PERSONAGENS:
JOEL
EZEQUIEL:
(PAI DE JOEL)
RUTE:
(MÃE DE JOEL)
SUNAMITA:
(IRMÃ DE JOEL)
MIDIÃ:
(NOIVA DE JOEL)
SAULO:
(PAI DE MIDIÃ)
HELENA:
(MÃE DE MIDIÃ)
ISAC:
(IRMÃO DE MIDIÃ)
DAVI:
(AMIGO DE JOEL)
SARA:
(MÃE DE DAVI)
PASTOR
PRIMEIRO ATO
CENA I
(APÓS
O CULTO AS DUAS FAMÍLIAS SE REUNEM PARA ACERTAR DETALHES DO CASAMENTO DE JOEL E
MIDIÃ)
EZEQUIEL:- É uma imensa satisfação vê nossas famílias
unidas, não só pela fé, como também pelos laços sagrados do matrimonio.
SAULO:
- Muito feliz no Senhor, que tem a cada
dia confirmado essa união.
RUTE: - Midiã é uma jóia rara, ungida, educada
segundo a palavra de nosso Senhor Jesus Cristo.
HELENA:
- Tenho muita sorte... Quão bondoso é o
nosso Deus, por me presentear com uma filha tão exemplar.
SAULO: - Mas vosso filho também não fica atrás. É um jovem
dedicado, temente a Deus, criado conforme a palavra... Um homem de fé!
TODOS: - Amém!
EZEQUIEL: - Creio que Deus já deu vários sinais de
confirmação que enfim, esta união seja concretizada.
SAULO: - Verdade... Irmão Ezequiel... também estou de
comum acordo, que nossos filhos, sejam unidos pelos laços do matrimonio.
HELENA: - Creio que nossos filhos também estão de
comum acordo.
RUTE: - Quanto a isto não resta nenhuma dúvida. Vê-se nos
olhos de nossos filhos o quanto se amam...
EZEQUIEL: - Então só nos resta consultar nosso pastor para
averiguar qual sua opinião, com relação a esta união, e não havendo nenhum impe
cílio, marcamos a data.
RUTE: - Será uma grande benção para nossas famílias.
Estando tosos de acordo, então só nos resta comemorar... Fiz modesta parte um
delicioso bolo de laranja.
HELENA:
- Isso é muito bom irmã! Estou pra
conhecer alguém com uma mão tão abençoada para fazer um bolo tão gostoso quanto
a senhora.
RUTE: - Muita gentileza sua. Por favor... Venham, vamos
para a cozinha.
CENA II
MIDIÃ:
- Falam de nós...
JOEL: - É... decidem nossos destinos
MIDIÃ:
- O incomoda?
JOEL: - Não que me incomode... Mas, creio que deveríamos,
nós mesmo ser os donos de nossos destinos.
MIDIÃ: - O Senhor é dono de nossos destinos. Nada
acontece, que não seja por vontade dele.
JOEL: - Não acha cômodo demais jogar tantas responsabilidades
nas mãos do Senhor?
MIDIÃ:
- Ele sabe o que é melhor para nós.
JOEL: - Crê mesmo nisso?
MIDIÃ: - Não queres casar?
JOEL: - Não se trata disso. Me incomoda o fato dos outros
decidirem por nós...
MIDIÃ:- São nossos pais... Desejam nossa felicidade.
JOEL: - E se estiverem errados?
MIDIÃ:- Tens dúvidas?
JOEL: - Você não?
MIDIÃ:- Não. Sempre te amei. Não me amas?
JOEL:- Não se trata disso. Claro que a amo! Só gostaria
que respeitassem nosso tempo.
MIDIÃ:- Não se sentes preparado para tal compromisso?
JOEL:- É uma decisão muito importante...
MIDIÃ:- Sempre esperei no Senhor... e tenho a máxima
convicção que ás o homem que desejo para está comigo pelo resto de minha vida.
JOEL:- Não fiques triste, não te aflijas... É só uma
insegurança minha. És abençoada, uma jovem incrível, jamais faria qualquer
coisa para magoá-la. Tens razão, nossos pais sabem o que é melhor para nós. E
se querem nosso enlace...
MIDIÃ:
- E você, o que quer?
JOEL:- Se é a vontade de Deus... Que seja assim.
MIDIÃ:- Jura? Não sabes o quanto me deixas feliz!
JOEL:- Abençoado sou eu, que tenho de ti, o teu
amor. (Segura sua mão e a beija na face. Saem)
CENA III
(NUMA SALA CHEIA DE CAIXAS)
DAVI:- Estou quebrado!
SARA:- Misericórdia! Me dói desde as pontas dos dedos
dos pés até o último fio de cabelo.
DAVI:- Breve estará tudo arrumado. Também, não precisa
fazer tudo de uma só vez.
SARA:- Mas o quanto adiantarmos, melhor.
DAVI:- Achei está cidade um tanto pacata.
SARA:- Graças a Deus! Tudo que precisava. Nada como
recomeçar a vida num lugar bem tranquilo.
DAVI:- Ainda sofre muito, não é?
SARA:- Deus me dará o conforto que necessito para
superar esse mau momento. Só em ter conseguido essa transferência já foi uma
grande vitória.
DAVI:- Ás vezes, tenho ódio, pelo o que ele te fez...
SARA:- Não dê espaço a este sentimento meu filho. Jesus
nos ensinou a amar e perdoar.
DAVI:- Seria capaz de perdoá-lo depois de tudo que lhe
fez?
SARA: - Oro todas as noites, peço ao Senhor, que
quebrante meu coração, para que a mágoa não me sufoque, me tornando amarga e
indiferente a vida. E que enfim, um dia, eu possa perdoá-lo por tudo que me fez
sofrer. Não quero que odeie, é seu pai. Apesar, da dor que nos causou, sei que
o ama.
DAVI: - Se me amasse... não teria me abandonado.
SARA:- São coisas que fazem parte da vida, acontecem...
Filho, não estávamos bem, nossa relação já estava abalada. Era questão de
tempo. E nós rapaz temos que nos habituar a esta nova situação.
DAVI:- Difícil...
SARA:- Temos saúde e podemos recomeçar.
DAVI:- a senhora é uma mulher extraordinária.
SARA:- E você um filho incrível! Agora temos que
agilizar afinal hoje temos que nos apresentar na nossa nova congregação.
DAVI: - Tem razão. (saem abraçados)
CENA IV
ISAC: - Não tirou o olho do novo irmão...
SUNAMITA: - Impressão sua.
ISAC: - Que foi? Gostou?
SUNAMITA: - E se gostei, que tem com isso?
ISAC: - Me preocupa.
SUNAMITA: - Com que?
ISAC: - Com você.
SUNAMITA: - Não deveria. Sei me cuidar.
ISAC: - Fica dando mole pra um forasteiro...
SUNAMITA: - Olha aqui Isac... me respeite!
ISAC: - Te respeito. Só me preocupo.
SUNAMITA: - Já disse que sei me cuidar. Agora preciso ir...
ISAC: - Sunamita?
SUNAMITA: - Que?
ISAC: - Nada.
SUNAMITA: - A paz... Isac!
ISAC: - A paz. (Ele sai)
CENA V
DAVI: - Irmão...
JOEL: - A paz irmão!
DAVI: - A Paz.
JOEL: - Espero que o irmão tenha gostado do culto.
DAVI: - Realmente o culto foi uma benção.
JOEL: - Nossa cidade é pequena, mas as pessoas aqui tem
um grande coração.
DAVI: - Creio que sim. Na verdade já me sinto
acolhido.
JOEL: - Pretende entrar para o grupo de jovens?
DAVI: - Claro. Será muito produtivo para minha vida
espiritual.
JOEL: - Saímos sempre a campo para evangelizar...
DAVI: - Isso é ótimo! Ganhar almas para Jesus.
JOEL: - Há... Sou Joel.
DAVI: - E eu Davi.
JOEL: - Davi... Venceu o gigante! Bem, eu moro naquela
casa... aparece lá... todas as terças nos reunimos para fazer estudo bíblico.
DAVI: - Ok! Apareço sim.
JOEL: - Então... te aguardo Davi.
DAVI: - Obrigado pelo convite Joel.
JOEL: - Vai ser uma honra...
DAVI: - Fico feliz.
JOEL: - A paz!
DAVI: - A paz. (Joel sai)
SARA: - Filho...
DAVI: - Oi mãe.
SARA: - Novas amizades?
DAVI: - Acho que sim.
SARA: - É meu filho... Pelo que percebi, as pessoas aqui
são bem conservadoras.
CENA VI
HELENA: - Que achou da irmã Sara?
RUTE: - Não quero julgar não, mas, achei a irmã um
tanto moderna.
HELENA: - Estava observando isto... Achei suas roupas
inadequadas para frequentar a casa de Deus.
RUTE: - Vulgar. Chamativa demais.
HELENA: - Que deus me perdoe... Mas não me parece boa
pedra.
PASTOR: - Irmãs?
RUTE: - A paz do Senhor pastor Elias.
HELENA: - A paz pastor!
PASTOR: - Que a paz do nosso Senhor Jesus cristo
esteja conosco.
AS
DUAS: -
Amém!
PASTOR: - Vim aqui pessoalmente pedir um grande
favor...
RUTE: - Claro! Se estiver ao nosso alcance.
PASTOR: - Como a senhoras sabem, temos uma nova irmã
em nossa congregação...
HELENA: - Claro! Uma simpatia de mulher.
RUTE: - Irmão... e seu esposo? Quando virá?
PASTOR: - Pois é... Nossa irmã... está passando por
um momento complicado...
HELENA: - Não diga!
RUTE: - Coitadinha! Mas o que há irmão?
PASTOR: - É um assunto bem delicado...
HELENA: - Como assim delicado?
RUTE: - Explique melhor irmão.
HELENA: - É quem sabe, podemos ajudar.
PASTOR: - Nossa irmã esta passando por uma
separação. Caso bem delicado.
HELENA: - Divorcio?
PASTOR: - Não, não...
RUTE: - Mas o senhor disse que está...
PASTOR: - Foi abandonada pelo marido.
HELENA: - Meu Deus!
RUTE: - Misericórdia! Coitada!
PASTOR:
- Como a irmã é dirigente do grupo de senhoras... pensei que pudesse oferecer
uma pequena recepção junto as outras irmãs, como uma forma de bem vinda, um
acolhimento.
HELENA: - Entendo. Claro!
RUTE: - Acho válido.
PASTOR: - E também integrá-la no grupo de senhoras.
HELENA: - Cantar conosco no grupo de louvores?
PASTOR: - Sim...
RUTE: - Mas isso não causará um certo desconforto?
Afinal, esta separada.
PASTOR: - Creio que não. Pois a irmã Sara não se
divorciou, foi abandonada pelo marido. Quem sabe que com as orações, o seu
marido retorne para assumir a família.
HELENA: - Sim, claro. Podemos fazer um circulo de
orações. E uma pequena e aconchegante recepção...
PASTOR: - Ótimo! Então vou deixar em suas mãos...
HELENA: - Fique tranquilo pastor... Faremos o máximo
para que a irmã Sara se sinta bem acolhida.
PASTOR: - Amém! Sabia que poderia contar com as
irmãs.
HELENA: - Amém!
PASTOR: - Fiquem na paz! (Sai)
AS
DUAS: -
Amém.
RUTE: - Onde já se viu? Uma separada no grupo de
louvores...
HELENA: - Me admira o pastor!
RUTE: - É o fim dos tempos!
HELENA: - Mas não podemos negar um pedido do nosso
pastor.
RUTE: - Verdade...
HELENA: - Também, será bom para conhecer melhor
essa... senhora.
RUTE: - Concordo. Bem irmã, agora preciso ir, já é
tarde. A paz do Senhor minha irmã!
HELENA: - A paz!. (Sai) Só que
faltava!
SARA: - Vamos meu filho... Precisamos descansar.
DAVI: - Verdade. Amanhã temos muita coisa a fazer.
CENA VI
PASTOR: - Irmão Ezequiel, irmão Saulo...
EZEQUIEL: - A paz do Senhor pastor!
SAULO: - A Paz!
PASTOR: - Amém! Em que posso ajuda-los?
EZEQUIEL: - Irmão viemos aqui para ter uma conversa com o
senhor.
PASTOR: - Por favor entrem.
EZEQUIEL: - Pastor... como já é do conhecimento do irmão...
nossos filhos estão enamorados já algum tempo...
SAULO: - Então pensamos que já o momento de realizar a
união de nossos filhos.
PASTOR: - E os jovens estão de acordo com essa decisão?
EZEQUIEL: - Sim, claro.
SAULO: - Minha filha ama demais o jovem Joel e eu sou
favorável a essa união.
PASTOR: - Acho isso maravilhoso! É uma benção. Se ambas
famílias são a favor... fico feliz em realizar esse matrimonio. Porém, antes de
marcar a data, prefiro conversar com o jovem casal.
EZEQUIEL: - O irmão tem alguma dúvida.
PASTOR: - Não. É só um procedimento.
SAULO: - Ficamos muito felizes que o irmão celebre a
cerimonia de casamento de nossos filhos.
PASTOR: - Quão bom é nosso Deus! Que me dará a alegria de
unir esses dois jovens a quem tenho tanta estima. Irmãos, peça que os jovens
passem na igreja amanhã para falar comigo.
EZEQUIEL: - Louvado seja nosso Senhor!
SAULO: - Amem!
PASTOR: - Amem! Vão em paz. (Saem)
CENA VIII
ISAC: - Vi como olhava pro irmão Davi...
SUNAMITA: - Como olho pra todos!
ISAC: - Está caidinha por ele.
SUNAMITA: - Misericórdia... E se tiver, qual o problema?
ISAC: - O problema é que você não o conhece...
SUNAMITA: - Não seja por isso! Posso passar a conhece-lo. No
mais irmão, devia se concentrar em suas orações, nos estudo da palavra, ao
invés de ficar me vigiando.
ISAC: - A irmã sabe o quanto a estimo.
SUNAMITA: - Também o estimo... mas como irmão em cristo. E
não vai passar disso...
ISAC: - Vou orar ao Senhor...
SUNAMITA: - Orar é sempre bom. Fortalece a alma e ocupa a
mente vazia!
ISAC: - Ele irá quebrantar esse seu coração.
SUNAMITA: - Economize seus joelhos! Agora acho melhor o irmão
ir...
ISAC: - Sunamita...
SUNAMITA: - Se não vai... vou eu. A paz! (Sai)
ISAC: - Veremos se ficará com esse talzinho... (Sai)
CENA IX
DAVI: - Obrigado por ter vindo ao nosso estudo bíblico.
JOEL: - Eu que agradeço o convite. O estudo foi uma
benção, aprendi muito.
DAVI: - Que bom! Fico feliz que nosso encontro tenha
contribuído para seu crescimento espiritual.
JOEL: - Foi mesmo uma benção. O irmão é conhecedor da
palavra. Aprendi muito sobre a intensidade do amor de Deus...
DAVI: - Não é fácil para nós, simples mortais, amar e
perdoar, conforme nos ensina a palavra.
JOEL: - Mesmo porque amar sempre está associado ao
castigo.
DAVI: - Fomos condicionados ao julgo. O tempo todo
julgamos é quase inconsciente.
JOEL: - Será que por isso somos infelizes a maior parte
do tempo?
DAVI: - Somos felizes em Cristo!
JOEL: - E na vida? Como fica?
DAVI: - Vivemos para o Senhor.
JOEL: - Tem razão... Vivemos para o Senhor!
DAVI: - Temos muito que aprender com a palavra...
JOEL: - Bom, mais uma vez, obrigado.
DAVI: - Penso em fazer uma vigília...
JOEL: - Vigília?
DAVI: - Sim. Sinto que preciso buscar mais o poder...
então pensei em uma noite de cânticos, jejum e orações.
JOEL: - Sim...
DAVI: - Nesses dias de atribulações, com tantos perigos
nos sondando... Sabe como é... sem puder o crente cai. E é de madrugada o
melhor horário para nós, crentes, buscar puder.
JOEL: - O irmão está me convidando?
DAVI: - Claro! Se o irmão estiver interesse...
JOEL: - Sim. Tenho...
DAVI: - Então vá em paz irmão.
JOEL: - Amém!
DAVI: - Amém! (Apertam as mãos, há um
desconforto. Saem)
CENA IX
HELENA: - Que bom que chegaram... Já estava preocupada.
MIDIÃ: - A paz mãe.
HELENA: - A paz!
ISAC: - A Paz.
HELENA: - Que cara é essa?
MIDIÃ: - Isac implicou com o irmão Joel...
HELENA: - Mas por que?
MIDIÃ: - Ora mãe! Que ingenuidade... Por que seria? Por
causa de Sunamita.
HELENA: - Não! Misericórdia! Sempre achei Sunamita atirada.
Irmã Sara que não cuide pra vê.
ISAC: - Tem algo de muito estranho no comportamento desse
irmão Joel.
HELENA: - O que?
MIDIÃ: - Ciúmes mãe! Está caidinho pela jovem Sunamita.
HELENA: - Se esta interessado em Sunamita... Ore meu filho.
ISAC: - Vê se não enche! (Sai)
HELENA: - Misericórdia! Isso é jeito de falar com sua irmã?
MIDIÃ: - Deixa mãe! O problema é que Sunamita está
interessada no irmão Joel! Por isso ele está assim... todo nervosinho.
HELENA: - E você minha filha, não provoque seu irmão.
MIDIÃ: - E a senhora? Me parece triste.
HELENA: - Nada não filha... Preocupações! Seu casamento se
aproximando...
MIDIÃ: - Já falaram com o Pastor?
HELENA: - Sim. Seu pai conversou com ele. O Pastor que
conversar com você e seu noivo.
MIDIÃ: - Que benção! Louvado seja! Quão maravilhoso é meu
Deus! Há mãe, não vejo a hora de me tornar esposa de Davi.
HELENA: - Vai com calma mocinha! Casamento é um passo muito
importante!
MIDIÃ: - Sempre amei Davi. Desde de menina, sempre!
HELENA: - Vou vê seu irmão. E a senhorita juízo. Ore!
MIDIÃ: - Ah Davi! Enfim... Marido e mulher! (Sai)
CENA X
SARA: - Obrigado irmão pastor! Muito gentil de sua
parte...
PASTOR: - Fico feliz em poder ajuda-la.
SARA: - Vou levar um século para organizar toda essa
bagunça.
PASTOR: - Aos poucos conseguirá por tudo em ordem. Bem preciso
ir...
SARA: - Nem pensar! O irmão não sairá antes de
experimentar meu cafezinho.
PASTOR: - Irmã, não precisa se incomodar.
SARA: - Quer isso?! Incomodo algum. Me sentirei ofendida
o irmão não aceitar.
PASTOR: - Já que a irmã insiste...
SARA: - Espero que goste.
PASTOR: - Hum! Perfeito. Delicioso.
SARA: - Que bom que está ao gosto do irmão.
PASTOR: - Irmã... e vosso marido? Deu alguma notícia?
SARA: - Aquele traste? Não. Também não me interessa.
PASTOR: - Há muitas mágoas em seu coração. A irmã já pensou
em perdoá-lo?
SARA: - Perdoá-lo?
PASTOR: - Jesus disse em seus ensinamentos... que devemos
perdoar...
SARA: - Já sei. Setenta vezes sete. Não estou ainda nesse
patamar. Quero que aquele traste queime nas profundezas do inferno.
PASTOR: - Deus a perdoe. Diz isso no calor do momento. E é
compreensivo essa sua reação. Afinal é tudo muito recente. Mas peço que ore
irmã, peça a Deus sabedoria para lidar com essa situação, mesmo porque a irmã
vai precisar resolver assuntos burocráticos.
SARA: - Infelizmente. O pastor conhece algum advogado que
possa me indicar?
PASTOR: - Conheço. Pensa em divorcio?
SARA: - Não só penso. Pedirei. Quero me separar
legalmente.
PASTOR: - Irmã é uma decisão muito importante.
SARA: - Sei disso.
PASTOR: - Não o ama mais?
SARA: - Amor... Não.
PASTOR: - Está certa disso?
SARA: - Tão certa quanto minha fé..
PASTOR: - Sendo assim... falarei com meu amigo, o advogado.
SARA: - Só não me disponho de grandes recursos.
PASTOR: - Não se preocupe com isso.
SARA: - Pastor... E sua esposa? Não há conheci.
PASTOR: - O Senhor a chamou há alguns anos...
SARA: - Sinto muito.
PASTOR: - Sofri. Mas me conforta saber que partiu servindo
ao Senhor.
SARA: - Entendo.
PASTOR: - A prosa está boa, mas... realmente preciso ir...
o dever me espera. Tenho um sermão para preparar.
SARA: - Vou acompanha-lo até a porta. Pra que volte mais
vezes!
PASTOR: - Obrigado. A irmã irá ao culto hoje?
SARA: - Sim... Vou.
PASTOR: - Então lhe aguardo na congregação. A paz!
SARA: - A paz! E obrigado pela força. (Ele sai.
Ela fica pensativa) A paz!
CENA XI
(Em vigília no monte)
JOEL: - A paz!
DAVI: - A Paz!
JOEL: - Fico feliz que tenha vindo.
DAVI: - E o pessoal?
JOEL: - Pois é irmão... Acho que não veem.
DAVI: - Que pena!
JOEL: - Amas a palavra diz: “onde estiver
dois ou mais reunidos em meu nome, lá estarei”. Aqui estamos nós.
DAVI: - Verdade! E onde vamos?
JOEL: - Lá no alto. Tem uma gruta. Sempre nos
reunimos lá para orar... É um lugar muito tranquilo.
DAVI: - É bem alto.
JOEL: - Nas tem uma visão privilegiada de
todo vale. A sensação é que teremos é de estar bem próximos de Deus. Vamos?
DAVI: - Claro. Vamos!
JOEL: - Por aqui... (Saem)
CENA XII
HELENA: - Boa noite irmão Pastor?!
PASTOR: - Boa. A Paz, irmã Helena.
HELENA: - Me perdoe o incomodo...
PASTOR: - Incomodo algum. Entre, sente-se. A irmã me parece
tensa.
HELENA: - Obrigada!
PASTOR: - Em que lhe posso ajuda-la?
HELENA: - (levanta-se) Perdão! É que... não é nada...
estava de passagem e...
PASTOR: - Irmã... Não precisa sentisse envergonhada.
Sou seu pastor. Se veio até aqui, é por que Deus tocou em seu coração. Não sei
o motivo que lhe motivou a vir. Mas aqui estou como seu pastor e amigo. Sinto
que a irmã está angustiada.
HELENA: - Ah, pastor!
PASTOR: - Eis-me aqui!
HELENA: - Me sinto tão envergonhada.
PASTOR: - Que lhe aflige?
HELENA: - Não deveria estar aqui... Mas minha
angustia é tão grande... Não sabia com quem falar... então pensei...
PASTOR: - Deus lhe guiou até aqui. Se Deus lhe trouxe
a mim, quem sabe não possa lhe ajudar, nem que seja com uma palavra amiga.
HELENA: - Sabe irmão Pastor, não é confortável falar
sobre isso.
PASTOR: - Imagino que não. Mas fique tranquila minha
irmã, o que for dito aqui, daqui não sairá.
HELENA: - Que bom! Meu marido... (Silêncio)... Já
não me procura mais. Sabe Pastor, temo só de pensar... Mas acho que está
envolvido com outra pessoa.
PASTOR: - Não creio. O irmão é um homem temeroso ao
Senhor e sabe que adultério é pecado, pois conhece a palavra.
HELENA: - A carne é fraca!
PASTOR: - Irmão Saulo é um homem de fé. Tem cargo na
igreja, é um diácono, não manteria dentro da casa do Senhor em tamanho pecado.
HELENA: - Então que justifica sua ausência como
esposo?
PASTOR: - Pode está passando por algum problema
emocionais ou financeiros que irmã desconheça.
HELENA: - Não... Eu saberia.
PASTOR: - Sabe irmã... Vou lhe confessar um segredo
nosso... Nós homens, quando passamos por alguma situação conflituosa, temos
dificuldades de... se relacionar... intimamente. Entende?
HELENA: - Faz muito tempo Pastor. Bastante tempo que
já não me procura. E no meu intimo, algo me diz, que alguma coisa está muito
errada.
PASTOR: - Bem irmã... Posso conversar com Saulo.
HELENA: - Não sei. Se souber que vim aqui e falei de
nossa intimidade... Vai pensar que estou me queixando.
PASTOR: - Não se preocupe irmã. Não saberá que veio
conversar comigo. Saberei abordar o assunto sem levantar suspeitas.
HELENA: - Ah irmão! Não sabe o quanto lhe serei
grata. Amo meu marido, e desejo que tudo volte a ser como antes.
PASTOR: - Será irmã. Confie em Deus. Ore. Nada melhor
que a oração. Deus é nosso socorro nas horas mais difíceis.
HELENA: - Verdade. Farei jejum e orações. A paz
irmão!
PASTOR: - A paz. (Ela sai, ele fica
pensativo)
CENA XII
SUNAMITA: - Gostaria muito de ter ido a vigília.
MIDIÃ: - Não fica bem para nós, moças, sozinhas na
companhia de rapazes, ainda mais sem nossos pais.
SUNAMITA: - Que bobagem! Daqui há uns meses você se
casa com meu irmão.
MIDIÃ: - O povo fala!
SUNAMITA: - O povo vê maldade onde não existe.
MIDIÃ: - É impressão minha ou está gostando de Davi?
SUNAMITA: - Não. Não é impressão. Davi é um jovem
interessante! Bonito, educado e está no caminho do senhor.
MIDIÃ: - E é principalmente livre.
SUNAMITA: - Exato! Que varão!
MIDIÃ: - Acha que tem chance?
SUNAMITA: - Só depende dele. Por que eu estou a fim.
MIDIÃ: - Que jeito de falar.
SUNAMITA: - Maninha... não quero ficar pra titia! Se eu
dê mole, vem outra e cata. Misericórdia. Esse não me escapa
MIDIÃ: - Falando assim, parece que esta desesperada.
SUNAMITA: - Temos poucas opções aqui.
MIDIÃ: - Isac é completamente apaixonado por você.
SUNAMITA: - Isac não conta. O tenho como alguém da
família. Bem que você podia me dar uma forcinha com o irmão Davi.
MIDIÃ: - Não sei como.
SUNAMITA: - Falando com Joel. Pelo que percebi, Joel
está bem próximo do irmão Davi.
MIDIÃ: - Por que você mesmo não fala?
SUNAMITA: - Você acha? Joel jamais iria me ajudar. Mas
você falando com jeitinho... Quem sabe?!
MIDIÃ: - Não acha que vais parecer bem oferecida.
SUNAMITA: - Desde que aceite, ótimo! Bem melhor que
ficar solteirona.
MIDIÃ: - Já disse... só fica solteirona se quiser.
Meu irmão...
SUNAMITA: - Vamos mudar de prosa? Esse assunto me
aborrece. E você, como se sente as véspera do casório?
MIDIÃ: - Essa semana vamos conversar com o Pastor.
Estou ansiosa. Não vejo a hora de marcarmos logo esta data.
SUNAMITA: - Nossa que pressa!
MIDIÃ: - Esperei a vida toda por esse momento.
Sempre amei teu irmão, sabe disso.
SUNAMITA: - Como sei.
MIDIÃ: - Nosso amor é abençoado por Deus!
SUNAMITA: - E eu fico feliz por você ser a minha
cunhadinha!
MIDIÃ: - Agora vamos... é tarde! (Saem)
CENA XIII
(Na gruta ajoelhados um de frete para o outro)
JOEL: - E disse o Senhor: Eu sou o caminho, a
verdade e a vida... (Fixam os olhos um no outro. Calam. Estendem a mão) Oremos...
Senhor meu Deus, peço-te... (Não resistem: beijam-se)
JOEL: - (Assustado) Por que fez
isso?
DAVI: - Não sei...
JOEL: - É repugnante! (Se levanta)
DAVI: - Me perdoe! Aconteceu...
JOEL: - Meu Deus! Pecamos.
DAVI: - Quiseste tanto quanto eu...
JOEL: - Estas sendo usado pelo inimigo pra me
tentar.
DAVI: - Não... nada disso... Não sejas tolo.
JOEL: - Tem consciência do que ocorreu aqui? Tem?
DAVI: - Claro! Apenas duas pessoas que se
desejam...
JOEL: - Cala-te. Pecamos na presença de Deus.
DAVI: - Não fizemos nada demais... Foi só um beijo.
JOEL: - Não entende? A bíblia diz: “Com varão te
não deitarás, como se fosse mulher; abominação é”. (Lv 18.22)
DAVI: - Não exagere! Não há, na Bíblia, nenhuma só
vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que
empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas.
JOEL: - Não blasfeme!
DAVI: - A palavra homossexual só foi criada em 1869,
reunindo duas raízes linguísticas: Homo (do Grego, significando
"igual") e Sexual (do latim). Portanto, como a Bíblia foi escrita
entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os escritores sagrados terem usado uma
palavra inventada só no século passado. E se for da vontade de Deus que a gente
se ame?
JOEL: - Você... está sendo usado pelo inimigo pra
provar minha fé...
DAVI: - Não. Estou apaixonado por você. (Abraça-o
e beija-o outra vez. Joel deixa a bíblia cair no chão. Após o beijo, corre
desesperado. Apagam-se as luzes)
FIM DO PRIMEIRO ATO
SEGUNDOO ATO
CENA I
(Joel entra agitado e passa pelos pais feito um
foguete)
EZEQUIEL: - Que tens? Parece inquieta.
RUTE: - Sinto uma agonia. Algo está me sufocando.
EZEQUIEL: - Então ore.
RUTE: - Não tenho feito outra coisa.
EZEQUIEL: - Vai passar.
RUTE: - Espero que sim. Estou preocupada com Joel.
EZEQUIEL: - Joel está bem. Esta na presença de Deus.
RUTE: - Tens razão. Deve ser bobagem da minha
cabeça. Coisa de mãe.
EZEQUIEL: - Vá se deitar.
(Entra Joel chorando)
RUTE: - Filho...
EZEQUIEL: - Deixa... Eu vou lá.
RUTE: - Está bem. Vou preparar um chá.
EZEQUIEL: - (Caminha até o filho) Filho?
JOEL: - Meu pai?!
EZEQUIEL: - Que houve?
JOEL: - Nada pai, nada.
EZEQUIEL: - Como não? Está chorando. Chorando!
JOEL: - Estou bem.
EZEQUIEL: - Quem pensa que quer enganar?
JOEL: - Só estou triste. Triste! Só isso.
EZEQUIEL: - Triste. E o que te fez ficar triste?
JOEL: - Preocupado pai. Preocupado!
EZEQUIEL: - E que preocupação é essa filho?
JOEL: - Esse casamento pai...
EZEQUIEL: - Há! Entendo... Sabe filho, isso tudo, essa
insegurança, essa incerteza, é natural...
JOEL: - Não sei se é o momento, se é isso mesmo que
quero.
EZEQUIEL: - Senta aqui filho. Sabe, quando decidi casar
com tua mãe, também tive duvidas. Confesso... quanto mais próximo chegava do
casamento, mais em pânico eu ficava.
JOEL: - É pai. É só uma pequena tensão.
EZEQUIEL: - Você ama Midiã?
JOEL: - Sim... amo.
EZEQUIEL: - Que bom.
JOEL: - O senhor pode me deixar um pouco sozinho?
EZEQUIEL: - Claro! Mas se precisar... é só chamar!
Fique em paz!
JOEL: - Ficarei. (O pai sai) E
agora? Meu Deus! Deus? Que farei? Me guia Senhor... Não me deixes cair em
tentação. Livrai-me Senhor dos laços malignos, desse cerco do inimigo... Me
perdoe Senhor, eu pequei! (Chora)
CENA II
SARA: - Já em casa filho? (Beija-o) Como
foi? Que foi filho?
DAVI: - Nada.
SARA: - Que cara é essa? Está pálido.
DAVI: - É sono.
SARA: - Sei que não... Não quer falar, né? Ah, meu
filho! Sabe que temos um pacto de confiança. Sou sua mãe, amiga, pode confiar
em mim...
DAVI: - Não me sinto a vontade pra falar sobre
isso...
SARA: - Tudo bem filho. Seja o que for que está lhe
deixando assim... Sabe que pode contar comigo. Vou deixa-lo só. Mas se
precisar... Estou ao lado.
DAVI: - Obrigado mãe.
SARA: - Boa noite filho. (Beija-o e sai)
DAVI: - Burro, burro, burro... burro! Estraguei
tudo. Tudo! Droga!
CENA III
MIDIÃ: - A paz do Senhor Pastor!
PASTOR: - A paz! Entre minha jovem.
MIDIÃ: - Vim conversar com o senhor...
PASTOR: - E fico muito feliz. Sente-se.
MIDIÃ: - Obrigada!
PASTOR: - Sabe por que pedi que viesse aqui?
MIDIÃ: - Já imagino. E o irmão Pastor não sabe o
quanto ansiava por esse momento.
PASTOR: - Imagino! É sobre seu casamento com o jovem
Joel.
MIDIÃ: - Sim...
PASTOR: - Vejo que a irmã esta muito empolgada com
esse casamento.
MIDIÃ: - Deus sabe o quanto espero por esse momento.
PASTOR: - Deve amar muito o jovem Joel.
MIDIÃ: - Muito Pastor.
PASTOR: - É bom ter essa certeza. Mas a irmã sabe que
um casamento trás muitas responsabilidades.
MIDIÃ: - Sei Pastor.
PASTOR: - Vendo seu entusiasmo me sinto convicto que
realizar esta cerimonia de casamento será um passo certo...
MIDIÃ: - Sinto que Joel é o homem que Deus preparou
para mim. Sempre o amei...
PASTOR: - Que bom. Agora só resta conversar com o
jovem Joel pra saber que pensa sobre tudo isso.
MIDIÃ: - Claro Pastor.
PASTOR: - Então, já pode ir...
MIDIÃ: - Obrigada Pastor.
PASTOR: - Não esqueça. Ore!
MIDIÃ: - A paz!
PASTOR: - A paz, minha doce jovem...
MIDIÃ: - Amém!
PASTOR: - Amém. (Ela sai)
CENA IV
ISAC: - A paz do Senhor Sunamita!
SUNAMITA: - A Paz.
ISAC: - Posso falar contigo?
SUNAMITA: - Já está falando, não está?
ISAC: - Mas é que é um assunto sério.
SUNAMITA: - Isac, numa boa... Não quero me irritar contigo.
ISAC: - Por que me trata tão mal?
SUNAMITA: - Por que é inconveniente. Por isso!
ISAC: - Precisa me tratar tão mal?
SUNAMITA: - Olha Isac, numa boa... Se vai falar sobre namoro,
já sabe minha resposta. Nunca vou namorar com você, nunca. Fui clara?
Misericórdia! Me deixa em paz. (Sai)
ISAC: - Isso é o que veremos! (Sai)
CENA V
RUTE: - Bom dia irmã Sara?!
SARA: - Bom dia! A paz!
RUTE: - Bom irmã... Vim até aqui para lhe fazer um
convite.
SARA: - Um convite?
RUTE: - Exato.
SARA: - Então diga irmã.
RUTE: - Eu e a irmã Helena vamos dar um jantar especial,
como boas vindas a você e seu filho.
SARA: - Me sinto lisonjeada!
RUTE: - Será uma coisa simples, mas feita de coração.
SARA: - Nem sei como agradecer.
RUTE: - Agradeça comparecendo hoje a noite em minha casa.
As sete.
SARA: - Claro. Será uma grande honra.
RUTE: - Então até a noite. A paz irmã. (Sai)
SARA: - A paz! Uma recepção de boas vindas? Ual! (Sai)
CENA VI
JOEL: - Irmão Pastor?!
PASTOR: - Oi! Entra Joel.
JOEL: - A paz do Senhor!
PASTOR: - A paz! Entre, sente... Já o esperava. O irmão me
parece tenso.
JOEL: - Sinto-me perdido... confesso!
PASTOR: - Meu jovem, Deus está contigo! Não temas.
JOEL: - Me sinto inseguro.
PASTOR: - E porque se sentes assim?
JOEL: - De uns dias pra cá... estou tomado por dúvidas.
PASTOR: - Sobre?
JOEL: - Sobre mim...
PASTOR: - Explique-se.
JOEL: - Meus sonhos, minhas vontades, meus desejos...
PASTOR: - Somos humanos, temos nossas fraquezas... Mas nem
por isso podemos por em dúvida a nossa fé, nossas convicções, a nossa salvação.
A bíblia é clara, vigiai e orai. És um homem de fé Joel... Disto não tenho
dúvida, mas sinto que estás tão aflito. Tem haver com o casamento?
JOEL: - Sim pastor. De certo odo sim.
PASTOR: - Meu jovem... Se abra comigo. Quem sabe eu possa
lhe ajudar.
JOEL: - Não sei...
PASTOR: - Não amas Midiã?
JOEL: - Amo. Mas não me sinto preparado. Não sei se só
amar é o suficiente para subir ao altar e jurar lealdade até o fim de nossas
vidas.
PASTOR: - Entendo. Meu Deus! Sabes o quanto Midiã irá
sofrer se este casamento for adiado.
JOEL: - Sei sim senhor Pastor. Mas quero ter certeza de
que estou dando o passo certo. Mesmo por que sei o quanto isso significa para
ela.
PASTOR: - Entendo.
JOEL: - Só que se eu não subir ao altar com Midiã... Tenho
medo.
PASTOR: - Medo?
JOEL: - Irá frustrar não só a ela mas também as nossas
famílias.
PASTOR: - Não pretendes terminar o noivado, pretendes?
JOEL: - Não...
PASTOR: - Então podemos marcar uma data simbólica de
preferencia para alguns meses à frente para você pensar mais sobre o assunto.
JOEL: - Não sabes o quanto ficarei grato!
PASTOR: - Irmão estou aqui para cuidar desse rebanho. E
também uns dias a mais não irá matar ninguém. Escute irmão Joel, volte para
casa, pense, ore e peça a Deus para iluminar sua mente. Gostar da moça, sei que
gosta, se não é amor, pode vim com o tempo, com a convivência. O amor,
principalmente no matrimonio é uma construção que vem com a convivência do dia
a dia. As vezes as pessoas confundem o amor com essas paixões avassaladoras. O
perigo meu caro, é que paixão passa, amor não.
JOEL: - Obrigado Pastor.
PASTOR: - Vá em paz Joel. E se precisar, quando quiser
conversar estarei aqui.
CENA VII
SUNAMITA: - Trago boas novas...
MIDIÃ: - Não vai dizer que... Não?! Falou com Davi?
SUNAMITA: - Imagina! Quem me dera! Ah,, que varão!
MIDIÃ: - Então porque essa empolgação?
SUNAMITA: - Advinha quem procurou o pastor hoje?
MIDIÃ: - Não?! Meu Deus! Olha? Estou até tremendo...
SUNAMITA: - Meu irmão foi conversar.
MIDIÃ: - Que benção!
SUNAMITA: - Logo teremos casório.
DAVI: - A paz?!
SUNAMITA: - A paz irmão Davi!
MIDIÃ: - A paz do Senhor Jesus irmão Davi.
DAVI: - Perdão... Mas ouvi falar de casamento.
SUNAMITA: - Midiã e meu irmão... vão marcar a data.
DAVI: - Há é?! Parabéns! Fico feliz por vocês.
MIDIÃ: - Obrigada! Bem, eu tenho algumas coisas pra
fazer... Então depois a gente se fala. A paz1
SUNAMITA: - A paz cunhada! Ela está muito feliz.
DAVI: - Imagino.
SUNAMITA: - E você?
DAVI: - Que tem eu?
SUNAMITA: - Não namora?
DAVI: - No momento não.
SUNAMITA: - Deve ter deixado um monte de moças apaixonadas...
DAVI: - Que nada.
SUNAMITA: - Ainda é humilde!
DAVI: - Bem... Eu preciso ir.
SUNAMITA: - Há, mas já?
DAVI: - Sim. Realmente preciso ir.
SUNAMITA: - Aparece lá em casa. Joel vai gostar, e eu também.
DAVI: - Claro! A paz.
SUNAMITA: - A paz!
CENA VIII
RUTE: - Não acha que a irmã Sara está demorando um pouco.
HELENA: - Que nada! Esta no horário.
RUTE: - Caprichou, hein?:
HELENA: - Tudo pelo Pastor.
EZEQUIEL: -
MIDIÃ: - E Joel?
SUNAMITA: - No quarto. Vou chama-lo...
PASTOR: - Como está nosso jovem irmão?
EZEQUIEL: - Bem irmão... E como foi a conversa?
PASTOR: - Proveitosa.
EZEQUIEL: - Achei meu filho tenso com toda essa história.
PASTOR: - E que não ficaria? Meu caro irmão... casamento é
coisa série.
SAULO: - Tão sério que devemos logo arcar essa data.
MIDIÃ: - Não acha estranho?
HELENA: - O que?
MIDIÃ: - Joel mãe. Já devia está aqui. Faz tempo que chegamos
e nem veio falar comigo.
HELENA: - Calma filha! Se não assusto o rapaz.
RUTE: - Venham comigo... Quero mostrar algo especial que
preparei.
HELENA: - Algo especial? Essa irmã está mesmo com moral.
MIDIÃ: - Mãe! Misericórdia... (Saem)
EZEQUIEL: - Irmão Pastor venha...
SAULO: - Irmão Ezequiel e suas engenhoca... É melhor ir
com ele, ou vai achar que não damos importância a seus experimentos. (Sai)
SUNAMITA: - Joel?
JOEL: - Que foi?
SUNAMITA: - Que está rolando?
JOEL: - Deixa papai ouvi você falando assim...
SUNAMITA: - Você não irá contar.
JOEL: - Devia.
SUNAMITA: - Estão perguntando por você.
JOEL: - Inventa uma desculpa.
SUNAMITA: - Me pedindo pra me mentir?
JOEL: - Não é difícil pra você.
SUNAMITA: - Que imagem tem de mim! Olha Joel sei que algo
muito ruim está acontecendo...
JOEL: - Vidência é pecado! Vindo de você só pode ser
charlatanismo...
SUNAMITA: - Misericórdia... Que horror!
JOEL: - Vou orar por você.
SUNAMITA: - Falando sério... Tua noiva te espera.
JOEL: - Não quero descer.
SUNAMITA: - Por que meu irmão? Estou preocupada. Apesar desse
meu jeitinho transloucada... percebo as coisas.
JOEL: - E o que percebe?
SUNAMITA: - Que está sendo desonesto.
JOEL: - Que quer dizer?
SUNAMITA: - Se vai continuar com essa farsa pra agradar a
todos... Ao menos faça um esforço para parecer natural. Olha, se não descer por
vontade própria, Midiã vem te escoltar. Te espero lá em baixo. (Sai)
JOEL: - Dai-me forças Senhor! (Sai)
(Na sala)
HELENA: - Nossa! Você caprichou... Deu até uma invejinha!
MIDIÃ: - Mãe?!
HELENA: - Invejinha branca.
RUTE: - Esquenta não irmã Helena... Farei um almoço
especial só pra você.
MIDIÃ: - E Joel?
SUNAMITA: - Já desce.
SAULO: - Nossos convidados...
RUTE: - Irmã Rute?!
HELENA: - Chegaram.
SAULO: - Joel? (chama)
RUTE: - Entrem fiquem a vontade!
SARA: - A paz!
PASTOR: - A paz meus irmãos... Sejam bem vindos! Que bom
que chegaram... Estávamos ansiosos, loucos para provar das delícias que a irmã
nos preparou. (Todos riem)
JOEL: - A paz do Senhor irmãos?!
TODOS: - A paz!
MIDIÃ: - Joel?
JOEL: - Como vai Midiã?
MIDIÃ: - Melhor agora.
RUTE: - Helena, vamos mostrar a casa para irmã Sara...
HELENA: - Claro.
EZEQUIEL: - Sejam breves... Estamos famintos.
SAULO: - Nisso concorda.
SUNAMITA: - Que bom que veio. Fico feliz irmão Davi.
DAVI: - Obrigado!
SUNAMITA: - Sinta-se em casa. Fique a vontade!
DAVI: - Como vai irmã Midiã?
MIDIÃ: - Ótima! Na paz.
DAVI: - Posso conversar com você irmão Joel?
SUNAMITA: - Midiã vem comigo...
MIDIÃ: - Com licença.
DAVI: - Precisamos conversar...
JOEL: - Não temos o que conversar...
DAVI: - Como não? Então não significou nada pra você?
JOEL: - Enlouqueceu?
DAVI: - Seja adulto e enfrente a realidade de frente.
JOEL: - Meu Deus! Venha comigo... (Saem)
MIDIÃ: - Que está acontecendo?
SUNAMITA: - Não faço ideia...
EZEQUIEL: - Meninas... Cozinha.
SUNAMITA: - Vamos Midiã...
EZEQUIEL: - E Joel?
MIDIÃ: - Subiu com irmão Davi. Vou chama-los...
SUNAMITA: - Eu chamo.
MIDIÃ: - Para! Já sou de casa.
EZEQUIEL: - Vamos Sunamita. (Saem)
CENA IX
JOEL: - O que está tentando fazer? Destruir minha vida?
DAVI: - Diz que pra você não foi importante... (Midiã
escondida ouve)
JOEL: - Não sei do que está falando...
DAVI: - Quer que eu grite pra que todos ouçam?
JOEL: - Enlouqueceu?
DAVI: - Não consigo parar de pensar um só segundo...
JOEL: - És um pecaminoso. Estás sendo usado pelo
inimigo...
DAVI: - O demônio não tem culpa pelo desejo que sentimos
um pelo outro.
JOEL: - Cala-te. És um pervertido!
DAVI: - Você gostou... Correspondeu aquele beijo.
JOEL: - O
pecado do homossexualismo, de acordo com a Bíblia, é o estágio final da queda
moral e espiritual de uma sociedade que rejeita a revelação de Deus. Eram
maus os varões de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor.
DAVI: - Pecado? É pecado amar? É pecado, sentir-se feliz
ao lado de alguém que amamos? Pecado é essa mentira que stás criando em torno
dessa farsa...
JOEL: - Farsa? Que farsa?
DAVI: - Esse casamento com Midiã. Não percebe que se
seguir adiante, só a fará sofrer?
JOEL: - Amo Midiã...
DAVI: - A quem quer enganar? És um conhecedor das
escrituras e sabes que não há quem engane a Deus.
JOEL: - Foste enviado pelo inimigo para testar a minha
fé.
DAVI: - Não. Fui enviado por Deus para evitar que cometa
o maior erro da tua vida.
JOEL: - O homossexualismo é um vício, a Sagrada Escritura
não hesita em incluir os homossexuais entre os que não herdarão o Reino de
Deus.
DAVI: - Deus julga os seus pela pureza dos seus corações.
E o que sinto por você é puro, é amor...
JOEL: - Isso é uma abominação.
DAVI: - Se a homossexualidade fosse prática tão
condenável, como justificar a indiscutível relação homossexual existente entre
David e Jônatas?! Eis a declaração do salmista para seu bem-amado: "Tua
amizade me era mais maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras
deliciosamente querido!" (II Samuel, 1:26).
JOEL: - Não distorça a palavra...
DAVI: - Joel...
JOEL: - Não chegue perto...
MIDIÃ: - Joel!
JOEL: - Midiã? A quanto tempo estava ai?
DAVI: - Ouvi nossa conversa?
MIDIÃ: - Estão nos esperando... Vamos?
JOEL: - Sim... Vamos. (Saem)
CENA X
SARA: - Pensei que a irmã Helena não ia parar de falar...
enumerando a felicidade conjugal e familiar... Filho, que houve? Está chorando.
DAVI: - Sou o homem mais infeliz da face da terra mãe.
SARA: - Não diga isso filho! Oh, meu Deus! O que está
acontecendo contigo filho?
DAVI: - Nada mãe, nada.
SARA: - Como nada. Filho... estas sofrendo. Se abra
comigo.
DAVI: - Aconteceu de novo mãe.
SARA: - O que filho?
DAVI: - Você sabe... sabe de que estou falando.
SARA: - Meu filho! Imagino o quanto estejas sofrendo.
Mas, escuta, sempre estarei ao seu lado, sempre.
DAVI: - Obrigado mãe.
SARA: - É Joel, não é?
DAVI: - Como sabe?
SARA: - Intuição! Ai meu Deus! Ele sabe?
DAVI: - Nega. Nega os próprios sentimentos.
SARA: - Filho... Joel está noivo, vai casar...
DAVI: - Fuga. Fuga, mãe.
SARA: - Ah, Davi meu filho... Ainda que ele queira viver
isso... Não percebe o quanto sofrerão com o preconceito?
DAVI: - Amo Joel Mãe... Amo.
SARA: - Oh meu filho!
DAVI: - Você é incrível.
SARA: - E você um filho maravilhoso. Vá descansar.
Pensaremos num solução.
DAVI: - Boa noite mãe...
SARA: - Boa noite.
DAVI: - Mãe? Você acha que...
SARA: - Que?
DAVI: - Pessoas como eu, será condenado no juízo final?
SARA: - Filho... Para Deus, o importante é amar... o amor
é que importa.
DAVI: - Oh, mãe... A paz!
SARA: - A paz filho. Onde vai?
DAVI: - Dá uma volta.
SARA: - Cuidado. Não demora. (Ele sai. Ela chora)
CENA XI
IZAQUE: - Preciso falar com você...
RUTE: - Aqui não Izaque.
IZAQUE: - Não estou mais conseguindo lavar meu casamento
adiante.
RUTE: - chega Izaque! Não é hora e local de falar sobre
isso. Meu marido e meus filhos...
IZAQUE: - Amanhã te espero lá...
RUTE: - Enlouqueceu? Sabe que não posso.
IZAQUE: - Pode. Vou lhe esperar... (Ele sai)
CENA XII
HELENA: - Teu pai?
MIDIÃ: - Foi deixar o Pastor em casa.
HELENA: - Estou te achando estranha.
MIDIÃ: - Eu?
HELENA: - É. Aconteceu alguma coisa?
MIDIÃ: - Não, não...
HELENA: - Não vai me dizer que brigou com seu noivo.
MIDIÃ: - Não mãe.
HELENA: - E que caras eram aquelas na mesa?
MIDIÃ: - Não sei do que esta falando mãe. Impressão sua.
HELENA: - E esse olhar triste?
MIDIÃ: - Mãe... Me abraça.
HELENA: - Que foi filha?
MIDIÃ: - Só me abraça.
HELENA: - Midiã?
MIDIÃ: - É só carência de filha mãe.
HELENA: - Oh filha! (Saem)
CENA XII
ISAC Pega sunamita a força Davi a salva.
SUNAMITA: - Isac?
ISAC: - Posso entrar?
SUNAMITA: - Não fica bem... Estou sozinha.
ISAC: - Que foi... não confia em mim?
SUNAMITA: - Não é isso. É que podem falar.
ISAC: - Desde de quando se importa com que falam?
SUNAMITA: - Desde que... Olha, como já lhe disse estou
sozinha, e peço que saia...
ISAC: - Estou cansado de suas recusas. (Lhe segura)
SUNAMITA: - Me solta Isac...
ISAC: - Que vai fazer?
SUNAMITA: - Está me machucando...
ISAC: - Hoje você vai vê...
SUNAMITA: - Do que está falando?
ISAC: - Será minha.
SUNAMITA: - Está louco. Me solta. Está me machucando.
ISAC: - Eu te amo Sunamita.
SUNAMITA: - Mais eu não...
ISAC: - Mas será minha...
SUNAMITA: - Me solta ou...
ISAC: - Ou?
SUNAMITA: - Vou gritar.
ISAC: - Então grita.
SUNAMITA: - Socorro! (Ele a pega a força, ela reage,
ele rasga sua roupa)
ISAC: - Será minha! Só minha...
SUNAMITA: - Socorro! Me solta... Não... Não! Socorro! (Entra
Davil)
DAVI: - Que está acontecendo aqui?
SUNAMITA: - Socorro! Me ajude. Ele está louco.
DAVI: - Solte-a. Solte-a... (Parte para cima de
Isac)
ISAC: - Isso não ficará assim.
SUNAMITA: - Não ficará mesmo. Você pagará muito caro por
isso...
ISAC: - Olha que fez fazer?!
DAVI: - Agora ela que é a vítima se torna culpada.
SUNAMITA: - Isso não ficará assim... Vou te denunciar.
ISAC: - Que?
DAVI: - Isso mesmo que ouviu. Tentativa de estupro é
crime!
ISAC: - Estupro? Ela quis...
SUNAMITA: - Que?
DAVI: - Você é mesmo um mal caráter. Eu vi... Você estava
forçando a barra.
ISAC: - Ela me provocou.
SUNAMITA: - Mentira! Eu juro. Ele entrou e me pegou a força.
ISAC: - Quero vê você provar.
DAVI: - Cai fora daqui... Fora! Antes que eu te arrebente
a cara.
SUNAMITA: - vai dar pra ele né? Sua vadia! (Sai)
SUNAMITA: - Que canalha! Nunca pensei que...
DAVI: - Calma!
EZEQUIEL: -
RUTE: - Ai meu deus! Misericódia...
EZEQUIEL: - Que está acontecendo aqui?
SUNAMITA: - Calma! Eu posso explicar.
RUTE: - Minha filhinha o que fizeram com você?
JOEL: - Que você fez com minha irmã?
DAVI: -Eu?
JOEL: - Não eu.
SUNAMITA: - Chega! Chega. Eu fui violentada.
EZEQUIEL: - Seu canalha!
SUNAMITA: - Não pai. Não foi ele. Não foi...
RUTE: - Minha filha... Que me explicar o que está
acontecendo aqui?
JOEL: - Que fez isso com você minha irmã?
DAVI: - Isac.
EZEQUIEL: - Canalha!
RUTE: - Não é possível.
JOEL: - É verdade Sunamita?
SUNAMITA: - Sim... Entrou, e me pegou a força.
DAVI: - Estava passando, quando ouvi os gritos de
socorro.
SUNAMITA: - Se não fosse Joel... O pior teria acontecido.
RUTE: - Meu Deus! Que escândalo.
DAVI: - Agora tem que fazer denúncia.
JOEL: - Claro!
EZEQUIEL: - Vou ligar para o pastor...
RUTE: - Esse jovem é um perigo. Está possuído pelo
demônio
DAVI: - O demônio não tem nada a ver com isso irmã. O que
o Isac tem é falta de caráter.
RUTE: - Vem filha... Vamos pro seu quarto.
DAVI: - deve permanecer como está.
RUTE: - Que está dizendo? Está louco? Minha filha esta
quase nua.
DAVI: - Tem que permanecer como está para fazer o corpo
de delito.
JOEL: - Claro mãe. Se não consegue processar o crápula.
EZEQUIEL: - Vou procurar o pastor...
RUTE: - Vamos filha...
SUNAMITA: - Obrigada Davi.
DAVI: - Fica bem viu. (Saem Sunamita e Rute)
JOEL: - Obrigado.
DAVI: - Não fiz nada demais...
JOEL: - Salvou minha irmã das mãos daquele crápula.
DAVI: - Bom... eu vou indo... Se precisarem, sabe onde me
encontrar.
JOEL: - Vamos precisar. Você presenciou tudo.
DAVI: - Contem comigo.
JOEL: - Davi... A paz!
DAVI: - A paz. Até logo!
JOEL: - Até. (Sai)
CENA XIII
(Isac entra chorando)
MIDIÃ: - Que foi? Que aconteceu?
ISAC: - Cadê meu pai?
MIDIÃ: - Está na igreja.
ISAC: - Minha mãe?
MIDIÃ: - Está me assustando.
ISAC: - Eu fiz uma besteira das grandes.
MIDIÃ: - Que fez Isac?
ISAC: - Eu tentei violentar Sunamita...
MIDIÃ: - Que? Enlouqueceu, seu irresponsável?!
ISAC: - Eu juro que não queria... Eu não queria.
MIDIÃ: - Meu Deus! Essa é coisa mais absurda que já
ouvi... E Sunamita como está?
ISAC: - Vai me denunciar.
MIDIÃ: - Meu Deus! Seu louco. Pode ser preso;
ISAC: - Me ajuda...
MIDIÃ: - Como?
ISAC: - Tenho que sair daqui... deixar a cidade.
MIDIÃ: - Fugir?
ISAC: - Não entende? Vão me prender.
MIDIÃ: - Você pecou. Cometeu um crime. Tem que pagar!
ISAC: - Não acredito que minha própria irmã deseja me ver
preso.
MIDIÃ: - Estou envergonhada de você. Francamente! Nunca
pensei...
ISAC: - Pelo que vejo não posso contar com você
MIDIÃ: - Não vou compactuar com sua falta de caráter.
SAULO: - Então aqui está você...
HELENA: - O que você fez meu filho? Enlouqueceu?
ISAC: - Foi culpa do inimigo mãe...
MIDIÃ: - Agora o inimigo é o culpado!
SAULO: - Ezequiel está indo com Sunamita e toda família a
delegacia, vão te denunciar...
ISAC: - E agora pai?
MIDIÃ: - Vai preso.
HELENA: - Não. Isso não. Saulo... pelo amor de Deus...
Temos que tirar nosso filho daqui.
MIDIÃ: - Vão acobertar o que ele fez?
HELENA: - É nosso filho. Não podemos deixar que fique
preso.
MIDIÃ: - Mas ele tentou violentar Sunamita.
HELENA: - Mas pelo que sabemos, não violentou...
SAULO: - isso graças ao Davi que chegou na hora.
HELENA: - Não estou dizendo que não deva pagar pelo que fez...
Mas se fugir do flagrante, poderá ter relaxamento...
ISAC: - Por favor pai...
MIDIÃ: - Não vão fazer isso... vão?
HELENA: - É nosso filho. Por mais errado que esteja é nosso
dever protege-lo.
ISAC: - Por favor pai... Fiz uma loucura. Estou
arrependido.
SAULO: - Arrume umas roupas...
HELENA: - Não. Pode não dar tempo. Saulo, tire-o daqui.
MIDIÃ: - Estou envergonhada!
HELENA: - Onde vai?
MIDIÃ: - Vou orar por vocês. Pedir a Deus que os perdoe.
SAULO: - Vamos... Antes que eu me arrependa.
HELENA: - Meu filho...
ISAC: - Obrigado mãe.
HELENA: - Vai com Deus filho.
SAULO: - Vamos...
HELENA: - Ah, meu Deus! Que provação! Dai-nos forças. (Sai)
CENA XIV
SARA: - Meu Deus do céu! Que horror!
DAVI: - Pois é mãe. Foi exatamente isso que aconteceu.
SARA: - Coitada da moça. Deve está arrasada!
DAVI: - Se eu não tivesse entrado... Teria acontecido o
pior.
SARA: - Meu filho! Estou pasma.
DAVI: - Parecia um louco.
SARA: - E agora?
DAVI: - A família já foi fazer a queixa.
SARA: - Isso será um escândalo para a igreja.
DAVI: - Pior que o escândalo é o que a pobre moça está
sentindo neste momento.
SARA: - Será que devo ir a casa dela prestar minha
solidariedade?
DAVI: - Acho que não. Talvez a família precise de
privacidade nesse momento.
SARA - Tem razão. Que barra meu filho!
DAVI: - Imagino!
SARA: - Mas fiz uma polenta...
DAVI: - nem sei se estou com fome.
SARA: - Não vai rejeitar a comidinha da sua mãe, vai?
DAVI: - Chantagem!
SARA: - É que amo meu meninão! E adoro enche-lo de mimos!
DAVI: - Tá certo! Ok, você venceu.
SARA: - Então vamos... vou esquentar!
DAVI: - Sabe que já estou sentindo a minha fome voltar?!
SARA: - Hum! (Saem)
CENA XV
JOEL: - Midiã?
MIDIÃ: - Precisava falar com você.
JOEL: - Falar o que? O que seu irmão fez não tem
explicação.
MIDIÃ: - Sei que não. E posso lhe garantir que estou tão
chocada quanto você. Escuta Joel, estou do seu lado, do lado de sua família.
Meu irmão errou...
JOEL: - Não. Ele não só errou. Cometeu um crime.
MIDIÃ: - Sim. E concordo que tenha que pagar por isso. Mas
espero, que não me condenem pelos erros do meu irmão.
JOEL: - Por que está dizendo isto?
MIDIÃ: - Isac fugiu.
JOEL: - Fugiu?
MIDIÃ: - Sim. Fugiu. Pra escapar do flagrante.
JOEL: - Que canalha! Covarde! Pra onde foi?
MIDIÃ: - Não sei.
JOEL: - Não sabe?
MIDIÃ: - Não.
JOEL: - Deve me achar um trouxa.
MIDIÃ: - Juro. Juro que não sei.
JOEL: - Como fugiu?
MIDIÃ: - Meu pai...
JOEL: - Seu pai?
MIDIÃ: - Sim. Olha, não sabem que vim lhe contar...
JOEL: - Como seu pai pode acobertar aquele canalha?
MIDIÃ: - Não sei. Acho que o lado paternal falou mais
alto.
JOEL: - Acoberta hoje, pra amanhã ele cometer outro crime
ainda pior. Mas te garanto que teu irmão irá pagar pelo que fez.
MIDIÃ: - Estou do seu lado.
JOEL: - Obrigado. Mas preciso ficar só.
MIDIÃ: - Não me culpe por ele.
JOEL: - Não a culpo. Mas de verdade... preciso ficar
sozinho.
MIDIÃ: - Tá bom. Vou deixa-lo... Mas saiba que te amo
muito viu? A paz do Senhor!
JOEL: - A paz! (Ela sai) Pai?!
Pai... (Sai)
TERCEIRO ATO
CENA I
DAVI: - Que bom que veio...
JOEL: - Não devia ter vindo.
DAVI: - Mas veio. E se veio... é por que é
importante.
JOEL: - Importante? Não sei do que está
falando.
DAVI: - Sabe sim.
JOEL: - Que quer?
DAVI: - Sabe o que quero.
JOEL: - Não devia ter vindo...
DAVI: - (Segura seu braço) Espera.
JOEL: - Solte-me.
DAVI: - Só se prometer que vai me ouvir.
JOEL: - Seja breve.
DAVI: - Esse lugar me trás boas
recordações...
JOEL: - Faço questão de esquecer.
DAVI: - Não fala de coração.
JOEL: - Só quem conhece nossos corações é o
Nosso Senhor Jesus.
DAVI: - Mais uma razão para não mentir. Como
diz o poeta: “mentir pra si mesmo é a pior mentira”.
JOEL: - Olha Davi... O que houve aqui foi...
DAVI: - Foi lindo! Cara, eu te amo. E sei que
me amas também. Então pra que lutar contra esse amor?
JOEL: - É impossível.
DAVI: - Impossível?
JOEL: - Sou noivo.
DAVI: - Uma farsa! Até quando vai lavar essa
farsa? É de mim que você gosta.
JOEL: - Cala-te!
DAVI: - Eu te amo! Quero você, cara. Larga
essa mentira e venha ser feliz.
JOEL: - Que felicidade poderá haver em dois
homens vivendo juntos como homem e mulher? É pecado contra a natureza, contra
Deus.
DAVI: - Pecado é viver um faz de conta, sendo
infeliz e fazendo outra pessoa infeliz.
JOEL: - Diz a bíblia: "Se um homem
se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram
um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte.
DAVI: - A bíblia também diz: “ Quem
pratica a fraude não habitará no meu santuário; o mentiroso não permanecerá na
minha presença.” Poderíamos passar aqui a noite inteira citando
versículos, mas nunca iriamos encontrar um se adeque a nossa situação.
JOEL: - Que situação?
DAVI: - Somos gays, estamos apaixonados,
loucos para nos entregarmos um nos braços do outro...
JOEL: - Não é verdade.
DAVI: - Que é verdade então? Essa vida de
mentiras que você construiu em torno de si. Não seja covarde...
JOEL: - Você é um pervertido e foi enviado
pelo inimigo pra colocar minha fé em prova...
DAVI: - Se acredita mesmo nisso, vá enfrente,
volte para seu mundinho de mentirinha, e eu o deixo em paz. (Ele para se olham
se abraçam e se beijam)
CENA II
MIDIÃ: - Misericórdia! Onde foi Joel? Como
demora...
SUNAMITA: - Foi na casa
pastoral.
MIDIÃ: - Não... Passei lá antes de vir aqui.
SUNAMITA: - Não acha que está
o sufocando?
MIDIÃ: - É meu noivo, nada mais justo que me
preocupe com ele.
SUNAMITA: - Preocupe? Você
está é armando campana em torno dele.
MIDIÃ: - Estou preocupada. Joel anda muito
estranho.
SUNAMITA: - Está é com medo,
isso sim. Imagina... se noiva age assim, imagina depois de casada? Vai colocar
uma mascara de ferro e corrente no tornozelo do meu irmão.
MIDIÃ: - Você está contra nosso noivado?
SUNAMITA: - Não meu bem. Sabe
que amo de paixão! Mas é que assim, não dá. Deixa ele respirar um pouco.
HELENA: - Midiã... Não acha
que está um pouco tarde?
MIDIÃ: - Deixa eu esperar só mais dez
minutos...
HELENA: - Nada disso. Seus
pais devem está preocupados.
MIDIÃ: - Precisava tanto falar com Joel.
SUNAMITA: - Tenho certeza que
o que tem pra falar poder esperar até amanhã.
HELENA: - Verdade! Agora vá
filha. A paz!
MIDIÃ: - A paz. E você me diz amanha que hora
Joel chegou.
SUNAMITA: - Por que não põe
um chip nele?
MIDIÃ: - Engraçadinha! A paz!
HELENA: - Vai com Deus. E
cuidado mocinha!
SUNAMITA: - Essa vai dar
trabalho!
HELENA: - Quando casar essa
ansiedade passa. Agora vamos dormir que amanha temos um longo dia.
CENA III
(Joel e Davi estão
abraçado nus)
MIDIÃ: - Meus Deus!
JOEL: - Midiã?!
MIDIÃ: - Que significa isso? Não, não precisa
dizer...
JOEL: - Calma! Não é o que está pensando...
MIDIÃ: - Não estou pensando... estou vendo.
Vendo! Se alguém me dissesse não acreditaria.
JOEL: - Escuta Midiã...
DAVI: - Conta logo a verdade pra ela.
MIDIÃ: - Verdade? Que verdade?
DAVI: - Essa é uma boa hora para colocar em
pratos limpos.
MIDIÃ: - Como pode chamar de pratos limpos uma
sujeira como essa? Joel, meu amor, me diz que tudo isso não passa de um engano,
que eu não vi nada, que o que aconteceu aqui, foi que este rapaz, que é um
pervertido, te seduziu, e o fez pecar, mas que você já está arrependido...
JOEL: - Não...
MIDIÃ: - Não? Olha, eu te perdoo, não conto
nada pra ninguém... Vamos sair daqui, como nada disso tivesse acontecido,
seguiremos com nosso noivado, nos casamos, e seremos muito felizes.
JOEL: - Sinto muito Midiã...
MIDIÃ: - Não entendo.
JOEL: - Eu descobrir que não lhe amo...
MIDIÃ: - Não gosta de mim?
JOEL: - Gosto.
MIDIÃ: - Então meu amor?!
JOEL: - Mas como amiga.
MIDIÃ: - Amiga?
JOEL: - Irmã em Cristo.
MIDIÃ: - Isso não é verdade. Você me ama,
sempre me amou...
JOEL: - Estou apaixonado por outra pessoa.
MIDIÃ: - Quem é essa mulher?
JOEL: - Estou apaixonado por Davi.
MIDIÃ: - Que?
DAVI: - Que parte não entendeu? Joel é gay.
MIDIÃ: - Não é verdade...
DAVI: - O que não é verdade é esse noivado de
mentira em que você viveram até hoje.
MIDIÃ: - Manda esse filho do demo calar essa
boca.
JOEL: - É verdade Midiã. Não dá mais pra
seguir com essa farsa.
MIDIÃ: - Vai me deixar pra viver com outro
homem?
JOEL: - E a pessoa que amo e com quero viver.
MIDIÃ: - Joel, você acabou com minha vida.
JOEL: - Vai encontrar alguém que te ame de
verdade.
MIDIÃ: - Não tem importância... Isso é só uma
fase meu amor. Vai passar...
JOEL: - Não é uma fase. Acabou. Acabou!
MIDIÃ: - Não... não acabou não. Vou esperar o
tempo que for preciso. Eu preciso ir... é tarde. Minha mãe... meu pai... vão
ficar preocupados. A paz... a paz... (sai meio delirante)
DAVI: - Pirou de vez!
JOEL: - Acho melhor ir atrás dela. Pode fazer
uma besteira.
DAVI: - Será que vai contar pra alguém?
JOEL: - Acho que não... Vou lá...
DAVI: - Vai sim. Amanhã a gente se fala. (Saem)
CENA IV
PASTOR: - Já vai...
DAVI: - Irmão... Preciso falar com o senhor.
PASTOR: - Claro. Que houve?
Está transtornado.
DAVI: - Antes que o senhor saiba por outra
pessoa quero lhe contar, quero que saiba por mim.
PASTOR: - Saber o que Davi?
DAVI: - Eu e Joel, nós...
PASTOR: - Vocês?
DAVI: - Estamos juntos.
PASTOR: - Como assim
juntos?
DAVI: - Pastor... o senhor é um homem
inteligente.
PASTOR: - Meu Deus! E
vocês...
DAVI: - Sim, já fizemos amor.
PASTOR: - Meu deus! Misericórdia.
DAVI: - Nos amamos pastor.
PASTOR: - É pecado Davi.
Estão em pecado. A bíblia diz: Por causa disso Deus os entregou a paixões
vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por
outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as
relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si
mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que
desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental
reprovável, para praticarem o que não deviam. Romanos 1:26-28
DAVI: - Pastor, essa é
minha natureza. Se não fosse, acha mesmo que Deus permitiria que eu sofresse
tanto, tendo que viver sempre a margem da sociedade, debaixo do julgo de todos?
PASTOR: - Mas a palavra é
clara...
DAVI: - Meus sentimentos
e desejos também. Amo Joel e sei que ele também me ama. Meu Deus, será que é
tão difícil para as pessoas entenderem?
PASTOR: - Isso vai ser uma
catástrofe em nossa igreja. Tivemos recentemente o escândalo, da tentativa de
estupro...
DAVI: - Deus não quer a
nossa felicidade?
PASTOR: - Sim.
DAVI: - Então? Por que
não posso ser feliz ao lado de uma outra pessoa do mesmo sexo?
PASTOR: - Por que a palavra
diz: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se
deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais
passivos ou ativos e, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem
caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. 1 Coríntios 6:9-10
DAVI: - Não há, na
Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade.
Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas.
A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes linguísticas:
Homo (do Grego, significando "igual") e Sexual (do latim). Portanto,
como a Bíblia foi escrita entre 2 e 4 mil anos atrás, não poderiam os
escritores sagrados terem usado uma palavra inventada só no século passado.
PASTOR: - Davi, é
conhecedor da palavra “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!"
(João, 8:32)
DAVI: - E o que tenho feito a vida toda? Se
não buscar respostas que não encontro. Só sei que sinto, e o que sinto é real,
não dá pra ignorar. Se eu encontrasse Deus e ficasse frente a frente com ele
diria: Quem pode discernir os próprios erros? Absolve-me dos que
desconheço!
PASTOR: - Me remete á
Mateus 18:15 "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele,
mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Não vou
julgá-lo, nem abandoná-lo. Esta é a casa do senhor, e suas portas estarão
abertas para todos que dela precisarem.
DAVI: - Obrigado pastor!
PASTOR: - Deus é bondoso e
perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam.
DAVI: - Midiã descobriu tudo.
PASTOR: - Mas como?
DAVI: - Nos flagrou .
PASTOR: - Isso não é bom.
DAVI: - Acha que dirá a todos.
PASTOR: - Pobre moça! Deve
está arrasada. Vou até sua casa. E você, vá pra casa e não saia de lá. Depois
passo lá. Davi? Sua mãe sabe?
DAVI: - Creio que desconfie. Mas a contarei.
PASTOR: - Tá certo. Faça
isso. Agora vamos. (Saem)
CENA V
Joel conta tudo a
seus pais
JOEL: - Mãe?!
RUTE: - Oi filho?! Que houve?
JOEL: - Meu pai?
RUTE: - Está no quarto.
JOEL: - Preciso falar com vocês...
RUTE: - Não pode ser amanhã?
JOEL: - Tem que ser agora.
RUTE: - Está me assustando,
SUNAMITA: - Joel? Onde
estava? Midiã esteve aqui...
JOEL: - Já sei.
SUNAMITA: - Aconteceu alguma
coisa?
JOEL: - Aconteceu.
RUTE: - Que aconteceu?
JOEL: - Chame meu pai. (Ela sai)
SUNAMITA: - Vocês terminaram?
JOEL: - Também.
SUNAMITA: - Meu irmão, seja o
que for... Vou está ao seu lado, viu?
JOEL: - Vou precisar minha irmã.
EZEQUIEL: - Sua mãe disse que
quer falar comigo com urgência.
JOEL: - Sim.
SUNAMITA: - Quer que eu saia?
JOEL: - Quero que todos participem.
RUTE: - Que está acontecendo meu filho?
SUNAMITA: - Calma mãe. Deixa
ele relaxar... Joel? Vamos diga.
JOEL: - Primeiro, eu quero que saibam, que eu
os amo muito, muito mesmo, e Deus é testemunha disso.
RUTE: - Isso parece até uma despedida.
EZEQUIEL: - Não nos reuniu
para dizer que nos ama.
JOEL: - Não pai. Os reuni pra dizer que
acabei meu noivado com Midiã...
SUNAMITA: - Já era de se
esperar.
RUTE: - Misericórdia! Pobre Midiã... Deve
está arrasada.
EZEQUIEL: - E por qual motivo
desmanchou o seu noivado?
JOEL: - Estou apaixonado por outra pessoa.
SUNAMITA: - Outra pessoa?
RUTE: - E quem é esta outra pessoa?
EZEQUIEL: - Estamos
esperando.
JOEL: - É ai que está. Vocês vão se espantar
quando eu disser...
SUNAMITA: - Com esse mistério
todo...
RUTE: - Joel, quem é ela?
JOEL: - Não é ela.
SUNAMITA: - Espera ai... Para
tudo. O que está acontecendo?
RUTE: - Não estou entendendo nada.
EZEQUIEL: - Vamos rapaz...
Diga logo o que tem que ser dito.
JOEL: - Me apaixonei por um homem...
SUNAMITA: - Que?
RUTE: - Como isso é possível?
EZEQUIEL: - Que está dizendo?
JOEL: - Estou apaixonado por Davi.
SUNAMITA: - Davi?
RUTE: - Meu Deus do céu que diabo está
acontecendo aqui?
EZEQUIEL: - Enlouqueceu? Você
ficou louco?
JOEL: - Não meu pai.
EZEQUIEL: - Você vai parar
com essa palhaçada e vai a casa de Midiã, vai retomar o seu noivado, vai casar,
e vamos fingir que essa conversa não aconteceu.
JOEL: - Não.
SUNAMITA: - Seja razoável meu
irmão.
EZEQUIEL: - Não tenho filho
viado
JOEL: - Não sou viado pai
EZEQUIEL: - Viado, gay,
baitola, mariquinha, sola... tanto faz! É tudo a mesma coisa. Tudo invenção de
satanás. É repugnante ouvi um filho dizer que gosta de dar...
JOEL: - Sinto muito. Sou assim. Deus me fez
assim.
EZEQUIEL: -Deus não é o
criador de uma aberração.
JOEL: - Não sou aberração.
EZEQUIEL: - Vai até sua noiva
e peça pra retomar o noivado.
JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)
EZEQUIEL: - vai fazer o que
estou mandando.
JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)
EZEQUIEL: - Vai.
JOEL: - Não. (O pai o esbofeteia)
EZEQUIEL: - Vai. (O
pega pelos braços)
JOEL: - Não vou. (O pai o joga no
chão)
EZEQUIEL: - Arrume seus panos
de bunda e suma da minha casa. E o que deixar, amanhã jogo no quintal, faço uma
fogueira e queimo.
JOEL: - Pai...
EZEQUIEL: - Não me chame de
pai. Não tenho filho. Meu filho morreu e eu acabei de enterra-lo.(Joel
sai) Aqui esta coisa não pisa mais os pés. E se alguém o receber nesta
casa, também irá para fora. Joel está morto. Morto! (Sai)
SUNAMITA: - Joel e Davi?!
Quem diria?
RUTE: - Meu Deus! Este mundo está perdido. É
o apocalipse! (Saem)
CENA VI
(Midiã entra
transtornada)
HELENA: - Filha onde estava
até essa hora?
SAULO: - Sua mãe está falando com você.
MIDIÃ: - Preciso me arrumar...
HELENA: - Se arrumar, pra
que?
MIDIÃ: - Não posso me atrasar...
SAULO: - Sua mãe lhe fez uma pergunta.
MIDIÃ: - Não entende papai? Não posso me
atrasar...
HELENA: - Filha que está
acontecendo com você? Está me assustando.
SAULO: - Deixe-a. (Midiã sai)
HELENA: - Que há com ela?
SAULO: - Parece em choque.
HELENA: - Vou lá...
SAULO: - Não... espere.
HELENA: - Que será que
aconteceu?
SAULO: - Logo saberemos.
MIDIÃ: - (Entra vestida de noiva) Mamãe... me
ajude a fechar o vestido.
HELENA: - Que faz com esse
vestido?
MIDIÃ: - Vou me casar mamãe...
HELENA: - Casar?
MIDIÃ: - Meu noivo me espera. Não posso
atrasar.
HELENA: - Filha, você está
me assustando.
MIDIÃ: - Não mamãe... Não se assuste. Estou
feliz! Muito feliz. Vou casar com o homem que amo.
HELENA: - Filha?! Filha...
SAULO: - Deixa-a.
HELENA: - Mas ela está indo
pra rua.
SAULO: - Vou atrás...
HELENA: - Vou também.
SAULO: - Não...
HELENA: - Não me peça para
ficar.
SAULO: - Tudo bem. Vamos juntos. (Saem)
CENA VII
DAVI: - Mãe...
SARA: - Oh, meu filho! Me abraça. O que
houve, eu sabia que precisava de mim... Estava com coração tão apertado.
DAVI: - Me perdoa?
SARA: - Por que deveria lhe perdoa?
DAVI: - Aconteceu outra vez...
SARA: - Ah, filho! Eu já esperava... Mas eu
estou aqui, estou a seu lado.
DAVI: - Não sabe o quanto isso me conforta.
SARA: - É que eu sou a mãe mais orgulhosa do
mundo, você meu filho, independente do que digam a seu respeito, você será
sempre o meu querido e amado filho.
DAVI: - Você é um ser de luz. Uma mulher
extraordinária. A minha mãe.
SARA: - E você meu filhinho tão querido.
Agora me diz... Que houve?
DAVI: - Eu e Joel... Você sabe né?
SARA: - Imagino.
DAVI: - E logo todos saberão.
SARA: - Alguém viu algo?
DAVI: - Midiã.
SARA: - Que azar! Logo a noiva? E Joel?
DAVI: - Terminou o noivado...
SARA: - Justo.
DAVI: - E vamos assumir.
SARA: - O mundo vem abaixo. (Porta)
DAVI: - Já começou.
SARA: - Vou abrir. (Abre) Joel?
JOEL: - Posso entrar?
SARA: - Claro. Entre. Fique a vontade!
DAVI: - Que houve?
JOEL: - Meu pai me pós pra fora de casa.
DAVI: - Já era de se esperar.
SARA: - Mas você não precisa ficar
preocupado. Você pode ficar aqui. A casa é pequena, mas o coração é imenso.
Cabe todos.
DAVI: - Seja bem vindo nossa casa.
JOEL: - Nem sei como agradecer.
DAVI: - Está casa é sua também.
SARA: - Filho leve Joel ao quarto pra guardar
essas coisas. Enquanto isso, vou preparar um lanche.(Saem)
CENA VIII
(Na praça)
PASTOR: - Midiã?
MIDIÃ: - O senhor veio.
PASTOR: - Sim eu vim. E vim
leva-la para casa.
MIDIÃ: - Não pastor... Não posso. Meu noivo
logo chegará.
PASTOR: - Ele não virá.
Sinto muito filha.
MIDIÃ: - Não virá?
HELENA: - Filha...
MIDIÃ: - Diz que não é verdade... Me diz que
Joel virá.
EZEQUIEL: - Não filha. Não
virá. Vamos pra casa.
MIDIÃ: - Es diante de vocês uma morta!
HELENA: - Não diz isso
filha.
MIDIÃ: - Eu vou dormir... E amanhã vou está ao
lado do meu amado. Papai?
EZEQUIEL: - Oi filha?
MIDIÃ: - Me leve pra casa.
HELENA: - Como Joel pode
fazer isso com minha filha?
PASTOR: - Não o julgue
irmã. (Saem)
CENA VI
(Midiã entra
transtornada)
HELENA: - Filha onde estava
até essa hora?
SAULO: - Sua mãe está falando com você.
MIDIÃ: - Preciso me arrumar...
HELENA: - Se arrumar, pra
que?
MIDIÃ: - Não posso me atrasar...
SAULO: - Sua mãe lhe fez uma pergunta.
MIDIÃ: - Não entende papai? Não posso me
atrasar...
HELENA: - Filha que está
acontecendo com você? Está me assustando.
SAULO: - Deixe-a. (Midiã sai)
HELENA: - Que há com ela?
SAULO: - Parece em choque.
HELENA: - Vou lá...
SAULO: - Não... espere.
HELENA: - Que será que
aconteceu?
SAULO: - Logo saberemos.
MIDIÃ: - (Entra vestida de noiva) Mamãe... me
ajude a fechar o vestido.
HELENA: - Que faz com esse
vestido?
MIDIÃ: - Vou me casar mamãe...
HELENA: - Casar?
MIDIÃ: - Meu noivo me espera. Não posso
atrasar.
HELENA: - Filha, você está
me assustando.
MIDIÃ: - Não mamãe... Não se assuste. Estou
feliz! Muito feliz. Vou casar com o homem que amo.
HELENA: - Filha?! Filha...
SAULO: - Deixa-a.
HELENA: - Mas ela está indo
pra rua.
SAULO: - Vou atrás...
HELENA: - Vou também.
SAULO: - Não...
HELENA: - Não me peça para
ficar.
SAULO: - Tudo bem. Vamos juntos. (Saem)
CENA VII
DAVI: - Mãe...
SARA: - Oh, meu filho! Me
abraça. O que houve, eu sabia que precisava de mim... Estava com coração tão
apertado.
DAVI: - Me perdoa?
SARA: - Por que deveria
lhe perdoa?
DAVI: - Aconteceu outra
vez...
SARA: - Ah, filho! Eu já
esperava... Mas eu estou aqui, estou a seu lado.
DAVI: - Não sabe o quanto
isso me conforta.
SARA: - É que eu sou a
mãe mais orgulhosa do mundo, você meu filho, independente do que digam a seu
respeito, você será sempre o meu querido e amado filho.
DAVI: - Você é um ser de
luz. Uma mulher extraordinária. A minha mãe.
SARA: - E você meu
filhinho tão querido. Agora me diz... Que houve?
DAVI: - Eu e Joel... Você
sabe né?
SARA: - Imagino.
DAVI: - E logo todos
saberão.
SARA: - Alguém viu algo?
DAVI: - Midiã.
SARA: - Que azar! Logo a
noiva? E Joel?
DAVI: - Terminou o
noivado...
SARA: - Justo.
DAVI: - E vamos assumir.
SARA: - O mundo vem
abaixo. (Porta)
DAVI: - Já começou.
SARA: - Vou abrir. (Abre) Joel?
JOEL: - Posso entrar?
SARA: - Claro. Entre.
Fique a vontade!
DAVI: - Que houve?
JOEL: - Meu pai me pós
pra fora de casa.
DAVI: - Já era de se
esperar.
SARA: - Mas você não
precisa ficar preocupado. Você pode ficar aqui. A casa é pequena, mas o coração
é imenso. Cabe todos.
DAVI: - Seja bem
vindo nossa casa.
JOEL: - Nem sei como
agradecer.
DAVI: - Está casa é sua
também.
SARA: - Filho leve Joel
ao quarto pra guardar essas coisas. Enquanto isso, vou preparar um lanche.(Saem)
CENA VIII
(Na praça)
PASTOR: - Midiã?
MIDIÃ: - O senhor veio.
PASTOR: - Sim eu vim. E vim
leva-la para casa.
MIDIÃ: - Não pastor... Não posso. Meu noivo
logo chegará.
PASTOR: - Ele não virá.
Sinto muito filha.
MIDIÃ: - Não virá?
HELENA: - Filha...
MIDIÃ: - Diz que não é verdade... Me diz que
Joel virá.
EZEQUIEL: - Não filha. Não
virá. Vamos pra casa.
MIDIÃ: - Es diante de vocês uma morta!
HELENA: - Não diz isso
filha.
MIDIÃ: - Eu vou dormir... E amanhã vou está ao
lado do meu amado. Papai?
EZEQUIEL: - Oi filha?
MIDIÃ: - Me leve pra casa.
HELENA: - Como Joel pode
fazer isso com minha filha?
PASTOR: - Não o julgue
irmã. (Saem)
CENA IX
Sunamita e mãe
conversam ela está com síndrome do pânico
SUNAMITA: - Mãe...
RUTE: - Que foi filha? Você está tão pálida.
SUNAMITA: - Eu tô doente mãe.
Doente...
RUTE: - Como assim filha?
SUNAMITA: - O médico disse
que estou com síndrome do pânico.
RUTE: - Meu pai! Calma filha, calma! Deu
proverá por nós.
SUNAMITA: - Deus! Por que
isto foi acontecer comigo, mãe? Porque?
RUTE: - Minha filha...
SUNAMITA: - Não está escrito
na bíblia qu nada acontece a não ser que Deus permita? Porque permitiu que isso
acontecesse comigo.
RUTE: - Olha... Isso vai passar. O inimigo
está tentando confundir sua cabeça, fazendo com que fique com raiva de Deus...
SUNAMITA: - Não mãe. Estou
com síndrome do pânico. Estou doente. Preciso de tratamento psicológico, talvez
até precise tomar remédios controlados, mãe.
RUTE: - Quantas provações! Vamos vencer todas
essas provações. Deus está conosco filha.
SUNAMITA: - E Joel mãe?
RUTE: - Não fale em Joel. Nunca pensei passar
por tão grande desgosto.
SUNAMITA: - Sei que é
difícil... Mas se amam.
RUTE: - Isso não é amor. É sem-vergonhice!
Não vamos mais falar desta pouca vergonha. Vão queimar nas profundezas do
inferno.
SUNAMITA: - Não diga isso
mãe. Temos que dobrar nossos joelhos e entregar nas mãos do Senhor...
RUTE: - Poupe seus esforços. Seu irmão não
está nenhum pouco arrependido. Afora vamos enxugar essas lágrimas. E eu minha
filha, vou está sempre qui, viu.
SUNAMITA: - Obrigada
mãe. (Saem)
CENA X
SARA: - Irmão Ezequiel?
EZEQUIEL: - Não se preocupe.
Não vim pra fazer um escândalo.
SARA: - E o que deseja?
EZEQUIEL: - Você sabia de
tudo, não é?
SARA: - Desconfiava.
EZEQUIEL: - E aprova essa
pouca vergonha?
SARA: - Não vejo nenhuma vergonha
em duas pessoas que se amam.
EZEQUIEL: - Consegue ouvi o
que está dizendo?
SARA: - Claro. Amo meu
filho e desejo que seja feliz. E se sua felicidade for ao lado de outro homem,
vou apoia- lo sempre.
EZEQUIEL: - Não soube criar
seu filho.
SARA: - Não se esqueça
que está dentro da minha casa. E dentro da minha casa você ou qualquer outra
pessoa não vai ofender meu filho.
EZEQUIEL: - Seu filho induziu
o meu filho para este caminho de devassidão e vergonha.
SARA: - Seu filho é gay.
E isso está na natureza dele, aceite você ou não. E você? Que se julga tão
superior... tão santo... não é capaz de perdoar seu próprio filho.
EZEQUIEL: - Está em pecado.
SARA: - Siga o exemplo de
Jesus Cristo. Ao invés jogar-lhe pedras, perdoe-o.
EZEQUIEL: - Vão morrer...
aquela doença irá mata-los.
SARA: - (Esbofeteia) Meu
filho não é nenhum doente! A AIDS não é uma exclusividade dos gays.
EZEQUIEL: - Você é uma
alcoviteira!
SARA: - Sou apenas uma
mãe que ama seu filho. Só isso! Acho que não temos nada mais pra conversar...
EZEQUIEL: - Quero que coloque
Joel pra fora...
SARA: - Nunca. Está será
sua casa enquanto precisar ou desejar. Se depender de mim, Joel e Davi, serão
muito felizes
EZEQUIEL: - Jezebel!
SARA: - Sua opinião a meu
respeito pouco me interessa. Agora saia. (Ele sai) Demônio de
terno!
CENA XI
RAQUEL: - Ah, meu Deus! Meu
Deu!
SAULO: - Que foi mulher?
RAQUEL: - Midiã... Está
fria. Gelada...
SAULO: - Como assim?
Desmaiou?
RAQUEL: - Não respira...
Não respira. Midiã?! Midiã...
SAULO: - Deixa eu vê. Meu
Deus! Está morta. Morta, morta.
RAQUEL: - Tudo por causa
daquele pervertido! Por causa daquele Belzebu eu perdi minha filha. Minha
filhinha! Ah, meu Deus! Por que tiraste minha filha de mim.
SAULO: - Ele tomou todos
esses comprimidos.
RAQUEL: - Uma lavagem
estomacal...
SAULO: - Está morta. Não
adianta. Temos que chamar a polícia.
RAQUEL: - Não...
SAULO: - Por favor...
aceite a realidade. Venha. (Saem)
CENA XII
SARA: - Meninos... Sei
que é difícil o que vou pedir a vocês.
DAVI: - Que cara é essa
mãe? O bicho está pegando, né?
SARA: - Não vou
enganá-los... está.
JOEL: - Que aconteceu
irmã Sara?
SARA: - Midiã...
JOEL: - Que há Midiã?
SARA: - Está morta.
JOEL: - Ah, meu Deus!
DAVI: - Calma!
JOEL: - Como posso ter
calma? É minha culpa.
SARA: - Não. Não é.
DAVI: - Midiã faria isso
a qualquer momento. Está desiquilibrada.
JOEL: - Se eu não tivesse
a abandonado...
SARA: - A mentira em que
vocês viveriam a mataria aos poucos.
DAVI: - Não tem culpa por
Midiã ser uma garota completamente desiquilibrada. A fixação que ela tinha em
casar-se contigo já era sinal de sua doença.
JOEL: - Me sinto tão mau.
Me sinto culpado.
SARA: - Imagino como
esteja se sentindo. Por isso preferi eu mesma contar. A barra agora irá pesar
muito mais... Por isso rapazes, que eu quero pedir que vocês saiam desta
cidade, vão viver bem longe daqui...
DAVI: - Fugir?
SARA: - Não meu filho.
Não é fugir. É sair estrategicamente. A cidade está fervorosa, e com certeza
isto vai respingar em vocês.
JOEL: - De certo modo...
Sua mãe tem razão.
DAVI: - Ir embora? Por
causa do preconceito dos outros.
SARA: - E se pensasse,
que é por sua felicidade, pela felicidade de vocês?
JOEL: - Faz sentido. Esta
cidade é pequena. Aqui será muito difícil pra nós... vivermos juntos, como
um...
SARA: - Casal.
JOEL: - É.
SARA: - Tenho uma
reserva... Vocês podem ir para o Rio, e quando a poeira abaixar... quem sabe,
podem voltar.
DAVI: - Talvez tenha
razão.
SARA: - Ah, que bom...
Assim fico mais tranquila.
DAVI: - Bom, vamos
arrumar nossas coisas.
JOEL: - Vamos. (Para
ela) Obrigado! Nem sei como agradecer.
SARA: - Apenas seja feliz
e faça meu filho feliz! (Saem)
CENA XIII
RUTE: - Helena?
SAULO: - Está no quarto.
RUTE: - Sinto muito.
SAULO: - Obrigado.
RUTE: - E agora Saulo?
SAULO: - Agora?
RUTE: - Como ficamos?
SAULO: - Depois de tantas
desgraças...
RUTE: - Não seria o
momento de ser felizes?
SAULO: - Largaria tudo por
essa felicidade?
RUTE: - Sim...
SAULO: - Até sua família?
RUTE: - Sim... o amo
Saulo.
SAULO: - Traríamos muitas
tristezas com esse nosso amor.
RUTE: - Sofro muito mais
vivendo essa mentira. Sendo a mulher casada, porém, infeliz.
SAULO: - Helena precisa de
mim.
RUTE: - Também preciso de
você.
SAULO: - Hoje durante o
velório de Midiã... Vamos embora.
RUTE: - Verdade?
SAULO: - Sim. Verdade.
Também a amo. (Ela abraça Saulo)
HELENA: - Oh, minha
amiga...
RUTE: - Oh, Helena! Sinto
tanto.
HELENA: - Minha amiga! Que
será de mim?
RUTE: - Nem sei o que
dizer! Deus dará o consolo preciso.
SAULO: - Vamos para
velório?
RUTE: - Vou com
vocês. (Saem)
CENA XIV
SARA: - A paz!
PASTOR: - A paz.
SARA: - Não fica assim
Pastor.
PASTOR: - Ah, já perguntei
tantas vezes a Deus por que?
SARA: - Tem coisas que
não há respostas.
PASTOR: - Devo ser um
péssimo Pastor...
SARA: - Que isso? Que
está dizendo?
PASTOR: - Qual é a função
de um Pastor? Cuidar de suas ovelhas...
SARA: - E não é isso que
tem feito a tanto tempo e com tamanho zelo e dedicação?
PASTOR: - Devo ser o pior
Pastor designado por Deus...
SARA: - Deus não lhe
daria esta função na Terra se não soubesse que é capaz...
PASTOR: - A minha
congregação está desabando na minha cabeça. Primeiro, uma tentativa de estupro,
depois dois de meus fiéis se declaram gays, uma jovem se mata, comete um dos
piores pecados citado na bíblia...
SARA: - É Pastor, apenas
isso. Se Deus não foi capaz de impedir, imagina você. As ovelhas animais são
conduzidas conforma a vontade do seu pastor, então ele, cuida, conduz e vigia
para que elas não sejam furtadas ou mortas por outros animais... Mas o Pastor é
um homem como todos os outros, e tem o livre arbítrio, nós somos humanos
podemos escolher, e cada um é responsável por sua escolha.
PASTOR: - Não soube cuidar
do meu rebanho.
SARA: - Não seja injusto!
Não conheço pastor melhor que você. Você é justo, gentil, super humano, e
apesar de ser um homem de Deus, na função de pastor, não julga as pessoas,
acolhe. E acredite, poucos fazem isso.
PASTOR: - Que bom conversar
contigo Sara. E os meninos?
SARA: - Vão embora. É
melhor... Pelo menos por enquanto.
PASTOR: - Sábia decisão! Se
ficarem vão crucificarem vivos.
SARA: - Eu sei. Bem
Pastor, eu queria ficar no velório... mas como sabe, não sou bem vinda.
PASTOR: - Entendo.
SARA: - A paz!
PASTOR: - A paz. (Ela
saindo) Sara?
SARA: - Sim?
PASTOR: - Resolveu sua
situação com relação a seu ex marido?
SARA: - Já entrei com o
pedido...
PASTOR: - Tá certo!
SARA: - Por que?
PASTOR: - Nada... nada.
SARA: - A paz!
PASTOR: - A paz. (Saem)
CENA XVI
SUNAMITA: - Pensei que
estivesse no velório de Midiã...
RUTE: - Vim em casa? E
você que faz aqui?
SUNAMITA: - Que está
acontecendo mãe?
RUTE: - Estou indo
embora.
SUNAMITA: - Como assim, indo
embora?
RUTE: - Filha... você me
ama?
SUNAMITA: - Mas que
pergunta?! É claro!
RUTE: - Se me ama...
haverá de me entender.
SUNAMITA: - A senhora esta me
assustando, mãe.
RUTE: - Eu preciso ser
feliz minha filha...
SUNAMITA: - Que está
acontecendo aqui?
RUTE: - É por ser feliz
que estou indo embora.
SUNAMITA: - Como assim indo
embora mãe?
RUTE: - Te criei com
tanto carinho... com tanto amor... Esperei até esse momento pra poder ser
feliz. E agora minha filha, você já está criada.
SUNAMITA: - Está me
abandonando?
RUTE: - Não... Só estou
indo em busca da minha felicidade.
SUNAMITA: - A senhora tem
outro? (Faz sinal que sim) Está traindo meu pai?
RUTE: - Nunca amei teu
pai. Fui obrigada a me casar.
SUNAMITA: - Não! Isso não é
verdade. Não conheço um casal mais feliz. Você sempre foi meu espelho...
RUTE: - Filha... o espelho
quebrou. Quebrou! Amo outro homem que não é teu pai.
SUNAMITA: - Que é ele?
RUTE: - Isso não tem
importância.
SUNAMITA: - Pra mim tem.
Quanto tempo?
RUTE: - Uns quinze
anos...
SUNAMITA: - Então, tudo isto,
essa família, é uma fraude?
RUTE: - Tudo não. O amor
que sinto por você é verdadeiro.
SUNAMITA: - Ah, meu Deus! E
meu pai?
RUTE: - Será liberto. Não
viverá mais essa mentira. Nem eu. (Pega a mala e sai)
SUNAMITA: - Mãe... mãe! (Grita)
CENA XVII
SUNAMITA: - Joel... Joel!
JOEL: - Sunamita?
SUNAMITA: - Oi...
DAVI: - Pensei que
estivesse no velório...
SUNAMITA: - Soube que iriam
embora...
JOEL: - Como soube?
SUNAMITA: - Irmã Sara.
DAVI: - Veio nos
amaldiçoar?
SUNAMITA: - Não. Vem
deseja-los boa sorte. (Se abraça com Joel) Ainda é meu irmão, e eu o amo muito
viu. Quero que seja muito feliz.
DAVI: - O que a fez mudar
de ideia?
SUNAMITA: - Vocês são a única
verdade que enxergo nesse mundinho medíocre no qual estamos envolvidos.
JOEL: - Oh, minha irmã...
sentirei tanto sua falta.
SUNAMITA: - Me manda o
endereço que vou lhe visitar. E você rapaz, irmão Davi, faça meu irmão, muito,
mas muito feliz!
DAVI: - Pode
deixar! (Eles saem)
SUNAMITA: - Ainda que a
tristeza dure a noite toda, a alegria, vem ao amanhecer. (Sai)
Fim
Nenhum comentário:
Postar um comentário