De: Marcondys França
PERSONAGENS:
PAI
FILHO
LOBINHO (Amigo)
POLICIAL 1
POLICIAL 2
PEÇA EM 1 ATO
CENA
I
PAI:
-
Acorda! Escola...
FILHO:
- Ah,
pai!
PAI:
- Vai
se atrasar.
FILHO:
- Só
mais um pouco, vai...
PAI:
-
Filho...
FILHO:
- Tá
bom pai.
PAI:
- Joga
uma água nesse rosto que esta horrível.
FILHO:
-
Também... Que queria? Acabo de acordar.
PAI:
- Fiz
um café reforçado.
FILHO:
-
Belê.
PAI:
- Que isso... Belê? Dá pra usar o português correto? Sabe que detesto
gírias. Basta pedir: Obrigado, por exemplo.
FILHO:
-
Brigado.
PAI:
-
Obrigado.
FILHO:
-
obrigado!
PAI:
- Está
vendo? Assim é bem melhor, e não dói nada. Agora é melhor se apressar.
FILHO:
- Tô
indo.
PAI:
-
Estou indo. Hei? Não toma mais a benção?
FILHO:
-
Benção.
PAI:
- Que
Deus abençoe.
FILHO:
- Fui. (Sai)
PAI:
- E te
proteja.
CENA II
LOBINHO:
- Tô
ligado que cê é novo na escola.
FILHO:
- É.
LOBINHO:
- Tô
ligado truta. Cê vem de buzão?
FILHO:
- Não.
Na caminhada.
LOBINHO:
- Maneiro. Ah, já ia me esqueceno... Sou Lobinho.
FILHO:
- Legal.
Eu sou Robson.
LOBINHO:
- Que
vai fazê depois da aula?
FILHO:
- Vou
pra casa.
LOBINHO:
- Nem
pensá.
FILHO:
- Se
eu não chegar, meu pai me mata.
LOBINHO:
- Oh,
camarada! Tá comigo, tá com Deus! Esquenta a cuca não. O mano aqui tem um
esquema da hora...
FILHO:
-
Esquema?
LOBINHO:
- Num vai me dizê que é de dá pra trás...
FILHO:
- Que
isso!
LOBINHO:
- Tu
tá veno aquela loja ali?
FILHO:
- Tô
LOBINHO:
- E lá que será teu batismo. Só quero vê se tu passa no teste.
FILHO:
-
Teste?
LOBINHO:
- É. Teste. Pra fazê parte da turma tem que passá no teste.
FILHO:
- E
como é esse teste?
LOBINHO:
- Hei,
calma! No tempo certo vai sabê.
CENA III
FILHO:
- Pai... Cheguei.
PAI:
- Que bom filho. Como foi a aula?
FILHO:
- Normal.
PAI:
- Hei, que boné é esse?
FILHO:
- Essa bombeta? Achei...
PAI:
- Procurou o dono?
FILHO:
- Tá brincano, né pai?
PAI:
- Não.
FILHO:
- Se eu perguntasse de que é, sabe quantos donos
apareceria?
PAI:
- Se metem o problema é deles.
Você tem que fazer a sua parte. Esse boné é novo. Olha só... Está até com a
etiqueta.
FILHO:
- Pega leve pai. Alguém perdeu, e
eu achei, pronto... O senhor tem que complicar sempre.
PAI:
- Escuta aqui... Amanha você vai
devolver esse boné, não é seu, e não o quero aqui. (Campanhia)
LOBINHO:
- E ai coroa?!
FILHO:
- Ah, pai... Esse é o Lobinho.
PAI:
- Lobinho?
LOBINHO:
- A seu dispô!
FILHO:
- Meu colega de escola.
LOBINHO:
- Caraca! Cheguei na hora boa... Rango! Dá pra
descolar um suco pra nós?
FILHO:
- Pai...
PAI:
- Vou pegar. (Sai)
LOBINHO:
- Ai carinha, tenho um esquema pra
manhã.
FILHO:
- Depois agente fala sobre
isso... Aqui é sujeira.
LOBINHO:
- É teu velho?
FILHO:
- É. Tá desconfiado.
LOBINHO:
- A parada é quente...
FILHO:
- Sujou...
LOBINHO:
- Foi mal.
PAI:
- Suco...
LOBINHO:
- Valeu coroa. Hum! Muito bom.
Agora tenho que ir... Te vejo amanha, lá na escola. Falô coroa. (Sai)
PAI:
- Não te quero na compania desse garoto.
FILHO:
- Por que não?
PAI:
- Não me parece boa influencia pra você.
FILHO:
- O senhor tem que parar com essa mania de achar
que sou melhor que os outros. (Sai)
PAI:
- Tem algo de errado com esse moleque. (Sai)
CENA IV
LOBINHO:
- E ai mano, belê?
FILHO:
- Belê.
LOBINHO:
- Está pronto?
FILHO:
- Se meu velho descobrir que cabulei aula...
LOBINHO:
- Esquece teu veio. Hoje tu vai
sabê o que é adrenalina.
FILHO:
- Qual é a parada?
LOBINHO:
- Tá veno aquela loja?
FILHO:
- Tô. E daí?
LOBINHO:
- Artigos de primeira.
FILHO:
- E a segurança?
LOBINHO:
- Vai medrar meu irmão?
FILHO:
- Claro que não.
LOBINHO:
- Trouxe a bombeta?
FILHO:
- Trouxe.
LOBINHO:
- Põe. E evita olhar pras câmeras.
FILHO:
- Então vamos...
LOBINHO:
- Hei... Calma ai. Relaxa! Trouxe
uma coisinha pra nós.
FILHO:
- Como conseguiu?
LOBINHO:
- Eu sou o cara. Esse é teu. (Passa um bazeado)
(Acendem e saem fumando)
(Acendem e saem fumando)
CENA V
PAI:
- De onde veio esse casaco?
FILHO:
- Ah, é do meu amigo. É do
Lobinho. Ele me emprestou.
PAI:
- Já conversamos sobre isso.
FILHO:
- Tá pai. Vou pro quarto. Tenho
que estudar.
PAI:
- Hei, espera ai. Escuta aqui
rapazinho... Estou falando com você.
FILHO:
- Dá pra me deixar em paz só por um minuto? Que
saco! (Sai)
PAI:
- Tem algo de errado com esse
garoto. (Sai. Entra o filho falando no
celular)
FILHO:
- Belê... Vou dá um perdido velho
e daqui a mais ou menos uns vinte minutos tô ai. Mas me diz uma coisa... A
parada é quente? Então tá. Falo. (Escreve
um bilhete e sai) Pai, fui pra casa de uns amigos fazer um trabalho de
escola e já volto.
PAI: - Pra onde foi esse moleque? (Encontra o bilhete) Pai fui pra casa de uns amigos fazer um trabalho de escola e já volto. (Pega o celular e liga) Fora de área. Esse menino está aprontando alguma. Não sei por que, mas sinto isso. Queira Deus que eu esteja enganado. (Telefone) Alô... O que? Não... Não pode ser. Polícia? Há algum engano. Sim. É meu filho. Está bem, já estou indo para aí. (Sai).
PAI: - Pra onde foi esse moleque? (Encontra o bilhete) Pai fui pra casa de uns amigos fazer um trabalho de escola e já volto. (Pega o celular e liga) Fora de área. Esse menino está aprontando alguma. Não sei por que, mas sinto isso. Queira Deus que eu esteja enganado. (Telefone) Alô... O que? Não... Não pode ser. Polícia? Há algum engano. Sim. É meu filho. Está bem, já estou indo para aí. (Sai).
CENA VI
POLICIAL:
- Senhor posso ajudar?
PAI:
- Estou procurando meu filho...
Recebi uma ligação...
POLICIAL:
- Há, o senhor deve ser pai de
uns dos moleques que furtavam uma loja de departamentos aqui no centro...
PAI:
- Furto?
POLICIAL:
- É... Furto. E como não é difícil de imaginar...
Um dia a casa cai e a dele caiu. Oh, Juarez... Trás o elemento. (O policial trás Robson)
FILHO:
- Não fiz nada pai. Foi tudo um engano. Eu juro que
ia pagar.
PAI:
- Estou decepcionado com você Robson.
POLICIAL:
- O senhor conhece isto?
FILHO:
- É meu pai.
PAI:
- Não.
POLICIAL:
- E isto?
PAI:
- Também não.
POLICIAL:
- E isto?
PAI:
- Não identifico nada dessas coisas. Não são do meu
filho.
POLICIAL:
- É que imaginei. Dá pra vê que o
senhor é uma pessoa honesta e não compartilhar com as coisas erradas que seu
filho anda fazendo. Mas sinto muito em dizê-lo, seu filho foi pego em flagrante
ao lado de um já velho conhecido nosso e será encaminhado a Fundação Casa.
FILHO:
- Pai... Por favor, me tira
daqui, pai...
PAI:
- Por favor...
POLICIAL:
- Infelizmente, há uma queixa
formal... Seu filho foi pego em flagrante e há imagens das câmeras de segurança
que comprovam o delito.
FILHO:
- Pai!
PAI:
- Há Robson...
POLICIAL:
- Leve-o.
FILHO:
- Pai... Pai...
POLICIAL:
- Sinto muito senhor. O que tem a
fazer é procurar um bom advogado, o quanto antes melhor. De preferência antes
que o transferimos para Fundação Casa. (O
pai sai desnorteado)
Nenhum comentário:
Postar um comentário