NÃO CHORES PALHAÇO!
DE: MARCONDYS FRANÇA
PERSONAGENS:
PANÇA
PICHI
GANDAIA
KABLIN
ATO ÚNICO
(ENTRA EM CENA KABLIN, CHOROSO E SENTA-SE EM UM
CANTO).
PANÇA: -Olha lá piche! É o Kablin.
PICHI: -Sim é o Kablin. Ele está triste!
PANÇA: -Kablin meu amigo, por que esta tão
triste?
KABLIN: -Não sei acho que é meu coração. Dói!
(sai chorando molhando todos)
PICHI: -Dá pra parar de chorar? Está molhando
toda minha roupa nova!
PANÇA: -E eu estou ficando resfriado! (espirra
três vezes a última falha) Faiou! Ta vendo, agora minha mãe dona Palhaçolina
não vai me deixar sair de casa enquanto eu não me cura desse resfriado!
PICHI: -Pança! Se é o coração vai vê que ele
está apaixonado! Não é mesmo pessoal? (para o público) Você sabe o que acontece
quanto se fica apaixonado? É tem alguns sintomas... Primeiro ficamos com aquela
cara de bobos, com um sorriso de orelha a orelha! Depois com aquele olhar de
peixe morto! E com uma baita vontade de cantar! (canta um trecho de uma música)
PANÇA: -Ah, pare! Quer estourar nossos ouvidos?!
Deixe de falar tanta bobagem. Não vê que nosso amigo palhaço kablin está
precisando ficar alegre, muito contente!
PICHI: -Ô tadinho! (faz caras e bocas como se
tivesse conversando com bebê) Engraçado! Isso funciona com bebês. Kablin não
pode ficar assim não. Um bom palhaço tem que ser alegre e alegrar toda
garotada. Não é pessoal?
PANÇA: -Deixa eu fazer um teste pra vê se reage.
(Dá um susto em Kablin e quem se assusta e Che que se abraça com Kablin e
desmaia) Céus! fui salvar um palhaço e acabei matando outro! Ah! É só um
desmaio! Água! Água! Preciso de ajuda. (pega uma criança na platéia) Vamos
pegar água... (entra primeiro com um copo com água, mas Pichi não acorda) Mais
água! (retorna com um balde cheio de papel picados) Um... dois... e três! (joga
na platéia)
PICHI: -Ai que medo! Quer matar o palhaço é?
PANÇA: -Que bom que acordou! Ai, que medo!
Pensei que tinha batido as botas! Mas graças a meu amiguinho aqui que se
chama... conseguimos fazer os primeiros e últimos socorros!
PICHI: -Então aplausos para nosso amiguinho...
por sua coragem. É mesmo um herói!
PANÇA: -Veja só ele está com problema no
coração. E se o problema é no coração é por que está batendo lentamente, aí
segundo minha teoria, se eu desse um susto nele, ele reagiria e o coração dele
bateria mais rápido...
PICHI: -Ou tinha logo um piripaque de vez!
PANÇA: -Sabe que não pensei nisso! Não é que
você deve ter toda razão!
PICHI: -Sempre tenho toda razão! Não é atoa que
sou um sabichão.
KABLIN: -Ai que dói!
PANÇA: -E agora o que faremos?
PICHI: -Já sei! Vamos chamar o grande dr.
Gandaia!
PANÇA: - É mesmo! Por que não pensamos nisso
antes!
AMBOS: -Dr gandaia? Dr. Gandaia... (Som de
ambulância entra Dr. Gandaia com sua maleta)
DR. GANDAIA: -OOOOIIIIIIII!!!!!! (cumprimenta o
público) -Mas o que temos aqui?
PANÇA: -Ah, dr Gandaia! Nosso amigo está muito,
mas muito doente!
DR. GANDAIA: -Quais os sintomas?
PICHI: -Não canta...
PANÇA: -Não rir...
PICHI: -Não conta piada...
PANÇA: -Não faz malabares...
PANÇA: -Não sente prazer em dançar...
DR. GANDAIA: -Então é grave!
PANÇA: -É coração!
PICHI: -É, é coração...
DR. GANDAIA: -Coração?
PANÇA: -Que bom que o senhor está aqui, nosso
amigo Kablin está muito mau e não sabemos o que fazer...
DR. GANDAIA: -E o que tem o palhaço Kablin?
PICHI: -É que...
DR. GANDAIA: -DR. GANDAIA: -Vamos nos sentar,
não fica bem conversar de assuntos sério de pé.
PICHI: -Vou buscar cadeiras... (sai)
DR. GANDAIA: -Ótimo!
PICHI: -Aqui estão... (duas cadeiras)
PANÇA: -Ótimo!
DR. GANDAIA: -Conversar de pé não faz bem! O
sangue desce para os pés e dá chulé. Sentemos... (na hora que Pança vai sentar
Pichi puxa a cadeira e senta Pança cai no Chão)
PANÇA: -Ora, seu idiota!
PICHI: -Desculpa aí! Foi sem querer.
PANÇA: - Ora, sem querer!
DR. GANDAIA: -Rapazes! Não briguem, olhem as
crianças.
PANÇA: -Se não fosse pelas crianças ia te
mostrar!
PICHI: -Ufa! Dessa escapei!
DR. GANDAIA: -Vamos ao caso do seu amigo... Mas
primeiro deixa eu cumprimentar essa criançada tão bonita que hoje está aqui!
Bom dia criançada bonita que gosta de rir de dia é valente e de noite na cama
ainda faz xixí! Bom dia? Vejam só quantas crianças ainda fazem xixí na cama.
Para elas tenho um ótimo remédio: tapinha no bumbum! é funciona. são técnicas
outras modernas. E nosso paciente, onde está? Quero examiná-lo...
PANÇA: -Está logo ali doutor, todo
acabrunhado...
DR. GANDAIA: -Deixe-me ver... (examina) Vamos
sentá-lo naquela cadeira... Vocês podem levá-lo para lá?
PANÇA: -Claro! Pichi, quando eu contar até três
levantamos ele... Um... dois e três. (Pichi deixa Kablin pender para seu lado)
Que foi Pichi?
PICHI: -É muito pesado!
PANÇA: -Ora pesado! Quer nosso amigo tenha um
piripaque?
PICHI: -Claro que não!
PANÇA: -Então no três. Um, dois e três... (não
consegue de novo)
PICHI: -Posso! Pesa.
PANÇA: -Deixa comigo! Você é mesmo um inútil!
(carrega Kablin) Prontinho doutor.
DR. GANDAIA: -Vamos começar... Deixa eu ver!
Vocês vão me auxiliar. Pichi, pega minha maleta. Pança escora a cabeça dele.
Isso!
PICHI: -Sua maleta doutor!
DR. GANDAIA: - (abre a maleta e pega um cachorro
quente)
PICHI: -Pra que serve isso doutor?
DR. GANDAIA: -Ora essa! Pra comer.
PANÇA: -Kablin tem que comer antes dos exames?
PICHI: -Se soubesse o doente seria eu.
DR. GANDAIA: -Não sejam bobos! Este é meu
delicioso lanchinho. afinal precisamos nos alimentar, pois com barriga vazia
não consigo pensar.
PANÇA: -Nem eu.
DR. GANDAIA: -Pichi. Me dê o martelo...
PICHI: -Que vai fazer doutor?
DR. GANDAIA: -Vou verificar os reflexos do
Kablin. (Pança curioso faca à frente de Kablin agachado) Um, dois e três!
(martela o joelho de Kablin fazendo o mesmo ter um movimento involuntário
atingindo Pança que cai enquanto Pichi rola de rir) É os reflexos estão bons!
PANÇA: -Percebe-se.
DR. GANDAIA: -Vamos vê a pressão... (debaixo da
peruca tem uma bexiga cheia de confetes que se enche ate estourar) Pressão
alta! Isso não vai bem...
PICHI: -Não vai mesmo! Vi até os neurônios
voarem.
PANÇA: -Não diga bobagem!
DR. GANDAIA: -Vamos a um exame mais detalhado.
Vamos meu filha reaja, diga: Ah!
KABLIN: -Ah!
DR. GANDAIA: -Ah, que bafo!
PANÇA: -Que ele tem?
DR. GANDAIA: -Um tremendo mau hálito!
PICHI: -Além disso doutor?
DR. GANDAIA: -Cabeça, tronco e membros!
PANÇA: -Disso já sabemos.
DR. GANDAIA: -Se já sabem por que perguntam?
PICHI: -Queremos saber qual a doença do nosso
amigo Kablin...
DR. GANDAIA: -Antes de tudo vamos neutralizar
este bafo. (pega uma bomba) Pronto! meu Deus!
PICHI: -Que foi?
DR. GANDAIA: -Tem um caroço no final da boca!
PANÇA: -Deixa eu vê.
DR. GANDAIA: -Viu?
PICHI: -Grave?
PANÇA: -É a goela dele!
DR. GANDAIA: -Dei-me meu óculos! (Pichi o pega)
Ah, mesmo! Não é que é a garganta!
PANÇA: -Doutor o problema dele é no coração.
DR. GANDAIA: -Eu sei. Sempre soube. Mas não
custa nada fazer um checape! Então vamos ao x da questão... Vamos ouvir este
coração. (ouve-se som de uma banda) Ih! Pelo jeito é grave, gravíssimo! É caso
de operação.
PICHI: -Operação!
DR. GANDAIA: -É. Operação! Vamos deitá-lo ali.
deitem ele ali enquanto coloco minhas luvas.
PANÇA: -Sei não... estou desconfiado que este
doutor é mais atrapalhado que nós!
PICHI: -Mas é doutor e é sabido!
PANÇA: -Nisso tem razão!
PICHI: -Nosso amigo precisa de ajuda e só o
grande doutor Gandaia poderá ajudar!
DR. GANDAIA: -É hora de agir. Vou operar o amigo
de vocês. Enquanto distraem ele, eu vou dar anestesia... (pega um martelão)
PANÇA: -Que vai fazer doutor?
DR. GANDAIA: -Isso! (martelada em Pança que
desmaia)
PICHI: -E agora doutor?
DR. GANDAIA: -Liga não! Daqui a pouco ele
acorda. Enquanto isso distrai o Kablin que eu anestesio.
PICHI: -Mas como?
DR. GANDAIA: -Sei lá! Conta uma piada...
PICHI: -Piada? Bem... Acorda Pança... (Pega um
mega fone) Acorda! (Pança acorda) Acorda! Preciso de sua ajuda...
PANÇA: -Ah, minha caçarola! Que aconteceu?
PICHI: -Doutor Gandaia experimentou a anestesia
em você. Agora temos que distrair o Kablin para o doutor anestesiar ele.
PANÇA: -Mas como?
PICHI: -Contando uma piada.
PANÇA: -Então tá bom! Nisso sou bom.
PICHI: -E eu que faço?
PANÇA: -Eu conto e você representa!
PICHI: -Legal!
PANÇA: -Kablin, presta atenção vou contar uma
piada muito legal... Bom, havia um concurso de morcegos e neste concurso
ganharia quem bebia mais sangue... o primeiro vôo e voltou... (para Pichi) Vôo
coisa! (ele imita morcego) Que isso?
PICHI: -Um morcego voando...
PANÇA: -Que horror!
PICHI: -Então mostra! (Pança mostra) Que horror!
Parece mais um hipopótamo voador!
PANÇA: -Engraçadinho! Aí ele voltou com a boca
toda suja de sangue e disse para os outros: Tá vendo aquela vaca? Então fui lá
e bebi tudo! Depois vem o segundo, Tá vendo aquele elefante, fui lá e bebi
tudo! Depois vem o terceiro todo sujo de sangue dos pés a cabeça! E disse: tá
vendo aquele muro? Então eu não ví! (kablin acha graça e se distrai dr Gandaia
entra com o martelo e anestesia Kablin)
DR. GANDAIA: -Agora vamos deitá-lo aqui.
PICHI: -Que vamos fazer?
DR. GANDAIA: -Vamos trocar o coração dele por
este novo coração.
PANÇA: -Mas o senhor não acha que é muito
grande?
DR. GANDAIA: -Um bom palhaço precisa ter um
grande coração! para caber tanto amor, alegria e diversão! agora se concentrem.
Injeção!?
PICHI: -Nossa que grande!
DR. GANDAIA: -Tesoura!
PANÇA: -Pra que?
DR. GANDAIA: -Vou ajeitar a franja dele! (Pança
desmaia) Serrote!
PICHI: - Pra que?
DR. GANDAIA: -Serrote é para serra! (Pichi
desmaia) Marreta! (vê os dois caídos) Molengas! Vou resolver isto... (pega
injeção)
PANÇA: -Já acordei!
PICHI: -Também.
DR. GANDAIA: -Me ajudem. Puxem! Puxem!
PANÇA: -Nossa que tripão!
PICHI: -Por que está tirando as tripas dele?
DR. GANDAIA: -Pra abrir caminho... Agora é hora
de tirar o coração!
KABILIN: -Não!
TODOS: -Calado! (anestesia)
DR. GANDAIA: -Coração! Agulha! Linha! Vamos
contar de um até três... um, dois e três... pronto! Novinho em folha! (Kablin
se levanta pulando e dançando alegre)
PICHI: -Que bom Kablin! Você está alegre de novo!
PANÇA: -Você está alegre de novo! Mas não
entendo o que aconteceu, não sei por que estava triste...
KABILIN: -É que eu tive um sonho muito triste...
PICHI: -O que sonhou?
KABILIN: -Sonhei que eu entrava no picadeiro e
olhava ao redor e platéia estava vazia e que as crianças não eram mas crianças
e a magia do circo havia sumido e o mundo todo parecia triste pois já não
acreditava no simples gesto de sorri! Que os animais estavam em extinção e o
planeta estava tão poluído que já não havia nem água e nem comida e isso era
muito triste! E ai eu acordei triste , tão triste que me senti sozinho...
PANÇA: -Foi só um pesadelo! Vamos combinar uma
coisa... não vamos deixar isso acontecer, vamos cuidar do planeta, não poluindo
o solo, nem a água. Vamos jogar o lixo no lixo e vamos cuidar da água como
nossa maior riqueza! Não é criançada? Então vamos cantar! (canta)
F I M
peça escrita em 1998
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