Vamos?

 

JOEL: - Sim... Vamos. (Saem)

 

 

CENA X

SARA: - Pensei que a irmã Helena não ia parar de falar... enumerando a felicidade conjugal e familiar... Filho, que houve? Está chorando.

 

DAVI: - Sou o homem mais infeliz da face da terra mãe.

 

SARA: - Não diga isso filho! Oh, meu Deus! O que está acontecendo contigo filho?

 

DAVI: - Nada mãe, nada.

 

SARA: - Como nada. Filho... estas sofrendo. Se abra comigo.

 

DAVI: - Aconteceu de novo mãe.

 

SARA: - O que filho?

 

DAVI: - Você sabe... sabe de que estou falando.

 

SARA: - Meu filho! Imagino o quanto estejas sofrendo. Mas, escuta, sempre estarei ao seu lado, sempre.

 

DAVI: - Obrigado mãe.

SARA: - É Joel, não é?

DAVI: - Como sabe?

SARA: - Intuição! Ai meu Deus! Ele sabe?

DAVI: - Nega. Nega os próprios sentimentos.

 

SARA: - Filho... Joel está noivo, vai casar...

 

DAVI: - Fuga. Fuga, mãe.

 

SARA: - Ah, Davi meu filho... Ainda que ele queira viver isso... Não percebe o quanto sofrerão com o preconceito?

 

DAVI: - Amo Joel Mãe... Amo.

 

SARA: - Oh meu filho!

 

DAVI: - Você é incrível.

 

SARA: - E você um filho maravilhoso. Vá descansar. Pensaremos num solução.

 

DAVI: - Boa noite mãe...

 

SARA: - Boa noite.

 

DAVI: - Mãe? Você acha que...

 

SARA: - Que?

 

DAVI: - Pessoas como eu, será condenado no juízo final?

 

SARA: - Filho... Para Deus, o importante é amar... o amor é que importa.

 

DAVI: - Oh, mãe... A paz!

 

SARA: - A paz filho. Onde vai?

 

DAVI: - Dá uma volta.

 

SARA: - Cuidado. Não demora. (Ele sai. Ela chora)

 

CENA XI

IZAQUE: - Preciso falar com você...

 

RUTE: - Aqui não Izaque.

 

IZAQUE: - Não estou mais conseguindo lavar meu casamento adiante.

 

RUTE: - chega Izaque! Não é hora e local de falar sobre isso. Meu marido e meus filhos...

IZAQUE: - Amanhã te espero lá...

 

RUTE: - Enlouqueceu? Sabe que não posso.

 

IZAQUE: - Pode. Vou lhe esperar... (Ele sai)

 

CENA XII

HELENA: - Teu pai?

 

MIDIÃ: - Foi deixar o Pastor em casa.

 

HELENA: - Estou te achando estranha.

 

MIDIÃ: - Eu?

 

HELENA: - É. Aconteceu alguma coisa?

 

MIDIÃ: - Não, não...

 

HELENA: - Não vai me dizer que brigou com seu noivo.

 

MIDIÃ: - Não mãe.

 

HELENA: - E que caras eram aquelas na mesa?

 

MIDIÃ: - Não sei do que esta falando mãe. Impressão sua.

 

HELENA: - E esse olhar triste?

 

MIDIÃ: - Mãe... Me abraça.

 

HELENA: - Que foi filha?

 

MIDIÃ: - Só me abraça.

 

HELENA: - Midiã?

 

MIDIÃ: - É só carência de filha mãe.

HELENA: - Oh filha! (Saem)

 

CENA XII

ISAC Pega sunamita a força Davi a salva.

SUNAMITA: - Isac?

 

ISAC: - Posso entrar?

 

SUNAMITA: - Não fica bem... Estou sozinha.

 

ISAC: - Que foi... não confia em mim?

 

SUNAMITA: - Não é isso. É que podem falar.

 

ISAC: - Desde de quando se importa com que falam?

 

SUNAMITA: - Desde que... Olha, como já lhe disse estou sozinha, e peço que saia...

 

ISAC: - Estou cansado de suas recusas. (Lhe segura)

 

SUNAMITA: - Me solta Isac...

 

ISAC: - Que vai fazer?

 

SUNAMITA: - Está me machucando...

 

ISAC: - Hoje você vai vê...

 

SUNAMITA: - Do que está falando?

 

ISAC: - Será minha.

 

SUNAMITA: - Está louco. Me solta. Está me machucando.

 

ISAC: - Eu te amo Sunamita.

 

SUNAMITA: - Mais eu não...

ISAC: - Mas será minha...

 

SUNAMITA: - Me solta ou...

 

ISAC: - Ou?

 

SUNAMITA: - Vou gritar.

 

ISAC: - Então grita.

 

SUNAMITA: - Socorro! (Ele a pega a força, ela reage, ele rasga sua roupa)

 

ISAC: - Será minha! Só minha...

 

SUNAMITA: - Socorro! Me solta... Não... Não! Socorro! (Entra Davil)

 

DAVI: - Que está acontecendo aqui?

 

SUNAMITA: - Socorro! Me ajude. Ele está louco.

 

DAVI: - Solte-a. Solte-a... (Parte para cima de Isac)

 

ISAC: - Isso não ficará assim.

 

SUNAMITA: - Não ficará mesmo. Você pagará muito caro por isso...

 

ISAC: - Olha que fez fazer?!

 

DAVI: - Agora ela que é a vítima se torna culpada.

 

SUNAMITA: - Isso não ficará assim... Vou te denunciar.

 

ISAC: - Que?

 

DAVI: - Isso mesmo que ouviu. Tentativa de estupro é crime!

ISAC: - Estupro? Ela quis...

 

SUNAMITA: - Que?

 

DAVI: - Você é mesmo um mal caráter. Eu vi... Você estava forçando a barra.

 

ISAC: - Ela me provocou.

 

SUNAMITA: - Mentira! Eu juro. Ele entrou e me pegou a força.

 

ISAC: - Quero vê você provar.

 

DAVI: - Cai fora daqui... Fora! Antes que eu te arrebente a cara.

 

SUNAMITA: - vai dar pra ele né? Sua vadia! (Sai)

 

SUNAMITA: - Que canalha! Nunca pensei que... 

 

DAVI: - Calma!

 

EZEQUIEL: -

 

RUTE: - Ai meu deus! Misericódia...

 

EZEQUIEL: - Que está acontecendo aqui?

 

SUNAMITA: - Calma! Eu posso explicar.

 

RUTE: - Minha filhinha o que fizeram com você?

 

JOEL: - Que você fez com minha irmã?

 

DAVI: -Eu?

 

JOEL: - Não eu.

SUNAMITA: - Chega! Chega. Eu fui violentada.

 

EZEQUIEL: - Seu canalha!

 

SUNAMITA: - Não pai. Não foi ele. Não foi...

 

RUTE: - Minha filha... Que me explicar o que está acontecendo aqui?

 

JOEL: - Que fez isso com você minha irmã?

 

DAVI: - Isac.

 

EZEQUIEL: - Canalha!

 

RUTE: - Não é possível.

 

JOEL: - É verdade Sunamita?

 

SUNAMITA: - Sim... Entrou, e me pegou a força.

 

DAVI: - Estava passando, quando ouvi os gritos de socorro.

 

SUNAMITA: - Se não fosse Joel... O pior teria acontecido.

 

RUTE: - Meu Deus! Que escândalo.

 

DAVI: - Agora tem que fazer denúncia.

 

JOEL: - Claro!

 

EZEQUIEL: - Vou ligar para o pastor...

 

RUTE: - Esse jovem é um perigo. Está possuído pelo demônio

 

DAVI: - O demônio não tem nada a ver com isso irmã. O que o Isac tem é falta de caráter.

 

RUTE: - Vem filha... Vamos pro seu quarto.

 

DAVI: - deve permanecer como está.

 

RUTE: - Que está dizendo? Está louco? Minha filha esta quase nua.

 

DAVI: - Tem que permanecer como está para fazer o corpo de delito.

 

JOEL: - Claro mãe. Se não consegue processar  o crápula.

 

EZEQUIEL: - Vou procurar o pastor...

 

RUTE: - Vamos filha...

 

SUNAMITA: - Obrigada Davi.

 

DAVI: - Fica bem viu. (Saem Sunamita e Rute)

 

JOEL: - Obrigado.

 

DAVI: - Não fiz nada demais...

 

JOEL: - Salvou minha irmã das mãos daquele crápula.

 

DAVI: - Bom... eu vou indo... Se precisarem, sabe onde me encontrar.

 

JOEL: - Vamos precisar. Você presenciou tudo.

 

DAVI: - Contem comigo.

 

JOEL: - Davi... A paz!

 

DAVI: - A paz. Até logo!

 

JOEL: - Até. (Sai)

CENA XIII

(Isac entra chorando)

MIDIÃ: - Que foi? Que aconteceu?

 

ISAC: - Cadê meu pai?

 

MIDIÃ: - Está na igreja.

 

ISAC: - Minha mãe?

 

MIDIÃ: - Está me assustando.

 

ISAC: - Eu fiz uma besteira das grandes.

 

MIDIÃ: - Que fez Isac?

 

ISAC: - Eu tentei violentar Sunamita...

 

MIDIÃ: - Que? Enlouqueceu, seu irresponsável?!

 

ISAC: - Eu juro que não queria... Eu não queria.

 

MIDIÃ: - Meu Deus! Essa é coisa mais absurda que já ouvi... E Sunamita como está?

 

ISAC: - Vai me denunciar.

 

MIDIÃ: - Meu Deus! Seu louco. Pode ser preso;

 

ISAC: - Me ajuda...

 

MIDIÃ: - Como?

 

ISAC: - Tenho que sair daqui... deixar a cidade.

 

MIDIÃ: - Fugir?

 

ISAC: - Não entende? Vão me prender.

MIDIÃ: - Você pecou. Cometeu um crime. Tem que pagar!

 

ISAC: - Não acredito que minha própria irmã deseja me ver preso.

 

MIDIÃ: - Estou envergonhada de você. Francamente! Nunca pensei...

 

ISAC: - Pelo que vejo não posso contar com você

 

MIDIÃ: - Não vou compactuar com sua falta de caráter.

 

SAULO: - Então aqui está você...

 

HELENA: - O que você fez meu filho? Enlouqueceu?

 

ISAC: - Foi culpa do inimigo mãe...

 

MIDIÃ: - Agora o inimigo é o culpado!

 

SAULO: - Ezequiel está indo com Sunamita e toda família a delegacia, vão te denunciar...

 

ISAC: - E agora pai?

 

MIDIÃ: - Vai preso.

 

HELENA: - Não. Isso não. Saulo... pelo amor de Deus... Temos que tirar nosso filho daqui.

 

MIDIÃ: - Vão acobertar o que ele fez?

 

HELENA: - É nosso filho. Não podemos deixar que fique preso.

 

MIDIÃ: - Mas ele tentou violentar Sunamita.

 

HELENA: - Mas pelo que sabemos, não violentou...

SAULO: - isso graças ao Davi que chegou na hora.

 

HELENA: - Não estou dizendo que não deva pagar pelo que fez... Mas se fugir do flagrante, poderá ter relaxamento...

 

ISAC: - Por favor pai...

 

MIDIÃ: - Não vão fazer isso... vão?

 

HELENA: - É nosso filho. Por mais errado que esteja é nosso dever protege-lo.

 

ISAC: - Por favor pai... Fiz uma loucura. Estou arrependido.

 

SAULO: - Arrume umas roupas...

 

HELENA: - Não. Pode não dar tempo. Saulo, tire-o daqui.

 

MIDIÃ: - Estou envergonhada!

 

HELENA: - Onde vai?

 

MIDIÃ: - Vou orar por vocês. Pedir a Deus que os perdoe.

 

SAULO: - Vamos... Antes que eu me arrependa.

 

HELENA: - Meu filho...

 

ISAC: - Obrigado mãe.

 

HELENA: - Vai com Deus filho.

 

SAULO: - Vamos...

 

HELENA: - Ah, meu Deus! Que provação! Dai-nos forças. (Sai)

 

CENA XIV

SARA: - Meu Deus do céu! Que horror!

 

DAVI: - Pois é mãe. Foi exatamente isso que aconteceu.

 

SARA: - Coitada da moça. Deve está arrasada!

 

DAVI: - Se eu não tivesse entrado... Teria acontecido o pior.

 

SARA: - Meu filho! Estou pasma.

 

DAVI: - Parecia um louco.

 

SARA: - E agora?

 

DAVI: - A família já foi fazer a queixa.

 

SARA: - Isso será um escândalo para a igreja.

 

DAVI: - Pior que o escândalo é o que a pobre moça está sentindo neste momento.

 

SARA: - Será que devo ir a casa dela prestar minha solidariedade?

 

DAVI: - Acho que não. Talvez a família precise de privacidade nesse momento.

 

SARA - Tem razão. Que barra meu filho!

 

DAVI: - Imagino!

 

SARA: - Mas fiz uma polenta...

 

DAVI: - nem sei se estou com fome.

 

SARA: - Não vai rejeitar a comidinha da sua mãe, vai?

 

DAVI: - Chantagem!

 

SARA: - É que amo meu meninão! E adoro enche-lo de mimos!

 

DAVI: - Tá certo! Ok, você venceu.

 

SARA: - Então vamos... vou esquentar!

 

DAVI: - Sabe que já estou sentindo a minha fome voltar?!

 

SARA: - Hum! (Saem)

 

CENA XV

JOEL: - Midiã?

 

MIDIÃ: - Precisava falar com você.

 

JOEL: - Falar o que? O que seu irmão fez não tem explicação.

 

MIDIÃ: - Sei que não. E posso lhe garantir que estou tão chocada quanto você. Escuta Joel, estou do seu lado, do lado de sua família. Meu irmão errou...

 

JOEL: - Não. Ele não só errou. Cometeu um crime.

 

MIDIÃ: - Sim. E concordo que tenha que pagar por isso. Mas espero, que não me condenem pelos erros do meu irmão.

 

JOEL: - Por que está dizendo isto?

 

MIDIÃ: - Isac fugiu.

 

JOEL: - Fugiu?

 

MIDIÃ: - Sim. Fugiu. Pra escapar do flagrante.

 

JOEL: - Que canalha! Covarde! Pra onde foi?

MIDIÃ: - Não sei.

 

JOEL: - Não sabe?

 

MIDIÃ: - Não.

 

JOEL: - Deve me achar um trouxa.

 

MIDIÃ: - Juro. Juro que não sei.

 

JOEL: - Como fugiu?

 

MIDIÃ: - Meu pai...

 

JOEL: - Seu pai?

 

MIDIÃ: - Sim. Olha, não sabem que vim lhe contar...

 

JOEL: - Como seu pai pode acobertar aquele canalha?

 

MIDIÃ: - Não sei. Acho que o lado paternal falou mais alto.

 

JOEL: - Acoberta hoje, pra amanhã ele cometer outro crime ainda pior. Mas te garanto que teu irmão irá pagar pelo que fez.

 

MIDIÃ: - Estou do seu lado.

 

JOEL: - Obrigado. Mas preciso ficar só.

 

MIDIÃ: - Não me culpe por ele.

 

JOEL: - Não a culpo. Mas de verdade... preciso ficar sozinho.

 

MIDIÃ: - Tá bom. Vou deixa-lo... Mas saiba que te amo muito viu? A paz do Senhor!

 

JOEL: - A paz! (Ela sai) Pai?! Pai... (Sai)

 

TERCEIRO ATO

CENA I

DAVI: - Que bom que veio...

 

JOEL: - Não devia ter vindo.

 

DAVI: - Mas veio. E se veio... é por que é importante.

 

JOEL: - Importante? Não sei do que está falando.

 

DAVI: - Sabe sim.

 

JOEL: - Que quer?

 

DAVI: - Sabe o que quero.

 

JOEL: - Não devia ter vindo...

 

DAVI: (Segura seu braço) Espera.

 

JOEL: - Solte-me.

 

DAVI: - Só se prometer que vai me ouvir.

 

JOEL: - Seja breve.

 

DAVI: - Esse lugar me trás boas recordações...

 

JOEL: - Faço questão de esquecer.

 

DAVI: - Não fala de coração.

 

JOEL: - Só quem conhece nossos corações é o Nosso Senhor Jesus.

 

DAVI: - Mais uma razão para não mentir. Como diz o poeta: “mentir pra si mesmo é a pior mentira”.

 

JOEL: - Olha Davi... O que houve aqui foi...

 

DAVI: - Foi lindo! Cara, eu te amo. E sei que me amas também. Então pra que lutar contra esse amor?

 

JOEL: - É impossível.

 

DAVI: - Impossível?

 

JOEL: - Sou noivo.

DAVI: - Uma farsa! Até quando vai lavar essa farsa? É de mim que você gosta.

 

JOEL: - Cala-te!

 

DAVI: - Eu te amo! Quero você, cara. Larga essa mentira e venha ser feliz.

 

JOEL: - Que felicidade poderá haver em dois homens vivendo juntos como homem e mulher? É pecado contra a natureza, contra Deus.

 

DAVI: - Pecado é viver um faz de conta, sendo infeliz e fazendo outra pessoa infeliz.

 

JOEL: Diz a bíblia: "Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a mor­te.

 

DAVI: -  A bíblia também diz: “ Quem pratica a fraude não habitará no meu santuário; o mentiroso não permanecerá na minha presença.”  Poderíamos passar aqui a noite inteira citando versículos, mas nunca iriamos encontrar um se adeque a nossa situação.

 

JOEL: - Que situação?

 

DAVI: - Somos gays, estamos apaixonados, loucos para nos entregarmos um nos braços do outro...

 

JOEL: - Não é verdade.

 

DAVI: - Que é verdade então? Essa vida de mentiras que você construiu em torno de si. Não seja covarde...

 

JOEL: - Você é um pervertido e foi enviado pelo inimigo pra colocar minha fé em prova...

 

DAVI: - Se acredita mesmo nisso, vá enfrente, volte para seu mundinho de mentirinha, e eu o deixo em paz. (Ele para se olham se abraçam e se beijam)

 

CENA II

MIDIÃ: - Misericórdia! Onde foi Joel? Como demora...

 

SUNAMITA: - Foi na casa pastoral.

 

MIDIÃ: - Não... Passei lá antes de vir aqui.

 

SUNAMITA: - Não acha que está o sufocando?

MIDIÃ: - É meu noivo, nada mais justo que me preocupe com ele.

 

SUNAMITA: - Preocupe? Você está é armando campana em torno dele.

 

MIDIÃ: - Estou preocupada. Joel anda muito estranho.

 

SUNAMITA: - Está é com medo, isso sim. Imagina... se noiva age assim, imagina depois de casada? Vai colocar uma mascara de ferro e corrente no tornozelo do meu irmão.

 

MIDIÃ: - Você está contra nosso noivado?

 

SUNAMITA: - Não meu bem. Sabe que amo de paixão! Mas é que assim, não dá. Deixa ele respirar um pouco.

 

HELENA: - Midiã... Não acha que está um pouco tarde?

 

MIDIÃ: - Deixa eu esperar só mais dez minutos...

 

HELENA: - Nada disso. Seus pais devem está preocupados.

 

MIDIÃ: - Precisava tanto falar com Joel.

 

SUNAMITA: - Tenho certeza que o que tem pra falar poder esperar até amanhã.

 

HELENA: - Verdade! Agora vá filha. A paz!

 

MIDIÃ: - A paz. E você me diz amanha que hora Joel chegou.

 

SUNAMITA: - Por que não põe um chip nele?

 

MIDIÃ: - Engraçadinha! A paz!

 

HELENA: - Vai com Deus. E cuidado mocinha!

 

SUNAMITA: - Essa vai dar trabalho!

 

HELENA: - Quando casar essa ansiedade passa. Agora vamos dormir que amanha temos um longo dia.

 

CENA III

(Joel e Davi estão abraçado nus)

MIDIÃ: - Meus Deus!

 

JOEL: - Midiã?!

 

MIDIÃ: - Que significa isso? Não, não precisa dizer...

 

JOEL: - Calma! Não é o que está pensando...

 

MIDIÃ: - Não estou pensando... estou vendo. Vendo! Se alguém me dissesse não acreditaria.

 

JOEL: - Escuta Midiã...

 

DAVI: - Conta logo a verdade pra ela.

 

MIDIÃ: - Verdade? Que verdade?

 

DAVI: - Essa é uma boa hora para colocar em pratos limpos.

 

MIDIÃ: - Como pode chamar de pratos limpos uma sujeira como essa? Joel, meu amor, me diz que tudo isso não passa de um engano, que eu não vi nada, que o que aconteceu aqui, foi que este rapaz, que é um pervertido, te seduziu, e o fez pecar, mas que você já está arrependido...

 

JOEL: - Não...

 

MIDIÃ: - Não? Olha, eu te perdoo, não conto nada pra ninguém... Vamos sair daqui, como nada disso tivesse acontecido, seguiremos com nosso noivado, nos casamos, e seremos muito felizes.

 

JOEL: - Sinto muito Midiã...

 

MIDIÃ: - Não entendo.

 

JOEL: - Eu descobrir que não lhe amo...

 

MIDIÃ: - Não gosta de mim?

 

JOEL: - Gosto.

 

MIDIÃ: - Então meu amor?!

 

JOEL: - Mas como amiga.

 

MIDIÃ: - Amiga?

 

JOEL: - Irmã em Cristo.

 

MIDIÃ: - Isso não é verdade. Você me ama, sempre me amou...

 

JOEL: - Estou apaixonado por outra pessoa.

 

MIDIÃ: - Quem é essa mulher?

 

JOEL: - Estou apaixonado por Davi.

MIDIÃ: - Que?

 

DAVI: - Que parte não entendeu? Joel é gay.

 

MIDIÃ: - Não é verdade...

 

DAVI: - O que não é verdade é esse noivado de mentira em que você viveram até hoje.

 

MIDIÃ: - Manda esse filho do demo calar essa boca.

 

JOEL: - É verdade Midiã. Não dá mais pra seguir com essa farsa.

 

MIDIÃ: - Vai me deixar pra viver com outro homem?

 

JOEL: - E a pessoa que amo e com quero viver.

 

MIDIÃ: - Joel, você acabou com minha vida.

 

JOEL: - Vai encontrar alguém que te ame de verdade.

 

MIDIÃ: - Não tem importância... Isso é só uma fase meu amor. Vai passar...

 

JOEL: - Não é uma fase. Acabou. Acabou!

 

MIDIÃ: - Não... não acabou não. Vou esperar o tempo que for preciso. Eu preciso ir... é tarde. Minha mãe... meu pai... vão ficar preocupados. A paz... a paz... (sai meio delirante)

 

DAVI: - Pirou de vez!

 

JOEL: - Acho melhor ir atrás dela. Pode fazer uma besteira.

 

DAVI: - Será que vai contar pra alguém?

 

JOEL: - Acho que não... Vou lá...

 

DAVI: - Vai sim. Amanhã a gente se fala. (Saem)

 

CENA IV

PASTOR: - Já vai...

 

DAVI: - Irmão... Preciso falar com o senhor.

 

PASTOR: - Claro. Que houve? Está transtornado.

 

DAVI: - Antes que o senhor saiba por outra pessoa quero lhe contar, quero que saiba por mim.

PASTOR: - Saber o que Davi?

 

DAVI: - Eu e Joel, nós...

 

PASTOR: - Vocês?

 

DAVI: - Estamos juntos.

 

PASTOR: - Como assim juntos?

 

DAVI: - Pastor... o senhor é um homem inteligente.

 

PASTOR: - Meu Deus! E vocês...

 

DAVI: - Sim, já fizemos amor.

 

PASTOR: - Meu deus! Misericórdia.

 

DAVI: - Nos amamos pastor.

 

PASTOR: - É pecado Davi. Estão em pecado. A bíblia diz: Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Romanos 1:26-28

 

DAVI: - Pastor, essa é minha natureza. Se não fosse, acha mesmo que Deus permitiria que eu sofresse tanto, tendo que viver sempre a margem da sociedade, debaixo do julgo de todos?

 

PASTOR: - Mas a palavra é clara...

 

DAVI: - Meus sentimentos e desejos também. Amo Joel e sei que ele também me ama. Meu Deus, será que é tão difícil para as pessoas entenderem?

 

PASTOR: - Isso vai ser uma catástrofe em nossa igreja. Tivemos recentemente o escândalo, da tentativa de estupro...

 

DAVI: - Deus não quer a nossa felicidade?

 

PASTOR: - Sim.

 

DAVI: - Então? Por que não posso ser feliz ao lado de uma outra pessoa do mesmo sexo?

 

PASTOR: - Por que a palavra diz: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos e, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. 1 Coríntios 6:9-10

 

DAVI: - Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas. A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes linguísticas: Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século passado.

 

PASTOR: - Davi, é conhecedor da palavra “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!" (João, 8:32) 

 

DAVI: - E o que tenho feito a vida toda? Se não buscar respostas que não encontro. Só sei que sinto, e o que sinto é real, não dá pra ignorar. Se eu encontrasse Deus e ficasse frente a frente com ele diria: Quem pode discernir os próprios erros? Absolve-me dos que desconheço! 

 

PASTOR: - Me remete á Mateus 18:15  "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Não vou julgá-lo, nem abandoná-lo. Esta é a casa do senhor, e suas portas estarão abertas para todos que dela precisarem.

DAVI: - Obrigado pastor!

 

PASTOR: - Deus é bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam. 

 

DAVI: - Midiã descobriu tudo.

 

PASTOR: - Mas como?

 

DAVI: - Nos flagrou .

 

PASTOR: - Isso não é bom.

DAVI: - Acha que dirá a todos.

 

PASTOR: - Pobre moça! Deve está arrasada. Vou até sua casa. E você, vá pra casa e não saia de lá. Depois passo lá. Davi? Sua mãe sabe?

 

DAVI: - Creio que desconfie. Mas a contarei.

 

PASTOR: - Tá certo. Faça isso. Agora vamos. (Saem)

 

CENA V

Joel conta tudo a seus pais

JOEL: - Mãe?!

 

RUTE: - Oi filho?! Que houve?

 

JOEL: - Meu pai?

 

RUTE: - Está no quarto.

 

JOEL: - Preciso falar com vocês...

 

RUTE: - Não pode ser amanhã?

 

JOEL: - Tem que ser agora.

 

RUTE: - Está me assustando,

 

SUNAMITA: - Joel? Onde estava? Midiã esteve aqui...

 

JOEL: - Já sei.

 

SUNAMITA: - Aconteceu alguma coisa?

 

JOEL: - Aconteceu.

 

RUTE: - Que aconteceu?

 

JOEL: - Chame meu pai. (Ela sai)

 

SUNAMITA: - Vocês terminaram?

 

JOEL: - Também.

 

SUNAMITA: - Meu irmão, seja o que for... Vou está ao seu lado, viu?

 

JOEL: - Vou precisar minha irmã.

 

EZEQUIEL: - Sua mãe disse que quer falar comigo com urgência.

JOEL: - Sim.

 

SUNAMITA: - Quer que eu saia?

 

JOEL: - Quero que todos participem.

 

RUTE: - Que está acontecendo meu filho?

 

SUNAMITA: - Calma mãe. Deixa ele relaxar... Joel? Vamos diga.

 

JOEL: - Primeiro, eu quero que saibam, que eu os amo muito, muito mesmo, e Deus é testemunha disso.

 

RUTE: - Isso parece até uma despedida.

 

EZEQUIEL: - Não nos reuniu para dizer que nos ama.

 

JOEL: - Não pai. Os reuni pra dizer que acabei meu noivado com Midiã...

 

SUNAMITA: - Já era de se esperar.

 

RUTE: - Misericórdia! Pobre Midiã... Deve está arrasada.

 

EZEQUIEL: - E por qual motivo desmanchou o seu noivado?

 

JOEL: - Estou apaixonado por outra pessoa.

 

SUNAMITA: - Outra pessoa?

 

RUTE: - E quem é esta outra pessoa?

 

EZEQUIEL: - Estamos esperando.

 

JOEL: - É ai que está. Vocês vão se espantar quando eu disser...

 

SUNAMITA: - Com esse mistério todo...

 

RUTE: - Joel, quem é ela?

 

JOEL: - Não é ela.

 

SUNAMITA: - Espera ai... Para tudo. O que está acontecendo?

 

RUTE: - Não estou entendendo nada.

 

EZEQUIEL: - Vamos rapaz... Diga logo o que tem que ser dito.

 

JOEL: - Me apaixonei por um homem...

 

SUNAMITA: - Que?

 

RUTE: - Como isso é possível?

 

EZEQUIEL: - Que está dizendo?

 

JOEL: - Estou apaixonado por Davi.

 

SUNAMITA: - Davi?

 

RUTE: - Meu Deus do céu que diabo está acontecendo aqui?

 

EZEQUIEL: - Enlouqueceu? Você ficou louco?

 

JOEL: - Não meu pai.

 

EZEQUIEL: - Você vai parar com essa palhaçada e vai a casa de Midiã, vai retomar o seu noivado, vai casar, e vamos fingir que essa conversa não aconteceu.

 

JOEL: - Não.

 

SUNAMITA: - Seja razoável meu irmão.

 

EZEQUIEL: - Não tenho filho viado

 

JOEL: - Não sou viado pai

 

EZEQUIEL: - Viado, gay, baitola, mariquinha, sola... tanto faz! É tudo a mesma coisa. Tudo invenção de satanás. É repugnante ouvi um filho dizer que gosta de dar...

 

JOEL: - Sinto muito. Sou assim. Deus me fez assim.

 

EZEQUIEL: -Deus não é o criador de uma aberração.

 

JOEL: - Não sou aberração.

 

EZEQUIEL: - Vai até sua noiva e peça pra retomar o noivado.

 

JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)

 

EZEQUIEL: - vai fazer o que estou mandando.

 

JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)

 

EZEQUIEL: - Vai.

 

JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)

EZEQUIEL: - Vai. (O pega pelos braços)

 

JOEL: - Não vou. (O pai o joga no chão)

 

EZEQUIEL: - Arrume seus panos de bunda e suma da minha casa. E o que deixar, amanhã jogo no quintal, faço uma fogueira e queimo.

 

JOEL: - Pai...

 

EZEQUIEL: - Não me chame de pai. Não tenho filho. Meu filho morreu e eu acabei de enterra-lo.(Joel sai) Aqui esta coisa não pisa mais os pés. E se alguém o receber nesta casa, também irá para fora. Joel está morto. Morto! (Sai)

 

SUNAMITA: - Joel e Davi?! Quem diria?

 

RUTE: - Meu Deus! Este mundo está perdido. É o apocalipse! (Saem)

 

CENA VI

(Midiã entra transtornada)

HELENA: - Filha onde estava até essa hora?

 

SAULO: - Sua mãe está falando com você.

 

MIDIÃ: - Preciso me arrumar...

 

HELENA: - Se arrumar, pra que?

 

MIDIÃ: - Não posso me atrasar...

 

SAULO: - Sua mãe lhe fez uma pergunta.

 

MIDIÃ: - Não entende papai? Não posso me atrasar...

 

HELENA: - Filha que está acontecendo com você? Está me assustando.

 

SAULO: - Deixe-a. (Midiã sai)

 

HELENA: - Que há com ela?

 

SAULO: - Parece em choque.

 

HELENA: - Vou lá...

 

SAULO: - Não... espere.

 

HELENA: - Que será que aconteceu?

 

SAULO: - Logo saberemos.

 

MIDIÃ: - (Entra vestida de noiva) Mamãe... me ajude a fechar o vestido.

 

HELENA: - Que faz com esse vestido?

 

MIDIÃ: - Vou me casar mamãe...

 

HELENA: - Casar?

 

MIDIÃ: - Meu noivo me espera. Não posso atrasar.

 

HELENA: - Filha, você está me assustando.

 

MIDIÃ: - Não mamãe... Não se assuste. Estou feliz! Muito feliz. Vou casar com o homem que amo.

 

HELENA: - Filha?! Filha...

 

SAULO: - Deixa-a.

 

HELENA: - Mas ela está indo pra rua.

 

SAULO: - Vou atrás...

 

HELENA: - Vou também.

 

SAULO: - Não...

 

HELENA: - Não me peça para ficar.

 

SAULO: - Tudo bem. Vamos juntos. (Saem)

 

CENA VII

DAVI: - Mãe...

 

SARA: - Oh, meu filho! Me abraça. O que houve, eu sabia que precisava de mim... Estava com coração tão apertado.

 

DAVI: - Me perdoa?

 

SARA: - Por que deveria lhe perdoa?

 

DAVI: - Aconteceu outra vez...

 

SARA: - Ah, filho! Eu já esperava... Mas eu estou aqui, estou a seu lado.

 

DAVI: - Não sabe o quanto isso me conforta.

SARA: - É que eu sou a mãe mais orgulhosa do mundo, você meu filho, independente do que digam a seu respeito, você será sempre o meu querido e amado filho.

 

DAVI: - Você é um ser de luz. Uma mulher extraordinária. A minha mãe.

 

SARA: - E você meu filhinho tão querido. Agora me diz... Que houve?

 

DAVI: - Eu e Joel... Você sabe né?

 

SARA: - Imagino.

 

DAVI: - E logo todos saberão.

 

SARA: - Alguém viu algo?

 

DAVI: - Midiã.

 

SARA: - Que azar! Logo a noiva? E Joel?

 

DAVI: - Terminou o noivado...

 

SARA: - Justo.

 

DAVI: - E vamos assumir.

 

SARA: - O mundo vem abaixo. (Porta)

 

DAVI: - Já começou.

 

SARA: - Vou abrir. (Abre) Joel?

 

JOEL: - Posso entrar?

 

SARA: - Claro. Entre. Fique a vontade!

 

DAVI: - Que houve?

 

JOEL: - Meu pai me pós pra fora de casa.

 

DAVI: - Já era de se esperar.

 

SARA: - Mas você não precisa ficar preocupado. Você pode ficar aqui. A casa é pequena, mas o coração é imenso. Cabe todos.

 

DAVI: - Seja bem vindo  nossa casa.

 

JOEL: - Nem sei como agradecer.

DAVI: - Está casa é sua também.

 

SARA: - Filho leve Joel ao quarto pra guardar essas coisas. Enquanto isso, vou preparar um lanche.(Saem)

 

CENA VIII

(Na praça)

PASTOR: - Midiã?

 

MIDIÃ: - O senhor veio.

 

PASTOR: - Sim eu vim. E vim leva-la para casa.

 

MIDIÃ: - Não pastor... Não posso. Meu noivo logo chegará.

 

PASTOR: - Ele não virá. Sinto muito filha.

 

MIDIÃ: - Não virá?

 

HELENA: - Filha...

 

MIDIÃ: - Diz que não é verdade... Me diz que Joel virá.

 

EZEQUIEL: - Não filha. Não virá. Vamos pra casa.

 

MIDIÃ: - Es diante de vocês uma morta!

 

HELENA: - Não diz isso filha.

 

MIDIÃ: - Eu vou dormir... E amanhã vou está ao lado do meu amado. Papai?

 

EZEQUIEL: - Oi filha?

 

MIDIÃ: - Me leve pra casa.

 

HELENA: - Como Joel pode fazer isso com minha filha?

 

PASTOR: - Não o julgue irmã. (Saem)

 

CENA VI

(Midiã entra transtornada)

HELENA: - Filha onde estava até essa hora?

 

SAULO: - Sua mãe está falando com você.

 

MIDIÃ: - Preciso me arrumar...

 

HELENA: - Se arrumar, pra que?

 

MIDIÃ: - Não posso me atrasar...

SAULO: - Sua mãe lhe fez uma pergunta.

 

MIDIÃ: - Não entende papai? Não posso me atrasar...

 

HELENA: - Filha que está acontecendo com você? Está me assustando.

 

SAULO: - Deixe-a. (Midiã sai)

 

HELENA: - Que há com ela?

 

SAULO: - Parece em choque.

 

HELENA: - Vou lá...

 

SAULO: - Não... espere.

 

HELENA: - Que será que aconteceu?

 

SAULO: - Logo saberemos.

 

MIDIÃ: - (Entra vestida de noiva) Mamãe... me ajude a fechar o vestido.

 

HELENA: - Que faz com esse vestido?

 

MIDIÃ: - Vou me casar mamãe...

 

HELENA: - Casar?

 

MIDIÃ: - Meu noivo me espera. Não posso atrasar.

 

HELENA: - Filha, você está me assustando.

 

MIDIÃ: - Não mamãe... Não se assuste. Estou feliz! Muito feliz. Vou casar com o homem que amo.

 

HELENA: - Filha?! Filha...

 

SAULO: - Deixa-a.

 

HELENA: - Mas ela está indo pra rua.

 

SAULO: - Vou atrás...

 

HELENA: - Vou também.

 

SAULO: - Não...

 

HELENA: - Não me peça para ficar.

 

SAULO: - Tudo bem. Vamos juntos. (Saem)

 

CENA VII

DAVI: - Mãe...

 

SARA: - Oh, meu filho! Me abraça. O que houve, eu sabia que precisava de mim... Estava com coração tão apertado.

 

DAVI: - Me perdoa?

 

SARA: - Por que deveria lhe perdoa?

 

DAVI: - Aconteceu outra vez...

 

SARA: - Ah, filho! Eu já esperava... Mas eu estou aqui, estou a seu lado.

 

DAVI: - Não sabe o quanto isso me conforta.

 

SARA: - É que eu sou a mãe mais orgulhosa do mundo, você meu filho, independente do que digam a seu respeito, você será sempre o meu querido e amado filho.

 

DAVI: - Você é um ser de luz. Uma mulher extraordinária. A minha mãe.

 

SARA: - E você meu filhinho tão querido. Agora me diz... Que houve?

 

DAVI: - Eu e Joel... Você sabe né?

 

SARA: - Imagino.

 

DAVI: - E logo todos saberão.

 

SARA: - Alguém viu algo?

 

DAVI: - Midiã.

 

SARA: - Que azar! Logo a noiva? E Joel?

 

DAVI: - Terminou o noivado...

 

SARA: - Justo.

 

DAVI: - E vamos assumir.

 

SARA: - O mundo vem abaixo. (Porta)

 

DAVI: - Já começou.

 

SARA: - Vou abrir. (Abre) Joel?

 

JOEL: - Posso entrar?

 

SARA: - Claro. Entre. Fique a vontade!

 

DAVI: - Que houve?

 

JOEL: - Meu pai me pós pra fora de casa.

 

DAVI: - Já era de se esperar.

 

SARA: - Mas você não precisa ficar preocupado. Você pode ficar aqui. A casa é pequena, mas o coração é imenso. Cabe todos.

 

DAVI: - Seja bem vindo  nossa casa.

 

JOEL: - Nem sei como agradecer.

 

DAVI: - Está casa é sua também.

 

SARA: - Filho leve Joel ao quarto pra guardar essas coisas. Enquanto isso, vou preparar um lanche.(Saem)

 

CENA VIII

(Na praça)

PASTOR: - Midiã?

 

MIDIÃ: - O senhor veio.

 

PASTOR: - Sim eu vim. E vim leva-la para casa.

 

MIDIÃ: - Não pastor... Não posso. Meu noivo logo chegará.

 

PASTOR: - Ele não virá. Sinto muito filha.

 

MIDIÃ: - Não virá?

 

HELENA: - Filha...

 

MIDIÃ: - Diz que não é verdade... Me diz que Joel virá.

 

EZEQUIEL: - Não filha. Não virá. Vamos pra casa.

 

MIDIÃ: - Es diante de vocês uma morta!

 

HELENA: - Não diz isso filha.

 

MIDIÃ: - Eu vou dormir... E amanhã vou está ao lado do meu amado. Papai?

EZEQUIEL: - Oi filha?

 

MIDIÃ: - Me leve pra casa.

 

HELENA: - Como Joel pode fazer isso com minha filha?

 

PASTOR: - Não o julgue irmã. (Saem)

 

CENA IX

Sunamita e mãe conversam ela está com síndrome do pânico

 

SUNAMITA: - Mãe...

 

RUTE: - Que foi filha? Você está tão pálida.

 

SUNAMITA: - Eu tô doente mãe. Doente...

 

RUTE: - Como assim filha?

 

SUNAMITA: - O médico disse que estou com síndrome do pânico.

 

RUTE: - Meu pai! Calma filha, calma! Deu proverá por nós.

 

SUNAMITA: - Deus! Por que isto foi acontecer comigo, mãe? Porque?

 

RUTE: - Minha filha...

 

SUNAMITA: - Não está escrito na bíblia qu nada acontece a não ser que Deus permita? Porque permitiu que isso acontecesse comigo.

 

RUTE: - Olha... Isso vai passar. O inimigo está tentando confundir sua cabeça, fazendo com que fique com raiva de Deus...

 

SUNAMITA: - Não mãe. Estou com síndrome do pânico. Estou doente. Preciso de tratamento psicológico, talvez até precise tomar remédios controlados, mãe.

 

RUTE: - Quantas provações! Vamos vencer todas essas provações. Deus está conosco filha.

 

SUNAMITA: - E Joel mãe?

 

RUTE: - Não fale em Joel. Nunca pensei passar por tão grande desgosto.

 

SUNAMITA: - Sei que é difícil... Mas se amam.

RUTE: - Isso não é amor. É sem-vergonhice! Não vamos mais falar desta pouca vergonha. Vão queimar nas profundezas do inferno.

 

SUNAMITA: - Não diga isso mãe. Temos que dobrar nossos joelhos e entregar nas mãos do Senhor...

 

RUTE: - Poupe seus esforços. Seu irmão não está nenhum pouco arrependido. Afora vamos enxugar essas lágrimas. E eu minha filha, vou está sempre qui, viu.

 

SUNAMITA: - Obrigada mãe. (Saem)

 

CENA X

SARA: - Irmão Ezequiel?

 

EZEQUIEL: - Não se preocupe. Não vim pra fazer um escândalo.

 

SARA: - E o que deseja?

 

EZEQUIEL: - Você sabia de tudo, não é?

 

SARA: - Desconfiava.

 

EZEQUIEL: - E aprova essa pouca vergonha?

 

SARA: - Não vejo nenhuma vergonha em duas pessoas que se amam.

 

EZEQUIEL: - Consegue ouvi o que está dizendo?

 

SARA: - Claro. Amo meu filho e desejo que seja feliz. E se sua felicidade for ao lado de outro homem, vou apoia- lo sempre.

 

EZEQUIEL: - Não soube criar seu filho.

 

SARA: - Não se esqueça que está dentro da minha casa. E dentro da minha casa você ou qualquer outra pessoa não vai ofender meu filho.

 

EZEQUIEL: - Seu filho induziu o meu filho para este caminho de devassidão e vergonha.

 

SARA: - Seu filho é gay. E isso está na natureza dele, aceite você ou não. E você? Que se julga tão superior... tão santo... não é capaz de perdoar seu próprio filho.

 

EZEQUIEL: - Está em pecado.

SARA: - Siga o exemplo de Jesus Cristo. Ao invés jogar-lhe pedras, perdoe-o.

 

EZEQUIEL: - Vão morrer... aquela doença irá mata-los.

 

SARA: (Esbofeteia) Meu filho não é nenhum doente! A AIDS não é uma exclusividade dos gays.

 

EZEQUIEL: - Você é uma alcoviteira!

 

SARA: - Sou apenas uma mãe que ama seu filho. Só isso! Acho que não temos nada mais pra conversar...

 

EZEQUIEL: - Quero que coloque Joel pra fora...

 

SARA: - Nunca. Está será sua casa enquanto precisar ou desejar. Se depender de mim, Joel e Davi, serão muito felizes

 

EZEQUIEL: - Jezebel!

 

SARA: - Sua opinião a meu respeito pouco me interessa. Agora saia. (Ele sai) Demônio de terno!

 

CENA XI

RAQUEL: - Ah, meu Deus! Meu Deu!

 

SAULO: - Que foi mulher?

 

RAQUEL: - Midiã... Está fria. Gelada...

 

SAULO: - Como assim? Desmaiou?

 

RAQUEL: - Não respira... Não respira. Midiã?! Midiã...

 

SAULO: - Deixa eu vê. Meu Deus! Está morta. Morta, morta.

 

RAQUEL: - Tudo por causa daquele pervertido! Por causa daquele Belzebu eu perdi minha filha. Minha filhinha! Ah, meu Deus! Por que tiraste minha filha de mim.

 

SAULO: - Ele tomou todos esses comprimidos.

 

RAQUEL: - Uma lavagem estomacal...

 

SAULO: - Está morta. Não adianta. Temos que chamar a polícia.

 

RAQUEL: - Não...

 

SAULO: - Por favor... aceite a realidade. Venha. (Saem)

CENA XII

SARA: - Meninos... Sei que é difícil o que vou pedir a vocês.

 

DAVI: - Que cara é essa mãe? O bicho está pegando, né?

 

SARA: - Não vou enganá-los... está.

 

JOEL: - Que aconteceu irmã Sara?

 

SARA: - Midiã...

 

JOEL: - Que há Midiã?

 

SARA: - Está morta.

 

JOEL: - Ah, meu Deus!

 

DAVI: - Calma!

 

JOEL: - Como posso ter calma? É minha culpa.

 

SARA: - Não. Não é.

 

DAVI: - Midiã faria isso a qualquer momento. Está desiquilibrada.

 

JOEL: - Se eu não tivesse a abandonado...

 

SARA: - A mentira em que vocês viveriam a mataria aos poucos.

 

DAVI: - Não tem culpa por Midiã ser uma garota completamente desiquilibrada. A fixação que ela tinha em casar-se contigo já era sinal de sua doença.

 

JOEL: - Me sinto tão mau. Me sinto culpado.

 

SARA: - Imagino como esteja se sentindo. Por isso preferi eu mesma contar. A barra agora irá pesar muito mais... Por isso rapazes, que eu quero pedir que vocês saiam desta cidade, vão viver bem longe daqui...

 

DAVI: - Fugir?

 

SARA: - Não meu filho. Não é fugir. É sair estrategicamente. A cidade está fervorosa, e com certeza isto vai respingar em vocês.

 

JOEL: - De certo modo... Sua mãe tem razão.

 

DAVI: - Ir embora? Por causa do preconceito dos outros.

 

SARA: - E se pensasse, que é por sua felicidade, pela felicidade de vocês?

 

JOEL: - Faz sentido. Esta cidade é pequena. Aqui será muito difícil pra nós... vivermos juntos, como um...

 

SARA: - Casal.

 

JOEL: - É.

 

SARA: - Tenho uma reserva... Vocês podem ir para o Rio, e quando a poeira abaixar... quem sabe, podem voltar.

 

DAVI: - Talvez tenha razão.

 

SARA: - Ah, que bom... Assim fico mais tranquila.

 

DAVI: - Bom, vamos arrumar nossas coisas.

 

JOEL: - Vamos. (Para ela) Obrigado! Nem sei como agradecer.

 

SARA: - Apenas seja feliz e faça meu filho feliz! (Saem)

 

CENA XIII

RUTE: - Helena?

 

SAULO: - Está no quarto.

 

RUTE: - Sinto muito.

 

SAULO: - Obrigado.

 

RUTE: - E agora Saulo?

 

SAULO: - Agora?

 

RUTE: - Como ficamos?

 

SAULO: - Depois de tantas desgraças...

 

RUTE: - Não seria o momento de ser felizes?

 

SAULO: - Largaria tudo por essa felicidade?

 

RUTE: - Sim...

 

SAULO: - Até sua família?

 

RUTE: - Sim... o amo Saulo.

SAULO: - Traríamos muitas tristezas com esse nosso amor.

 

RUTE: - Sofro muito mais vivendo essa mentira. Sendo a mulher casada, porém, infeliz.

 

SAULO: - Helena precisa de mim.

 

RUTE: - Também preciso de você.

 

SAULO: - Hoje durante o velório de Midiã... Vamos embora.

 

RUTE: - Verdade?

 

SAULO: - Sim. Verdade. Também a amo. (Ela abraça Saulo)

 

HELENA: - Oh, minha amiga...

 

RUTE: - Oh, Helena! Sinto tanto.

 

HELENA: - Minha amiga! Que será de mim?

 

RUTE: - Nem sei o que dizer! Deus dará o consolo preciso.

 

SAULO: - Vamos para velório?

 

RUTE: - Vou com vocês. (Saem)

 

CENA XIV

SARA: - A paz!

 

PASTOR: - A paz.

 

SARA: - Não fica assim Pastor.

 

PASTOR: - Ah, já perguntei tantas vezes a Deus por que?

 

SARA: - Tem coisas que não há respostas.

 

PASTOR: - Devo ser um péssimo Pastor...

 

SARA: - Que isso? Que está dizendo?

 

PASTOR: - Qual é a função de um Pastor? Cuidar de suas ovelhas...

 

SARA: - E não é isso que tem feito a tanto tempo e com tamanho zelo e dedicação?

 

PASTOR: - Devo ser o pior Pastor designado por Deus...

 

SARA: - Deus não lhe daria esta função na Terra se não soubesse que é capaz...

 

PASTOR: - A minha congregação está desabando na minha cabeça. Primeiro, uma tentativa de estupro, depois dois de meus fiéis se declaram gays, uma jovem se mata, comete um dos piores pecados citado na bíblia...

 

SARA: - É Pastor, apenas isso. Se Deus não foi capaz de impedir, imagina você. As ovelhas animais são conduzidas conforma a vontade do seu pastor, então ele, cuida, conduz e vigia para que elas não sejam furtadas ou mortas por outros animais... Mas o Pastor é um homem como todos os outros, e tem o livre arbítrio, nós somos humanos podemos escolher, e cada um é responsável por sua escolha.

 

PASTOR: - Não soube cuidar do meu rebanho.

 

SARA: - Não seja injusto! Não conheço pastor melhor que você. Você é justo, gentil, super humano, e apesar de ser um homem de Deus, na função de pastor, não julga as pessoas, acolhe. E acredite, poucos fazem isso.

 

PASTOR: - Que bom conversar contigo Sara. E os meninos?

 

SARA: - Vão embora. É melhor... Pelo menos por enquanto.

 

PASTOR: - Sábia decisão! Se ficarem vão crucificarem vivos.

 

SARA: - Eu sei. Bem Pastor, eu queria ficar no velório... mas como sabe, não sou bem vinda.

 

PASTOR: - Entendo.

 

SARA: - A paz!

 

PASTOR: - A paz. (Ela saindo) Sara?

 

SARA: - Sim?

 

PASTOR: - Resolveu sua situação com relação a seu ex marido?

 

SARA: - Já entrei com o pedido...

 

PASTOR: - Tá certo!

 

SARA: - Por que?

 

PASTOR: - Nada... nada.

 

SARA: - A paz!

 

PASTOR: - A paz. (Saem)

 

CENA XVI

SUNAMITA: - Pensei que estivesse no velório de Midiã...

 

RUTE: - Vim em casa? E você que faz aqui?

 

SUNAMITA: - Que está acontecendo mãe?

 

RUTE: - Estou indo embora.

 

SUNAMITA: - Como assim, indo embora?

 

RUTE: - Filha... você me ama?

 

SUNAMITA: - Mas que pergunta?! É claro!

 

RUTE: - Se me ama... haverá de me entender.

 

SUNAMITA: - A senhora esta me assustando, mãe.

 

RUTE: - Eu preciso ser feliz minha filha...

 

SUNAMITA: - Que está acontecendo aqui?

 

RUTE: - É por ser feliz que estou indo embora.

 

SUNAMITA: - Como assim indo embora mãe?

 

RUTE: - Te criei com tanto carinho... com tanto amor... Esperei até esse momento pra poder ser feliz. E agora minha filha, você já está criada.

 

SUNAMITA: - Está me abandonando?

 

RUTE: - Não... Só estou indo em busca da minha felicidade.

 

SUNAMITA: - A senhora tem outro? (Faz sinal que sim) Está traindo meu pai?

 

RUTE: - Nunca amei teu pai. Fui obrigada a me casar.

 

SUNAMITA: - Não! Isso não é verdade. Não conheço um casal mais feliz. Você sempre foi meu espelho...

 

RUTE: - Filha... o espelho quebrou. Quebrou! Amo outro homem que não é teu pai.

 

SUNAMITA: - Que é ele?

RUTE: - Isso não tem importância.

 

SUNAMITA: - Pra mim tem. Quanto tempo?

 

RUTE: - Uns quinze anos...

 

SUNAMITA: - Então, tudo isto, essa família, é uma fraude?

 

RUTE: - Tudo não. O amor que sinto por você é verdadeiro.

 

SUNAMITA: - Ah, meu Deus! E meu pai?

 

RUTE: - Será liberto. Não viverá mais essa mentira. Nem eu. (Pega a mala e sai)

 

SUNAMITA: - Mãe... mãe! (Grita)

 

CENA XVII

SUNAMITA: - Joel... Joel!

 

JOEL: - Sunamita?

 

SUNAMITA: - Oi...

 

DAVI: - Pensei que estivesse no velório...

 

SUNAMITA: - Soube que iriam embora...

 

JOEL: - Como soube?

 

SUNAMITA: - Irmã Sara.

 

DAVI: - Veio nos amaldiçoar?

 

SUNAMITA: - Não. Vem deseja-los boa sorte. (Se abraça com Joel) Ainda é meu irmão, e eu o amo muito viu. Quero que seja muito feliz.

 

DAVI: - O que a fez mudar de ideia?

 

SUNAMITA: - Vocês são a única verdade que enxergo nesse mundinho medíocre no qual estamos envolvidos.

 

JOEL: - Oh, minha irmã... sentirei tanto sua falta.

 

SUNAMITA: - Me manda o endereço que vou lhe visitar. E você rapaz, irmão Davi, faça meu irmão, muito, mas muito feliz!

 

DAVI: - Pode deixar! (Eles saem)

 

SUNAMITA: - Ainda que a tristeza dure a noite toda, a alegria, vem ao amanhecer. (Sai)

 

 

Fim

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