segunda-feira, 5 de junho de 2023

ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...

  ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...              

de Marcondys França

PERSONAGENS:

CANDIDA

MATILDE: Irmã de Cândida.

ISABEL: Filha de Cândida.

MARCIEL: Marido de Isabel.

ERICK: Filho de Isabel.

DALVA: Irmã de Isabel.

NANA: Empregada de Cândida.

TININHA: Empregada de Isabel, filha de Nana.

ATO I


(Cândida esta sentada na sala, em seu colo uma caixa de costura de onde

ela tira um novelo de lã e começa a fazer tricô companhia toca. Nana


calmamente cruza a sala e vai atender).


NANA: - Filha?!(surpresa)

TININHA: - Mãe...

NANA: - O que aconteceu?

CANDIDA: - (Levanta-se) Algum problema com Isabel?

TININHA: - Não senhora. É que eu gostaria de falar com minha mãe.

CANDIDA: - E por que esse nervosismo todo.

NANA: - O que foi minha filha?

CANDIDA: - Vou deixá-las a sós.

NANA: - Obrigada Dona Cândida. (Cândida sai) O que foi minha filha?

TININHA: - Não posso continuar lá...

NANA: - Mas por quê?

TININHA: - Não tem, mas cabimento.

NANA: - Não estou entendendo mais nada. Dona Isabel lhe trata tão bem.

TININHA: - Aquele miserável tentou me agarra a força.

NANA: - Filha! Meu Deus! Mas o menino Erick...

TININHA: - Não! Não foi o Erick mãe.

NANA: - Pelo amor de Deus, o que você esta me dizendo?

TININHA: - Isso mesmo.

NANA: - Você esta querendo...

TININHA: - Seu Maciel tentou me agarrar à força.

NANA: - Meu Deus! E dona Isabel?

TININHA: - Não estava em casa.

NANA: - Você contou pra ela?

TININHA: - Ainda não. Não tive coragem. Essa não foi à primeira vez!

NANA: - Temos que conta pra Dona Cândida.

ISABEL: - Pra lá eu não volto nunca mais sou capaz de...

NANA: - Não diga bobagem minha filha você não precisa voltar pra lá. Dona

Cândida?

CANDIDA: - Me chamou Nana?


NANA: - Sim senhora.

CANDIDA: - Diga

NANA: - É melhor a senhora sentar.

CANDIDA: - Aconteceu algo com Isabel?

NANA: - Não senhora...

CANDIDA: - Com meu neto?

NANA: - Não.

CANDIDA: - Então por que esse mistério?

NANA: - É que a Tininha que lhe contar algo...

CANDIDA: - Me contar algo.

NANA: - Sim senhora. E o que ela tem pra lhe contar é muito delicado.

CANDIDA: - Meu Deus! Não vai me dizer que você se deixou desfrutar pelo meu

neto, ora minha filha, Erick é jovem, imaturo e jamais...

TININHA: - Não senhora

CANDIDA: - Não? Então o que é? Vamos menina diga.

TININHA: - Seu Maciel...

CANDIDA: - O que tem Maciel?

TININHA: - Seu genro tentou me agarrar à força.

CANDIDA: - Tentou lhe agarrar a força. Ora, mais isso não tem cabimento! Você

deu confiança?

TININHA: - Não senhora. Sou uma moça de respeito, seu genro que não presta.

CANDIDA: - Isabel sabe dessa história?

TININHA: - Não senhora. Não tive coragem de contar.

CANDIDA: - Melhor assim.

TININHA: - E agora o que vamos fazer?

CANDIDA: - Tininha você liga pra Isabel e diz que vai dormir esta noite aqui com

tua mãe. Amanhã resolvermos isso, com cabeça fria...

TININHA: - Sim senhora.

CANDIDA: - Você me garante que não aconteceu...

TININHA: - Não. Eu juro por tudo que é mais sagrado.

CANDIDA: - Melhor. Por favor, acomode-se no quarto que foi de Isabel.

TININHA: - Sim senhora! Licença. (sai)

CANDIDA: - O que você acha Nana?

NANA: - Tininha esta dizendo a verdade. Posso lhe garantir Dona Cândida, a

senhora vai contar a Dona Isabel?

CANDIDA: - Isso poderia causar um grande abalo no casamento de Isabel. Acho

melhor ela não saber de nada.

NANA: - A senhora não acha que ela deve saber o marido que tem? Marido este

que não a respeita dentro da sua própria casa?

CANDIDA: - Já é tarde! E essa notícia nos deixou abalados. É melhor irmos

dormir e amanhã com a cabeça fria, agiremos com mais cautela.


CENA II


ERICK: -(No telefone) Tudo bem. Pode deixa... Ta bom, eu dou o recado. Boa

noite!

ISABEL: - Quem era?

ERICK: - Tininha.

ISABEL: - Onde está?


ERICK: - Na casa da vovó Cândida.

ISABEL: - Estranho! Foi sem avisar.

ERICK: - Talvez tenha sentido falta da Nana.

ISABEL: - Teu pai?

ERICK: - Deu uma saída.

ISABEL: - Disse onde aí?

ERICK: - Acho que... Se não entendi mal, foi comprar cigarro.

ISABEL: - Ah, esse vício! Vai acabar com teu pai. Já que a Tininha me largou aqui

sozinha, é melhor preparar a nossa janta.

ERICK: - Mãe... Hoje vou dormir fora.

ISABEL: - Eric, essa é a terceira vez nesta semana que você dormi fora. Sabe

que não gosto disso...

ERICK: - Relaxa mãe.

ISABEL: - Como posso relaxar meu filho? Preocupa-me não saber onde você esta

e com quem...

ERICK: - Amigos da faculdade. Oh, Dona Isabel, lhe garanto que não estamos

fazendo nada de errado. Apenas estamos estudamos mais, sabe como é, final d

semestre...

ISABEL: - Não tem mulher metida nessa história, não?

ERICK: - Ora mamãe! O que pensa das pobres moças?

ISABEL: - Com essa história de liberdade a todo preço, Não acho nada

impossível.

ERICK: - Quanto a isso fique fria. (pega os livros) Boa noite mãe?!

ISABEL: - Juízo menino.

ERICK: - Pode deixar. Sua benção.

ISABEL: - Deus te abençoe. (ele sai)

MARCIEL: -(fumando)

ISABEL: - Ah! Maciel fica enchendo a casa com essa fumaça horrível.

MARCIEL: - Será que um homem não tem nem o direito de fumar tranqüilo na sua

própria casa?(T) Onde está todo mundo?

ISABEL: - Tininha está com a mãe, Erick foi estudar com a turma da faculdade...

MARCIEL: - Com a mãe? Vai dormi na casa de Dona Cândida?

ISABEL: - Vai.

MARCIEL: - Não acha estranho? Hoje é quinta-feira.

ISABEL: - Sinceramente não. Vai vê que sentiu falta da mãe!

MARCIEL: - Que dizer que pago a uma empregada pra quando senti falta da mãe,

larga tudo e...

ISABEL: - Nossa empregada não é irresponsável. Tininha não largou tudo, antes

de ir deixou tudo pronto.

MARCIEL: - É muito folgada isso sim. Daqui apouca Poe você pra trabalhar e agi

como patroa. Isabel, você precisa ensinar essa moça à atenção. Se não isso vai

ficar cada vez mais comum. Pagamos a esta moça para nos servir, não para fazer

turismo.

ISABEL: - Quando chegar converso com ela. Pode ter acontecido alguma coisa, e

ela não tenha tido tempo de avisar.

MARCIEL: - Que tipo de coisa?

ISABEL: - Coisas de mulher, por exemplo!


MARCIEL: - Então deixa pra lá, não convém fazer perguntas. Isso pode

constranger a moça.

ISABEL: - Sabe que você tem razão. Talvez seja melhor ficar na minha, e se, ela

achar que deve...

MARCIEL: - Essa é minha querida esposa. (Beija-a na face) Sempre saiba.


 CENA III


DALVA: - Mamãe?!

CANDIDA: - Mas que surpresa é essa? Será que é motivo de espanto uma velha

senhora se deslocar da sua casa?

DALVA: - Não. Não é isso! E que a senhora não tem o habito de sair de casa.

CANDIDA: - Isso mostra que o ser humano sempre pode voltar atrás à suas

decisões.

DALVA: - Bom... Mas que bons ventos a atrás.

CANDIDA: - Precisava ter uma conversa com você minha filha.

DALVA: - Ora mamãe bastava ter me telefonado...

CANDIDA: - Ainda estou viva, e graças a Deus, posso caminhar!

DALVA: - Aconteceu alguma coisa? E Nana por que não veio com a senhora?

Não é bom

CANDIDA: - Sossegue Dalva! Como vê, estou bem e inteira, ainda. E Nana tem

mais o que fazer. E o que me trás aqui é Tininha...

DALVA: - Tininha? O que houve com ela?

CANDIDA: - O mau dessa juventude é pensar que nós, depois de velhas ficamos

burros.

DALVA: - Não estou entendendo. Algum problema na casa de Isabel.

CANDIDA: - Tininha chegou lá em casa ontem à noite. Meio conturbada.

DALVA: - Conturbada?! Mas por quê?

CANDIDA: - Disse ela que Maciel tentou a molestar.

DALVA: - Deus! Isabel sabe disso?

CANDIDA: - Acredito que não.

DALVA: - Mas chegou a acontecer alguma coisa entre os dois?

CANDIDA: - Garante ela que não. Mas quer saber estou desconfiada...

DALVA: - Desconfiada, mas de que? A senhora acha que...

CANDIDA: - Infelizmente. Acho que foram além de uns galanteios.

DALVA: - Isso é terrível! Isabel vai ficar arrasada.

CANDIDA: - É isso que dá quando a mulher não sabe qual o seu lugar. Se Tininha

tivesse compostura isso jamais teria acontecido. A mulher precisa deve ter

compostura. Homem é cachorro, tudo pode, pra eles. Nada pegar. Mas com nós

mulheres é diferente.

DALVA: - Sempre achei Tininha tão séria.

CANDIDA: - É uma assanhada, isso sim! Se fosse realmente séria teria evitado

esse constrangimento para todos nós!

DALVA: - E agora mamãe?

CANDIDA: - Vim aqui pra pedir que Tininha possa ficar aqui com vocês, enquanto

averiguo a situação...

DALVA: - Mas mamãe... Se aconteceu com o marido de minha irmã, pode...


CANDIDA: - Oh, meu Deus! Que cabeça a minha. Não tinha pensado nisso. Você

tem razão. Tininha não gera confiança! E se já estiver perdida não terá nenhum

pudor. Como já sabemos seu marido também não flor que se cheire!

DALVA: - Mamãe!

CANDIDA: - É como se trouxesse o bolo para festa! Isso não.

DALVA: - E o que vai fazer?

CANDIDA: - Por enquanto é melhor deixar tudo como está. Tininha continua lá em

casa com a mãe!

DALVA: - E Isabel?

CANDIDA: - Vou pedir para ela ir lá em casa e com jeito a contarei.

DALVA: - Coitada da minha irmã! Ela vai ficar arrasada!

CANDIDA: - Não. Não vai! Ela tem a nós duas e vamos dar todo apoio que ela

necessitar.

DALVA: - Claro!

CANDIDA: - Agora me deixa voltar pra casa que tenho muito que resolver hoje.

DALVA: - Vou deixá-la em casa mãe.

CANDIDA: - Ora essa! Não me trate como se fosse uma velha inútil!

DALVA: - Faço questão! Deixa de teimosia! É só Campânia.

CANDIDA: - Como Campânia eu aceito. Feita inválida, não. Agora vamos!

DALVA: - Só um minuto, vou pegar minha bolsa!

CANDIDA: - É pra hoje!

DALVA: - Eu sei! (pega a bolsa) Pronto.

CANDIDA: - Então vamos...

DALVA: - Vamos. (saem)


CENA IV


(Tininha e Nana na cozinha)


NANA: - Agora só estamos nós duas...

TININHA: - Mãe, já disse tudo que tinha pra dizer.

NANA: - E eu não te conheço menina? Sou tua mãe e não há ninguém que queira

mais teu bem que eu. Tininha minha filha, neste mundo só existe nós duas, eu e

você. Se não puder contar uma com a outra... Com quem vamos contar?

TININHA: - Mãe, eu juro que...

NANA: - Ora minha filha! Não jure. Nem por defesa. Sou sua mãe e lhe peço, se

há algo além do que foi dito, quero saber. Por mas, difícil que isso seja, quero ser

a primeira. Desejo ouvir de sua boca. Me conte tudo, se abra comigo, sou sua

mãe, confie em mim. Estou aqui de braços abertos...

TININHA: - Não terminou naquilo.

NANA: - Imagino que não! Deus! Até onde isso foi?

TININHA: - Já faz um tempo... que... eu e... Maciel...

NANA: - Que está me dizendo?

TININHA: - Estamos tendo...

NANA: - Você é amante do marido de dona Isabel?

TININHA: - Há dois anos.

NANA: - Dois anos?

TININHA: - É. Tudo começou com um flerte e depois isso foi se intensificando, ai

comecei a me interessar por ele, e num dia que dona Isabel não estava em casa,

acho que tinha vindo para cá, e Erick estava na faculdade, nós ficamos sós e tudo


aconteceu. Depois desse dia todas as oportunidades que tínhamos era pra ficar

junto. Eu me apaixonei por ele.

NANA: - Minha filha desfrutada por um homem casado! Perdida.

TININHA: - Apaixonada.

NANA: - Canalha!

TININHA: - Não. Ele não tem culpa.

NANA: - Ainda defende?

TININHA: - Eu quis!

NANA: - Tem uma esposa e um filho, nunca vai largar a família por você.

TININHA: - Nunca me prometeu nada.

NANA: - Se souberem disso, vão nos escorraçar. Conheço dona Cândida.

TININHA: - Sinto muito!

NANA: - Sente muito. Já pensou se todos que fizessem absurdos apenas

sentissem muito? Acha que só por sentir muito, as pessoas vão lhe perdoar?

TININHA: - Me pediu pra confiar em você...

NANA: - Sei que cometeu um grave erro, mas você é minha filha e não posso dar

as costas pra você.

TININHA: - Mãe... Eu acho que vou ter um filho.

NANA: - Um filho? Meu Deus! Você enlouqueceu? Como pode deixar isso chegar

a esse ponto minha filha?

TININHA: - Não tenho certeza. Pode ser um engano!

NANA: - E se não for?

TININHA: - Será mãe.

NANA: - E se der positivo?

TININHA: - Assumo isso sozinha.

NANA: - Sozinha? Enlouqueceu? Não temos nem o suficiente para nós! Como

vamos cuidar de uma criança. Jesus! Se souberem disso, nem sai!

TININHA: - Podemos sim. Sempre trabalhamos duro!

NANA: - Vão nos colocar na rua...

TININHA: - Mãe, não está confirmado. Então não vamos ficar agora sofrendo

antecipadamente. Só quero um pouco de colo, me abraça mãe, me abrace!

NANA: - Desmiolada! Em que rolo se meteu! (abraça)

TININHA: - Me abraça mãezinha!


CENA V


(Maciel está à mesa, Isabel o serve)


ÉRICK: - Bom dia!

ISABEL: - Bom dia filho!

MARCIEL: - Bom dia!

ÉRICK: - Mas o que acontece? Dnª Isabel na cozinha. Deu férias a Tininha?

MARCIEL: - Hora do café. Não é hora de conversas. Esta é uma hora sagrada.

ISABEL: - Não filho. Tininha desde ontem se encontra na casa de sua avó

Cândida.

ÉRICK: - Mas por quê?

MARCIEL: - Vamos deixar esse assunto pra depois. O que acontece é que tua

mãe deu liberdade demais a essa menina. Daqui apouco Tininha vai esta exigindo

que Isabel a leve café na cama. É muita folga.


ISABEL: - (Senta-se) Não seja tão duro Maciel. Talvez, Tininha esteja doente e

não queira nos preocupar.

MARCIEL: - É... Preguiça é uma doença. E séria. Mas como alguém nesta casa

tem que trabalhar... Pra vocês que estão com a vida mansa, licença que o camelo

aqui já vai voltar pro pesado. Bom dia querida.

ISABEL: - Bom dia.

ÉRICK: - Bom dia pai.

MARCIEL: - Obrigado.

ISABEL: - Maciel... Mas tarde vou à casa de mamãe...

MARCIEL: - Não Isabel. Por favor, não vai agora ficar implorando...

ISABEL: - Ora Maciel preciso saber o que esta acontecendo com Tininha. Não por

se nossa empregada. Mas por ser uma pessoa que tem um bom convívio

conosco, e esse sumiço não faz sentido.

MARCIEL: - Mostra a pessoa ingrata que é. E eu não gostaria que você se

humilhasse deste jeito. Ficaria muito chateado. Até mais tarde. (saí)

ISABEL: - Até. Erick, você esta sabendo de alguma coisa?

ÉRICK: - Por que saberia?

ISABEL: - Filho, agora só nós dois.

ÉRICK: - E?

ISABEL: - E? Vou ser bem objetiva filho.

ÉRICK: - Seria muito bom.

ISABEL: - Eu sei que você é jovem.

ÉRICK: - E por isso posso ser irresponsável.

ISABEL: - Não ponha palavra em minha boca.

ÉRICK: - Mas o que diacho então você quer que eu diga?

ISABEL: - A verdade.

ÉRICK: - Que verdade mãe?

ISABEL: - Você?... Como posso dizer...

ÉRICK: - Quer saber se eu comi sua empregada?

ISABEL: - Isso é jeito de falar com tua mãe? Me respeite seu moleque.

ÉRICK: - Então me respeite mãe! Não me acuse sem certeza. Tua empregada

some e eu que tenho culpa.

ISABEL: - Não disse isso.

ÉRICK: - Não, não transei com tua empregada. (sai)

ISABEL: - Erick? Volte aqui... Ah! Filhos! Droga. Vou descobri o que esta

acontecendo, custe o que custar.


CENA VI


CANDIDA: - Nana?

NANA: - Sim, senhora?

CANDIDA: - Me chama tua filha aqui, por favor.

NANA: - Senhora acho que antes devemos ter uma conversa...

CANDIDA: - Espero que o pior não tenha acontecido Nana. Eu ficaria muito

chateada. Veja bem, durante anos você esta nesta casa, a tenho como se fosse

um membro da família.

NANA: - São quinze anos.

CANDIDA: - Quinze anos! Você acompanhou praticamente os momentos mais

felizes desta família.


NANA: - Eu sei. Lembro como se fosse hoje o casamento de Dnª Dalva. Ela

estava radiante.

CANDIDA: - E em consideração a você, ao que apresenta a esta casa, que vai

além de empregada, porque em você eu depositei confiança e criei até mesmo

afeto e consideração. Foi por você, por sua índole que pedi a Isabel que

acolhesse sua filha, assim como eu lhe acolhi aqui.

NANA: - Por isso mesmo que não quero que haja nenhum mal entendido entre

nós. Somos mães Dnª Cândida e sabemos o quanto é difícil criar nossos filhos. E

como mãe, amiga e, claro, sua empregada. Acho que lhe devo uma satisfação. Se

eu não colocar pra fora tudo isso que esta entalado aqui... Acho que vou sufocar.

CANDIDA: - Sente-se, por favor, Nana.

NANA: - É uma situação muito embaraçosa.

CANDIDA: - Sei que sim. Mas às vezes é preciso desembaraçar...

NANA: - A situação é mais complicada do que parece.

CANDIDA: - Meu Deus! Eu pressentia isso. Mas onde é que tua filha estava com

a cabeça?

NANA: - Ilusões! A senhora sabe como é isso.

CANDIDA: - Não, não sei. Nunca tive ilusão com homem casado. Vou lhe dizer

uma coisa Nana. Tua filha foi longe demais, não por ter se envolvido com o marido

da minha filha, mas por ter sido homem que já possuí uma família e por ela

praticamente fazer parte desta.

NANA: - Foi inocente.

CANDIDA: - Inocente? Com aquela saia mostrando praticamente tudo, e com

aquele jeito insinuante? O que você esperava? Francamente! Só podia dar nisso.

Dor de cabeça! Então aconteceu? Sua filha não é, mas moça?

NANA: - Aconteceu. Infelizmente minha filha foi desonrada.

CANDIDA: - E como pode ter certeza que foi com Maciel?

NANA: - Tininha cometeu um erro, um grave erro! Mas mentir quanto a isso?

Jamais.

CANDIDA: - Ora Nana. Não se iluda. Essas moças são capazes de tudo.

NANA: - A senhora me desculpe Dnª Cândida. Sei que minha filha errou, mas

mentir pra mim quanto a isso não.

CANDIDA: - Só esta juntando o útil ao agradável.

NANA: - O que esta querendo dizer?

CANDIDA: - Que ela conseguiu pegar o idiota do Maciel. Se julga tão esperto, tão

vivido, caiu direitinho nas garras de uma mundana...

NANA: - Não admito que fale assim de minha filha.

CANDIDA: - Você não admite? Ora Nana, veja o que sua filha fez. Tem noção do

estrago? Você acha que vai ser fácil arranjar um marido pra uma moça que já foi

divirgindada? Que homem vai querer tapar o buraco que outro deixou?

NANA: - Tininha desconfia que esta grávida.

CANDIDA: - Golpe da barriga? E mais essa! É muito esperta sua filha. E a

senhora ainda tem dúvidas?

NANA: - Confio na palavra da minha filha.

CANDIDA: - Deveria se envergonhar.

NANA: - Não é só responsabilidade dela.


CANDIDA: - Diz isso a um juiz. Como vai provar? Maciel já é casado. O que é que

sua filha quer? Destruir toda uma família por falta de vergonha?

NANA: - Não. Nós temos dignidade Dnª Cândida.

CANDIDA: - Quero sua filha longe desta casa, e muito mais longe da minha

família.

NANA: - Estou indo embora.

CANDIDA: - Você pode ficar.

NANA: - Onde minha filha não é bem vinda, também não saiu.

CANDIDA: - Você que sabe Nana. Você pode ficar. Ela não.

NANA: - Vou arrumar minhas coisas. (sai)

CANDIDA: - Velha coviteira!


CENA VII

 (DALVA E ISABEL)


ISABEL: - Dalva... Entre.

DALVA: - Oi, irmã.

ISABEL: - Que carinha triste é essa?

DALVA: - Dimas tem uma amante.

ISABEL: - Dalva?

DALVA: - Tenho certeza.

ISABEL: - Você esta vendo coisas onde não existe.

DALVA: - Posso ser ingênua, burra não!

ISABEL: - Você não pode afirmar isso com tanta certeza.

DALVA: - Encontrei uma foto de mulher na carteira dele.

ISABEL: - Pode ter achado.

DALVA: - Acha uma foto de mulher que não sou eu e Poe na carteira dele?

ISABEL: - Deve ter outra explicação.

DALVA: - E isso... (tira um bilhete) Leia, Agora diga se tenho ou não razão?

ISABEL: - Onde você encontrou isso?

DALVA: - No palito dele. Ouça essa parte aqui "O que é bom tem que ser

lembrado, mas com você tem que ser inesquecível quero muito mais".

ISABEL: - E se for uma anotação?

DALVA: - Com letra de mulher?

ISABEL: - É possível.

DALVA: - Ele liga pra essa dona da nossa casa...

ISABEL: - Não...

DALVA: - Eu já presenciei. E quando chego perto, disfarça como se estivesse

falando com um amigo.

ISABEL: - Isso é nojento.

DALVA: - Talvez ele esteja procurando nela o que não encontra em mim.

ISABEL: - Não se maltrate minha irmã.

DALVA: - Se ao menos eu pudesse dar um filho...

ISABEL: - A procura dele por outra, se é que exista, não tem nada a vê com isso.

Quando se ama.

DALVA: - É difícil ter que admitir. Mas acho que meu marido já não mais me ama.

ISABEL: - Impressão sua. Homem é assim mesmo. É igual cachorro tem que

correr atrás de vagabunda pra se sentir homem. Pra ter do que se gabar!

DALVA: - Meu marido quase não me toca.


ISABEL: - Você não precisa falar sobre suas intimidades...

DALVA: - Preciso sim. Se não me abrir com você que é minha irmã... Com quem

vou falar? Ela nunca entenderia. Das últimas vezes que tenho me entregue a ele

Isabel é como se eu me rastejasse por um pouco de afeto...

ISABEL: - Pode ser cansaço.

DALVA: - Olha pra mim. Me acha feia?

ISABEL: - Claro que não! Você é linda.

DALVA: - Então por que meu marido não me deseja como antes? Será que fiquei

desajeitada, sem atrativas aponto de não despertar o interesse do meu próprio

marido?

ISABEL: - Seja o que for a culpa não é sua.

DALVA: - Faço de tudo pra o agradá-lo. Mas parece que ele já vem da rua

satisfeito! Há noites que quase não durmo de tanto desejos, de tanta vontade de

ser tocada. Vejo aquele homenzarrão a minha cama ao meu lado, podendo fazer o

diabo comigo e, entretanto é como se eu não existisse.

ISABEL: - Oh, minha irmã. O conselho que posso lhe dar, é que converse com

ele. abra seu coração, diga o que sente. E assim quem sabe...

DALVA: - Tenho medo que pense que sou uma...

ISABEL: - Falar de nossos desejos, de nossas satisfação é importante. Se não for

com nosso companheiro, com quem vamos falar?

DALVA: - Talvez tenha razão.

ISABEL: - Tente ao menos. Dívida com ele estes seus sentimentos.

DALVA: - Obrigada minha irmã.

ISABEL: - Que isso. Vou fazer um cafezinho pra nós.

DALVA: - E Tininha?

ISABEL: - Sumiu! Tomou um chá de sumiço.

DALVA: - Mas por quê?

ISABEL: - Não faço idéia! Hoje vou à casa de mamãe vê o que acontece.

DALVA: - Estranho! Não acha?

ISABEL: - Dalva... Desconfio que ela e Erick...

DALVA: - Não!

ISABEL: - É a única justificativa que encontro desse sumiço misterioso.

DALVA: - E se não for?

ISABEL: - Não sei o que pensar. Erick jura de pés juntos que não fez nada. Mas

sabe como é essa juventude, irresponsável.

DALVA: - Isabel...

ISABEL: - Fala.

DALVA: - Me passa o açúcar. Obrigada. Ta ótimo! Bom agora tenho que ir.

ISABEL: - Espera. Vou pegar minha balsa. (Pega a balsa)

DALVA: - Deus!

ISABEL: - Não fique pensando bobagem não sofra por antecipação! Converse

com teu marido. O dialogo ainda é o melhor caminho. (saem)


CENA VIII

(TININHA E MARCIEL)

MARCIEL: - O que você esta fazendo aqui?

TININHA: - Nós precisamos ter uma conversa.

MARCIEL: - O que você esta pretendendo? Destruir minha vida é?


TININHA: - Estou grávida!

MARCIEL: - Ah, não! Essa não! Golpe da barriga? Pra cima de mim! Ora menina

sou muito velho pra cair nessa.

TININHA: - Você sabe que você foi o único homem com quem...

MARCIEL: - Mentira sua vadiazinha.

TININHA: - Eu era virgem.

MARCIEL: - Me poupe dessa historinha de virgindade!

TININHA: - Você disse que estava apaixonado.

MARCIEL: - Sou homem! Todo homem é apaixonado por um belo traseiro.

TININHA: - Canalha. (tapa na cara)

MARCIEL: - O que você queria que eu fizesse? Você vivia se oferecendo, faltava

esfregasse em cima de mim e do meu filho. Sou homem e fiz o que todo homem

faria. Se deu pra mim deve ter dado pra outros também. Ora, menina conheço teu

fogo e sei que não é fácil de apagar! Vai procurar outro pra assumir teu filho que

comigo você não vai conseguir nada.

TININHA: - Você me prometeu que largaria tua mulher.

MARCIEL: - Largar minha mulher? Uma mãe de família exemplar, uma mulher

digna, honesta. Pra ficar com um vagabundinha, igual a você? Ora, menina, se

situa. Caí fora!

TININHA: - Vou acabar com tua vida. Vou destruir teu casamento, você vai ver...

MARCIEL: - (torce o braço) Pois tente! Que vai se arrepender de ter nascido sua

vagabunda.

TININHA: - Isso é o que veremos. Se devo queimar no fogo do inferno, você irá

junto comigo seu crápula.

MARCIEL: - Fique longe de minha família, ouviu, longe da minha casa, ou você

vai se arrepender.

TININHA: - Não vou sofrer sozinha as conseqüências dessa gravidez. Te dou

minha palavra!

MARCIEL: - Desde quando piranha tem palavra? Quem vai acreditar em você?

Diga a todos. Eu nego! Nego quantas vezes for preciso. Agora sai. Não quero ver

esta tua cara nunca mais na minha frente. (ela saindo) Tininha? (ela olha para

trás) Não me provoque (ela sai) Vagabunda, desgraçada!


CENA XI


(CASA DE CANDIDA, NANA NA SALA COM AS MALAS)


NANA: - Vou só esperar Tininha...

CANDIDA: - Se quiser posso avisar pra tua filha lhe encontrar no caminho.

NANA: - Ela sabe pra onde estou indo.

CANDIDA: - Nana (ela para) Aqui tem algum dinheiro, sei que é pouco mais dará

pra você ir se virando por enquanto...

NANA: - Não Dona Cândida, não é preciso.

CANDIDA: - Não seja orgulhosa.

NANA: - Dignidade é a única coisa que me resta.

CANDIDA: - Gostaria que soubesse...

NANA: - Não precisa dizer nada. Vai ser melhor assim.

CANDIDA: - Então aceite.

NANA: - Não posso.

CANDIDA: - Pela nossa amizade.


NANA: - Não existe amizade.

CANDIDA: - Não seja ingrata.

NANA: - Nenhuma amizade existe sem tolerância.

CANDIDA: - Quer que eu tolere despudor da tua filha?

NANA: - Não quero nada. Dona Cândida o que existe entre nós não é amizade. É

uma relação entre empregada e patroa. Acabando isso, não há mais nada.

CANDIDA: - Esse é o pago que me dar. Lhe recebi de braços abertos nesta casa

como se fosse...

NANA: - E de braços abertos me insulta.

CANDIDA: - Isso não é verdade. Não seja ingrata.

NANA: - Quem insulta minha filha, me insulta!

CANDIDA: - Ta certo! É em vão discutir com você. Vá Nana, vá. (Nana sai)

Bando de ingratas! A filha fez o que fez e eu é que sou má. (Companhia) Olá

Isabel?


CENA X


ISABEL: - Oi mamãe! Cadê Nana? Geralmente é ela que atende a porta.

CANDIDA: - Nana teve que fazer uma viagem.

ISABEL: - Viagem? Pra onde?

CANDIDA: - Uns parentes dela enviaram uma carta. Parece que tem uma prima

entre a vida e a morte e pediram pra que ela fosse.

ISABEL: - Nossa! Coitada. Então por isso Tininha saiu de repente. Mas é

estranho nunca ouvi ninguém comentar nada sobre parentes...

CANDIDA: - Essa gente é assim mesmo. Não é de se espantar.

ISABEL: - E quando foram?

CANDIDA: - Hoje mesmo.

ISABEL: - Tininha não deixou nenhum recado pra mim?

CANDIDA: - Comigo não.

ISABEL: - Ah, meu Deus! Que alívio. E eu que cheguei a imaginar bobagem.

Acredita que cheguei a imaginar que Tininha e Erick...

CANDIDA: - Era só o que faltava.

ISABEL: - Mas agora fico tranqüila. Porque sair de casa sem ao menos avisar e

nem dar sinal de vida? É de se estranhar!

CANDIDA: - E como vão as coisas em sua casa?

ISABEL: - Dentro do possível, bem! Com a ausência de Tininha acumulou-se

muito serviços.

CANDIDA: - Digo, entre você e teu marido?

ISABEL: - Nossa mamãe! Até me sinto pega de surpresa! A senhora nunca foi de

perguntar sobre esses assuntos...

CANDIDA: - Que mal há em uma mãe perguntar como vão as coisas entre sua

filha e o marido?

ISABEL: - É que este tipo de pergunta não comum da senhora.

CANDIDA: - Diremos que com a idade eu esteja ficando maleável!

ISABEL: - Bom... Que posso dizer? Estamos bem!

CANDIDA: - Ótimo! A união é primordial pra um casamento. As tempestades

vêem, mas quando o casal está unido, com bases firmes pode até abalar, mas

nunca desmoronar...

ISABEL: - Não estou entendendo mamãe...


CANDIDA: - Oras filha! Durante nossa vida inteira muita coisa vêem pra nos

provar. Dificuldades falta de estima e até mesmo problemas externos. Mas nós

mulheres somos a base sólida do casamento, o homem acredita ser a peça

fundamental, mas acredite filha, somos nós as verdadeiras responsáveis para que

a união dê certo.

ISABEL: - Continuo sem entender...

CANDIDA: - Diremos que hoje eu esteja um tanto tagarela, coisa de velha!

ISABEL: - Ora dona cândida, bem sei que a senhora não dá nó sem ponta!

CANDIDA: - Ah, filha! quanto mas vivemos mais aprendemos!

ISABEL: - Acredito que sim. Cada dia um novo aprendizado!

CANDIDA: - Teu pai...

ISABEL: - Que tem papai?

CANDIDA: - Que lembra dele?

ISABEL: - Um homem forte, imponente, ás vezes alegre, outras severo, um pai!

Sempre o tive como um bom exemplo de pai, um homem ligado a família!

CANDIDA: - Só eu sei quanto trabalho me deu aquele homem!

ISABEL: - O que está me dizendo?

CANDIDA: - Das traições...

ISABEL: - Mãe não precisa falar sobre isto!

CANDIDA: - Somos adultas! E quero falar. Teu pai tinha outra mulher...

ISABEL: - Nunca soube.

CANDIDA: - Tinha uma vida paralela! Mantinha as duas famílias...

ISABEL: - E como suportou?

CANDIDA: - Nós mulheres somos preparadas para suportar, está em nossa

educação!

ISABEL: - Não sei se suportaria descobrir que Maciel tem uma amante, quanto

mais outra família constituída!

CANDIDA: - Claro que suportaria. Não destruiria seu lar por causa de uma

vagabunda qualquer!

ISABEL: - Vagabundo seria ele! É ele que tem compromisso comigo e com os

filhos, não ela!

CANDIDA: - Quando isso acontece e percebemos, devemos fingir não notar.

Cada vez ser mais presente, amorosa, prestativa... mostrar nosso valor e assim

trazê-lo de volta!

ISABEL: - Demonstrar valor se fazendo de cega? Francamente! Isto me revolta!

CANDIDA: - A mulher deve ser submissa ao homem filha, desde que o mundo é

mundo que é assim que funciona.

ISABEL: - Eu não acredito nisso! É arcaico! Não aceito está visão...

CANDIDA: - É arcaico, mas funciona.

ISABEL: - Na sua época!

CANDIDA: - Não é atoa que muitas mulheres com pensamentos modernos se

encontram sozinhas.

ISABEL: - Aceitar uma situação como essa, sabendo que o homem que ama está

nos braços da outra é uma forma de está sozinha!

CANDIDA: - A vida de uma mulher separada não é fácil. Acredite! Existe o pré-

conceito. Uma mulher separada não é vista com bons olhos...


ISABEL: - Que mundo machista! Enquanto nós mulheres ainda pensarmos assim,

nunca vamos ser respeitadas como pessoas!

CANDIDA: - A mulher vale o sobrenome que tem!

ISABEL: - Por que a senhora está falando sobre isso?

CANDIDA: - É só uma forma de jogar conversa fora! Filha sei que se conselho

fosse bom não se daria... Mas mesmo assim quero lhe dar um conselho, para sua

felicidade. Proteja sua família com unhas e dentes! Não deixe que nada nem

ninguém destrua o que foi construído até este momento! (companhia)

ISABEL: - Pode deixar! Eu atendo. (abre) Tininha? (espanto)

TININHA: - Dona Isabel?

CANDIDA: - Ah, Tininha! Tua mãe está lhe esperando...

TININHA: - Onde?

CANDIDA: - Ela disse que você sabe o endereço.

ISABEL: - Quem este parente seu que esta entre a vida e a morte?

CANDIDA: - Isabel minha filha, deixe isto para depois! Agora Tininha precisa ir...

TININHA: - Pergunte a seu marido! Ele sabe. (sai)

ISABEL: - Maciel? O que ela quis dizer com isso?

CANDIDA: - Como posso saber?!

ISABEL: - Está acontecendo algo muito estranho por aqui!

CANDIDA: - Não vá colocar calamiolas na cabeça! De repente Tininha deixou

recado para você com teu marido e ele se esqueceu de lhe dizer.

ISABEL: - A senhora observou o tom dela? Parecia deboche!

CANDIDA: - Nervosismo. Impressão sua!

ISABEL: - Pode até ser. Mas que algo está errado está! Mãe vou indo...

CANDIDA: - Vai com deus filha!

ISABEL: - Sua benção...

CANDIDA: - Que Deus abençoe! (Isabel sai)

CENA XI


(Erick chega Maciel está tenso)


ERICK: - Pai... Vim o mais rápido que pude.

MARCIEL: - Senta aí.

ERICK: - Que está acontecendo pai?

MARCIEL: - Preciso ter uma conversa muito séria contigo. Uma conversa de

homem pra homem! Entende?

ERICK: - Encrenca! Que foi que mamãe lhe disse? Olha pai, eu juro pelo que

quiser que eu nunca tivesse nada com Tininha! Dou-lhe minha palavra de honra,

pra mim ela é como se fosse uma irmã...

MARCIEL: - É exatamente sobre isso que quero conversar contigo!

ERICK: - Eu juro pai!

MARCIEL: - Acredito filho. O problema não é você. Sou eu!

ERICK: - O senhor?

MARCIEL: - Sim.

ERICK: - Não entendo.

MARCIEL: - Transei com nossa empregada.

ERICK: - Quê?

MARCIEL: - Ela se insinuou para mim várias vezes, ignorei o quanto pude, mas,

um dia...


ERICK: - O senhor e Tininha?

MARCIEL: - Sim. Fui fraco! O desejo foi mais forte que eu.

ERICK: - Como pode fazer isto? Dentro de sua própria casa?

MARCIEL: - Não seja infantil! Você já é homem feito, e como homem sabe como

são as coisas, muitas vezes agimos por impulso. Deve saber o quanto é difícil

conter o desejo!

ERICK: - Então foi por este motivo que Tininha sumiu!

MARCIEL: - Está grávida.

ERICK: - De você?

MARCIEL: - Como posso saber? Uma vaquinha que abre as pernas a qualquer

um... Basta saber que é homem! Quem não sabe que premeditou tudo? Deu pra

outro e o idiota aqui caiu!

ERICK: - E se for seu?

MARCIEL: - Que diabo não é! Mesmo que fosse não teria como provar.

ERICK: - Está te ameaçando?

MARCIEL: - É. Está.

ERICK: - E agora pai? e mamãe?

MARCIEL: - Quero que me ajude.

ERICK: - Como?

MARCIEL: - Quero que diga que transou com Tininha...

ERICK: - Não posso fazer isso. Não é justo!

MARCIEL: - Justo? Ela está sendo justa? E sua mãe? Quer que sofra por causa

de uma vagabunda?

ERICK: - Devia ter pensado nisso antes!

MARCIEL: - Preste atenção... se não fizer isto sua mãe vai sofrer muito. Sabe o

quanto é frágil!

ERICK: - Sinto muito, mas não posso! Isto é nojento.

MARCIEL: - Filho estou lhe pedindo.

ERICK: - Me peça qualquer coisa, menos osso! Não vou compartilhar dessa

tramóia...

MARCIEL: - Quer que eu e tua se separe?

ERICK: - Não. Quero que seja honesto com ela! Só isso que quero. (sai)


CENA XII

(Tininha procura Isabel)


ISABEL - Tininha!

TININHA - Dona Isabel?! Posso entrar?

ISABEL - Claro!

TININHA - Acho que precisamos conversar...

ISABEL - Não ia viajar?

TININHA - Não. Mentiram pra senhora!

ISABEL - Por quê?

TININHA - Não querem que saiba o motivo de minha saída de sua casa.

ISABEL - Tininha tenho minhas desconfianças... seja o que for que meu filho

tenha feito...

TININHA - Erick não tem nada com isso.

ISABEL - Não?

TININHA - Não.


ISABEL - Meu Deus! Que está acontecendo? Que tanto mistério é esse? Que me

explicar, por favor?

TININHA - Estou grávida.

ISABEL - Grávida? Mas, como?

TININHA - Ora dona Isabel!

ISABEL - Nunca lhe vi com nenhum namorado...

TININHA - Por isso só resta um homem...

ISABEL - Que está me dizendo?

TININHA - Isso mesmo! Seu marido.

ISABEL - Maciel! Aqui debaixo do meu teto em minha própria cama...

TININHA - Sinto muito!

ISABEL - Sente muito! (irônica)

TININHA - E várias vezes! Me fez promessas. Disse...

ISABEL - Não me interessa!

TININHA - Dizia que não estava feliz, que pediria separação...

ISABEL - Como pode? eu confiei em você.

TININHA - Não tive culpa!

ISABEL - Como não? Foi tão irresponsável quanto ele.

TININHA - Me apaixonei!

ISABEL - Me poupe!

TININHA - Eu o amo.

ISABEL - Cale-se.

TININHA - Carrego um filho dele.

ISABEL - Sai daqui sua abusada.

TININHA - Eu vou. Mas levo comigo nosso filho. E isso a senhora não pode

mudar.

ISABEL - Você não passa de uma idiota, Maciel jamais assumirá esta criança.

TININHA - Você também é mulher e mãe...

ISABEL - Mas tenho vergonha na cara! Não se compare a mim... Você não passa

de uma vagabunda vulgar! Sai da minha casa. Sai!

TININHA - Amo Maciel e não vou desistir! (sai)

ISABEL - Quero que morra, sua desgraçada!


(Erick entra Isabel está ao prantos)


ERICK: - Mamãe?!

ISABEL - Filho! Meu filho, como puderam fazer isto comigo?

ERICK: - Oh, mamãe! Sinto muito que esteja passando por isto.

ISABEL - Você sabia?

ERICK: - Juro que não!

ISABEL - Canalha! Desgraçado, cafajeste! (quebra um vaso)

ERICK: - Hei,calma! Calma mãe. Senta aqui. Vou ligar para vovó!

ISABEL - Que burra! Burra. Todos sabiam! Menos eu. Deus, que idiota fui!

ERICK: - Mãe, calma!

ISABEL - Não merecia uma traição desta! não merecia...

ERICK: - Mãe... (se abraça com Isabel. apaga-se as luzes)


CENA XII


(Cândida entra com uma xícara de chá)


CANDIDA: - Tome. Beba! Vai lhe fazer bem...


ISABEL: - Vou me senti bem quando aquele desgraçado estiver bem longe daqui.

CANDIDA: - Logo esta raiva passará.

ISABEL: - Não é raiva mãe, é ódio!

CANDIDA: - Controle-se.

ISABEL: - Vou me controlar sim...

CANDIDA: - Que vai fazer?

ISABEL: - Vou ligar para um advogado.

CANDIDA: - Que loucura é essa?

ISABEL: - Vou pedir divorcio!

CANDIDA: - Não Isabel! Isso não filha. Em nossa família nunca houve divorcio!

Sempre aturamos nossos maridos como são!

ISABEL: - Por isso foram e são todos um bando de cachorros! Então prepare-se

mamãe para o primeiro caso de divorcio na família.

CANDIDA: - Quer ser tratada como uma mulher qualquer?

ISABEL: - E como estou sendo tratada agora?

CANDIDA: - Foi só um deslize.

ISABEL: - Não debaixo do meu teto. Uma falta de respeito!

CANDIDA: - Você sabe o pré-conceito que tem com mulheres desquitadas...

ISABEL: - Prefiro isso a me fingir de cega.

CANDIDA: - Você enlouqueceu! (companhia. Cândida atende)

DALVA: - Vim assim que soube.

CANDIDA: - Converse com tua irmã... está com idéia de divorcio. Onde já se viu?

Divorcio! Tudo por causa de uma vagabunda!

DALVA: - Acho que ela está certa!

CANDIDA: - Não venha você também com essas idéias! onde estão com a

cabeça?

DALVA: - Minha irmã tem meu total apóio. (para Isabel) Gostaria de ter a mesma

coragem que você.

ISABEL: - Não é coragem! É dignidade. (entra Maciel)

MARCIEL: - Por favor nos deixe a sós.

CANDIDA: - Vamos Dalva. Vamos para cozinha. (saem)

MARCIEL: - Precisamos conversar...

ISABEL: - Conversar? O que precisamos é de um advogado...

MARCIEL: - Advogado?

ISABEL: - É. Vou pedir divórcio.

MARCIEL: - Que loucura é essa?

ISABEL: - Não é loucura Marcel. Nunca estive tão sã. Quero me separar de você.

Não desejo, mas ficar olhando pra esta tua cara cínica. Tenho nojo de você e de

toda essa tua falsa moral.

MARCIEL: - Não darei o divórcio.

ISABEL: - Peço na justiça.

MARCIEL: - Estou arrependido. Eu sei que cometi um erro, mas estou disposto a

concertar. Só preciso de uma chance.

ISABEL: - Seja digno. Pegue suas coisas e desapareça da minha vida.

MARCIEL: - Esta casa é minha, construí com meu trabalho.

ISABEL: - Se não si você, saiu eu.

MARCIEL: - Isabel, eu te amo!


ISABEL: - Sua hipocrisia me enoja! Acabou Maciel. Acabou!

MARCIEL: - Não seja tola. Como vai viver à custa de sua mãe?

ISABEL: - Não sou aleijada, posso trabalhar!

MARCIEL: - Uma mulher trabalhando? Ora conte outra!

ISABEL: - Ria. Ria muito! Mas vou provar a você do que sou capaz.

MARCIEL: - Não te dou um mês.

ISABEL: - É o que veremos!

MARCIEL: - Se sair por esta porta...

ISABEL: - É exatamente por ela que vou sair. Nada nem ninguém poderá me

impedir. Seja homem. Já que se gaba tanto, não se humilhe. Nada que diga ou

faça poderá mudar a minha decisão. A única coisa que sinto por você nesse

momento é pena. Pena! Por ser tão fraco a ponto de me trair debaixo do meu

próprio teto. Você me enoja! (ele tenta retrucar) Não. Poupe seus esforços! Não

quero ouvi, mas nada. Qualquer coisa que me diga só aumenta minha repulsa por

você. Bem! Vou arrumar minhas malas. Não dá para ficar aqui debaixo do mesmo

teto que você. Vamos deixar que a justiça decida nossa situação. (ela sai)

 


FIM

CIRCO PICADEIRO DA ALEGRIA

  

CIRCO PICADEIRO DA ALEGRIA

Texto e Direção: Marcondys França

 


NARRADOR 1:

NARRADOR 2:

MESTRE DE CERIMONIA:

KABLIN:

PING:

PONG:

SORRISO:

ALEGRIA:

MARMELADA:

GOIABADA:

PANÇA:

ESPIVITADO:

DESENGONÇADO:

TRIPA:

MONG:

LOIDE:

BALHARINA:

SOLDADINHO:

MÁGICO:

RUAN:

RUANITO:

MÁGICO:


 

CENA I

Música: Palco de Ilusões

 

(Entra o um senhor “Kablin” caminha com dificuldade, verefica a arara de figurinos com nostalgia, vai até ao quanto do palco onde há uma penteadeira, senta-se de frente a mesma, maquia-se, finaliza pondo o nariz de palhaço)

KABLIN: - Carequinha, Arrelia, Nerino, Bozo... Quantas saudades! Palhaço também sente saudades. E eu tenho saudades... Ah, saudades do tempo que eu era um menino... Menino! Ainda sou. Nunca deixei de ser. O palhaço tem o coração de criança. E enquanto houver um coração tão puro quanto de uma criança. O palhaço nunca deixará de existir. Então vamos matar essa saudade... Vamos?

Venham aqui as criancinhas!

CENA I I

(Entramas crianças que tomam todo palco com brincadeiras infantis. Música: Pique pega de esconder)

KABLIN: - E o palhaço o que é?

CRIANÇA: - Ladrão de mulher!

KABLIN: - Hoje tem marmelada?

CRIANÇA: - Tem sim senhor!

KABLIN: - É só repetir comigo, assim:

                                               Como vai, como vai, como vai?

                                               Muito bem, muito bem, muito bem...

                                               Como vai, vai, vai, vai?

                                               Muito bem, bem, bem, bem...

KABLIN: - Bravo! (Aplausos) A alegria do circo esta de volta, bem vindos ao Picadeiro da Alegria!

(Coreografia com bolas gigantes e fitas, da música “Depende de nós”. Saem)

CENA III

(Um foco de luz em cada narrador)

NARRADOR 1: - É pura magia fazer uma criança sorrir...

NARRADOR 2: - Quem é esse este iluminado que faz do riso a sua arma mais poderosa?

NARRADOR 1: - Que é capaz de entrar no coração de todos com um simples gesto, um olhar puro e uma cara engraçada.

NARRADOR 2: - Quem este, que com sua magia faz o mundo bem mais colorido.

NARRADORES: - Esse é o palhaço que faz da sua vida um grande picadeiro só para ouvir o riso de cada criança.

(Coreografia Palhaços, Música: Piruetas...)

NARRADOR 1: - Há aqueles que são palhaços sem mácaras... de cara limpa! Assim eram os trapalhões, Os três patetas, o gordo e o magro e tantos outros...

NARRADOR 2: - Uma vez em depoimento Renato Aragão, o Didi, disse: “Deus criou o homem e deu a ele o dom de sorrir... Aí Deus criou o palhaço pra fazer o homem sorrir e por isso agente vê o palhaço, começa a rir e a tristeza vai embora, e com a tristeza longe, agente se aproxima de Deus”.

NARRADOR 1: - Não importa qual seja o codinome... Poderá até ser esquecido. Mas a figura do palhaço, jamais será esquecida. Por onde ouvir um riso, uma gargalhada, haverá sempre um palhaço.

NARRADOR 1: - E a arte de fazer rir será transmitida de geração a geração, ainda que com outro nome a figura do palhaço viverá e assim será eterna.

NARRADORES: - Aplausos para a alegria! Aplausos para o palhaço. Aplausos... O Circo chegou.

CENA I V

 (Música instrumental de circo. Grande correria)

MESTRE DE CERIMONIA: - Respeitável ao Público... Senhoras e senhores... Meninos e meninas, crianças de zero á trocentos anos... É todos vocês, não importa a sua idade, seja rico ou pobre, gordo ou magro, alto ou baixo, independente de raça, crença... Aqui todos são bem vindos. É... Bem vindos. Bem vindos ao maior espetáculo da Terra. Com confusões de palhaços, mágico, malabarista e muito mais só para sua diversão! Bem vindos ao Circo Picadeiro da Alegria! O show vai começar!

CENA V

(Coreografia: Palhaços fazendo cena de pastelão e dando cambalhotas Música: Sempre rir)

PONG: - Ping! Ping?! (Só ouve a voz)

PING: - Pong! Pong?! (Só ouve a voz)

PONG: - (Entra) Ping? Ping? Oi! Vocês viram a Ping? Lá? Vocês estão tentando me enganar! Então vou pra lá. (Sai)

PING: - (Entra) Pong? Pong? Vocês viram o Pong? Ah! Ele foi pra onde? Pra lá? (Sai)

PONG: - Ping!?

PING: - Pong!? (Entram de costas e se esbarram)

PONG: -Bom dia! Eu disse bom dia! (T) Olha Ping! Veja quantas crianças!

PING: - Onde? Onde?

PONG: - Ali, olha!

PING: - Onde Pong?

PONG: - Ah, seu palhaço boboca nariz de pipoca! Ali oh! São crianças. Ou você acha que são uma plantação de abacaxi?

PING: - (Agacha)

PONG: - O que você está fazendo?

PING: - Ué!? Você não mandou eu abaixar aqui? Agachei.

PONG: - Ah! Seu palhaço Vesgo, caoio… Você tá com problema de audição.

PING: - Mentiroso! Eu fazí minha lição sim.

PONG: - Não é fazi. É eu fiz.

PING: - Não, não, não! Quem fez foi eu. Pergunta a professora...

PONG: - Não disse lição. Disse audição. Quis dizer que você está surdo.

PING: - Surdo está teu nariz.

PONG: - Mas você é mesmo tonto!

PING: - Não sou não.

PONG: - É sim.

PING: - Não, não.

PONG: - É claro que é. (Para a platéia) Vocês que são meus amiguinhos e muito inteligentes falem pra ela por onde é que escutamos... (T) Ta vendo? Nós escutamos pelo os ouvidos.

PING: - Eu escuto pela orelha.

PONG: - É a mesma coisa. Não é professora?

PING: - Eu sabia. Só queria vê se você também sabia.

PONG: - Ai, ai, ai! Ping, você não tem educação.

PING: - Como é que é? Eu tenho calção sim. Quer ver? (Mostra o calção)

PONG: - Não seu palhaço boboca nariz de pipoca... Não pode, não pode, não pode! (Tenta impedir)

PING: - Mas você disse...

PONG: - Disse nada!

PING: - Disse sim...

PONG: - A é?! Vou te pegar...

PING: - Nem me pega. Thã, nã, nã, nã...

PONG: - A, é... (Correm pelo palco e saem. Música)

CENA VI

(Entra alegria e Sorriso)

SORRISO: - Alegria... Olha...

ALEGRIA: - O que?

SORRISO: - Ali...

ALEGRIA: - O que?

SORRISO: - São crianças.

ALEGRIA: - É...

SORRISO: - É você é mau educado.

ALEGRIA: - Eu?

SORRISO: - Você.

ALEGRIA: - Por que? Que foi que eu fiz?

SORRISO: - É que você não cumprimentou nossos amiguinhos

ALEGRIA: - Ah! (Percebe a quantidade) Mas Alegria... Tenho que cumprimentar todos?

SORRISO: - O que você está fazendo?

ALEGRIA: - Cumprimentando.

SORRISO: - Não é assim.

ALEGRIA: - Não?

SORRISO: - Não é com a mão palhaço.

ALEGRIA: - Ah! É mesmo. Já sei… (Usa os pés)

SORRISO: - O que você está fazendo Alegria?

ALEGRIA: - Você disse que não é com a mão... Então só pode ser com os pés.

SORRISO: - Que feio. Fica ai dando esse chulé para as crianças.

ALEGRIA: - Não tenho chulé não. Eu lavo meus pezinhos uma vez por semana viiiiuuuuu! Que?... Vocês também lavam os pés uma vez por semana? (T) Vocês não lavam os pés? Eca!

SORRISO: - Pare de palhaçada e cumprimente logo nossos amiguinhos.

ALEGRIA: - Se não é com as mãos nem com os pés, como é que é?

SORRISO: - Use a cabeça palhaço.

ALEGRIA: - Ah! Oooooiiiiiiii! (Com a cabeça)

SORRISO: - Que isso?

ALEGRIA: - Você mandou usar a cabeça, estou usando.

SORRISO: - Não palhaço.

ALEGRIA: - Ele não falou pra eu usar a cabeça pessoal? (T) Ta vendo? Só abro a boca quando tenho certeza!

SORRISO: - Ping… Preste atenção. A cabeça foi feita pra pensar.

ALEGRIA: - Ah, tá! Mais esperai. Um palhaço tonto não consegue pensar!

SORRISO: - É com a boca. Use a boca.

ALEGRIA: - Ah! Por que não disse logo? (Manda beijinho pra platéia)

SORRISO: - Não Ping! Tem cumprimentar com palavras.

ALEGRIA: - Ah, é? Devia ter dito logo. Eu tenho um versinho muito bonito pra nossos amiguinhos. Feito exclusivamente por mim. Posso recitar?

SORRISO: - Você? Um versinho? Vocês acreditam que esta palhaça atrapalhada criou um versinho bonito? Então vai.

ALEGRIA: - (Faz que sai) Pra onde você ta indo?

SORRISO: - Pra onde você ta indo?

ALEGRIA: - Você mandou eu ir...

SORRISO: - Não. Disse vai... Recita o versinho que você fez pras crianças.

ALEGRIA: - Criançada bonita que mora atrás da bananeira, de dia faz xixi na cama e de noite toma mamadeira... Bom dia! (T) Eu disse bom dia! (Saem correndo com medo).

CENA VII

(Entra Marmelada e Goiabada)

MARMELADA: - Que isso!

GOIABADA: - Santa Palhaçada! É um em furacão... Turfão... Twist!

MARMELADA: - Eu não to nada bem... Veja... - (Passa mau) Ai! Tá me dando um tremelique!

GOIABADA: - Gente! Ele se assustou. Acho que é o coração... Preciso pegar minha caixa de primeiro socorros... (Pega. Retira uma bomba e enche um balão cheio de confetes ou talco até estourar)

MARMELADA: - Ah, seu palhaço, vou te pegar!

GOIABADA: - (Corre) Socorro! Socorro! Ele que me pegar. Não deixa! Não deixa! Não Deixa! (Se agarra com uma pessoa da platéia)

MARMELADA: - Você queria fazer maldade.

GOIABADA: - Mas eu só queria te ajudar!

MARMELADA: - Você estourou minhas tripas!

GOIABADA: - Foi sem querer querendo!

GOIABADA: - Tô de mau. Corta!

MARMELADA: - Então tá!Eu conheço uma brincadeira muito legal.

GOIABADA: - Ah, é! Que brincadeira é esta?

MARMELADA - Você não ta de mau!

GOIABADA: - Que brincadeira?

MARMELADA(Mostra uma corneta) Oh!

GOIABADA: - Deixa eu ver.

PING: - Agente está de mau.

GOIABADA: - Eu fico de bem. Dedinho!

MARMELADA:- Sabe que isso?

GOIABADA: - Não. O que é?

MARMELADA:- Pessoal sabe que é isso? (Aguarda resposta) É uma luneta.

GOIABADA: - Luneta?

MARMELADA:- Ah! É muito legal. Que ver? (Sai)

GOIABADA: - Lá vem ele de novo! Vai entrar pelo cano. Marmelada pensa que vai me pegar, mas sou eu que vou pegá-lo.

MARMELADA:- Toma.

GOIABADA: - O que é isso?

MARMELADA:- É uma luneta.

GOIABADA: - Luneta?!

MARMELADA:- É. E é mágica.

GOIABADA: - Mágica?

MARMELADA:- Mágica!

GOIABADA: - Que legal!

MARMELADA:- Dessa vez sou eu que vou pegar o Pong.

GOIABADA: - Eu não estou vendo nadica de nada!

MARMELADA:- Claro! É que você tem que dizer as palavras mágicas.

GOIABADA: - Palavras mágicas?

MARMELADA:- É, é isso ai!

GOIABADA: - Mas eu não conheço nenhuma palavra mágica.

MARMELADA: - Nossos novos amiguinhos podem nos ajudar.

GOIABADA: - Quem sabe uma palavra mágica? (T) Falo a palavra mágica...

MARMELADA:- É isso ai… E pede pra vê estrelas.

GOIABADA: - E eu vou vê muitas estrelas?

MARMELADA:- Muitas! (Pega o martelo)

GOIABADA: - Sim salaminho…

MARMELADA: - Não palhaço. É (Palavra mágica).

GOIABADA: - (Palavra mágica) Eu quero ver o sol!

MARMELADA: - Não! O sol não palhaço.

GOIABADA: - Mas eu quero ver o sol.

MARMELADA:- Tem que ser estrelas.

GOIABADA: - (Palavra mágica) Eu quero ver uma constelação!

MARMELADA:- Não!

GOIABADA: - Professora? Constelação não é um conjunto de estrelas? (T) Viu?

MARMELADA:- Me dá isso aqui vou te mostrar como é.

GOIABADA: - Agora pego ele. (Pega outro martelo)

MARMELADA:- É assim... (Martelo com apito) Que barulho foi esse?

GOIABADA: - Foi ele ali... Ta soluçando.

MARMELADA:- (Palavra mágica) Eu quero ver a Xuxa!

GOIABADA: - Coitada da Xuxa! Quando ela te vê vai levar um susto.

MARMELADA:- Vai nada. Sou muito bonito viiiiiuuuuuu!

GOIABADA: - Tá bom. Anda logo vai…

MARMELADA:- Palavra mágica) Eu quero ver estrelas! (Goiabada dar marteladas em Goiabada e saem correndo. Sonoplastia) Você me bateu eu vou embora. Não quero papo. (Correm)

 

CENA VIII

(Entra Tripa e Pança)

PANÇA: - Tá vendo... Você me fez correr tanto que agora estou com sede.

TRIPA: - Tá com sede é?

PANÇA: - Estou.

TRIPA: - Com muita sede?

PANÇA: - Muita, muita, muita!

TRIPA: - Eu conheço uma brincadeira muito legal.

PANÇA: - Qual?

TRIPA: - Só que precisa está com muita sede.

PANÇA: - Tá bom. Estou com muita sede.

TRIPA: - É assim… É a brincadeira da abelha, abelhinha…

PANÇA: - Abelha, abelhinha? Como é que é?

TRIPA: - É assim. Eu sou uma abelha e venho voando assim ô, voando...

PANÇA: - Credo! Que isso?

TRIPA: - É uma abelha.

PANÇA: - Parece mais um monstrinho colorido.

TRIPA: - Presta atenção. Eu venho voando, assim… Aí você diz: Abelha abelhinha joga água na minha boquinha. Entendeu?

PANÇA: - Entendi.

TRIPA: - Então tá.

PANÇA: - Tá o que?

TRIPA: - Você terá muita água. (Sai)

PANÇA: - Ah! Ele pensa que vai me pegar mais sou eu que vou pegá-lo. Está pronto?

TRIPA: -  (Enche a boca d’água) Hum, hum!

PANÇA: - Abelha, abelhinha… Eu não quero água!

TRIPA: -  (Joga água para cima e vira de costa para Pança. Pança encha a boca com água) Ora seu palhaço pastelão, não é assim. É pra você dizer: Abelha, abelhinha joga água na minha boquinha! (Pança molha Tripa) Você me molhou! Eu vou contar tudo pra sua mãe dona Palhaçolina.

PANÇA: - Tá vendo? Você queria me pegar...

TRIPA: - Você molhou toda minha roupa novinha. Agora vou ficar resfriado! (Espirra três vezes e na última falha) Faiô!

PANÇA: - Tripa?

TRIPA: - Não quero papo com você. Parei contigo! Você é malvado.

PANÇA: - Se você não contar pra minha mãe agente brinca.

TRIPA: - Não quero mais brincar com você.

PANÇA: - Vamos brincar!

TRIPA: - Tô de mau. Num quero papo com você.

PANÇA: - Também não te dou. Olha...

TRIPA: - Eu quero.

PANÇA: - Então vem pegar. (Saem correndo. Música)

 

CENA IX

(Entra Espevitado e Desengonçado)

ESPIVITADO: - Hei, vem cá...

DESENGONÇADO: - Não vou não. (Entra com um saco nas costas) Vou de volta pra minha terra. Vou pra circolândia!

ESPIVITADO: - Ah, é? Faz isso não...

DESENGONÇADO: - Por que?

(Dublagem da música: “Não se vá”)

ESPIVITADO: - Ta bom. Se é para o bem de todos... Eu fico.

DESENGOÇADO: - Agora vamos brincar?

ESPIVITADO: - Só se ficar de bem.

DESENGONÇADO: - Dedinho.

ESPIVITADO: - Vamos brincar de que?

DESENGONÇADO: - De competição!

ESPIVITADO: - Oba! Adoro competição! Então vamos dividir o pessoal, se não você vai trapacear. (Dividem o público)

DESENGONÇADO: - Agora precisamos de um juiz. (Pegam uma professora)

ESPIVITADO: - Antes de fazer o julgamento a professora vai passar pela deformação! Vamos fazer uma escova regressiva (Colocam um nariz de palhaço nela e uma peruca)

ESPIVITADO: - Tchã, tchã,thã! Tá biita! (Retira o pano)

DESENGONÇADO: - Professora a senhora agora que tá mais biíiita vai ser a juíza escolher o lado que cantar mais alto, mais forte e mais animado! (Os palhaços fazem seu grito de guerra, cantam e no final tudo termina em empate)

CENA X

(Entra Mong e Loide)

MONG: - Pessoal. Fiquei sabendo que a Loide tem medo de fantasma.

LOIDE: - É mentira. Eu não tenho medo de fantasma. Fantasma não existe. E também se existisse eu dava um chute no bumbum dele. (Entra Mong com alguém da platéia vestido de fantasma) - Mong pensa que sou boboca! Acha que não sei que é ele. (Mong vai atrás de Loide e cutuca) Santa palhaçada! Se não é o Mong?... (Levanta o pano a pessoa da platéia está com uma máscara de monstro. Loide desmaia)

MONG: - Ah, céus! Deu um siricutico no palhaço! E agora? Já sei! Água! Água! (Sai correndo pega um copo com água e joga em Loide. Não funciona)

 - Mais água.

(Sai e volta com balde cheio de confetes) Um, dois, três! (Joga no público. Saem correndo, sonoplastia)

 

CENA XI

MESTRE DE CERIMONIA: - Senhoras e senhores... Agora, aqui no nosso extraordinário circo picadeiro, diretamente do Caribe, as inigualáveis, as maravilhosas, as graciosas carebenhas! Com seu número de dança e sensuaridade!

(Coreografia: Chaleston)

CENA XII

MESTRE DE CERIMONIA: - Senhoras e senhores... Tenho a honra de apresentar... Eles os maiores equilibritas do mundo diretamento do México! Os irmãos: Ruan e Ruanito...

(Solta a música e Ruan e Ruanito entram fazendo equilibrismo com copos e prestos. Ruanito é um trapaceiro)

CENA XIII

MESTRE DE CERIMONIA: - Perdão! É... Mil desculpas! Não sabíamos... que... eram trapaceiros. Seguranças...

(Sonoplastia de cirene. Ruam e Ruanito rorrem pelo palco seguido por seguranças. Saem. Barulho de estrondo)

 

CENA XIV

MESTRE DE CERIMONIA: - O show não pode parar! E agora para vocês um grande número musical. Diretamente de Holliwood: The Cart’s.

(Coreografia: A gata “saltibancos”)

CENA XV

MESTRE DE CERIMONIA: - Que maravilha! Obrigado meninas... Uma salva de palmas! E agora uma atração internacional. Quem disse que no nosso circo não tem animais amestrados? E agora aqui em nosso picadeiro o palhaço Bocó com seu cãozinho ensinado.

CENA XVI

(Música do cahorrinho)

MESTRE DE CERIMONIA: - Muito bem! Uma salva de palmas... E o show não pode parar. Agora com vocês o momento mãos esperado! Ele. Diretamente de Los Angeles... O grande mágico. O mágico dos mágicos... Mister P.

(Entra Mister P acompanhado de sua assistente)

CENA XVII

(Dublagem: A boneca e o soldadinho)

CENA XVIII

MESTRE DE CERIMONIA: - Bravo! Uma salva de palmas... A alegria do circo não pode terminar. Enquanto houve público, haverá espetáculo... Seja como for, a alegria do circo vai onde o povo está. Então, senhoras e senhores... prestigiem o circo. E que a alegria do palhaço esteja no sorriso de cada um.

CENA XIX

(Entra um grupo de crianças de branco com balões brancos cantam: “Nós somos o amanhã)

 

CENA XX

NARRADOR 1: - Essa é nossa homenagem a todos vocês que trazem a alegria.

NARRADOR 2: - Que faz de nossas vidas mais alegre e divertida.

NARRADOR 1: - Viva o Circo!

NARRADOR 2: - Viva o palhaço!

NARRADORES: - Viva a alegria!

(Música de Circo. Todos entram se cumprimentando pelo palco)

 

(Crianças homenageiam os professores: Música “Ao mestre com carinho”)

 

F I M

 

ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...

   ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE...               de Marcondys França PERSONAGENS: CANDIDA MATILDE: Irmã de Cândida. ISABEL: Filha de Cândida. M...