quarta-feira, 9 de agosto de 2017

O PÁSSARO DO POENTE

Personagens:

NARRADOR

YOSAKU

OTSÛ

NOBRE SENHOR

SENHORA


Peça em um ato.

CENA I

NARRADOR:
- Era uma manhã fria de inverno. Quando os flocos brancos de neve cessaram por um instante, Yosaku, um jovem camponês saiu de sua casa. Caminhou observando a paisagem ao redor. Tudo coberto de branco. Mais adiante algo lhe chamou a atenção.
YOSAKU:
- O que será? Uma cegonha! E esta machucada. Ah, coitada! Que maldade! Fique tranquila, vou cuidar de você. (Yosaku retira a flecha com cuidado) Calma! Isso... Pronto. Logo ficará bem.
NARRADOR:
 - Grata a cegonha devagar, levantou voo até que o jovem Yosaku a viu desaparecer atrás das montanhas. 

CENA II

NARRADOR:
- Dias depois... Em uma certa noite, Yosaku teve a impressão de ouvi batida na porta.

YOSAKU:
- Visita a esta hora? E com esta tempestade de neve? (Outra batida) Quem será?
NARRADOR:
- Diante da casa estava uma moça com quimono branco e com seu manto vermelho protegendo seu belo rosto.

OTSÛ:
- Meu nome é Otsû. Ia até a próxima aldeia, mais acabei me perdendo. Por favor senhor... Poderia me dá abrigo por esta noite?

YOSAKU:
- Claro. Perdão! Deve está com muito frio. Por favor, entre. Poderá se aquecer. Acabo de ascender o fogo.
OTSÛ:
- Obrigada senhor.
YOSAKU:
- Aceita um chá bem quente? Vai ajudá-la a manter-se aquecida.
OTSÛ:
- Estou congelando! Sim, aceito.
YOSAKU:
- Claro. Fique a vontade.

CENA III

NARRADOR:
- No dia seguinte ao amanhecer Yosaku foi despertado por um aroma delicioso.
YOSAKU:
- Que cheiro gostoso! É missoshiru. Mas de onde vem? Ah! É Otsû. Esta preparando missoshiru.
OTSÛ:
- Espero que goste senhor.
YOSAKU:
- Hum! Há quanto tempo não tomo uma sopa de missô tão saborosa.
OTSÛ:
- Fico feliz que tenha gostado senhor.
YOSAKU:
-Yosaku.
OTSÛ:
-Yosaku!

YOSAKU:
- Bem melhor assim. Otsu, tenho que fazer uma viagem e será difícil seguir...
OTSÛ:
- Não pretendo incomodá-lo. Posso ir embora...
YOSAKU:
- Não. Não me incomoda! Peço-lhe que fique. Fique até passar a tempestade.
OTSÛ:
- Agradeço-lhe Yosaku por sua gentileza.

CENA IV
NARRADOR:
- Passaram-se os dias, também o período da neve, mas Otsu não partiu. A primavera chegou. E a primavera é tempo de casar. Yosaku e Otsû estavam felizes juntos. Humildes, mas isso não tinha importância. Um dia para ajudar o marido Otsû teve uma ideia.
OTSÛ:
- Yosaku, gostaria de ter um quarto com tear. Você poderia vender os tecidos na cidade.

YOSAKU:
- Se esse é teu desejo... Irei construir um pequeno quarto e vou instalar um tear.
OTSÛ:
- Só lhe peço uma coisa.
YOSAKU:
- O que?
OTSÛ:
- Durante três dias enquanto eu estiver tecendo não quero que me vejas. Só isso Peço-lhe. Promete?
YOSAKU:
-Prometo.

CENA V


NARRADOR:
- Assim Yosaku construiu o quarto e instalou o tear. E assim o som do tear ecoava por toda casa em ritmo marcado. Quase uma música. Yosaku conteve a vontade de espiar. Tinha que honrar sua promessa. Três dias se passaram e finalmente o tear parou.
OTSÛ:
- Acho que vai conseguir um bom preço.
YOSAKU:
- Nossa! O tecido tem o toque suave da ceda. As estampas parecem ter sido desenhadas por uma deusa. Nunca vi nada semelhante em toda minha vida. Vou imediatamente a cidade. Tenho certeza que conseguirei um bom preço por esta peça.
NARRADOR:
- Yosaku despediu-se de sua bela esposa Otsu e segui rumo a cidade, convencido que faria um bom negócio.
YOSAKU:
- Venham ver! Venham ver! Vejam que lindo tecido. Peça igual a esta não há!
SENHORA:
- Maravilhoso! Realmente nunca vi nada assim. (Entra o nobre que desce de seu cavalo e vai em direção a Yosaku.)
NOBRE SENHOR:
- Realmente nunca vi nada igual. Vou ficar com este. Acredito que estas moedas de ouro pagam por esta peça.
YOSAKU:
- Muito obrigado senhor.
NOBRE SENHOR:
- Caso consiga mais tecidos desta qualidade, leve-os até meu castelo.
YOSAKU:
- Sim senhor.

CENA VI
NARRADOR:
- Yosaku nem acreditou. O nobre senhor não hesitou em pagar com várias moedas de ouro pela peça. Decidiu voltar imediatamente para casa. Não via a hora de contar a Otsu a tão generosa quantia que conseguira com a venda do belo tecido. Estava muito orgulhoso de sua esposa.
YOSAKU:
- Otsû! Otsû!
OTSÛ:
- Yosaku...
YOSAKU:
- Veja. (Mostra as moedas)
OTSÛ:
- Quantas moedas...
YOSAKU:
- E de ouro. O nobre senhor adorou a peça que você fez e pagou todas essas moedas pela peça. Mais uma vez pediu que eu levasse outra peça.
OTSÛ:
- Sim... Amanhã mesmo vou tecer outro.
NARRADOR:
- Mais uma vez Otsu entrou no quarto de tear, recomendando para que ele não olhasse. Seguiram dias feitos de espera e ansiedade acompanhados do som do tear. Três dias se passaram. Otsu saiu do quarto e trazia em suas mãos um tecido ainda mais lindo que o primeiro.
YOSAKU:
- Nossa! É lindo!
OTSÛ:
- Espero que o nobre senhor goste.
YOSAKU:
- Tenho certeza que sim. Vou imediatamente levar este belíssimo tecido ao senhor que com certeza irá pagar uma boa quantia.


CENA VII

NARRADOR:
- E assim Yosaku foi em direção ao encontro do nobre senhor e como havia imaginado conseguiu uma boa soma em moedas de ouro.

NOBRE SENHOR:
- É realmente maravilhosa esta peça!
YOSAKU:
- Que bom que gostou senhor.
NOBRE SENHOR:
- Posso lhe garantir que nunca vi nada igual antes. Pode conseguir outra peça?
YOSAKU:
- Posso tentar.
NOBRE SENHOR:
- Ótimo! Será bem recompensado meu jovem.
YOSAKU:
- Sei que sim.
NOBRE SENHOR:
- Logo consiga traga aqui.

CENA VIII

NARRADOR:
- Mais uma vez, feliz, Yosaku retornou a sua casa e contou a sua querida Otsû o ocorrido.
OTSÛ:
- Fico feliz Yosaku.
YOSAKU:
- O nobre senhor deseja mais. Otsû você faria mais um tecido?
OTSÛ:
- Claro Yosaku. Posso fazer.
NARRADOR:
-Yosaku não percebeu o quanto Otsû estava magra e abatida. Pela terceira vez ela trancou-se no quarto de tear. Enquanto ouvia o som do tear espalha-se pela casa. Percebeu algo diferente.
YOSAKU:
- A música do tear... Parece triste. Como será que ela faz tecidos tão bonitos? E se eu dê uma olhada? Só uma espiada!

NARRADOR:
- O terceiro dia chegou. Yosaku aproximou-se da porta. Através de uma fresta viu o que se passava dentro do quarto. Era incrível! Os fios pareciam ter vida. Rápidos, movimentavam-se uns nos outros como uma dança, sem pausa.
YOSAKU:
-Uma cegonha! Então é assim... arranca com o bico as próprias penas, entremeando-as aos fios forma as delicadas estampas. Então é isso! Uma cegonha.

(Otsû sai do quarto com o tecido pronto)
OTSÛ:
- Sim. Uma cegonha! Sou aquela cegonha que você salvou na neve. Vim para retribuir o que fez por mim. Agora preciso ir.

YOSAKU:
- Pra onde? Otsu, me perdoe, não deveria ter olhado.

OTSÛ:
- Aqui esta o tecido.
YOSAKU:
- Otsu, por favor, não vá!

(Otsû toma sua verdadeira forma)
YOSAKU:
- Por favor, não vá! Otsu...

NARRADOR:
- Os olhos de Yosaku guardaram a imagem de cegonha que foi voando até desaparecer no céu avermelhado do poente. 



F I M

O FANTASMINHA BRINCALHÃO

PERSONAGENS:
VENTANIA (MÃE)
TROVÃO (PAI)
RAIO DE LUZ (IRMÃO)
CLARIDADE (IRMÃ)
TRANSPARENCIA (AMIGO)
DONA ZUZU


PEÇA EM UM ATO

CENA I

VENTANIA:
- Meus pastéis de vento ficarão uma delícia! Asas de morcego, bigode de barata, perna de sapo, olho de cobra, rabo de lagartixa, pingo de suor... E mexe! Mexe... Remexe que mexe! Hum! Tá bom!

TROVÃO:
- Querida! Tô com uma fome de zumbi!

VENTANIA:
- Está quase pronto querido marido trovão...

TROVÃO:
- Ah, ventania! Me deixa provar apenas um pouquinho...

VENTANIA:
- Nem pensar! Comeremos todos juntos...

TROVÃO:
- Não resisto a teus deliciosos pastéis de vento.

VENTANIA:
- Só que terá que esperar.

CENA II

RAIO DE LUZ:
- Mamãe, mamãe...

CLARIDADE:
- Mamãe...

RAIO DE LUZ:
- Deixa agente brincar lá fora?

CLARIDADE:
- Deixa mamãe...

RAIO DE LUZ:
- Por favor...

CLARIDADE:
- Ah deixa, vai?

VENTANIA:
- Não. Já disse, que não!

RAIO DE LUZ:
- Ah, mamãe...
VENTANIA:
- Já lhes disse que não podem sair de dentro de casa.

RAIO DE LUZ:
- Há mamãe! Por favor...

CLARIDADE:
- Deixa vai... Agente não vai pra longe.
VENTANIA:
- Não. É perigoso!
RAIO DE LUZ:
- Só um pouquinho...
CLARIDADE:
 - Agente não se afasta.

RAIO DE LUZ:
- Vamos ficar invisível.
CLARIDADE:
 - É...
TROVÃO:
- Ventania... Deixe-os... Só um pouco.
VENTANIA:
- É muito arriscado trovão. Se alguém percebe nossa presença seremos obrigados a nos mudar deste velho e agradável casarão.
RAIO DE LUZ:
- Vamos nos comportar.
CLARIDADE:
- Prometemos mamãe.
VENTANIA:
- Tenho medo. Podem nos perceber e chamarem os caças fantasmas. Não. É muito arriscado.
TROVÃO:
- Deixe as crianças brincarem... Só um pouquinho. Querida, é preciso que aprendam a se defender e também a praticar sua invisibilidade.
VENTANIA:
- Tem razão. Mas só um pouquinho!
AS CRIANÇAS:
- Oba! Vamos brincar lá fora! (Saem)
TROVÃO:
- É tão bom ver a alegria das crianças.
VENTANIA:
- Não gosto nada disso!
TROVÃO:
- E minha comida? Já está pronta?
VENTANIA:
- Nada disso! Nada de beliscar antes da hora. Agora vá já lavar as mãos... Temos que dar exemplo as crianças. (Saem)

CENA III
(Entram as crianças cantando se essa rua fosse minha)

RAIO DE LUZ:
- Como é legal a rua!
CLARIDADE:
- É bacana Raio de Luz!
ASTROGILDO:
- Até parece que nunca viram a rua.
RAIO DE LUZ:
- É a primeira vez que nossa mãe deixa a gente sair do casarão sozinhos. Vamos brincar?
CLARIDADE:
- De que?
TRANSPARENCIA:
- De soldadinhos! (Música marcha soldado)
RAIO DE LUZ:
- E agora? Vamos brincar de que?
CLARIDADE:
- De amarelinha!
TRANSPARENCIA:
- É muito chato!
RAIO DE LUZ:
- Que tal agora agente brincar de pular corda?
CLARIDADE:
- Êba! (Música pular corda) Vamos brincar de roda?
RAIO DE LUZ:
- Vamos! (Música de roda)
TRANSPARENCIA:
- Claridade, Raio de Luz?
CLARIDADE:
 - Que?
TRANSPARENCIA:
- Vamos brincar de assombrar pessoas?
CLARIDADE:
- Não podemos.
TRANSPARENCIA:
- Só um pouquinho.

RAIO DE LUZ:
- Sei não...
TRANSPARENCIA:
- Não seja bobo!
CLARIDADE:
- Raio de Luz... Papai briga, mamãe bate!
TRANSPARENCIA:
- Não precisam saber.

RAIO DE LUZ:
- Tá! Tá bom. Mais só um pouquinho.

TRANSPARENCIA:
- É! Vejam...
CLARIDADE:
- Vem vindo uma pessoa de verdade!
TRANSPARENCIA:
- Claro! Queria que fosse de mentirinha? Agora se escondam. E quando eu dê o sinal. Agente assusta!

CENA IV

(Entra a velhinha míope, e os fantasmas assustam)

DONA ZUZU:
- Que... Que isso? Onde? Ah! Pestinhas... Vocês me pagam... Ah, se eu ponho as mãos em vocês! (Retiram a peruca da velhinha)
DONA ZUZU:
- Ah! Minha peruca! Ah... Onde, onde está? Minha peruca... Moleques. Deixa eu pegar vocês... (Sai de cena)
TRANSPARENCIA:
 - Corre! Corre! Perna pra quem te quer... (Sai)

CLARIDADE E RAIO DE LUZ:
- Ah! (Assustados com a peruca na mão)



CENA V

RAIO DE LUZ:
- Mamãe! Mamãe...
CLARIDADE:
 - Mamãe...
RAIO DE LUZ:
- Veja!
CLARIDADE:
- É um bicho.
RAIO DE LUZ:
- Horroroso!
CLARIDADE:
- Que medo! Que medo...
VENTANIA:
- Não é um bicho.
RAIO DE LUZ:
- Não?
CLARIDADE:
 - O que é?
TROVÃO:
- É uma peruca. Quando as pessoas perdem os cabelos usam isto. Uma peruca.
VENTANIA:
- Como conseguiram esta peruca?
RAIO DE LUZ:
- Foi, foi, foi... Nós... Achamos...
VENTANIA:
- Não mintam. Já disse que mentir é feio.
CLARIDADE:
- Desculpe mamãe. Desobedecemos suas ordens.
TROVÃO:
- Estamos envergonhados de vocês. Sabem o que poderia acontecer por desobedecer sua mãe.

RAIO DE LUZ:
- Sentimos muito!
CLARIDADE:
- Não faremos mais.
TROVÃO:
- Como quebraram a promessa... Vão ficar de castigo.
VENTANIA:
- Isso mesmo! Uma semana sem observarem o espelho mágico. E também sem o jogo das caveiras. Agora subam e vão lavar as mãos que os pasteis de vento já será servido. (Saem os pais)
CLARIDADE:
- Viu... Poderia ter acontecido algo de muito ruim.
RAIO DE LUZ:
- É aprendemos a lição. Quando nossos pais nos aconselham é para nosso bem.
CLARIDADE:
- Então vamos logo antes que fiquem mais zangados!
RAIO DE LUZ:
- Vamos! (Saem)


F I M

ENTRANDO NUMA FRIA

De: Marcondys França

PERSONAGENS:
PAI
FILHO
LOBINHO (Amigo)
POLICIAL 1
POLICIAL 2

PEÇA EM 1 ATO

CENA I

PAI:

- Acorda! Escola...


FILHO:

- Ah, pai!


PAI:

- Vai se atrasar.


FILHO:

- Só mais um pouco, vai...


PAI:

- Filho...


FILHO:

- Tá bom pai.


PAI:

- Joga uma água nesse rosto que esta horrível.

FILHO:

- Também... Que queria? Acabo de acordar.


PAI:

- Fiz um café reforçado.

 

FILHO:

- Belê.


PAI:

- Que isso... Belê? Dá pra usar o português correto? Sabe que detesto gírias. Basta pedir: Obrigado, por exemplo.


FILHO:

- Brigado.


PAI:

- Obrigado.


FILHO:

- obrigado!


PAI:

- Está vendo? Assim é bem melhor, e não dói nada. Agora é melhor se apressar.


FILHO:

- Tô indo.


PAI:

- Estou indo. Hei? Não toma mais a benção?


FILHO:

- Benção.

PAI:

- Que Deus abençoe.


FILHO:

- Fui. (Sai)

PAI:

- E te proteja.


CENA II


LOBINHO:


- Tô ligado que cê é novo na escola.


FILHO:


- É.


LOBINHO:


- Tô ligado truta. Cê vem de buzão?


FILHO:


- Não. Na caminhada.

LOBINHO:


- Maneiro. Ah, já ia me esqueceno... Sou Lobinho.


 

FILHO:

- Legal. Eu sou Robson.


LOBINHO:

- Que vai fazê depois da aula?


FILHO:

- Vou pra casa.

LOBINHO:

- Nem pensá.

FILHO:

- Se eu não chegar, meu pai me mata.

LOBINHO:

- Oh, camarada! Tá comigo, tá com Deus! Esquenta a cuca não. O mano aqui tem um esquema da hora...

FILHO:

- Esquema?

LOBINHO:

- Num vai me dizê que é de dá pra trás...

FILHO:

- Que isso!

LOBINHO:

- Tu tá veno aquela loja ali?

FILHO:

- Tô


LOBINHO:

- E lá que será teu batismo. Só quero vê se tu passa no teste.

FILHO:

- Teste?

LOBINHO:

- É. Teste. Pra fazê parte da turma tem que passá no teste.

FILHO:

- E como é esse teste?

LOBINHO:

- Hei, calma! No tempo certo vai sabê.


CENA III
FILHO:
- Pai... Cheguei.
PAI:
- Que bom filho. Como foi a aula?
FILHO:
- Normal.
PAI:
- Hei, que boné é esse?
FILHO:
- Essa bombeta? Achei...
PAI:
- Procurou o dono?
FILHO:
- Tá brincano, né pai?

PAI:
- Não.
FILHO:
- Se eu perguntasse de que é, sabe quantos donos apareceria?
PAI:
- Se metem o problema é deles. Você tem que fazer a sua parte. Esse boné é novo. Olha só... Está até com a etiqueta.
FILHO:
- Pega leve pai. Alguém perdeu, e eu achei, pronto... O senhor tem que complicar sempre.
PAI:
- Escuta aqui... Amanha você vai devolver esse boné, não é seu, e não o quero aqui. (Campanhia)
LOBINHO:
- E ai coroa?!
FILHO:
- Ah, pai... Esse é o Lobinho.
PAI:
- Lobinho?
LOBINHO:
- A seu dispô!
FILHO:
- Meu colega de escola.



LOBINHO:
- Caraca! Cheguei na hora boa... Rango! Dá pra descolar um suco pra nós?
FILHO:
- Pai...
PAI:
- Vou pegar. (Sai)
LOBINHO:
- Ai carinha, tenho um esquema pra manhã.
FILHO:
- Depois agente fala sobre isso... Aqui é sujeira.
LOBINHO:
- É teu velho?
FILHO:
- É. Tá desconfiado.
LOBINHO:
- A parada é quente...
FILHO:
- Sujou...
LOBINHO:
- Foi mal.
PAI:
- Suco...


LOBINHO:
- Valeu coroa. Hum! Muito bom. Agora tenho que ir... Te vejo amanha, lá na escola. Falô coroa. (Sai)
PAI:
- Não te quero na compania desse garoto.
FILHO:
- Por que não?
PAI:
- Não me parece boa influencia pra você.
FILHO:
- O senhor tem que parar com essa mania de achar que sou melhor que os outros. (Sai)
PAI:
- Tem algo de errado com esse moleque. (Sai)

 

CENA IV

LOBINHO:
- E ai mano, belê?
FILHO:
- Belê.
LOBINHO:
- Está pronto?
FILHO:
- Se meu velho descobrir que cabulei aula...

LOBINHO:
- Esquece teu veio. Hoje tu vai sabê o que é adrenalina.
FILHO:
- Qual é a parada?
LOBINHO:
- Tá veno aquela loja?
FILHO:
- Tô. E daí?
LOBINHO:
- Artigos de primeira.
FILHO:
- E a segurança?
LOBINHO:
- Vai medrar meu irmão?
FILHO:
- Claro que não.
LOBINHO:
- Trouxe a bombeta?
FILHO:
- Trouxe.
LOBINHO:
- Põe. E evita olhar pras câmeras.
FILHO:
- Então vamos...



LOBINHO:
- Hei... Calma ai. Relaxa! Trouxe uma coisinha pra nós.
FILHO:
- Como conseguiu?
LOBINHO:
- Eu sou o cara. Esse é teu. (Passa um bazeado)
(Acendem e saem fumando)

 

CENA V

PAI:
- De onde veio esse casaco?
FILHO:
- Ah, é do meu amigo. É do Lobinho. Ele me emprestou.
PAI:
- Já conversamos sobre isso.
FILHO:
- Tá pai. Vou pro quarto. Tenho que estudar.
PAI:
- Hei, espera ai. Escuta aqui rapazinho... Estou falando com você.
FILHO:
- Dá pra me deixar em paz só por um minuto? Que saco! (Sai)
PAI:
- Tem algo de errado com esse garoto. (Sai. Entra o filho falando no celular)
FILHO:
- Belê... Vou dá um perdido velho e daqui a mais ou menos uns vinte minutos tô ai. Mas me diz uma coisa... A parada é quente? Então tá. Falo. (Escreve um bilhete e sai) Pai, fui pra casa de uns amigos fazer um trabalho de escola e já volto.
PAI: - Pra onde foi esse moleque? (Encontra o bilhete) Pai fui pra casa de uns amigos fazer um trabalho de escola e já volto. (Pega o celular e liga) Fora de área. Esse menino está aprontando alguma. Não sei por que, mas sinto isso. Queira Deus que eu esteja enganado. (Telefone) Alô... O que? Não... Não pode ser. Polícia? Há algum engano. Sim. É meu filho. Está bem, já estou indo para aí. (Sai).
CENA VI
POLICIAL:
- Senhor posso ajudar?
PAI:
- Estou procurando meu filho... Recebi uma ligação...
POLICIAL:
- Há, o senhor deve ser pai de uns dos moleques que furtavam uma loja de departamentos aqui no centro...
PAI:
- Furto?
POLICIAL:
- É... Furto. E como não é difícil de imaginar... Um dia a casa cai e a dele caiu. Oh, Juarez... Trás o elemento. (O policial trás Robson)

FILHO:
- Não fiz nada pai. Foi tudo um engano. Eu juro que ia pagar.
PAI:
- Estou decepcionado com você Robson.
POLICIAL:
- O senhor conhece isto?
FILHO:
- É meu pai.
PAI:
- Não.
POLICIAL:
- E isto?
PAI:
- Também não.
POLICIAL:
- E isto?
PAI:
- Não identifico nada dessas coisas. Não são do meu filho.
POLICIAL:
- É que imaginei. Dá pra vê que o senhor é uma pessoa honesta e não compartilhar com as coisas erradas que seu filho anda fazendo. Mas sinto muito em dizê-lo, seu filho foi pego em flagrante ao lado de um já velho conhecido nosso e será encaminhado a Fundação Casa.

FILHO:
- Pai... Por favor, me tira daqui, pai...
PAI:
- Por favor...
POLICIAL:
- Infelizmente, há uma queixa formal... Seu filho foi pego em flagrante e há imagens das câmeras de segurança que comprovam o delito.
FILHO:
- Pai!
PAI:
- Há Robson...
POLICIAL:
- Leve-o.
FILHO:
- Pai... Pai...
POLICIAL:
- Sinto muito senhor. O que tem a fazer é procurar um bom advogado, o quanto antes melhor. De preferência antes que o transferimos para Fundação Casa. (O pai sai desnorteado)

 

F I M

ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...

   ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...               de Marcondys França PERSONAGENS: CANDIDA MATILDE: Irmã de Cândida. ISABEL: Filha de Cândida. M...